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Bleger

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Temas de Psicologia – Entrevistas e Grupos

(José Bleger)
O livro pode ser dividido em dois tópicos principais: A teoria e a técnica
no que confere a entrevista psicológica e os grupos (operativos no ensino, o
problema dos grupos na instituição e como instituição) e as estratégias com
grupos.

Cap. 1- A entrevista psicológica – Seu emprego no


diagnóstico e na intervenção
A entrevista é um instrumento fundamental do método clinico, portanto
uma técnica de investigação cientifica em psicologia. Possibilita levar a vida
diária do ser humano ao nível de conhecimento e elaboração cientifica.
Existem diversos tipos de entrevistas, nos delimitamos aqui a entrevista
psicológica, entretanto boa parte do que se desenvolve aqui pode ser utilizado
em outra áreas visto que essa se estrutura sempre no dinamismo psicológico.
A psicológico acaba por ser denominada desta forma essencialmente pelo seu
objetivo final.
Devemos levar em consideração dois aspectos da entrevista psicológica
como técnica: Regras de sua execução e a psicologia da entrevista (o que
fundamenta as técnicas).

Entrevista, consulta e anamnese


Entrevista fechada: Estruturada antecipadamente.
Entrevista aberta: Construída com a necessidade do momento, com
livre intervenção do psicólogo, modelada à personalidade do entrevistado.
Entrevista Grupal ou individual: O autor aponta que na realidade toda
entrevista é grupal visto que já se encontram dois (entrevistador e
entrevistado), mas a definição é distinguida pelo número de entrevistados.
Beneficiário do resultado: o próprio entrevistado, uma pesquisa do
entrevistador, ou uma instituição terceira .
A entrevista tem origem na medicina, mesmo com aspectos
semelhante se difere muito da psicológica.
A entrevista não é uma consulta, mas a entrevista pode ser uma das
formas de consulta.
Entrevista não é anamnese, já que essa é uma mediação entre a
enfermidade do paciente para a investigação do terapeuta, sendo sempre
orientada por uma teoria de forma a entender a intervenção do paciente, ou
seja suas manifestações como muitas vezes fora do padrão. Na entrevista todo
comportamento é valido, e é um dado. A entrevista não é um interrogatório.
A entrevista é uma busca para saber o que se está acontecendo, a partir
de uma análise da vivencia com o entrevistado. Influenciada pela: Gestalt
(comportamento como um dos elementos da totalidade, enfoque situacional),
topografia Behaviorista (observação do comportamento) e Psicanálise
(Inconsciente, transferência, resistência, repressão, projeção e introjeção).
A investigação cientifica do instrumento, o configurou a partir do método
experimental, com diria Young, o tornou como um tubo de ensaio para o
químico.

A Entrevista como Campo


A principal diferença entre entrevista e anamnese é que a última já
possui um campo situado, sendo o da entrevista um Campo situacional, ou
seja quem dirige a entrevista é o entrevistado, mesmo sob a coordenação do
entrevistador. É o desenvolvimento de parte da vida do paciente diante de nós.
Para obter o campo particular da entrevista, devemos contar com o
enquadramento rígido para transformar um conjunto de variáveis em
constantes. Isso é uma espécie de padronização (não para limitar o paciente),
mas para deixar de atuar como oscilação para o entrevistador.
Uma sistematização do campo da entrevista, seria centrar o estudo
sobre: a) o entrevistador, sua atitude, sua dissociação instrumental, sua
contratransferência, identificação; b) o entrevistado: transferência, estruturas de
comportamento, traços de caráter, ansiedades defesa; c) A relação
interpessoal; interação entre os participantes, processo de comunicação
(projeção, introjeção, identificação), o problema de ansiedade.
Mesmo que não descreva por completo esses aspectos, até porque
esgotaria as questões da psicologia e psicopatologia, é importante informar que
eles participam das temáticas que se seguem.

