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Poema Aniversário
Poema Aniversário
Poema Aniversário
Nas duas estrofes iniciais, o sujeito poético caracteriza o seu passado, a sua infância, como um tempo
onde tudo era feliz, cheia de alegria partilhada pela família que se encontrava toda viva e fala também
da sua inocência e despreocupação com o mundo. Esse período de infância é simbolizado pelo seu
aniversário, “No tempo que festejavam o dia dos meus anos”, o sujeito poético apresentava-se muito
feliz, inocente, “ a saúde de não perceber coisa nenhuma”, inconsciente e para além disso o sujeito
poético era admirado pelos que o rodeavam e que depositavam muita esperança em sim, “ De ser
inteligente para entre a família\não ter as esperanças que os outros tinham por mim”. O sujeito
poético era muito amado e no dia do seu aniversário era especialmente bem tratado pela sua família,
todos se reuniam para festejar o seu aniversário.
Na terceira estrofe podemos ver que se levante uma questão existencial, o sujeito poético questiona-
se o que ele foi, e a resposta obtida foi que ele foi aquilo que supôs ser e que foi amado, “Sim, o que
fui de suposto a mim-mesmo\O que fui de corações e parentesco\ O que fui de amarem-me e eu ser
menino.” O verso 15 revela-nos um “ eu” aflito e espantado, “ O que fui – ai, meu Deus!, o que só hoje
sei que fui…”, revela-nos que a sua infância era feliz, mas não sabia o que era e agora, no presente, que
já não possui a inocência e a inconsciência desse tempo, sabe que foi muito feliz.
Na quarta estrofe, saltamos para o presente, tempo onde a sua felicidade foi substituída pela dor, “ (e
a casa dos que me amaram treme através das minhas lágrimas) ”. O “eu” do presente sente-se
abandonado, tal como aconteceu à sua casa de infância que foi vendida e abandonada, cheia de
humidade nas paredes. No verso 24, “É estar eu sobrevivente e mim-mesmo como um fósforo frio…”,
encontramos o recurso expressivo que é a metáfora, que representa a frieza que o sujeito poético
sente na atualidade e para além disso representa o tempo que passou e não volta.
Na quinta estrofe, perante o seu presente doloroso e amargo o sujeito poético exprime o desejo de
regressas à infância “ Desejo físico da alma de encontrar ali outra vez”, de recuperar aquela realidade
que lhe trazia tanta alegria. Porém esse desejo é impossível de concretizar.
Na sexta estrofe, o desejo de regressar continua muito forte, a memória do sujeito poético tem do
passado acaba por se sobrepor ao presente “ Vejo tudo outra vez, com um nitidez…”, o sujeito poético
revê os objetos, as pessoas, que lhe transmitem e representam a felicidade: a mesa posta, os objetos
do aparador, a família que se reunia e a sua centralidade nesse tempo, pois tudo aquilo acontecia por
sua causa “… e tudo era por minha causa”.
A partir do verso 36, “Para, meu coração!”, o sujeito poético regressa ao presente e pede ao seu
coração que pare, que deixe de pensar no passado, ele toma consciência que é impossível de
recuperar a infância. O pensamento põe fim ao desejo de regressar, pois o sonho que viveu por
instantes foi interrompido pela sua consciência e racionalidade.
Nos seguintes versos, que apenas resta o tédio ao sujeito poético, esse tédio é então representado
pelas formas verbais “duro” e “somam-se-me”, destacam a forma como o “eu” desistiu de viver,
limitando-se à sua existência vendo os dias passarem. O sujeito poético já não encontra sentido para
festejar o seu aniversário.
No verso 44, “Raiva de não ter trazido o passado roubado na algibeira!...” encontramos a confirmação
do desejo de recuperar o tempo na infância.
Em conclusão com esta ultima estrofe do poema, mostra um sujeito poético marcado pela nostalgia de
infância, pelas saudades e pela tristeza.
Resposta às perguntas da página 11
2. A partir da análise dos versos 9 e 10, podemos verificar uma relação com o sujeito
poético entre a sua consciência e com o tempo, através da infância que é apresentada
como uma época de inconsciência, onde o sujeito poético não pensava nas coisas
apenas as vivia, esta era também representada com uma época de inocência e
felicidade, ou seja, esta relação é nos explícita com o passar do tempo a inocência vai-
se perdendo e dá lugar à consciência e à racionalização das emoções e consigo trás a
perda da felicidade, com isto verificamos que com o passar do tempo a consciência
aparece e torna-se um obstáculo à felicidade e à paz de espírito.
3. O valor expressivo das comparações presentes na quarta estrofe (“O que eu sou hoje é
como a humidade no corredor do fim da casa”/ Pondo grelado nas paredes…”) e “É
estar eu sobrevivente a mim-mesmo como um fósforo frio…” , estas comparações
mostram ação do tempo e da consciência que conduzem a degradação do estado físico
e espiritual do sujeito poético.
5. As memórias da sua infância, da época que era feliz são tão fortes e intensos, que o
sujeito poético tem a perceção que esta perto desse tempo, vê esses momentos com
uma grande nitidez como se estivesse a reviver de novo esses momentos.
Gramática
1. Na primeira estrofe podemos observar que se refere ao hábito de celebrar o
aniversário do sujeito poético, “No tempo em que festejavam o dia dos meus
anos”, nos cinco primeiros versos da terceira estrofe podemos observar que essa
realidade acabou e não se prolongou no presente, “O que fui de amarem-me e eu
ser menino”.