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TCC - Entrega Final Marcia

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CENTRO UNIVERSITÁRIO CENTRAL PAULISTA

MARCIA MARIA ZAGATO OLIVEIRA

O PROCESSO DE ENSINO APRENDIZAGEM PARA O ENSINO FUNDAMENTAL


MEDIADO À DISTÂNCIA DURANTE UMA DISSEMINAÇÃO MUNDIAL.
Relatório de Estágio - Pesquisa

SÃO CARLOS
2020
MARCIA MARIA ZAGATO OLIVEIRA

O PROCESSO DE ENSINO APRENDIZAGEM PARA O ENSINO FUNDAMENTAL


MEDIADO À DISTÂNCIA DURANTE UMA DISSEMINAÇÃO MUNDIAL.
Relatório de Estágio - Pesquisa

Relatório de estágio – pesquisa apresentado ao


Centro Universitário Central Paulista para a
obtenção do título de especialista em
Psicopedagogia Institucional.

Orientadora: Profª. Drª Juliana Z. Nutti

SÃO CARLOS
2020
RESUMO

O presente trabalho de conclusão de curso tem como objetivo compreender e analisar a


importância do psicopedagogo no processo de ensino aprendizagem, principalmente no contexto
de pandemia e de ensino remoto. A situação de pandemia que vivemos em 2020 causada pelo
vírus covid-19 fez com que muitos espaços e situações precisassem ser repensadas e
reorganizadas, por exemplo, a escola. Através da minha vivência, do meu trabalho como
professora e das minhas experiências de estágio do curso de pós-graduação de Psicopedagogia
Institucional foi possível perceber e ressaltar a necessidade do psicopedagogo colaborando no
ensino-aprendizado, concluindo que a resiliência é uma das principais ferramentas para alcançar
um trabalho de qualidade em meio a este contexto.

Palavras-chave: Instituição; Pandemia; Psicopedagogia.


ABSTRACT

The present course conclusion work aims to understand and analyze the importance of
psychopedagogue in the teaching process learning, especially in the context of pandemic and
remote teaching. The pandemic situation we experienced in 2020 caused by the covid-19 virus
has caused many spaces and situations to be rethought and reorganized, for example, the
school. Through my experience, my work as a teacher and my internship experiences of the
graduate course of Institutional Psychopedagogy it was possible to perceive and highlight the
need of the psychopedagogue collaborating in teaching-learning, concluding that resilience is
one of the main tools to achieve quality work in this contexto.

Keywords: Institution; Pandemic; Psychopedagogy.


SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ............................................................................................................................6
1. PSICOPEDAGOGIA INSTITUCIONAL............................................................................8
2. CARACTERIZAÇÃO ........................................................................................................12
3. CONSCIENTIZAÇÃO DE COMO É UMA DISSEMINAÇÃO MUNDIAL
“PANDEMIA...............................................................................................................................16
4. RELATOS DOS PROFISSIONAIS SOBRE SEUS TRABALHOS DURANTE A
PANDEMIA.................................................................................................................................18
4.1. Relato Pessoal........................................................................................................................20
5. O TRABALHO E A RESILIÊNCIA DO PSICOPEDAGOGO FRENTE A
PANDEMIA.................................................................................................................................23
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .....................................................................................25
6

INTRODUÇÃO

O presente trabalho deveria ser realizado num primeiro momento, avaliando uma
instituição a fim de colocar em prática tudo o que foi estudado durante o curso de pós-graduação
de Psicopedagogia institucional. Projeto este que da minha parte seria realizado dentro de uma
unidade escolar, trabalhando diretamente com todos os funcionários da escola, principalmente
com os professores.
Teria como embasamento teórico a filosofia piagetiana, com a finalidade de levar aos
professores uma nova forma de realizar suas atividades profissionais e seriam capacitados, de uma
maneira muito integrada, onde os mesmos poderiam expor suas opiniões e ao mesmo tempo
usufruir de novas concepções para um desempenho melhor, focado nas necessidades do processo
de ensino aprendizagem, tendo como finalidade prevenir e/ou melhorar a qualidade de ensino e
reduzir as dificuldades relacionadas.
Infelizmente no finalizar do curso, momento em que seriam iniciados os estágios, o país
inteiro entrou num sistema de alerta para se prevenir de uma disseminação mundial sobre um
vírus chamado Covid-19. Essa pandemia nos deixou em sistema de total alerta, pois o vírus se
propagou de forma inesperada, muito rápida e letal. De frente a esta nova realidade nenhum
estágio mais poderia ser realizado para que não houvesse contato entre as pessoas, mesmo
também, porque todas as escolas fecharam e deram continuidade aos seus trabalhos à distância,
sendo em torno de 99% online, ou seja o ensino por conta da atual circunstância passou a ser
ofertado de maneira remota.
Enquanto observava diversas transformações tanto na sociedade quanto na escola, surgia-
me dúvidas sobre o meu estágio e o papel do psicopedagogo dentro deste contexto. Desta maneira
surgiu o questionamento: de que modo o psicopedagogo pode contribuir no processo de ensino-
aprendizagem dentro dessa fase de pandemia e ensino remoto?
Na tentativa de responder esta questão foi pensado a seguinte modo de análise: além do
acompanhamento da escola em que trabalho como professora, observando e compartilhando as
experiências por mim vividas, será feito também um questionário com a coordenação da escola e
com uma professora, dando subsídio a uma percepção ampla sobre o assunto proposto.
Por isso, o trabalho tem como objetivo entender de que maneira o psicopedagogo pode
colaborar no processo de ensino-aprendizagem durante o contexto de pandemia/ensino remoto.
A construção do trabalho desenvolvida em 5 partes: a primeira aborda questões sobre a
Pedagogia Institucional; a segunda seção elucida as características da escola selecionada para
desenvolver o estágio e o trabalho; a terceira parte traz luz ao contexto de pandemia que vivemos
7

atualmente; Na seção quatro abordo sobre o visão da coordenação e de um docente da escola


sobre o ensino remeto nesse contexto de pandemia, trazendo ainda um pouco da minha
experiência pessoal; e por fim, na última seção apresenta o papel do psicopedagogo no contexto
de pandemia e a importância de ser resiliente
8