Concordâncias e Divergências
Uma outra diferença entre a anamnese e a entrevista, é que a
anamnese parte do que individuo sabe. Na entrevista cada paciente organiza
sua vida e sua história de sua forma, deve-se tentar deduzir o que ele não
sabe. Isso é possível pela análise de seu comportamento não verbal (podendo
ser coincidente ou discordantes dos aspectos verbais, o deve ser levado em
consideração).
As dissociações e contradições da entrevista (parece a tornar
ineficaz) é o que nos leva a uma pesquisa mais aprofundada, permite-nos
entender o que vivencia o paciente. A simulação perde o valor que possui para
anamnese, pode ser entendida como uma dissociação da personalidade do
entrevistado.
Os dados não devem ser levados a condição de certo ou errado, mas
como graus ou fenômeno da dissociação.
Uma condição frequente, são entrevistados que organizam sua história e
esquema de vida presente como meio de defesa contra a penetração do
entrevistador e com seu próprio contato com áreas de conflito real de sua
situação presente, repetindo uma história estereotipada. Essas contradições
ainda são mais persistentes quando analisamos integrantes de um grupos ou
instituição. Ao passo que isso demonstra como cada individuo, organiza numa
mesma realidade, um campo psicológico que lhe é especifico.
A totalidade nos da um índice fiel do caráter do grupo ou instituição, de
suas tensões e conflitos, assim como sua organização particular e dinâmica
psicológica.
De tudo que foi exposto podemos perceber que a teoria e a técnica são
entrelaçadas com as teorias de personalidade com a qual se trabalha, o grau
de interação que o entrevistado consegue adquirir entre elas da o modelo de
sua operacionalidade como entrevistador. A entrevista não consiste em uma
palicação teórica, mas na investigação de personalidade, ao mesmo tempo que
nossas teorias e instrumentos de trablaho.

O observador participante
Nas ciências da natureza, segundo o ponto de vista tradicional o
observado registra o fenômeno, sendo externo e independente dele, permitindo
o método experimental (replicação do experimento). Tal summum de
objetividade não ocorre em nenhuma ciência de fato, ainda mais na psicologia
na qual o objeto de estudo é o humano.
O entrevistador é participante do processo de análise, tornando o
campo artificial em algum nível, os fenômenos não são externos a ele,
estudamos o fenômeno em relação a nossa presença. A entrevista vai de
encontro ao método cientifico, pois não estar a par das condições de
fenômenos naturais...já que a relação humana, a formação de vínculos é uma
condição naturalmente humana.
Existe ums originalidade dos acontecimentos, assim como um padrão
observável, o que nos coloca paulatinamente em conflito com nosso narcisismo
(entrevistado e entrevistador), já que que possuímos as mesmas vísceras, e
vivenciamos sempre coisas muito parecidas (psicologia), nessa jogo devemos
sempre estar atentos a não nos colocar abaixo nem acima nessa relação.
Entrevista e Investigação
A chave da entrevista é a investigação que se realiza em seu
transcurso, exige observar, pensar e imaginar dialeticamente(produzindo de
hipóteses). Atento a sempre pensar a própria ação.
Indagação e atuação teórico prática devem ser manejada
inseparadamente, formando parte do mesmo processo.

O grupo na entrevista
O Grupo na Entrevista, que já é formado pelo entrevistado e
entrevistador, tem a comunicação papel de enorme gravitação (Verbal e não
verbal), a conduta de um atua como dispositivo da conduta de outro. O tipo de
comunicação tem alto valor significativo na personalidade do entrevistado
(atitudes, timbres, tonalidade afetiva). A comunicação representa a forma que
entrevistado se expressa no mundo, é pode ser um dado de manipulação para
o para o entrevistador.

Transferência e contratransferência
A Transferencia – “refere-se à atualização, na entrevista, de
sentimentos, atitudes e condutas inconscientes, por parte do entrevistado, que
correspondem a modelos que este estabeleceu no curso do desenvolvimento,
especialmente na relação interpessoal com seu meio familiar”. Temos a
positiva e a negativa que acabam por se alterar durante a entrevista.
Através delas é possível obter aspectos racionais e irracionais ou
imaturos da personalidade do entrevistado, seu grau de dependência, seus
pensamentos mágicos, sua onipotência. É nela que pode-se descobrir o que o
entrevistado espera do entrevistador, suas fantasias patológicas de cura
(frequente nos neuróticos), assim como as resistências e as intenções de
satisfazer desejos frustrados,
A contratransferência- “Na contratransferência incluem-se todos os
fenômenos que aparecem no entrevistador como emergentes do campo
psicológico que se configura na entrevista: são as respostas do entrevistador
às manifestações do entrevistado, o efeito que têm sobre eles”. Durante muito
tempo foi visto como aspecto negativo, mas consideramos hoje inevitável.
***obs: O Bleger não fala, mas é uma diferença entre a teoria Kleiniana e
Freudiana.
As duas ocorrem em todas as relações devem ser utilizada como
instrumento técnico de observação.
É papel do entrevistador entender sua contratransferência, porque se
não fará uma mal entrevista (assumi papel projetado).

