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1 - Ocorrência Do Desvio Fonológico e de Processos Fonológicos em Aquisição Fonológica Típica e Atípica

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Artigo Original Ocorrência do desvio fonológico e de

Original Article processos fonológicos em aquisição


fonológica típica e atípica
Marizete Ilha Ceron1
Marileda Barichello Gubiani1
Camila Rosa de Oliveira2 Prevalence of phonological disorders and
Marieli Barichello Gubiani1
Márcia Keske-Soares1
phonological processes in typical and atypical
phonological development

Descritores RESUMO
Transtornos da Articulação Objetivo: Determinar a ocorrência de desvio fonológico quanto à idade, gênero e tipo de escola, além de
Criança verificar e analisar os processos fonológicos em casos de aquisição fonológica típica e atípica em diferentes
faixas etárias. Método: Participaram 866 crianças com idades entre 3:0 e 8:11, matriculadas em escolas públicas
Fala e privadas de Santa Maria-RS. Realizou-se avaliação fonológica para analisar os processos fonológicos operantes.
Distúrbios de Fala Resultados: 15,26% (n = 132) das crianças avaliadas apresentavam aquisição fonológica atípica (desvio fonológico).
Epidemiologia As escolas públicas tiveram maior ocorrência de desvio fonológico para todas as idades pesquisadas. Houve
maior ocorrência de desvio fonológico nas idades de 4 anos, 5 anos e 6 anos. O gênero masculino teve maior
ocorrência que o feminino, com exceção na idade de 3 anos. Na aquisição fonológica típica, os processos que
mais ocorreram foram: redução do encontro consonantal, apagamento de líquida não lateral em coda, substituição
de líquida não lateral em onset, semivocalização de líquida não lateral em coda e apagamento de sílaba átona.
No desvio fonológico, foram: substituição de líquida lateral e não lateral em onset, apagamento de líquida não
lateral, anteriorização de fricativa em onset, apagamento de sílaba átona, semivocalização de líquida não lateral
em coda e apagamento de líquida não lateral em coda. Conclusão: A média da ocorrência foi considerada alta
e mais frequente nos meninos. É importante saber a ocorrência e conhecer os processos fonológicos operantes
na fala das crianças, pois estes podem auxiliar no diagnóstico precoce das alterações fonológicas, bem como
na elaboração do planejamento terapêutico.

Keywords ABSTRACT
Articulation Disorders Purpose: To determine the occurrence of phonological disorders by age, gender and school type, and analyze the
Child phonological processes observed in typical and atypical phonological development across different age groups.
Methods: The sample consisted of 866 children aged between 3:0 and 8:11 years, recruited from public and
Speech private schools in the city of Santa Maria/RS. A phonological evaluation was performed to analyze the operative
Speech Disorders phonological processes. Results: 15.26% (n = 132) of the sample presented atypical phonological acquisition
Epidemiology (phonological disorders). Phonological impairments were more frequent in public school students across all age
groups. Phonological alterations were most frequent between ages 4 -to 6, and more prevalent in males than females
in all but the youngest age group. The most common phonological processes in typical phonological acquisition
were: cluster reduction; nonlateral liquid deletion in coda; nonlateral liquid substitution in onset; semivocalization
of lateral liquids in coda; and unstressed syllable deletion. In children with phonological disorders, the most
common phonological processes were: lateral and nonlateral liquid substitution in onset position; nonlateral
liquid deletion; fronting of fricatives in onset position; unstressed syllable deletion; semivocalization of nonlateral
liquid in coda; and nonlateral liquid deletion in coda position. Conclusions: Phonological processes were highly
prevalent in the present sample, and occurred more often in boys than in girls. Information regarding the type
and frequency of phonological processes in both typical phonological acquisition and phonological disorders
may contribute to early diagnosis and increase the efficiency of treatment planning.