1. PSICOPEDAGOGIA INSTITUCIONAL

Sabe-se que a Psicopedagogia Institucional vem ao encontro de uma necessidade ímpar na


nossa sociedade atual. Uma vez que ela pode ajudar muito os profissionais que trabalham na
educação e outros meios que dependem de uma orientação para poder ajudar seus alunos,
funcionários, colegas de trabalho, enfim, todos os que necessitam de alguma forma aprender ou
trabalhar conteúdos em que tenham dificuldades ou barreiras, sejam elas de ordem motora,
emocional, psicológica, cognitiva e outras mais.
Um dos principais objetivos do surgimento da Psicopedagogia foi investigar as questões
da aprendizagem ou do não - aprender em algumas crianças. Por um longo período
atribuía-se exclusivamente à criança a patologia do não – aprender. Foi na Europa, no
século XIX, que médicos, pedagogos e psiquiatras levantaram questões sobre o não -
aprender, entre eles: Maria Montessori, Decroly e Janine (GASPARIAN, 1997, p.15)

Nessa perspectiva, o psicopedagogo trabalha de forma a escutar o sujeito e, mediante a


experiência de caso, poder a partir de seu diagnóstico (que muitas vezes não será fechado e em
processo) encaminhar o mesmo para um profissional melhor preparado para determinada
dificuldade, como um fonoaudiólogo, psicólogo ou outros mais que poderão participar do
processo de aprendizagem do indivíduo.
Esse tipo de intervenção na instituição é um trabalho árduo, que exige muita dedicação,
experiências, tranquilidade e profissionalismo do psicopedagogo pois ele dará suporte a outros
profissionais, seja preparando atividades para ajudar os alunos, preparando um plano de aula para
orientar os professores, preparando palestras sobre o assunto, estando mesmo na linha de frente
do problema.
O primeiro trabalho psicopedagógico é de ordem curativa, ou seja, serão trabalhos os
conteúdos e dificuldades estratégicos de cada indivíduo ou no grupo, fazendo com que os
problemas encontrados sejam sanados como um reforço escolar, e o aluno possa novamente se
reintegrar ao restante da sala, envolve os aspectos mais próximos da realidade do dia a dia
escolar do indivíduo e um retorno mais rápido e satisfatório também pois é uma orientação
direcionada que envolve diretamente toda a escola.
Na instituição, o psicopedagogo trabalha muito a parte psicológica da criança, suas
ansiedades e conflitos diante do grupo que ela está inserida, envolvendo todos os que
participam da vida da criança. Utilizando como instrumentos de pesquisa o EOCMEA –
Entrevista Operativa Centrada no Modelo Ensino Aprendizagem –ou EOCA – Entrevista
Operativa Centrada na Aprendizagem. Bem como a entrevista todos os responsáveis por aquele
indivíduo na escola; a aplicação de Provas Projetivas (Parelha Educativa) com elementos do
grupo em diagnóstico; Levantamento estatístico das notas dos alunos; Jogos de socialização;
9

Utilização do Cone Invertido para a análise das observações. Mediante todo o histórico e
análise de tudo que foi visto e feito até agora o profissional pode começar a atuar.
Uma vez que esse recurso esteja embasado teoricamente ele pode ajudar muito as pessoas
que passam por tais situações. Ou seja, o psicopedagogo vai ao fundo da questão e mediante
diagnóstico pode intervir de forma que a instituição enxergue o que realmente está acontecendo e
insira determinado indivíduo no contesto correto. Dê a ele a oportunidade de se refazer dentro
daquele ambiente, se tornar o centro de sua aprendizagem, utilizando de recursos que lhe sejam
mais favoráveis à sua condição.
Algumas formas de realizar este trabalho são na releitura e reelaboração no
desenvolvimento das programações curriculares; Análise mais detalhada dos conceitos,
desenvolvendo atividades que ampliem as diferentes formas de trabalhar o conteúdo
programático que se complementa na prática o treinamento e desenvolvimento de projetos junto
aos professores; criação de materiais, textos e livros para o uso do próprio aluno, desenvolvendo
o seu raciocínio, construindo criativamente o conhecimento, integrando afeto e cognição no
diálogo com as informações.
Outros lugares em que o psicopedagogo pode realizar intervenções são nos hospitais e
empresas.
Nos hospitais o psicopedagogo vai utilizar de todo o seu conhecimento científico e aliá-lo à
dinâmicas que envolvam pacientes e todos os demais profissionais daquela unidade. É um
trabalho em grupo que visa o bem total do paciente, uma vez que além de todas as dificuldades
encontradas ele ainda está dentro de um ambiente hospitalar e não no conforto de sua casa.
Dentre as atividades que o psicopedagogo pode desenvolver estão observação dos setores e
a dinâmica hospitalar; rotinas, procedimentos, hora das refeições e visitas; anotar todos os setores
do hospital e suas atribuições (desde a portaria até a direção); estudar sobre as doenças das quais
você poderá estar sempre em contato; utilizar equipamentos de segurança em setores especiais
(luvas, jalecos, propés, etc) No que se refere ao tratamento com as crianças deve-se em primeiro
momento trabalhar o eu (sujeito) para identificar como está em relação ao outro; analisar o que
gosta de fazer, brincar, com quem brinca ou convive buscando caminhos para resgatar a
autoestima; criar um vínculo de amizade, e como o período de relação entre ambos é curto,
dependendo de cada situação e trabalhar com a linha de faixa etária utilizando como recurso a
Brinquedoteca.
Neste ambiente o foco é promover um ambiente acolhedor, limpo, organizado, onde a
criança poderá brincar e se desenvolver enquanto socializa e aprende, para tanto é preciso
10

respeitar as condições em que essa criança se encontra, sua idade, personalidade. É um trabalho
que exige muita sensibilidade do profissional para um olhar único e voltado para o bem-estar do
pequeno paciente.
Nas empresas será desenvolvido um trabalho de desenvolvimento e treinamento do
indivíduo de forma que seja respeitado o individualismo de cada um, uma vez que somo todos
seres únicos que aprendem e assimilam cada um de uma forma diferente, Desta forma cada um
será direcionado e estimulado a desenvolver sua capacidade e habilidade para a realização de
seu trabalho através de projetos de cunho educativo, treinamentos internos e externos e
programa de treineiros e estagiários, utilizando de fluxogramas e realizando um trabalho
sistêmico e a longo prazo.
O segundo tipo de trabalho é voltado para a equipe de professores e orientadores, num
trabalho de consultoria e orientação onde serão focadas as questões de fortalecimento de
vínculos entre professor e aluno, bem como novos direcionamentos no processo de ensino
aprendizagem da criança. Ainda, segundo Gasparian (2012)

