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A Carta de Judas

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A Carta de Judas

1. O autor dessa Carta se apresenta como “Judas, servo de Jesus Cristo, irmão de
Tiago”. Fica descartado que esse Judas seja aquele do grupo dos Doze, conhecido como
Judas Tadeu, seja porque o autor não se apresenta como sendo apóstolo, seja porque se
apresente como irmão de Tiago. Esse Tiago seria o irmão do Senhor, mencionado nos
Atos dos Apóstolos e na Carta aos Gálatas. No Patriarcado de Jerusalém, esse Judas é
tido como o segundo bispo de Jerusalém, aquele que teria substituído Tiago após seu
martírio.

2. A época em que a Carta, possivelmente, foi escrita, contudo, leva a crer que seu autor
também usou da pseudoepigrafia (atribuir um escrito a uma personalidade ilustre). Pela
referência aos falsos mestres, pensa-se que estamos no final do século I. Esse problema
também aparece nas Cartas Pastorais (1Tm, 2Tm, Tt) e nas cartas joaninas.

3. O autor da Carta escreve em um grego elegante, mas demonstra, pelas citações que
faz, que conhece bem a tradição judaica em sua vertente grega. Trata-se, pois,
provavelmente, de um judeu helenista.

4. O escrito tem a forma de uma carta, com um endereçamento que ocupa os primeiros
versículos (1-2), mas ao invés de uma saudação final, há uma doxologia (24-25). O tom
exortativo e polêmico ocupa toda a Carta que, ademais, não é longa. Ao todo são 25
versículos, em um só capítulo.

5. O autor cita o Antigo Testamento a partir do texto grego da LXX. O mais


interessante, contudo, é que ele cita também algumas obras da literatura apócrifa. No v.
9, é possível que ele esteja citando uma tradição também atestada por um escrito
chamado Assunção de Moisés. Nos vv. 14-15, é citada uma profecia de Henoc. Há um
livro de Henoc que sobreviveu em duas recensões, uma grega e outra etíope.
Fragmentos deste livro também foram encontrados em Qumrân, em aramaico. A citação
de Judas não concorda exatamente com o texto de nenhuma dessas recensões, mas ela
pode ter sido adaptada pelo autor desta Carta.

6. O tema central da Carta não se deixa perceber facilmente. No início, o autor diz que
sua intenção era escrever sobre a salvação, mas teve que mudar seus planos e escrever
para exortar seus leitores a combater pela fé (v. 3). O motivo é porque pessoas marcadas
pela impiedade se infiltraram na comunidade (v. 4).

7. O que caracteriza o modo de pensar e de agir dessas pessoas não é tão fácil distinguir,
pois o autor se refere a eles com uma linguagem metafórica. O v. 4 pode nos dar alguma
pista. Há aqui duas afirmações: (1) esses “convertem a graça de nosso Deus num
pretexto para a licenciosidade”, e (2) “negam Jesus Cristo, nosso único mestre e
senhor”.

8. O corpo da Carta pode ser lido de uma só vez. Depois de alertar seus interlocutores
sobre os falsos mestres (vv. 5-19), o autor passa a exortá-los para que se guardem no
amor de Deus (vv. 20-23).

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