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Trono Do Rei Salomão e Sólio - Extraído Do JB News #405

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Consulta que faz a Digníssima Loja

Regeneração 3ª sobre o texto apócrifo


recebido via correio eletrônico abaixo descrito
– Grande Oriente do Paraná – Oriente de
Londrina, Estado do Paraná.

O texto apócrifo recebido:


“O Venerável assenta-se no Trono ou no SÓLIO? Se você
respondeu no Trono, acertou; no Sólio, também acertou. Mas
se respondeu no Trono que está no Sólio cometeu uma enorme
redundância; o mesmo que, subir para cima e descer para
baixo. Certamente foi lhe instruído que, o Primeiro Diácono fica
abaixo do sólio, e o sólio é onde fica a cadeira do Venerável, do
Past-Venerável e da maior autoridade maçônica presente. Devo
abrir um parêntese para explicar que esta informação é
passada principalmente no Rito Escocês, mas há alguns ritos
que não fazem menção do sólio e às vezes, nem dos diáconos
e da divisão entre ocidente e oriente. O uso do palavra SÓLIO,
como mobiliário de uma Loja Maçônica é corretíssimo, pois
quer disser “assento do Rei”, “Trono” se levarmos em
consideração que fazemos analogia entre a Loja Maçônica e o
Templo de Salomão, nada mais plausível que chamemos a
cadeira do Venerável Mestre de Trono de Salomão ou se
quiserem Sólio de Salomão. Eu, particularmente, prefiro a
palavra Sólio, Trono, dá-nos idéia de Realeza, Poder Temporal,
Luxo, já, Sólio está mais ligado aos aspectos espirituais.
Palavra de origem latina que designa assento elevado, por
metonímia: poder ou autoridade real. O mais famoso dos sólios
é o sólio estelífero que enfeita o teto de nossas Lojas e talvez o
mais poderoso seja o Sólio Pontifício que é a Cadeira de São
Pedro (não se usa o termo Trono de São Pedro). Tendo a
oportunidade de ir ao Vaticano, visite a Igreja de São Pedro.
Conte os degraus que elevam o Sólio Pontifício, de onde o
Papa celebra as missas, irá encontrar 7 degraus. Não são 4
mais 3, são 7 degraus diretos, mesmo assim lembram alguma
coisa! Fico à pensar, em quanta Força é necessária para um
homem alcançar o sólio, não força bruta, mas, Força de
Vontade, Determinação. É possível que usará a Força do Bom
Propósito. Dotado dessa força, cabe estão o Trabalho. Um
trabalho social e moral, onde o enquadramento do indivíduo,
resultará num ganho para a sociedade, para o tanto ele deverá
recorrer a Ciência para transpor um nível e favorecer a
disposição da alma para a pratica do Bem, que é realmente a
Virtude. Virtuoso alcançará um grau de Pureza, pois somente
os puros, podem ser um foco de Luz, e fazer prevalecer a
Verdade em nossa Sublime Ordem. Apenas como curiosidade:
O Trono de Salomão era grande, todo em marfim finamente
trabalhado e coberto de ouro puríssimo, o espaldar do trono ao
alto era redondo; de ambos os lados tinha braços junto ao
assento, e dois leões junto aos braços. Também havia doze
leões um em cada extremidade lateral dos degraus. Nunca
houve um trono tão bonito em nenhum outro reino. O Trono
ficava sobre um estrado de seis degraus (Liv. dos Reis). O
objetivo deste pequeno artigo é aguçar a curiosidade dos
Irmãos, aos estudos. Qual a sua resposta para essa pergunta: -
Se o Sólio de Salomão ficava no alto de 6 degraus, por que o
do Venerável fica no alto de 7 degraus? Faça uma pesquisa e
quando ela estiver pronta, leve para sua Loja enriquecendo seu
Quarto de Hora de Estudos. Lembre-se independente do Grau
ou de Cargos somos responsáveis pela qualidade das Sessões
Maçônicas”.
RESPOSTA
01 – Realmente, trono e sólio como substantivos são a mesma
coisa. Não vejo qualquer razão para o escritor apócrifo do texto
fazer tanto alarde, salvo uma pretensa preparação de terreno para
expor certas ilações no mínimo tendenciosas e esdrúxulas.
02 – “O uso da palavra SÓLIO, como mobiliário de uma Loja
Maçônica é corretíssimo, pois quer disser “assento do Rei”, “Trono”
se levarmos em consideração que fazemos analogia entre a Loja
Maçônica e o Templo de Salomão, nada mais plausível que
chamemos a cadeira do Venerável Mestre de Trono de Salomão ou
se quiserem Sólio de Salomão.” - Primeiro o Templo não era do
Salomão, mais de Jerusalém. Salomão deveria possuir um palácio.
Segundo, uma Loja maçônica não pode ser considerada como
arquétipo do Templo de Jerusalém. Na exposição lendária são
tomadas dele partes como alegoria moral, além de conceitos
doutrinários que constituem um teatro moldado na fábula da
construção e destruição do Templo conexo à Palavra perdida,
todavia isso é mera conjectura e não fatos comprovados pela
história acadêmica. A lenda do Terceiro Grau foi constituída com a
finalidade de despertar lições de moral e sociologia, estando muito
longe de se imaginar maçons construindo o Templo, muito menos
sentados em certos “Tronos”.
Essa “estória” de Trono, Cadeira, Sólio de Salomão pautada ao
assento do Venerável é mera filigrana e copiada de arcaicas
considerações inglesas do passado (Harry Carr já se referia a isso
quando citava alguns trechos das Lições Prestonianas). A alusão
está na presumida sabedoria do Rei, entretanto querer comparar o
Venerável Mestre, ou o Mestre da Loja e o seu assento com o Rei
Salomão e seu trono é querer subjugar a inteligência dos outros.