A prática psicopedagógica em todos os setores onde ela atua tem um olhar e uma escuta
diferenciada de outros profissionais, portanto, deve estar apto a desenvolver e liderar
essas atividades. Olhar a prática psicopedagógica sob o prisma transformador significa
obter uma visão multifacetada da escola, da família e da sociedade e que ao transformar
os outros também nos transformamos. É intervir, sabendo que simultaneamente estamos
sofrendo intervenções externas e sendo modificados pelos nossos atos. Esse ponto de
vista nos permite desenvolver uma consciência grupo que, através da reflexão sincera e
profunda individual e coletiva, poderá nos dar essa condição de agente transformador.
(GASPARIAN, 2012, p. 4)

O profissional da psicopedagogia seguirá o regimento da Associação Brasileira de


Psicopedagogia ABPP, normas estas que lhe darão os parâmetros necessários para exercer a sua
profissão dentro da ética e das responsabilidades que lhe cabem. A área de abrangência do
trabalho de um psicopedagogo envolve em sua totalidade as relações humanas, pois todas as
atividades desenvolvidas dentro de uma instituição estão diretamente ligadas a gestores,
profissionais da área da educação, profissionais da saúde, familiares e a própria criança. Dentro
deste contexto, para que haja um bom relacionamento é fundamental que as situações em que se
envolva o trabalho da psicopedagogia, sejam fundamentadas em respeito mútuo, empatia, e
cumprir as regras e combinados existentes.
Segundo o artigo 10 da Associação Brasileira de Psicopedagogia:

O psicopedagogo procurará desenvolver e manter boas relações com os componentes de


diferentes categorias profissionais, observando, para esse fim, o seguinte:
11

- trabalhar nos estritos limites das atividades que lhe são reservadas;
- reconhecer os casos pertencentes aos demais campos de especialização, encaminhando-
os a profissionais habilitados e qualificados para o atendimento. (ASSOCIAÇÃO
BRASILEIRA DE PSICOPEDAGOGIA, 2019. p.5)

A partir do momento que o psicopedagogo trabalha no estudo de um caso de uma


instituição, seja ela de qualquer tipo, ou até mesmo faça o acompanhamento de uma criança que
esteja apresentando alguma comorbidade ou dificuldade de aprendizagem, na maioria das vezes
terá a necessidade de recorrer a outro profissional para ajudá-lo a formar um diagnóstico. A partir
do momento que houver essa necessidade é imprescindível que ambos realizem o seu trabalho de
maneira que um não invada a área do outro. Analisando que o foco é o indivíduo estudado, e que
agindo assim, com o máximo de profissionalismo, ambos podem, juntos, chegar ao melhor
diagnóstico e intervenção para esta criança.
Em relação a questão do sigilo profissional e da divulgação do resultado de avaliações, a
ABPP descreve no artigo 7 que:

O psicopedagogo deve manter o sigilo profissional e preservar a confidencialidade dos


dados obtidos em decorrência do exercício de sua atividade. Parágrafo 1º - Não se
entende como quebra de sigilo informar sobre os sujeitos e sistemas a especialistas e/ou
instituições comprometidos com o atendido e/ou com o atendimento, desde que
autorizado pelos próprios sujeitos e/ou seus responsáveis legais e sistemas. Parágrafo 2º
- O psicopedagogo não revelará, como testemunha, fatos de que tenha conhecimento
no exercício de seu trabalho, a menos que seja intimado a depor perante autoridade
judicial, e/ou em situações que envolvam risco à integridade física, moral ou risco
iminente de morte. (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE PISCOPEDAGOGIA, 2019. p. 3)

Ou seja, que a partir do momento em que houver o compromisso profissional entre o


psicopedagogo e a família, ou entre o psicopedagogo e qualquer instituição, ele deve
primeiramente zelar pelo sigilo do processo em questão. E colocar os seus sujeitos sempre a par
dos acontecimentos. Nenhum dado deve ser revelado sem a permissão do sujeito em questão.
Ainda sobre este assunto, todas as avaliações, intervenções e diagnósticos relacionados ao
caso estudado não deverão ser expostas nem fornecidas a outrem sem que o indivíduo ou a
instituição, avaliados concordem plenamente, como consta no Artigo 8 do código de ética da
ABPP “ O resultado de um processo de avaliação só será fornecido a terceiros interessados
mediante concordância do próprio avaliado ou de seu representante legal”
12