Ansiedade na Entrevista
A ansiedade na entrevista deve ser analisada, ela constitui um
indicador do desenvolvimento da entrevista. Deve se estar atento ao seu
aparecimento e ao seu grau e intensidade.
Mesmo que ela tenha papel motor na relações interpessoais, podem
passar do limite, deve ser identificado este limite, assim como a tolerância à
ansiedade. A novidade no relacionamento (entre ambas as partes) pode
produzir na situação uma desorganização.
Caso ela não apreça é importante estimular no entrevistado em certo
grau o seu aparecimento para ser trabalhada.
Quando ela surge no investigador, ele deve ter capacidade de tolerá-la e
instrumentalizá-la. Deve-se estar atento aos mecanismos de defesa que podem
surgir mediante a ansiedade (formalismo e racionalização).
Em relação ao entrevistado é importante entender o motivo da
ansiedade desarmando os mecanismo de defesa e atualizando os conflitos.
(timing da entrevista) Nunca oprimindo o entrevistado com conflitos que não
pode tolerar.
O entrevistador
O entrevistador possui a si mesmo como objeto de trabalho, precisa
tomar cuidado com suas frustrações, conflitos, nescessitando constante exame
de sua personalidade.
Pelo fato do psicólogo trabalhar diariamente com a doença, com a morte
é constante a simulação e a dissociação, gerando um tratamento
desumanizado.
Ao tratar a doença de seres humanos como tal, nossa ansiedade
aumenta. O médico por exemplo tem a profissão que mais escotomiza ou nega
a doença em seus familiares. Caso psicólogo não consiga graduar este
impacto, não será possível atuar.
O profissional na entrevista deve estar dissociado, em parte atuar como
uma identificação projetiva com o entrevistado, por outro lado observando e
controlando o que acontece. Sempre estudando psicopatologia, psicologia, e
cuidando de seu estado mental.
Essa atuação deve estar em equilíbrio, com projeção e introjeção
acontecendo em conjunto e permanentemente. Os bloqueios podem surgir,
desde que sejam resolvidos.
Uma má dissociação pode gerar muita ansiedade levando a
comportamentos fóbicos ou obsessivos. Evitando a entrevista, ou interpondo
com instrumentos e testes para evitar contato pessoal com essa ansiedade.
Pode ser expresso através de defesas obsessivas em que tudo é muito
drástico e ritualístico.
O médico utiliza como defesa a pressa em relação ao diagnóstico e
empregar de drogas, tornando o ambulatório e o paciente alienados. A forte
investigação do entrevistado pode ser uma forma de projeção, em que se
busca no entrevistado seus próprios problemas. Pode acontecer a ausência do
diagnóstico na entrevista, pois o entrevistador tem o mesmo problema.
Cada entrevistado pode provocar uma contratransferência diferente no
entrevistador, o que deve ser analisado, observado e utilizado como
instrumento na entrevista. (tudo isso descrito nessa parte do entrevistador
parece muito com Rosenfield)
O entrevistador deve dissociar assumindo o papel atribuído pelo
entrevistado, ao mesmo tempo que não, para poder desenvolver uma atuação
configurada ao entrevistado. Se lhe foi atribuída a rejeição por exemplo, ele
deve repensar isso, entender essa transferência e corrigir isso...de forma atuar
para resolução disso. Por isso a necessidade da dissociação. Quanto mais
psicopata o entrevistado, mais papéis sera atuado pelo entrevistador, isso deve
ser observado e analisado pelo mesmo, se sentir com cansaço, compaixão,
sono, irritação..etc. O médico nessas situações muitas vezes interpõem entre
ele e o entrevistado receitas médicas. É importante o trabalho em conjunto
entre o profissionais, já que o isolamento fomenta a onipotência.