Endereço para correspondência: Trabalho realizado no Programa de Pós-graduação em Distúrbios da Comunicação Humana, Departamento de
Marizete Ilha Ceron Fonoaudiologia, Universidade Federal de Santa Maria – UFSM - Santa Maria (RS), Brasil.
Rua Bem-te-vi, 215, Bairro JK, Santa 1
Universidade Federal de Santa Maria – UFSM - Santa Maria (RS), Brasil.
Maria (RS), Brasil, CEP: 97035-130. 2
Faculdade Meridional do Rio Grande do Sul – IMED - Porto Alegre (RS), Brasil.
E-mail: marizeteceron@hotmail.com
Fonte de financiamento: nada a declarar.
Conflito de interesses: nada a declarar.
Recebido em: Fevereiro 02, 2016

Aceito em: Agosto 30, 2016


Ceron et al. CoDAS 2017;29(3):e20150306 DOI: 10.1590/2317-1782/20172015306 1/9
INTRODUÇÃO Dessa forma, este estudo teve como objetivo determinar a
ocorrência de desvio fonológico quanto à idade, gênero e tipo
O processo de aquisição da linguagem oral, mais especificamente de escola, e analisar os processos fonológicos em casos de
a aquisição fonológica, ocorre até o momento em que todos os aquisição fonológica típica e atípica em diferentes faixas etárias.
sons da fala são produzidos corretamente. Essa completude do
inventário fonológico aumenta gradativamente com a idade e MÉTODO
sua variabilidade diminui entre as crianças(1). No Português
Brasileiro (PB), o domínio fonológico típico ocorre por volta Trata-se de uma pesquisa quantitativa transversal. Este
dos 5 anos de idade(2). estudo foi aprovado no Comitê de Ética em Pesquisa (CEP)
A aquisição fonológica não ocorre igualmente para todas as de uma instituição de ensino superior, sob o protocolo
crianças, sendo que algumas podem apresentar atrasos ou desvios 23081.005433/2011-65. O representante legal de cada criança
nesse processo(3). Durante a aquisição fonológica é esperado que concordou com a participação destas através da assinatura do
ocorram substituições e/ou omissões de fonemas (não realização Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, e as crianças
de segmentos e até de estruturas silábicas complexas)(4). aceitaram oralmente participar da atividade.
Na aquisição fonológica típica, a criança gradativamente vai
superando as dificuldades e acrescentando fonemas ao seu Participantes e critérios de inclusão
inventário fonológico conforme sua idade avança. No entanto,
algumas crianças continuam apresentando essas alterações além Os participantes deste estudo foram crianças de sete escolas
da idade esperada por motivos diferentes, que podem incluir públicas e quatro privadas de Santa Maria – RS e de uma escola
pública de Guaíba – RS. A amostra foi de conveniência, portanto
desde dificuldades em realizar uma sequência articulatória
não foi dimensionada de acordo com os dados demográficos das
(apraxia de fala)(5), dificuldades relacionadas à articulação como
cidades em que o estudo foi desenvolvido, mas sim de acordo com
distorção na produção articulatória, isto é, o desvio fonético(5,6);
o total de crianças participantes do estudo. Foram convidadas a
e até dificuldades decorrentes de base linguística, de organização
participar 1448 crianças, das quais, 1075 (73%) foram autorizadas
mental da produção dos sons, ou seja, o desvio fonológico(6,7).
a participar do estudo e avaliadas por fonoaudiólogas no período
Na aquisição fonológica atípica, o desvio fonológico é
de junho de 2013 a setembro de 2014.
caracterizado por atraso na produção de fonemas, especialmente
Os participantes autorizados a participar passaram por uma
consoantes e encontros consonantais em idade de aquisição