2. CARACTERIZAÇÃO
Devido a uma situação inesperada e emergencial, a educação brasileira, os estágios
para a conclusão dos cursos de psicopedagogia, no ano de 2020, não puderam ser feitos
presencialmente. Este tema será melhor abordado na seção 3 “conscientização de como é uma
disseminação mundial ‘pandemia’”.
Nesta seção de caracterização será apresentada a instituição que serviu de base para os
demais capítulos, abordando como se deu a realização de tal trabalho, uma vez que fomos
acometidos por uma pandemia global, não sendo assim possível, realizar de forma presencial
o estágio de concussão do curso de psicopedagogia institucional.
Neste caso foi feita uma coleta de dados da instituição escolar abaixo referida, usando
uma boa parte dos dados por esta autora, uma vez que, sou professora desta instituição e a
outra parte foi um questionamento respondido via e-mail pela coordenadora da mesma
unidade.
São dados de suma importância para a psicopedagogia terapêutica, uma vez que o
psicopedagogo deve estar familiarizado com o meio em que o indivíduo está inserido.
Identificação da instituição (preservando-se o anonimato, por exemplo, omitindo-se o nome
da instituição e apenas colocando a sua localização e tipo de instituição - Ensino Fundamental
- Ensino Médio, etc.); Clientela atendida (quantidade de alunos, faixa etária, perfil
socioeconômico e outros dados relevantes); Estrutura física (estado e conservação geral das
instalações físicas e se as mesmas são adequadas à quantidade de alunos; espaços além da
sala de aula); Composição do corpo docente (quantidade de docentes, formação mínima,
especializações, etc); Composição da equipe dirigente; Principais características do Projeto
Político Pedagógico;
Uma vez que todas as decisões e intervenções aplicadas a qualquer que seja a
instituição deva ser pautada nas informações desta, a caracterização da instituição é o pilar
para que este trabalho seja efetivamente desenvolvido com intencionalidade e eficácia. Ele
será a base para a construção de uma de um projeto que envolverá muitas discussões e planos
que podem melhoram em muitos sentidos a qualidade de vida dos envolvidos no caso de
estudo. Deste modo quão maior for a gama de informações obtidas, maiores serão as chances
de assertividade, é necessário então que este formulário seja o mais completo possível:

Formulário de caraterização da instituição - pesquisa

1. Identificação da instituição (preservando-se o anonimato, por exemplo,


omitindo-se o nome da instituição, colocando somente a sua localização e tipo de
13

instituição: Exemplo: Escola de Educação Infantil da cidade de São Carlos; Asilo de


Idosos da cidade de Araraquara, etc.).
2. Clientela atendida (quantidade de alunos ou participantes, faixa etária, perfil
socioeconômico e outros dados relevantes).
3. Estrutura física (estado e conservação geral das instalações físicas e se as
mesmas são adequadas à quantidade de alunos; espaços além da sala de aula.
Verificar também o item “acessibilidade” para portadores de necessidades
educacionais especiais, especialmente deficientes físicos).
4. Composição do corpo docente ou equipe de trabalho (quanti-dade de
docentes, formação mínima, especializações, etc).
5. Composição da equipe dirigente (quantidade, formação mínima,
especializações, etc).
6. Principais características do Projeto Político Pedagógico ou Plano Diretor.
7. Propostas ou projetos realizados pela instituição para resolver ou prevenir
problemas de aprendizagem e promover a inclusão. Cursos de capacitação docente
(frequência, conteúdos) e convênios que existem entre escola e profissionais de
ajuda. Caso a instituição possua psicopedagogo em sua equipe, descrever suas
atividades de atuação e relacionamento com a equipe.
8. Valores e normas institucionais (cultura institucional).
9. Relacionamento da instituição com a clientela e comunidade.
10. Impressões gerais do estagiário. (NUTTI, 2016, p. 37)

O Colégio, localizado na cidade de São Carlos, atende alunos da Educação Básica


respeitando os seguintes segmentos de ensino: Educação Infantil - Ensino Fundamental Anos
Iniciais
Atende aproximadamente 160 alunos que residem tanto em condomínios de alto padrão
quanto em bairros periféricos ou municípios vizinhos como Ibaté ou Itirapina, possuindo uma
clientela bem heterogênea em relação ao nível sócio econômico.
Em relação a estrutura física, a escola conta com 8 salas de aula cada uma com
capacidade para 15 alunos, quadra, sala de TV, parque de areia, parque convencional,
refeitório e pátio todos bem conservados e respeitando as regras de acessibilidade para
deficientes físicos. Quanto aos recursos materiais, disponibiliza data show, internet, caixas de
som, 16 neet books (uso individual do aluno) e TV.
O colégio conta com diretor pedagógico, coordenador, secretária, auxiliar de secretaria,
2 auxiliares de coordenação e 3 auxiliares de limpeza. Todos os profissionais estão envolvidos
com o projeto pedagógico, cada um em sua área de atuação. O corpo docente é formado por
18 profissionais, todos com formação superior e a maioria com especializações.
Inspirado em princípios de liberdade e igualdade, o Colégio tem por princípio promover
o contínuo desenvolvimento integral de seus alunos, respeitando seus direitos individuais e
contribuindo com sua formação para o exercício efetivo da cidadania e tem como objetivos
gerais:
14

1- Promover o aprimoramento do educando como pessoa humana, valorizando a formação


ética e o desenvolvimento da autonomia intelectual e do pensamento crítico.
2- Proporcionar a compreensão dos fundamentos científicos e tecnológicos dos processos
produtivos, relacionando teoria com a prática no ensino de cada componente curricular.
3- Proporcionar ao educando a formação do desenvolvimento de suas potencialidades
como elemento de autorrealização e para o exercício consciente da cidadania.
4- Promover a formação integral do educando, sistematizando seus conhecimentos no
decorrer de cada etapa do processo de aprendizagem.
5- Fornecer ao educando um amplo e profundo conhecimento dos conceitos e
informações necessárias ao encaminhamento de seu futuro profissional.
6- Proporcionar ao educando os requisitos necessários para que os conhecimentos,
experiências e habilidades se transformem em atitudes e competências individualmente
significativas e socialmente desejáveis.
A coordenação é responsável pelo acompanhamento das atividades programadas e
desenvolvidas pela escola, como: cumprimento dos planos de ensino dos professores mediante
metodologia do ensino, avaliação do processo ensino-aprendizagem, atividades extraclasse,
etc.
Antes de ingressar, o aluno passa por uma sondagem, atividades de acordo com a faixa
etária, para que assim o colégio o receba ciente de suas possíveis defasagens e elabore um
plano de recuperação para que possa dar continuidade ao processo de ensino aprendizagem
sanando possíveis lacunas.
São elaborados horários para apoio pedagógico multidisciplinar para os alunos do
Fundamental I e acompanhamento do rendimento escolar pesquisando as causas do
aproveitamento insuficiente e encaminhamento aos plantões de dúvidas para reforço da
aprendizagem que ocorrem em período oposto que o aluno estuda e elaboração dos planos de
recuperação contínua e trimestral dos alunos com aproveitamento não satisfatório.
Cada aluno possui ficha individual de avaliação periódica, para posterior convocação e
orientação aos pais e alunos com aproveitamento insuficiente com sugestões dos professores e
providências da escola para auxiliá-los.
O sistema de ensino oferece cursos para toda equipe escolar, como: Congresso de
educadores, Workshop, Convenção geral e além desses cursos oferecidos pelo Sistema, o
Colégio realiza, durante o mês de janeiro, semana de planejamento e trimestralmente reunião
pedagógica com professores de todos os níveis.
15