Melhor mesmo seria comparar o sólio ao lugar da Sabedoria
daquele que dirige um canteiro que constrói especulativamente um
novo Homem para que seja ele parte integrante de uma sociedade
justa e fraterna.
03 – “O mais famoso dos sólios é o sólio estelífero que enfeita o
teto de nossas Lojas e talvez o mais poderoso seja o Sólio
Pontifício que é a Cadeira de São Pedro (não se usa o termo Trono
de São Pedro)”. – Sólio estelífero. Essa, pelo tamanho da bobagem,
dispensa qualquer comentário. Agora, quanto ao sólio poderoso do
Vaticano (Cadeira de São Pedro), pergunta-se: O que tem a
Maçonaria a ver com isso? Ou será que o nosso articulista está
querendo comparar a Basílica com uma Loja Maçônica tendo São
Pedro como Venerável? Essa também é de cansar a inteligência.
04 – “Conte os degraus que elevam o Sólio Pontifício, de onde o
Papa celebra as missas, irá encontrar 7 degraus. Não são 4 mais 3,
são 7 degraus diretos, mesmo assim lembram alguma coisa!” - O
que lembram eu não sei, todavia gostaria de esclarecer ao nosso
articulista, já que ele menciona o Rito Escocês Antigo e Aceito e
tenta relacionar os degraus da Loja ao Sólio Pontifício, que uma
verdadeira Loja escocesa, além de ser de cor encarnada se sobe
ao Oriente por apenas um degrau e não quatro, enquanto que ao
Sólio se faz por três degraus. Agora, quererem se somar degraus
além da conta para se chegar a sete é mero exercício de
imaginação. É bem verdade que existem muitos rituais ditos
escoceses espalhados pelo Brasil que preceituam erradamente o
acesso ao Oriente por quatro degraus.
Esclarecendo: Em linhas gerais nas Lojas escocesas sobe-se ao
Oriente por um degrau, ao Sólio por três, à mesa do Primeiro
Vigilante por dois e a do Segundo Vigilante por apenas um degrau.
Se o nosso articulista quiser, fazendo uma ginástica imaginativa
(isso me parece notório) ele até chega com o resultado da soma
aos “sete degraus”, porém, daí ao Sólio Pontifício é de pulular os
miolos.
05 – “O Trono de Salomão era grande, todo em marfim finamente
trabalhado e coberto de ouro puríssimo, o espaldar do trono ao alto
era redondo; de ambos os lados tinha braços junto ao assento, e
dois leões junto aos braços. Também havia doze leões um em cada
extremidade lateral dos degraus. Nunca houve um trono tão bonito
em nenhum outro reino. O Trono ficava sobre um estrado de seis
degraus (Liv. dos Reis)”. – Primeiro é preciso esclarecer que as
citações bíblicas são muitas vezes figuradas e até mesmo
exageradas, já que o intuito era o de dar majestade e esplendor ao
fato, entretanto, não pode ser tomada ao pé da letra como
conclusão acadêmica da história. Segundo, os seis degraus; Espero
que isso não tenha nenhum caráter sugestivo por parte do autor da
lauda acima transcrita no sentido de comparar o Sólio ocupado pelo
Venerável ao luxuoso Trono do Rei que segundo a Bíblia ficava
sobre um estrado de seis degraus!!!
06 – “Se o Sólio de Salomão ficava no alto de 6 degraus, por que o
do Venerável fica no alto de 7 degraus? Faça uma pesquisa e
quando ela estiver pronta, leve para sua Loja enriquecendo seu
Quarto de Hora de Estudos”. – O duro mesmo é enriquecer o quarto
de hora de estudos com essa baboseira toda. Mais uma vez querer
se estabelecer um paralelo entre o Sólio da Loja e o Trono carece
de muita imaginação. É bom lembrar ao articulista proponente que o
Trono não é do Venerável, é da Loja, já que seu cargo é transitório
e ao seu final ele não leva a cadeira para casa. Da mesma forma,
se com muito esforço se quiser comparar uma Loja Maçônica que
nada mais é do que um canteiro especulativo de obras, com o
Templo de Jerusalém, é bom lembrar que no Santo dos Santos,
recinto maior em importância religiosa no tabernáculo,
tradicionalmente só entrava o Cohen Gadol (Sumo Sacerdote) uma
vez por ano no dia da Expiação (Rosh Ashna - literalmente cabeça
do ano) para ter com “IAVE” (nome impronunciável de “Deus” na
tradição hebraica – Aquele que É, que Foi e que Será). Essa data
está relacionada ao início do ano civil hebraico no mês de Tishrei,
ponto de Libra, equinócio ou início do outono no hemisfério Norte.
Não consta que o Rei tivesse um Trono no Santo dos Santos,
todavia seria mais plausível no seu palácio.
07 - “Lembre-se independente do Grau ou de Cargos somos
responsáveis pela qualidade das Sessões Maçônicas”. – Muito bem
lembrado, porém difícil é se ter responsabilidade ao se auferir
induções dessa natureza para se preencher um tempo de estudo.
Já que o assunto é o Templo, bem melhor seria pesquisar as suas
tradições no arcabouço doutrinário maçônico e a sua relação com
as corporações de ofício do passado medieval; Quando surgiu o
primeiro Templo Maçônico e a sua disposição topográfica
relacionada ao Parlamento Britânico; A influência da igreja na
Maçonaria; As Associações Monásticas e as Confrarias Leigas; O
período Operativo e o Especulativo; O Século das Luzes e a
Maçonaria na França; A Moderna Maçonaria; As origens do
escocesismo, etc., isso só para ficar no campo da História.
Salvo se o articulista proponente possua documentação primária
confiável concernente à pesquisa sobre o tema, não vejo nessa
proposta nada com capacidade de enriquecer os nossos
conhecimentos.