breve conversa com a fonoaudióloga e pela avaliação fonológica.
fonológica ou posterior a ela (8). A fala de crianças com
Os pais/responsáveis e professores destes responderam a um
desvio fonológico de grau moderado a severo pode tornar-se
questionário que continha dados referentes às crianças como:
ininteligível(9,10). A fala ininteligível pode ter impactos adversos
queixas de compreensão e produção da fala, queixas auditivas,
na comunicação e interação social da criança(6,8,10,11).
desempenho escolar, comportamento em sala de aula, etc.
O desvio fonológico é uma das alterações mais frequentes na
Excluíram-se da pesquisa os participantes bilíngues, os
população infantil(8,11-13). Um estudo menciona a importância de
que apresentavam queixas ou suspeitas de perda auditiva,
conhecer a prevalência do desvio fonológico, para que esta possa
declaração de alteração neurológica e/ou psicológica, bem
contribuir na criação de projetos de prevenção e intervenção
como déficits intelectuais, diagnóstico de autismo, síndrome
fonoaudiológicas na área de linguagem oral, especialmente na
de Down, tratamento fonoaudiológico anterior, mordida aberta
aquisição fonológica(14).
anterior, ceceio, interposição lingual anterior, suspeitas de déficits
Durante a aquisição fonológica tanto típica como atípica,
de linguagem e/ou vocabulário, sendo todos estes aspectos
as crianças utilizam estratégias com o intuito de simplificar
levantados a partir dos questionários aos pais/responsáveis
determinados sons da fala, os quais são mais complexos e/ou
e professores, como também da avaliação fonoaudiológica
ainda estão em aquisição(2,3). Essas estratégias são denominadas realizada. Considerando-se esses critérios, foram excluídas da
processos fonológicos. amostra 210 crianças.
Alguns processos fonológicos são esperados durante a aquisição Assim, participaram deste estudo 866 crianças com idades
fonológica, porém estes devem desaparecer gradativamente à entre 3 e 8 anos e 11 meses. Esses participantes foram divididos,
medida que a idade aumenta(2). Poucos processos fonológicos de acordo com a avaliação fonológica, em aquisição típica e
podem ocorrer após os 6 anos, sendo a redução do encontro atípica (desvio fonológico), quanto ao tipo de escola (públicas e
consonantal um dos mais frequentes(1). privadas) e quanto ao gênero (masculino e feminino). O tipo de
A prevalência indica o número de pessoas que tem uma escola foi considerado neste estudo com o objetivo de abranger
característica em determinada população. Quando se fala em crianças de diferentes realidades sociais.
saúde, normalmente a prevalência caracteriza uma doença em
determinado ponto do tempo(15). São poucos os estudos(8,14,16-22) Instrumento e procedimentos
que estimam a ocorrência dos desvios fonológicos na população
infantil brasileira. Alguns desses estudos são recentes, porém Em uma sala cedida pela escola, foi realizada individualmente
diferem quanto ao método utilizado, quantidade de indivíduos uma breve conversa com os participantes e, em seguida, estes
envolvidos (quanto maior o número amostral, mais fidedigna foram submetidos à avaliação fonológica pelo Instrumento de
é a pesquisa), ou mesmo quanto à região em que foi realizada. Avaliação Fonológica (INFONO)(23).
Ainda, nem todos os estudos apresentam a ocorrência do desvio A breve conversa e a aplicação do INFONO(23) foram
fonológico em diferentes faixas etárias. realizadas por quatro fonoaudiólogas, três doutorandas e uma