O colégio se preocupa ao máximo com a transparência de seus procedimentos, por este


motivo no ato da matrícula ou rematrícula é realizada uma explanação verbal pelos
coordenadores sobre a proposta pedagógica e funcionamento da escola.
A matrícula é efetuada mediante requerimento do pai ou responsável no qual constará
declaração expressa de anuência do Regimento Escolar.
16

3. CONSCIENTIZAÇÃO DE COMO É UMA DISSEMINAÇÃO MUNDIAL


“PANDEMIA”

A avaliação diagnóstica é o ponto de partida para a elaboração das atividades de


intervenção para uma instituição, seja qual for. Após a caracterização do local, por exemplo,
em uma escola, ao estudar o projeto pedagógico, suas instalações, a didática, as relações entre
todos aqueles que participam direta ou indiretamente dela, consegue-se fazer uma avaliação
de como os problemas podem ser trabalhados e agir sobre eles, e também de forma
preventiva para que os mesmos não se repitam em outras situações. Desta forma e com as
ferramentas necessárias, como, grupos de orientação, folders, palestras, cursos, atendimentos
de profissionais entre outros, estas intervenções podem resolver os conflitos ou amenizá-los.
A ideia original deste trabalho era a de ser transcrito após um longo estágio realizado
presencialmente e com todas as devidas intervenções e observações. Acontece que fomos
surpreendidos exatamente no momento em que estes estágios seriam iniciados por uma
pandemia que é segundo a OMS, a disseminação mundial de uma nova doença. O termo
indica que a enfermidade se espalhou por diferentes continentes com transmissão sustentada
de pessoa para pessoa devido a um vírus muito potente que se originou muito provavelmente
na China e se alastrou por toda a Europa chegando ao Brasil em meados de fevereiro de 2020.
Fato este que mudou quase que totalmente as vidas das pessoas, algumas como os militares,
os trabalhadores da área da saúde e alguns outros segmentos, infelizmente tiveram que
continuar seguindo suas rotinas de trabalho para dar suporte aos demais brasileiros.
Mesmo escrevendo este trabalho cinco meses após o início desta pandemia, os dados
negativos sobre propagação do vírus, mortes acometidas por ele, a taxa de desemprego e
outras tragédias que decorrem dele são muito significativas e alarmantes.
Segundo o Ministério da Saúde:

A COVID-19 é uma doença causada pelo coronavírus, denominado SARS-CoV-2,


que apresenta um espectro clínico variando de infecções assintomáticas a quadros
graves. De acordo com a Organização Mundial de Saúde, a maioria (cerca de 80%)
dos pacientes com COVID-19 podem ser assintomáticos ou oligossintomáticos
(poucos sintomas), e aproximadamente 20% dos casos detectados requer
atendimento hospitalar por apresentarem dificuldade respiratória, dos quais
aproximadamente 5% podem necessitar de suporte ventilatório.
Os sintomas da COVID-19 podem variar de um resfriado, a uma Síndrome Gripal-
SG (presença de um quadro respiratório agudo, caracterizado por, pelo menos dois
dos seguintes sintomas: sensação febril ou febre associada a dor de garganta, dor de
cabeça, tosse, coriza) até uma pneumonia severa. Sendo os sintomas mais comuns:
tosse, febre, coriza, dor de garganta, dificuldade para respirar, perda de olfato
(anosmia), alteração do paladar (ageusia), distúrbios gastrintestinais
(náuseas/vômitos/diarreia), cansaço (astenia), diminuição do apetite (hiporexia),
dispnéia (falta de ar). A transmissão acontece de uma pessoa doente para outra ou
17

por contato próximo por meio de: toque do aperto de mão contaminadas; gotículas
de saliva; espirro; tosse; catarro; objetos ou superfícies contaminadas, como
celulares, mesas, talheres, maçanetas, brinquedos, teclados de computador etc. [...].
As recomendações de prevenção à COVID-19 são as seguintes: lave com
frequência as mãos até a altura dos punhos, com água e sabão, ou então higienize
com álcool em gel 70%. Essa frequência deve ser ampliada quando estiver em
algum ambiente público (ambientes de trabalho, prédios e instalações comerciais,
etc), quando utilizar estrutura de transporte público ou tocar superfícies e objetos de
uso compartilhado, ao tossir ou espirrar, cubra nariz e boca com lenço ou com a
parte interna do cotovelo; não tocar olhos, nariz, boca ou a máscara de proteção
fácil com as mãos não higienizadas; se tocar olhos, nariz, boca ou a máscara,
higienize sempre as mãos como já indicado, mantenha distância mínima de 1 (um)
metro entre pessoas em lugares públicos e de convívio social. Evite abraços, beijos
e apertos de mãos. Adote um comportamento amigável sem contato físico, mas
sempre com um sorriso no rosto; higienize com frequência o celular, brinquedos das
crianças e outros objetos que são utilizados com frequência; não compartilhe
objetos de uso pessoal como talheres, toalhas, pratos e copos, mantenha os
ambientes limpos e bem ventilados; evite circulação desnecessária nas ruas,
estádios, teatros, shoppings, shows, cinemas e igrejas; recomenda-se a utilização de
máscaras em todos os ambientes. As máscaras de tecido (caseiras/artesanais), não
são Equipamentos de Proteção Individual (EPI), mas podem funcionar como uma
barreira física, em especial contra a saída de gotículas potencialmente
contaminadas. (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2020. online)