O entrevistado
O entrevistado (do ponto de vista clinico) pode buscar ajuda ao mesmo
tempo que negar qualquer tipo de problema, nesse sentido é importante que o
entrevistador o apoie para um exame mais detalhado. Para Schilder os motivos
podem ser a) os que acorrem por problemas corporais; b) por problemas
mentais; c) por falta de êxito; d) por dificuldades na vida diária; e) por queixas
de outras pessoas.
Para Pichon Revière, os pacientes procuram ajuda por queixas do corpo
da mente ou do mundo externo. Em um primeiro momento por ansiedades
depressivas, em segundo momento por ansiedades paranoide.
Existe uma diferenciação entre o paciente com insight, trazido e
mandado, geralmente estes são respectivamente (neuróticos, psicóticos e
psicopatas).
No caso do entrevistado que venha se consultar por um familiar
Quando existe um informante terceiro primeiro, antes do entrevistado, é
importante explicar tudo que foi conversado, limpando o campo, evitando
problemas que podem prosseguir.
Aquele que vem a consulta é sempre um emergente dos conflitos
grupais, diferenciamos os que vem só ou acompanhador, pois demonstram
grupos familiares diferentes.
*Os que vem só, pertencem a grupos familiares esquizoides, que são
separados com bloqueio afetivo. O entrevistador deve perguntar com quem
pode falar.
**Os que vem em grande grupo é importante perguntar quem será o
entrevistado, são grupos epileptoides, pois esses grupos são grupos que
possuem pouco papel familiar, grupos simbióticos, nesse caso o doente
provavelmente está com auto grau de cuidado asfixiante.
*** Estes dois polos grupais podem vir de forma mista.
***O que vem acompanhado de uma única pessoa, familiar ou amigo é o
caso fóbico que necessita de acompanhamento.
****Quando é um casal que se ocupa mutuamente da neurose é
importante que o técnico atue como observador participante, assinalando os
intrecruzamentos projetivos.
No atendimento em grupo, o psicólogo não deve aceitar o critério da
família de quem é o doente, deve considerar todos os seus membros
implicados como um grupo doente, a dinâmica do grupo servirão de orientação
para o insight.
Quando a família aparece no reta final do paciente, podem vir aparecer
sintomas na família (pelo desequilíbrio da descarga que havia sobre uma
pessoa). A culpa deve ser bem trabalhada com a família nesse sentido.
Funcionamento da entrevista
No funcionamento da entrevista tudo pode ser ambíguo, adaptado ao
entrevistado, menos o tempo, o lugar, e o papel do técnico.
O técnico não pode estabelecer relação de vínculo com o entrevistado,
amizade, comércio, etc...
Toda contratransferência deve ser usado como um dado, não se
atuando sobre qualquer transferência como rejeição, rivalidade, ou inveja.
Devemos ter uma postura direta com o entrevistado.
O entrevistado deve ser recebido cordialmente (não fuzilado), o
entrevistado também deve ser informado sobre a instituição, ou motivo da
entrevista e que coisas serão informadas a terceiros (instituição), assim como o
caráter sigiloso.
O silencio do entrevistado é o fantasma do entrevistador iniciante, deve-
se observar o tipo do silencio, paranoide, fóbico, confusional, trabalhando em
função desses.
Assim como o silencio incomoda o entrevistador, a catarse intensa
incomoda o entrevistado. A linguagem também é uma forma de evitar
conteúdos, a descarga intensa de conteúdos podem gerar uma relação
persecutória.
O final da entrevista deve ser sempre respeitado. É sempre importante
estudar as entrevistas ainda mais em grupos de estudo.
A interpretação
A interpretação é algo muito discutido, se deve ser feito na entrevista
com fins diagnósticos. Rogers defende a não interpretação, tentar estimula-lo
livremente, com as ultimas palavras da própria frase.
O autor complementa que a entrevista diagnóstica é sempre terapêutica,
o primeiro fator é a compreensão do terapeuta, deve-se interpretar no ponto de
vista do autor sempre que entrevista distorcer-se ou interromper-se, usamos