Opa!!! Agora me ocorreu uma dúvida! Cheguei a sete


considerações! Seriam elas sete ou seis? Preciso pesquisar!!!

Desculpe a brincadeira, mas ninguém é de ferro. Tento exercitar a


virtude da tolerância, todavia não consigo ser indulgente. O sério
historiador sabe quanto custa pesquisar. Juntar velhos documentos,
cheirar poeira nos arquivos, passar madrugadas tentando compor
um mosaico histórico com fragmentos, antigas constituições, etc.
Isso para não se falar das sonegações de informação e outras
coisas mais. De repente, aparecem certos “luminares” que “acham”,
supõe e escrevem verdadeiras “abobrinhas” e as espalham aos
quatro ventos.
Desabafando, devo dizer que infelizmente bons pesquisadores
compromissados com a verdade ainda são poucos, enquanto que
inventores imaginosos se propagam com ervas daninhas.
É bem verdade que a evolução da ciência nos trouxe o correio
eletrônico, comumente conhecido como “E-mails”. Se esse é um
avanço inquestionável, ao mesmo tempo também é um repositório
de certas... (prefiro não escrever).
Vou encerrar parafraseando o saudoso Irmão e amigo Castellani –
“Se só existe no Brasil e não é jabuticaba, ou é besteira ou é
privilégio de alguns”.

T.F.A.

PEDRO JUK
jukirm@hotmail.com

AGO/2008

NA DÚVIDA,
envie suas perguntas para jbnews@floripa.com.br
mencionando nome completo, Loja,
Oriente, Rito praticado e Obediência.
O Irmão receberá a resposta diretamente do Ir Pedro
Juk, e através do JB News.

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