Como não poderíamos mais trabalhar com os estágios nas escolas a segunda opção foi a
de relatar aqui como nossos gestores, coordenadores e professores estão trabalhando desde o
início da referida pandemia. Uma vez que esta entrevista não pode ser feita presencialmente
devido ao isolamento social, utilizamos das ferramentas virtuais para fazê-la. Com o recurso de
áudio de whatsapp conversei bastante com os meus entrevistados e para mim não foi muito
difícil porque eles fazem parte do meu grupo de trabalho e nós já vínhamos discutindo muito
sobre o assunto. Como concordaram em participar da minha experiência de trabalho de
conclusão do meu curso enviei via e-mail o roteiro de questões a serem respondidas e fomo
debatendo via whatsapp os pontos mais relevantes sobre o assunto.
18

4. RELATOS DOS PROFISSIONAIS SOBRE SEUS TRABALHOS DURANTE A


PANDEMIA

Aqui, destina-se a relatar a visão que o diretor da instituição (que já foi apresentada
durante o trabalho, mais especificamente na seção 2 “características”), sobre como se deu a
relação escola-educação-alunos-conteúdos, durante este momento de pandemia. Utilizando
como título para esta entrevista “adaptação dos processos ensino–aprendizagem para o
trabalho durante a pandemia”, o referido diretor discorre explicando a necessidade de criar
estratégias emergências para dar continuidade ao processo de ensino-aprendizagem visando
uma comunicação clara e eficaz entre escola e família e o engajamento dos alunos nas
plataformas digitais foi desenvolvido um “Manual Para Familiares”, além de comunicados e
vídeos explicativos mantendo os responsáveis inteirados das ações do Colégio.
As estratégias e recursos são registrados pelos professores e acompanhados pelos
coordenadores através de Relatórios Diários de aulas Remotas e planilhas compartilhadas no
Google Drive.
O Colégio conta com equipamentos que permitiram a montagem rápida de estúdios de
gravação disponibilizados (com agendamento) aos professores, ferramentas e serviços
especializados que já faziam parte do cotidiano foram enriquecidos durante a pandemia,
como: Agenda Edu, Google Classroom, Google forms, Plurall, Class Dojo, Matific.
O horário foi adaptado mantendo a rotina de estudos dos alunos dentro do período que ele
cursa, sendo disponibilizadas as gravações das aulas online para revisões e contemplando aqueles
que por algum motivo não participaram em tempo real.
Na semana de 23/03/2020 à 27/03/2020, foram inseridas, diariamente, atividades no
aplicativo de agenda que o colégio já disponibilizava, o que facilitou a comunicação e entrega
de atividades, porém sem expectativa de retorno presencial, o corpo docente foi orientado a
produzir vídeo aulas de 7 à 10 minutos e apresentá-las diariamente seguindo novo horário
semanal criado pela coordenação e enviado aos pais já na segunda semana de isolamento.
As vídeo-aulas eram enviadas juntamente com os gabaritos das atividades propostas e
foi aberto uma aba de mensagens diretas com o professor no aplicativo de agenda, pois antes
o canal de mensagens era aberto apenas para a coordenação e direção. Após a criação de
estratégia emergencial, foi elaborada estratégias intencionais, o colégio adiantou o período de
férias para abril e se organizou para trabalhar com lives, logo no início de maio, retorno das
férias. Foi criada nova programação semanal, na primeira semana com uma live semanal,
respeitando um tempo de adaptação tanto dos responsáveis quanto dos alunos e docentes e
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como o feedback foi extremamente positivo em relação ás lives, prosseguimos com o mesmo
tipo de material online diariamente. Também foram disponibilizadas lives em formato de
plantões diários e individualizados para alunos com dificuldades.
Este mesmo roteiro de questionamento foi feito com uma das professoras da instituição,
onde ela apresenta como foi o seu trabalho dentro da escola durante este processo até o
presente momento. A referida professora leciona as matérias de Geografia, História,
Português e Habilidades Sócioemocionais para o Ensino Fundamental e relata que no início
foram gravados vídeo-aulas com duração de aproximadamente 10 minutos cada, para
transmitir os conteúdos das aulas e aos poucos, as aulas ao vivo (lives) foram inseridas, assim
como plantões de dúvidas.
Atualmente, todo o conteúdo é trabalhado por meio de aulas ao vivo.
As principais dificuldades encontradas foram no início, pois com vídeos curtos não era
possível abordar todo o conteúdo da maneira desejada, o que causava muitos transtornos aos
familiares que deveriam dedicar muito tempo acompanhando os alunos e muitas dúvidas
sobre os conteúdos
A solução encontrada foi inserir as aulas ao vivo, pois assim teria um contato direto
entre as professoras e os alunos, a abordagem do tema ficou mais clara e o próprio professor
consegue acompanhar o processo de ensino-aprendizagem dos alunos. Mas ao longo deste
processo houve muitas dificuldades de adaptação, o que gerou muitas críticas.
Como as aulas ao vivo foram sendo inseridas pouco a pouco, os alunos foram se
adaptando e hoje a escola conta com aproximadamente 99% de frequência nas aulas e o
rendimento está ótimo.
Em meio a esta trajetória toda escolar, o mais importante, foi a troca de experiências
entre as professoras que acabaram por se ajudar muito. Cada uma com a sua visão. Neste
capítulo ainda gostaria de inserir um relato de uma professora da rede municipal de ensino,
pois apresenta uma realidade um pouco diferente daquela vivida pela escola privada.
Na sua experiência vivida durante a pandemia a professora do Ensino Fundamental I de
uma escola pública relata que a prefeitura municipal foi a última instituição a apresentar um
formato oficial para que as atividades semanais fossem disponibilizadas. No entanto, as
escolas criaram diferentes meios virtuais de manter contato com as famílias, inicialmente as
atividades eram disponibilizadas, porém a realização pelo aluno era facultativa.
O município retornou as aulas na modalidade “não presencial” em 01/06/2020, de
acordo com o decreto nº 213 de 28/05/2020. Em 30 de junho saiu no diário oficial do
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município a Instrução Normativa nº 1, que define algumas ações para evidenciar a


