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Fundamentos Da Educacao - Estudo de Caso

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Estudo de

Caso

Fundamentos da Educação
Professor Me. Jonatas Marcos da Silva Santos
Unicesumar
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estudo de
caso

Caro(a) aluno(a), durante nossos estudos descobrimos que a atividade de apropriação do co-
nhecimento, principalmente nas ciências humanas, acontece na relação de diálogo que se
estabelece entre sujeitos pensantes. Iremos apresentar agora as práticas da epistemologia
dialógica realizadas pelo diretor em uma escola do ensino fundamental. Você irá perceber
que muito ainda precisa ser mudado estruturalmente para que a atividade de produção e
apropriação do conhecimento ganhe importância e possa resolver os reais problemas que
estão ao nosso entorno. Destacaremos o envolvimento de uma outra instituição que é fun-
damental no processo de produção epistemológica na visão dialógica, ou seja, a família.
Em uma escola de ensino fundamental, o diretor afirmava que existiam muitas possibi-
lidades de construir conhecimento: quais seriam essas as possibilidades? Para ele, tanto a
escola como a universidade poderiam elaborar projetos, mesmo que, muitas vezes, os re-
cursos disponibilizado não sejam suficientes.
Neste sentido, na sua escola existiam projetos como: Mais Educação e o Projeto Escola
e Famílias. Isso era uma tentativa para conscientizar que Escola e comunidade precisavam
se unir para construir estudos mais proveitosos, e para isso, segundo o diretor, ele via a ne-
cessidade de a escola permanecer com as portas abertas, até mesmo em alguns finais de
semana. Era interessante, no sábado, a comunidade participando de oficinas que aconte-
ciam dentro da escola, oficinas sobre ciências, matemática, história e filosofia. E mais ainda,
oficina de artes e pintura, oficinas esportivas, de aulas de inglês, de leitura. Neste sentido, a
comunidade participava com entusiasmo.
Para o diretor, seguindo a epistemologia dialógica, não era somente o aluno quem devia
produzir o conhecimento, mas também o pai e a mãe, ou quem morava vizinho da unidade
escolar. Ao construir um conhecimento novo, tinha a intenção de tirar do ócio as pessoas e
envolvê-las numa prática social promissora. Isso tirava até mesmo os jovens da rua, do não
fazer nada.
A educação também precisava de verbas para acontecer. Existiam projetos para captar
dinheiro, mas eles eram só para os alunos, no contraturno. Era pouco, pois conhecimento é
coisa séria, o que demandaria ter então a educação integral dialógica.
Algumas coisas nesta escola realmente caminhavam, segundo o diretor, ou seja, os alunos
do contraturno escolar organizavam e participavam de oficinas, voltadas para o desenvolvi-
mento de habilidades de leitura e matemática. Participavam também de oficinas pertinentes
ao contexto da vida do bairro.
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O diretor apontou, porém, alguns problemas. Em geral as escolas não têm uma infraes-
trutura adequada, deixam a desejar. A infraestrutura da sua escola era tão pobre que muitas
vezes não comportava nem mesmo a demanda. Tanto era verdade que, segundo ele, na
sua unidade não tinha sala de coordenação, sala de direção, ou seja, a direção trabalhava
na mesma sala da secretaria, e a coordenação ficava numa sala junto a um outro projeto de
ensino esportivo.
Segundo o diretor, faltavam computadores, visto que, segundo ele, o ideal seria que hou-
vesse um para cada aluno. A escola tinha alguns, mas foram desativados. Além disso, não
existia um lugar reservado paro o ensino da informática, nem sala para coordenação peda-
gógica, por isso muitas atividades acabavam indo pra sala dos professores e as conversas da
coordenação pedagógica eram feitas nos momentos de intervalo.
Um importante projeto na escola foi encerrado por falta de repasse de dinheiro do governo.
Isso por que a escola recebeu um baixo IDEB. O projeto se chamava UCA (Um Computador
por Aluno). O governo disponibilizou os computadores como um tipo de atrativo, para ver
se os alunos se interessavam pela aprendizagem. Após cinco anos, os computadores en-
velheceram e o tempo de vida deles se esgotou, e a escola, por mais que tentou, não teve
apoio para renovar o projeto e comprar novos computadores.
Começaram então a ser criadas outras maneiras de melhorar o ensino e aprendizagem,
envolvendo dialogicamente as famílias na vida da escola. Foram designadas pessoas aptas
ao diálogo com pais e comunidade; a gestão procurou melhorar o atendimento na escola,
por meio de conversas com as famílias dos alunos.
Na questão disciplinar, a escola se preocupava muito em fazer bem o trabalho e queria
que o aluno estivesse bem, para que dentro da instituição ele desenvolvesse a reflexão sobre
o conhecimento. Então, era mais na questão do diálogo que a escola buscava o apoio da
família, para que o trabalho dos docentes pudesse ser efetivado com sucesso.
Eram definidos temas a ser desenvolvidos para facilitar o diálogo. A escolha do tema,
em conformidade com a metodologia, se baseia no sistema temático gerador. Isso era uma
ideia Paulo Freire, ou seja, boa parte do currículo era construído a partir de um contexto, de
uma situação geradora da comunidade.
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Neste sentido, era feito um levantamento, conversava-se com algumas pessoas dos
bairros e com os alunos, então escutava-se as vozes: dos pais, dos alunos, dos professores,
da equipe gestora, e, assim, se chegava a um denominador comum, ou seja, que tema es-
colher para desenvolver o trabalho em sala de aula. Os temas escolhidos eram voltados para
as necessidades da comunidade.
Tanto é verdade que, durante dois anos seguidos, escolheram o mesmo tema, sobre a
questão do meio ambiente, já que era uma escola que se localizava em um bairro perifé-
rico. Geralmente, gostavam de falar que essa era uma escola urbana, mesmo atendendo
alguns alunos da zona rural. Famílias, alunos, equipe gestora e corpo docente, escolheram
a questão ambiental dois anos seguidos, talvez porque naquela região jogavam muito lixo
pelas ruas, não tinha asfalto, as pessoas moravam em casas bem simples, sendo considera-
da uma escola bem de periferia.
Enquanto não existia essa construção epistemológica intersubjetiva, aquele local tinha
um alto índice de crianças que se envolviam com drogas e prostituição. Neste sentido os
alunos procuravam a escola pensando em criar trabalhos nos quais pudessem se desenvol-
ver, focando na melhora desses problemas, ou seja, a problemática do entorno, procurando
fazer essa articulação com o currículo.
A Secretaria de Educação também se envolveu. Todos os anos os gestores planejavam as
atividades. Para a escolha dos temas e seu desenvolvimento no planejamento anual, eram
feitas entrevistas. Todos as anos o pessoal da Secretaria fazia uma visita ao entorno da
escola, fotografavam tudo, dentro e fora da escola, e as melhorias no bairro. Quais foram os
resultados? O primeiro deles foi a elevação do IDEB.
Organizaram também as avaliações com alunos e famílias, que aconteciam dentro da ins-
tituição. A partir dos resultados dessas avaliações era feito todo um acompanhamento, que
se refletia na organização que a Secretaria projetava para os envolvidos no processo. Essas
avaliações eram na verdade entrevistas feitas por escrito, que ajudavam professores e ges-
tores a fazer a articulação do currículo com o ensino. Era visto, neste sentido, o real, o que
realmente estava acontecendo, como estava o aluno em seu aprendizado, onde ele estava
inserido e o que o currículo tinha que trabalhar para melhoria do ensino e aprendizagem.
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A escola guardava todo o material produzido em um arquivo, organizado segundo os