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fonoaudióloga clínica com mais de 10 anos de experiência na uma criança de 4 anos e 7 meses para ser considerada típica,
área do estudo. Todas tiveram conhecimento e treinamento para deveria ter todos os fonemas adquiridos podendo ter redução
uso do instrumento de avaliação fonológica. de encontro consonantal apenas; e participantes com aquisição
O INFONO(23) é um instrumento de avaliação fonológica fonológica atípica (desvio fonológico), ou seja, crianças que
desenvolvido em software, que foi utilizado para a coleta de apresentaram substituição e/ou omissão de fonemas não mais
dados da fala, o que facilitou a realização da avaliação em um esperados para sua idade.
número expressivo de crianças, já que apresenta os resultados
imediatamente após a avaliação. O INFONO(23) foi escolhido Análise dos dados
para este estudo por ser em software, facilitando a aplicação e
visualização dos resultados, bem como por ser normatizado e Os dados das avaliações foram armazenados em formato
validado para a população do sul do Brasil. Além disso, avalia eletrônico e os resultados foram digitalizados em um banco de
todas as consoantes do PB nas diferentes posições da sílaba e dados em Excel e SPSS versão 22 para Windows. Com esses
da palavra. dados, foi possível calcular a ocorrência de desvio fonológico
em cada faixa etária, comparando os tipos de escola (pública e
Esta avaliação foi aplicada individualmente em cada criança
privada) e gênero de acordo com o total de crianças participantes
seguindo os procedimentos de aplicação e registro do INFONO(23),
do estudo.
com duração de aproximadamente 15 a 20 minutos. A avaliação
Ainda, calculou-se a ocorrência de cada tipo de processo
fonológica pelo INFONO(23) pode ser realizada por repetição,
fonológico para comparação para os participantes classificados
nomeação espontânea e fala encadeada, sendo que a forma de
com aquisição fonológica típica e desvio fonológico. A ocorrência
coleta utilizada neste estudo foi a de nomeação espontânea
de alterações fonológicas de acordo com faixas etárias, gênero
das imagens.
e tipo de escola foi analisada através do Teste Quiquadrado.
A avaliação por nomeação espontânea consta de 84 figuras
Os resultados foram considerados significativos quando p ≤ 0,05.
“animadas” por GIFS. Cada figura tem pergunta-chave (a ser
E para a ocorrência dos processos foi calculado o percentual.
realizada pelo avaliador) para facilitar a produção exata da
palavra-alvo, por exemplo: “Ele usa o lápis para...?” (escrever),
RESULTADOS
“Que bicho é este?” (cachorro), etc. Se necessário, o avaliador
pode recorrer a outro tipo de questionamento para obter a Participaram deste estudo 866 crianças. Destas, 84,6% (n = 733)
palavra-alvo exata. Nas avaliações realizadas para este estudo, apresentavam aquisição fonológica típica e 15,4% (n = 133)
raramente foi necessário oferecer outra pergunta para obter a desvio fonológico. Ainda, 44,6% (n = 386) das crianças eram de
produção da palavra-alvo. Assim, foi possível obter a nomeação escolas públicas e 55,4% (n = 480) de escolas privadas. Quanto
de todos os alvos disponíveis no INFONO(23). à variável gênero, 47,4% (n = 411) eram do gênero masculino
A produção da criança foi gravada e a transcrição fonética e 52,6% (n = 455) do feminino. A faixa etária de avaliação
ampla foi escolhida no próprio software pelo avaliador, no foi de três anos até oito anos e 11 meses. Dentre as crianças
momento da avaliação, podendo ser conferida após a finalização avaliadas, 15,4% (n = 133) apresentavam desvio fonológico,
do teste. As transcrições de cada palavra-alvo são disponibilizadas isto é, substituição e/ou omissão de sons. Os participantes que
no INFONO(23) para serem selecionadas conforme a produção apresentavam alterações fonéticas e fonéticas-fonológicas foram
da criança, podendo ser complementada pelo avaliador. excluídos da análise. Assim, a ocorrência de desvio fonológico
Depois da realização das avaliações, todos os pais receberam de acordo com o tipo de escola e faixa etária dos participantes
os resultados da avaliação fonológica de seus filhos e, quando está apresentada na Tabela 1. No geral, a ocorrência do desvio
necessário, estes foram encaminhados para serviços públicos fonológico foi considerada alta.
de atendimento fonoaudiológico. Quanto ao tipo de escola (Figura 1), foi possível observar
Dentre os resultados da avaliação fonológica, disponibilizados que a escola pública apresentou maior ocorrência de desvio
pelo INFONO(23) estão as análises: contrastiva, com identificação fonológico para todas as idades pesquisadas (X2 = 8,883;
de sons presentes e ausentes no inventário fonético e fonológico; p = 0,003). No geral, verificou-se ocorrência maior nas idades
e de processos fonológicos. A análise do inventário fonológico de 4 anos, 5 anos e 6 anos, respectivamente. Aos 6 anos, a
permitiu classificar os participantes em dois grupos: com aquisição ocorrência de desvio fonológico foi significativamente maior
fonológica típica ou com aquisição fonológica atípica (desvio em escola pública (2 vezes mais, X2 = 8,935, p = 0,003), assim
fonológico). A análise dos processos fonológicos foi realizada a fim como aos 8 anos de idade (X2 = 6,076, p = 0,016).
de verificar a presença de processos fonológicos de estruturação A ocorrência de desvio fonológico de acordo com gênero
silábica e de substituição para cada fonema do PB e se estes e faixa etária pode ser observada na Tabela 2. Verifica-se que
estavam adequados ou não para a idade. Foram considerados os a ocorrência é significativamente maior no gênero masculino
processos fonológicos cujo percentual de ocorrência era maior do que no feminino (X2 = 8,982, p = 0,003), com exceção da
que 15%. Esse critério justifica-se pelo fato de 85% de produção idade de 3 anos (Figura 2).
correta ser o nível mínimo, considerado neste estudo, para que Nas idades de 7 e 8 anos, a diferença da ocorrência de
um fonema fosse considerado como adquirido. desvio fonológico entre os gêneros foi significativa, sendo
Assim, a partir da análise dos resultados da avaliação fonológica, maior no gênero masculino (X2 = 8,224, p = 0,004, e X2 = 6,984,
dois grupos foram descritos: participantes com aquisição fonológica p = 0,012, respectivamente). Aos 3 anos, a diferença entre os
típica, isto é, produção correta dos fonemas, considerando-se gêneros também foi alta, na qual o gênero feminino foi mais
a produção dos sons de acordo com a idade(24), por exemplo, acometido, porém essa diferença não foi significativa.