participação do aluno nas aulas durante este período de aula remota.
As maiores dificuldades encontradas até o presente momento foram o acesso à internet
pois nem todos os alunos da rede municipal de ensino possuem acesso à internet. Muitos
possuem acesso limitado, pois os celulares são pré-pagos e o acesso fica na dependência dos
créditos que se possa colocar.
Disponibilidade de acompanhamento, já que maioria dos pais dos alunos da rede
municipal não pararam de trabalhar no período de pandemia, dificultando o acompanhamento
da vida escolar da criança, pois chegam tarde em casa e/ou deixam as crianças com avós que,
na grande maioria dos casos, são analfabetos.
Nos casos de não ter acesso à internet, a escola disponibiliza cópias das atividades e as
famílias retiram essas cópias na escola.
Infelizmente nos casos onde se depende da disposição familiar para o acompanhamento
da criança, não temos como intervir.
O processo de ensino-aprendizado tornou-se o maior desafio para os professores, de
forma geral. A necessidade de aprender novas ferramentas, que em sala de aula jamais seria
pensada, está formando um novo profissional. Aulas virtuais, lives, formulários digitais,
ferramentas de internet e novas formas de realizar atividades e tornar as aulas atrativas estão
sendo um desafio diário.

4.1. Relato Pessoal

Relatando um pouco sobre minha experiência como professora do ensino fundamental


no ano de 2020, cenário de uma pandemia cruel, citarei todas as dificuldades e adversidades
pelas quais passei enquanto me adaptava para manter um excelente padrão de trabalho e
ensino. Esse processo tem exigido muita persistência, esperança e resiliência.
Começo discorrendo sobre resiliência, uma vez que acredito ser ela a responsável por
passarmos por esta situação pandêmica com o mínimo de sequelas possíveis, conseguindo
levar a diante nossos objetivos, ritmo de trabalho e boas relações pessoais e interpessoais. Pois
apesar do distanciamento que nos foi imposto, ainda nos relacionamos com as pessoas que
convivíamos antes, ainda que por telefone, mensagens, e-mails e afins.
Fomos todos pego de surpresa por uma onda de mudanças, mas cada um reagiu de uma
forma e relato aqui o caminho profissional que trilhei até o presente momento onde ainda nos
encontramos trabalhando em “home office”.
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Vale acrescentar que a nossa coordenadora do fundamental I foi durante todo este
processo muito parceira em todas as atividades, sempre disposta e buscando novas formas de
no orientar. Já a instituição num todo poderia ter nos proporcionado uma melhor forma de
trabalhar e assim evitar tantos questionamentos dos pais. Digo isto porque ela conta com uma
rede de informática muito grande e com pessoas especializadas no assunto, que acredito
claramente que poderiam ter criado um canal para nos dar suporte principalmente num
primeiro momento onde tínhamos que começar as gravações das aulas remotas em nossas
casas, e a maioria das professoras se viram diante de um novo modo de ministrar aula
totalmente avesso do que já trabalhamos em nossas carreiras. Uma vez que não só bastava
fazer as gravações, tínhamos que editá-las e postá-las.
Um processo que hoje temos mais conhecimento, mas que de início gerou um tumulto
absurdo, da nossa parte porque tínhamos um tempo muito curto (cerca de 10 minutos) para
passar o conteúdo. E também porque eu particularmente, tinha uma casa em reforma do lado
da minha que atrapalhava bastante com o barulho da obra durante as gravações das aulas,
também tenho gatos e cachorro que a todo momento entravam onde eu estava gravando ou a
cachorrinha que latia. Sem contar a timidez e a exposição de ter um vídeo gravado, que para
mim era e ainda é um assunto bem difícil de lidar, pois sou uma pessoa extremamente tímida.
Com todo o tumulto deste princípio de aulas remotas, não só eu estava esgotada
emocionalmente principalmente, como os pais faziam muitos questionamentos, não
conseguiam auxiliar seus filhos com as tarefas porque ou estavam trabalhando e não tinham
tempo ou ainda não conseguiam ensinar o conteúdo, pois não tinham visto da forma que
ensinávamos em sala e as crianças não conseguiam aprender, tinha a questão da internet que
sempre falhava, de ambos os lados, afinal muita gente estava trabalhando em casa e houve um
congestionamento bem desgastante para todos os que precisavam de internet.
Para mim especialmente houve um desgaste tremendo, eu gravava os vídeos e eles
ficavam cerca de oitos a dez horas para fazerem o download, e se tivesse um erro eu teria
que refazê-lo e demoraria novamente o mesmo tempo para ficar pronto de novo, mesmo
ficando difícil financeiramente, tive que contar uma operadora e colocar uma internet mais
potente para eu poder trabalhar.
Diante de tantas dificuldades encontradas por ambos os lados, a escola resolver
adiantar o recesso de julho para o mês de abril, talvez até torcendo para que tudo voltasse
ao normal, mas infelizmente não aconteceu assim.
Na verdade, nem considerei como férias, pois fui informada que voltaria a ministrar
as aulas à distância e que agora faríamos algumas aulas online. Fiquei muito nervosa pois
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teria que dar aula através de um aparelho de computador e a preocupação só não era maior
com a minha exposição do que em como eu conseguiria atingir o meu aluno, e tirar as
dúvidas e como seria passar o conteúdo, enfim, me sentia muito cobrada. O pior foi que na
volta das férias algumas mães estavam muito insatisfeitas com o sistema, e eu estava muito
ansiosa com a situação e certo dia cheguei a marcar uma reunião com a minha
coordenadora e dizer todo o meu sofrimento em relação a tudo que estava acontecendo e
como me sentia uma má professora naquele momento. Ela foi extremamente humana e me
relatou que esta era a situação de toda a escola, pois os pais estavam resistindo à nova
maneira de como estavam acontecendo as aulas, e que3 eu estava fazendo um bom
trabalho e que com algumas aulas online as coisas iriam melhorar.
Felizmente tanto os alunos como algumas professoras passaram a gostar do sistema
online e logo a seguir passamos a ministrar todas as aulas em tempo real, as gravamos e
depois disponibilizamos por uma agenda virtual, então ao aluno pode assistia as aulas em
outros momentos também, as avaliações são feitas pelo google forms e disponibilizadas na
agenda também, juntamente com as demais tarefas e outras atividades.
Fui me acostumando com a ideia e, com o tempo também me acostumei a estar na frente
de um computador dando aulas. É muito bom pode olhar para os alunos, me dá coragem
porque amo o meu trabalho em sala de aula. Só que não as gravo na minha casa, vou até a
escola que a internet é melhor, lá eu fico numa sala sozinha e não tenho contato com ninguém,
e também gosto do ambiente escolar, me ajuda a ver a lousa e as carteiras. E foi assimilando
as novidades e encarando novos desafios e medos e cultivando uma grande dose de esperança
que tudo logo vai melhorar, que estou conseguindo trabalhar da melhor maneira possível estas
aulas a distância, mesmo porque imagino que como eu, meus alunos também possuem muitos
entraves juntos as suas famílias.
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5. O TRABALHO E A RESILIÊNCIA CRIADOS PELO PSICOPEDAGOGO


