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Doenca Da Arranhadura Do Gato Serie Zoonoses
Doenca Da Arranhadura Do Gato Serie Zoonoses
Doenca Da Arranhadura Do Gato Serie Zoonoses
INTRODUÇÃO
O primeiro relato da DAG foi feito em 1889 por Parinaud, que observou
conjuntivite e linfadenopatia regional em um paciente que havia sido arranhado
por um gato. Somente na década de 1950 é que a DAG foi caracterizada como
uma entidade clínica. Debré e colaboradores descreveram adenite supurativa
subsequente à arranhadura por gato em um menino de seis anos e a
denominaram maladies des griffes du chat - doença da arranhadura do gato.
Entre a DAG e a síndrome oculoglandular de Parinaud havia em comum o
contato com gatos, o que levou a conclusão de que se constituíam
manifestações clínicas diversas de uma mesma entidade. Apesar de ter sido
caracterizada clinicamente, a etiologia permaneceu obscura durante muito
tempo, sem que se conhecesse o microrganismo causador da doença. Na
maioria dos casos relatados havia forte associação entre o desenvolvimento da
doença e o contato com gatos, principalmente sob a forma de arranhadura ou
mordedura.
A doença, em sua forma típica, é benigna, subaguda, autolimitada, sendo mais
frequente em crianças e adolescentes. Três a cinco dias após a arranhadura ou
o contato com o gato, são observadas lesões primárias (pápulas eritematosas)
que regridem em poucos dias, persistindo apenas como máculas por dois a
três meses. A adenopatia, unilateral e solitária, é considerada característica da
doença e persiste por cerca de dois a três meses. Em cerca de dez por cento
dos casos pode ocorrer a supuração do linfonodo comprometido. Febre,
quando presente, é de baixa intensidade. Embora mais raramente, também
pode ocorrer em adultos e progredir para uma doença severa, sistêmica ou
recorrente, principalmente em indivíduos imunodeficientes, nos quais pode
resultar em infecção fatal.
ETIOLOGIA
EPIDEMIOLOGIA
PATOGENIA E PATOLOGIA
Cerca de três até dez dias após a arranhadura do gato, são observadas uma
ou mais pápulas eritematosas, não pruriginosas, no local da inoculação
cutânea, que evoluem com vesículas e finalmente, formam-se crostas
permanecem por algum tempo e depois desaparecem, sem deixar cicatrizes.
Após a inoculação, em geral um único linfonodo regional, torna-se aumentado
e pode em alguns casos, ocorrer supuração. Em geral, o quadro se resolve
espontaneamente em dois a três meses.
MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS
Carithers, em sua revisão sobre a doença, menciona que 14% das pessoas
desenvolvem disseminação para fígado, baço, olhos ou sistema nervoso
central. Estes casos também devem ser relacionados como doenças
sistêmicas e não devem ser classificadas como DAG.
MANIFESTAÇÕES TÍPICAS
Três a dez dias após o contato com o gato torna-se visível no local da
inoculação uma vesícula ou pápula ou, em casos de contaminação ocular,
granuloma acompanhado ou não de conjuntivite. Essa lesão permanece dias a
semanas, desaparecendo geralmente quando despontam os primeiros
sintomas da doença. Mais raramente, a lesão observada no local da inoculação
persiste por oito a vinte semanas. Três a cinquenta dias após a inoculação, os
linfonodos regionais tornam-se aumentados. Em geral há o acometimento de
um único linfonodo (Figura 2). De acordo com um estudo de Carithers, 46%
dos pacientes desenvolvem linfadenopatia das extremidades superiores, 26%
no pescoço e na mandíbula, 18% na virilha e 10% em outras áreas (pré e pós-
auricular, clavicular e no peito).
MANIFESTAÇÃO ATÍPICA
DIAGNÓSTICO
Com a descoberta do principal agente, o diagnóstico pode ser feito por meio
de cultura, sorologia, microscopia ótica, imuno-histoquímica e técnicas
moleculares. Desta forma, os critérios clássicos não devem ser mais utilizados.
CULTURA
TÉCNICAS MOLECULARES
DIAGNÓSTICO HISTOPATOLÓGICO
DIAGNÓSTICO SOROLÓGICO
DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL
Citomegalovírus Dermatomiosite
Yersiniose
Febre tifoide
TERAPÊUTICA
Há consenso entre os autores que o paciente com DAG deva ser esclarecido
sobre a natureza benigna e autolimitada da doença e acompanhado até
involução do quadro. Analgésicos e anti-inflamatórios podem ser indicados
para minimizar a dor, caso haja necessidade. Recomenda-se a aspiração do
material purulento nos casos em que ocorre supuração do linfonodo afetado, o
que alivia os sintomas de dor. A melhora clínica é observada em 24-48 horas.
A drenagem incisional não é usualmente recomendada, pois podem ocorrer
fistulização e drenagem crônica.
PROFILAXIA
Higiene das mãos após contato com os animais, não tocar ou esfregar os
olhos, desencorajar brincadeiras agressivas ou contenção inadequada dos
filhotes de gatos, principalmente por parte das crianças, são medidas que
podem minimizar o risco de infecção humana por B. henselae. As medidas
higiênicas em relação ao animal baseiam-se essencialmente no controle de
ectoparasitas.
Figura 1
Colônias, esbranquiçadas e lisas, de diâmetro variável (fase S) e outras
maiores, com aspecto rugoso (fase R) em ágar-sangue. Foto gentilmente
cedida por Marcelo de Souza Zanutto.
Figura 2
Doença da arranhadura do gato: adolescente feminina proprietária de um gato
jovem com linfonodomegalia cervical à direita há dois meses.
Tabela 1. Epidemiologia de Bartonella spp. em gatos