complexos-temáticos – assuntos que giravam em torno de um eixo, que eles definiram como:
fenômeno. A partir do fenômeno era definido também o campo conceitual, desenvolvido
segundo as bases daquele fenômeno. Por exemplo: o fenômeno lá era a questão ambiental,
logo, um campo conceitual trabalhado foi a questão do lixo, por consequência, a pureza da
água e o saneamento básico. Também a questão do turismo, pois onde se localizava a escola
era uma cidade turística, e como poderia ser um local acolhedor se estava cheio de lixo?
Eram cinco campos conceituais os priorizados pela comunidade e a partir deles se
pensava as áreas do conhecimento, que eram: linguagem, ciências – naturais, humanas e
sociais –, matemática, geografia, história e as disciplinas mais voltadas ao aspecto teórico,
como a filosofia. Eram identificadas as potencialidades e organizava-se os planos de ensino
para um trabalho dialógico com os alunos, articulados aos conteúdos e temas em sala de aula.
Toda a articulação local respeitava a orientação curricular nacional dos PCNs e as orien-
tações curriculares Estaduais. Então, a articulação era feita nesse sentido, a escola tinha uma
proposta geral que não podia fugir às exigências, mas criaram, com a possibilidade de epis-
temologia do diálogo, a autonomia de trazerem uma nova metodologia para compreender
e melhorar a própria realidade.
Se existem críticas a esse modelo epistemológico? Sim, pois existiam claras evidências
de muitos professores que não faziam a articulação, por afirmarem ser muito complexa. Na
escola, como nos mostrou o diretor, existe um projeto de educação como construção dia-
lógica que, muitas vezes, é boicotado por aqueles que enxergavam no livro didático o fim
de toda a educação. Neste sentido, ficavam no livro didático, não inovavam as aulas e aca-
bavam trabalhando o que vinha proposto fora do mundo do aluno.
O resultado desta prática podia ser visto na hora das avaliações, pois quando os alunos
não se saim bem, porque não conseguiam viver a aprendizagem significativa que fosse capaz
de partir em primeiro lugar da realidade onde viviam, o conteúdo era encarado como uma
coisa abstrata. O aluno não conseguia fazer aquela compreensão que deveria, pois o profes-
sor não conseguia articular teoria e prática. Dessa maneira, mesmo que a escola tivesse um
projeto lindo e maravilhoso, alguns docentes insistiam em não colocá-lo em prática, isso de-
pendia do quanto os outos docentes eram abertos ao diálogo.
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Tinham professores, por exemplo, na área de linguagens e artes, que conseguiam arti-
cular muito bem a teoria com a prática quotidiana do aluno, outros, das áreas de ciências
e matemática, impunham muita resistência em mudar. Geralmente estes últimos não acei-
tavam as opiniões dos pais, nem sugestões, e não buscavam saber um pouco mais sobre o
contexto social da escola. Isso fazia com que ficassem distantes da realidade do aluno, pois
achavam que eram os únicos detentores do saber, por acreditarem que tudo já estava siste-
matizado nos livros didáticos. Não é necessário procurar muito para encontrar esse perfil de
professores, que gostam de somente depositar conhecimento na cabeça dos alunos.

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