DURANTE A PANDEMIA

O trabalho do psicopedagogo é num primeiro momento realmente entender pelo que o


indivíduo passa, se colocando em seu lugar para melhor entender a situação. Tentar ter uma
prévia de como pode ser a resolução para o problema e criar um significado melhor para esta
realidade. Procurar desenvolver relacionamentos significativos e aprender a ter uma mente
solucionadora. Permitir-se sentir de verdade para se expressar diante da dor ou da mágoa.
Valorizar seu poder de escolha e saber seletar o que é verdadeiramente aquele sentimento ou
situação, avaliando o contexto todo. Desta forma o profissional pode levar o outro a se
conhecer melhor e administrar a sua vida com consciência e apoderado de suas vontades e
sentimentos. Vemos isso claramente no trabalho lúdico com as crianças, onde elas externam
seus sentimentos nas brincadeiras e faz de conta a assim abre para o profissional a
oportunidades de encontrar subsídios para trabalhar a autoestima desta criança ajudando-a no
seu autoconhecimento.
O ser humano pode sim se tornar um ser resiliente desde que ele e aceite como é,
respeite seus limites e se valorize, entenda a dimensão do problema pelo que passa e consiga
criar estratégias para superá-lo, crie vínculos afetivos que lhe darão suporte e força para
vencer os desafios e compartilhar o que há de bom em sua vida, estabelecendo objetivos e
planos para seu futuro.
No decorrer do curso todas estas afirmações acima ficam bem evidentes quando vimos a
importância de saber se relacionar com o outro, principalmente no primeiro módulo do curso
onde estudamos os fundamentos para uma atuação preventiva e passamos a entender a
necessidade de se prevenir e trabalhar com as dificuldades encontradas antes que elas
alcancem um patamar maior, e que podemos ajudar as professoras e as escolas a realizar este
trabalho de uma forma mais efetiva e se antecipando aos problemas maiores que podem
surgir. É um processo de muita pesquisa, que deve ser elaborado com muito carinho e
direcionado corretamente.
Infelizmente não conseguimos praticar o estágio com os professores e a escola e
acredito que com isso ficam algumas dúvidas em aberto, mas acredito também que com
esforço e ajuda de outras profissionais que já estejam no ramo será possível saná-las e realizar
um ótimo trabalho em algumas instituições.
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Como já apresentado ao longo do trabalho, o papel do psicopedagogo é bastante


significativo para colaborar no processo de ensino-aprendizado. Sendo assim, é necessário
mencionar que independente do contexto social, econômico e político, este profissional pode
colaborar muito dentro do ambiente escolar.
Porém, ao longo do trabalho também foi possível notar que podem existir situações
inesperadas e, que por isso, algumas transformações podem ser necessárias para que a escola
possa continuar desempenhando seu papel, como exemplo, o atual contexto de pandemia. Por
conta de um vírus não esperado, nem desejado, todos tiveram que se readaptar.
Não diferente disto a escola passou por mudanças, os alunos tiveram que se
reorganizar, os professores precisaram se reinventar e os psicopedagogos também. Deste
modo, fez-se necessária a resiliência, ou seja, a compreensão da situação, a capacidade de
transformar-se, de compreender o outro individuo, de colaborar, de resignificar, de colocar-se
no lugar do outro para melhor entender a situação da educação.
Neste momento de enfrentamento do vírus COVID-19, o papel do psicopedagogo se
fez ainda mais urgente, pois foi necessário distanciar-se e buscar outros meios de se
aproximar dos alunos, dos familiares, da escola, dos professores. Assim, este profissional
pode colaborar com resoluções de problemas e criar um significado melhor para esta nova
realidade. Pode também desenvolver relacionamentos significativos, ter uma mente
solucionadora, permitir sentir e se expressar diante da dor ou da mágoa, enfim, dos
sentimentos.
Esse tipo de compreensão e papel que o psicopedagogo realiza colabora tanto com os
professores, quanto com os alunos e, proporciona maiores possibilidades de atingir um
processo efetivo de ensino-aprendizagem, especialmente no atual contexto em que as escolas
e os estudantes estão vivendo: o ensino remoto.
Pode-se dizer, por tanto, que o psicopedagogo é um profissional essencial dentro da
escola e da educação, especialmente nos dias atuais.
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REFERÊNCIAS

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psicopedagogo, 2019. Disponível em:
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solidariedade entre a escola, a família e a comunidade. In: Construção Psicopedagógico. São
Paulo, v.20, n.21, p.66-73, 2012. Disponível em:
<http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S141569542012000200005&lg
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em avaliação diagnóstica psicopedagógica institucional e elaboração do item 1 do Relatório.
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OLIVEIRA, Andreia Margarete. Medidas sócio educativas na instituição Salesianos São


Carlos- Trabalho de conclusão de curso. Pós-Graduação em Psicopedagogia Institucional –
UNICEP. São Carlos, 2012.
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intervenções no processo de ensino aprendizagem. Trabalho de conclusão de curso. Pós-
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