também a quantidade de ansiedade envolvida, e o quanto produzimos no
entrevistado.
Isso sempre no aqui e agora da entrevista (Isso me parece da Gestalt).
A entrevista é efetiva quando consegue entender o real motivo daquilo
manifesto. Toda interpretação fora de contexto e timing é uma agressão, é
necessário calar-se quanto mais for a compulsão de falar.
Informe psicológico
O Informe psicológico tem como objetivo condensar e resumir o objeto
de estudo.
1) Dadospessoais: nome, idade, sexo, estado civil, nacionalidade, domicílio,
profissão ou oficio.
2) Procedimentos utilizados: entrevistas (número e freqüência, técnica utilizada,
"clima", lugar em que se realizaram). Testes (especificar os utilizados), jogo de
desempenho de papéis, registros objetivos (especificar) etc. Questionários
(especificar). Outros procedimentos.
3) Motivos do estudo: por quem foi solicitado e objetivos. Atitude do
entrevistado e referência a suas motivações conscientes.
4) Descrição sintética do grupo familiar e de outros que tiveram ou têm
importância na vida do entrevistado. Relações do grupo familiar com a
comunidade: status socioeconômico, outras relações. Constituição, dinâmica e
papéis, comunicação e trocas significativas do grupo familiar. Saúde, acidentes
e doenças do grupo e deseus membros. Mortes, idade e ano em que tiveram
lugar, causas. Atitude da família ante as mudanças, a doença e o doente.
Possibilidade de incluir o grupo em alguma das classificações reconhecidas.
5) Problemática vital: relato sucinto de sua vida e conflitos atuais, de seu
desenvolvimento, aquisições, perdas, mudanças, temores, aspirações,
inibições e do modo como os enfrenta ou suporta. Diferenciar aquilo que é
afirmado pelo entrevistado e por outras pessoas de seu meio daquilo que é
inferido pelo psicólogo. Diferenciar o que se afirma daquilo que se postula
como provável. Quando houver algum dado de valor muito especial, especificar
a técnica através da qual se inferiu ou detectou esse dado. Incluir uma resenha
das situações vitais mais significativas (presentes e passadas), especialmente
aquelas que assumem o caráter de situações conflitivas e/ou repetitivas.
6) Descrição de padrões de conduta, diferenciando os predominantes dos
acessórios. Mudanças observadas.
7) Descrição de traços de caráter e de personalidade, incluindo a dinâmica
psicológica (ansiedade, defesas), citando a organização patográfica (se
houver). Incluir uma avaliação do grau de maturidade da personalidade.
Constituição (citar a tipologia empregada). Características emocionais e
intelectuais, incluindo: manipulação da linguagem (léxica e sintáxica etc.), nível
de conceituação, emissão de juízos, antecipação e planejamento de situações,
canal preferido na comunicação, nível ou grau de coordenação, diferenças
entre comportamento verbal e motor, capacidade de observação, análise e
síntese, grau de atenção e concentração. Relações entre o desempenho
intelectual, social, profissional e emocional e outros itens significativos em cada
caso particular. Considerar as particularidades e alterações do
desenvolvimento psicossexual, mudanças na personalidade e na conduta.
8) No caso de um informe muito detalhado ou muito rigoroso (por exemplo, um
informe pericial), incluir os resultados de cada teste e de cada exame
complementar realizado.
9) Conclusão: diagnóstico e caracterização psicológica do indivíduo e do seu
grupo. Responder especificamente aos objetivos do estudo (por exemplo, no
caso da seleção de pessoal, orientação vocacional, informe escolar etc.).
10) Incluir uma possibilidade prognóstica do ponto de vista psicológico,
fundamentando os elementos sobre os quais se baseia.
11) Orientação possível: indicar se são necessários novos exames e de que
tipo. Indicar a forma possível de remediar, aliviar ou orientar o entrevistado, de
acordo com o motivo do estudo ou segundo as necessidades da instituição que
solicitou o informe.

Cap. 2- Ensaio de categorização da Entrevista


O documento é uma síntese do exposto na Associação Psicanalítica da
Argentina em 1969.
O Bleger foi o terceiro diretor do Centro de Orientação e Investigação E.
Racker da Associação Psicanálitica Argêntina, o qual objetivava oferecer
atendimento psicanalítico por um ano à candidatos, pessoas sem recursos (que
lidavam com pessoas) e os honorários eram baixo e voltados ao Centro. O
candidato que também atendia tinha supervisão. Não aceitavam pacientes com
perversões sexuais, psicose, psicopatias, estruturas que não poderia obter
êxito em um ano, ou até mesmo gerar distúrbios, tentativas de suicídio, até
então enconbertos pelo paciente.
A seleção de paciente era por entrevistas, e em alguns casos por
pasicodiagnóstico de Rorschat. Através das entrevistas de entrada e saída
(saber a melhora), fez um esboço de categorização das entrevistas.
Em síntese queria se elaborar um instrumento que não se caracterizava
por um quadro diagnóstico, ou um perfil de personalidade, mas sim a
apresentação de vetores, parâmetros ou indicadores ao qual poderia se chegar
a um estudo estatístico.
O esquema elaborado baseia-se no conhecimento das partes neuróticas
e psicótica da personalidade, chamadas em seu conjunto de neurotismo e
psicotismo, cada um deles divididos em uma certa quantidade de indicadores.
O pressuposto teórico eram que, quanto mais predominasse o
neurotismo, melhor seria o prognóstico em uma terapia de tempo limitado, e
que também quanto maior fosse sua flexibilidade, o prognóstico e os
benefícios de um tratamento em condições assinaladas seriam também
melhores . O oposto ocorre com o psicotismo e a rigidez (esteriotipia).
O neurotismo se situa em tudo que demonstra o desenvolvimento do
ego, discriminação, estabelecimento das posições esquizo-paranóide e
depressiva. Tudo que demonstra estar em nível de fusão, falta ou déficit de
discriminação (fundamentalmente entre o eu e o não-eu), inclui-se dentro do
que denomina-se psicotismo.
Nenhum paciente apresenta características absolutas de um ou de
outro.
Neurotismo:
I) Sintomas neuróticos; presença de conflitos neuróticos e ansiedade
2) Transferência neurótica
3) Contratransferência neurótica
4) Manutenção da clivagem
5) Defesas: fóbicas, histéricas, obsessivas, paranóides.Predomínio deprojeção-
introjeção
6) Insight
7) Independência
8) Comunicação simbólica
9) Identidade, personificação (Objetos de identificação não destruídos,
Discriminação homossexual, Sonhos)
10)Amplitude do Ego
11) Ciúmes, rivalidade
12) Sublimação

Psicotismo:
1) Doença orgânica atual. Tensão
2) Transferência psicótica. Narcisismo
3) Contratransferência de caráter psicótico
4) Clivagem: não conservada ou em perigo de perder-se
5) Defesas: caracteropáticas, hipocondríacas, melancólicas, maníacas,
perversas. Predomínio de identificações projetivas- introjetivas
6) Falta de insight
7) Dependência
8) Comunicação pré-verbal
9) Identidade: dispersão, ambigüidade, confusão, onirismo. Sonhos
10) Restrição do Ego
11) Inveja

A partir destes indicadores, tentaram obter diferentes representações


gráficas e numéricas, não tendo chegada a nenhuma definitiva. Em um dos
ensaios, limitávamos a fazer uma lista dos indicadores, classificando sua
intensidade de zero à cem, e acrescentando, em cada caso, um sinal positivo
ou negativo para significar seu caráter de flexibilidade ou estereotipia,
esperavam obter a partir disso um cruzamento estatístico da variáveis. Sendo
uma linha horizontal para flexibilidade e esteriotipia, sobre uma coordenada
escabele-se uma escala porcentual, anotando-se cada indicador uma dupla
especificação de intensidade e flexibilidade-esteriotipia.
Em outra tentativa, uma linha vertical separa neurotismo e psicotismo, e
outra horizontal, separa flexibilidade de esteriotipia e, sobre as coordenadas
verticais, fixa-se a intensidade de zero a cem.
Sabe-se que um gráfico pode virar uma equação algébrica, ficou
pendente essa transformação.

Cap. 3- Grupos Operativos no Ensino


A definição de Grupo Operativo, para o iniciador do método- J. Pichon-
Rivière- é “um conjunto de pessoas com um objetivo em comum” que procuram
abordar trabalhando como equipe. A estrutura da equipe só se consegue
quando opera, grande parte do trabalho do grupo, consiste em resumo, no
treinamento para trabalhar em equipe.
No campo da aprendizagem o grupo prepara-se para apreender e isso
se alcança enquanto apreende (trabalha).
O grupo operativo tem objetivos, problemas, recursos e conflitos que
devem ser estudados e considerados pelo próprio grupo à medida que
aprecem, sendo examinados em relação ao seu objetivo.
No ensino, embora o grupo esteja atrelado a uma tarefa especifica, o
fator humano tem importância primordial, já que constitui o “instrumento de
todos os instrumentos”. Nos opomos a afirmativa que uma tarefa é bem
realizada quando é objetiva (exclusão dos fatores subjetivos). Ela é mais
objetiva se incluirmos o ser humano como um todo.
Estas considerações não saem do nosso tema, porque entre os
instrumentos sociais de alienação esta em lugar relevante o ensino e a forma
como em geral se realiza: desumanizada e desumanizante.
Procura-se a seguir desenvolver as seguintes questões: a) como se
realiza a aprendizagem nos grupos operativos; b) porque se procede assim; c)
a experiência obtida; e d) de modo geral, o que se pode dizer sobre a
aprendizagem em função desta experiência com grupos operativos.

Ensino ou Aprendizagem
São grupos de ensino ou aprendizagem? Os dois, já que aprendizagem
e o ensino são atividades dialéticas e inseparáveis. Isso acontece não só pelo
fato de quando alguém aprende o outro ensino, mas principalmente pelo fato
de que para ensinar deve-se estar aprendendo (a maneira do outro aprender).
A dissociação tradicional de alguém que aprende e outro que ensina
deve ser suprimida, mas isso envolve ansiedade, já que exige o abondono de
estereótipos.
Para a introdução dos grupos operativos nas escolas, precisa-se antes
introduzi-la no magistério, o grupo docente precisa estar no mesmo processo
dialético que o estudante.
Nesse sentido aparece a importância do docente dizer não sei, pois isso
simboliza o abandono da onipotência, tornando possível problematizar,
tornando as coisas de humano para humano. É mais importante possuir
instrumentos para resolver questões em determinado campo, do que ter um
conclusão acabada.
Existe diferença entre conhecimento acumulado e utilizado (o primeiro
aliena). Todo ser humano pode ensinar algo, pela fato da experiência de vida.
Ensinagem.
O coordenador do grupo operativo de aprendizagem deve co-trabalhar e
co-pensar com os estudantes. Essa atitude gera o receio no professor do aluno
pensar que ele não tem domínio total sobre o assunto, mas isso é real
(ninguém tem domínio total sobre um assunto).
É muito comum a apresentação de informações pré-digeridas, mas a
mesma tem a função de encher cabeça e não de formação. A sistemas
educativos e pedagógicos, são instituições alienantes, que se modelam a luta
de classes.
Só se transmite ao estudante a problematização e a indagação,
deslocando o papel passivo do mesmo, para co-autor do resultado.

O ensino grupal
A técnica operativa no ensino modifica substancialmente a organização
e sua administração, tanto quanto os objetivos que se desejam alcançar. O
ensino deve ser o primeiro a ser problematizado, expondo conflitos e
dificuldades. Obrigando a sistematização os conteúdos dos programas de
maneira distinta da tradicional. Deve-se partir do presente e toda história de
uma ciência deve ser reelaborada.
Os conflitos institucionais não explicitados e nem resolvidos, serão
absorvidos pelos estudantes, podem causar impactos.
O ensino operativo deve caminhar-se para o desconhecido, a liberdade
e muito importante e deve-se buscar como ordem geral básica o rompimento
de estereótipos.

O que é aprender?
Aprender esta bastante contaminado pelo intelectualismo-operação
intelectual de acumular informações-, há correntes de tratam como uma
modificação do sistema nervoso produzida pela experiência. Aqui trata-se o
aprender como modificação mais ou menos estável da linda de conduta;
entendendo-se por conduta todas as modificações do ser humano, podendo
haver aprendizagem mesmo não sendo intelectual.

O ser humano na aprendizagem


Cap. 4- O Grupo como Instituição e o Grupo na
Instituição

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