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Tabela 1. Ocorrência de desvio fonológico considerando tipo de escola e idade
Tipo de escola
Total
Idade Pública Privada
N n n1 P1 N n n1 P1 N n n1 P1
3 anos 45 39 6 13,33 61 58 3 4,92 106 97 9 8,49
4 anos 57 44 13 22,80 70 56 14 20,00 127 100 27 21,26
5 anos 95 75 20 21,05 75 60 15 20,00 170 135 35 20,59
6 anos 75 53 22 29,33 135 118 17 12,59 210 171 39 18,57
7 anos 60 54 6 10,00 84 76 8 9,52 144 130 14 9,72
8 anos 54 46 8 14,81 55 54 1 1,82 109 100 9 8,26
Total 386 311 75 19,43 480 422 58 12,08 866 733 133 15,36
Legenda: N = Número total de participantes; n = número de participantes com aquisição típica; n1 = Número de participantes com desvio fonológico; P1 = Ocorrência
de participantes com desvio fonológico

Tabela 2. Ocorrência de desvio fonológico considerando gênero e idade


Gênero
Total
Idade Masculino Feminino
N n n1 P1 N n n1 P1 N n n1 P1
3 anos 49 47 2 4,08 57 50 7 12,28 106 97 9 8,49
4 anos 61 47 14 22,95 66 53 13 19,70 127 100 27 21,26
5 anos 78 58 20 25,64 92 77 15 16,30 170 135 35 20,59
6 anos 101 78 23 22,77 108 92 16 14,81 209 171 39 18,66
7 anos 71 59 12 16,90 74 72 2 2,70 145 130 14 9,66
8 anos 51 43 8 15,69 58 57 1 1,72 109 100 9 8,26
Total 411 332 79 19,22 455 401 54 11,87 866 733 133 15,36
Legenda: N = Número total de participantes; n = número de participantes com aquisição típica; n1 = Número de participantes com desvio fonológico; P1 = Ocorrência
de participantes com desvio fonológico

Em geral, nos participantes com aquisição fonológica típica,


observou-se redução nos percentuais de ocorrência de processos
fonológicos conforme aumenta a idade da criança (Tabela 3). Dentre
os participantes de 3 e 4 anos, os processos que mais ocorreram,
além da redução do encontro consonantal, foram: apagamento de
líquida não lateral em coda; substituição de líquida não lateral em
onset; semivocalização de líquida não lateral em coda; e apagamento
de sílaba átona pretônica. Aos 5 anos, principalmente ocorreram
a redução do encontro consonantal e a substituição de líquida não
lateral em onset. Depois dessa idade, houve uma redução drástica
nos percentuais de ocorrência de processos fonológicos.
Ainda, em relação aos processos fonológicos em crianças com
aquisição fonológica típica, destaca-se o processo de substituição de
Figura 1. Comparação da ocorrência de participantes com desvio
líquida lateral em onset, que manteve um percentual de ocorrência
fonológico entre escolas públicas e privadas elevado até os 8 anos. Sugere-se uma possível variação linguística
na população em que essa substituição apareceu em uma palavra
específica /ko’λer/ (colher) que foi produzido como /ko’ler/.
Esta substituição não ocorreu nas demais palavras que exigiam a
articulação do mesmo fonema.
O processo fonológico de apagamento de sílaba átona pretônica
também teve um percentual de ocorrência elevado dos 3 aos 5 anos.
Salienta-se que isso ocorreu em apenas uma das palavras do
instrumento, “biblioteca”, sendo esta a única que possui cinco sílabas.
Dentre as palavras-alvo com quatro sílabas (bicicleta, travesseiro,
ventilador, passarinho, microfone), poucas vezes isso aconteceu e
quando se observou foi em faixa de menor idade.
Para os participantes com desvio fonológico, não foi observada
redução nos percentuais de ocorrência de processos fonológicos
conforme aumenta a idade da criança (Tabela 4). Em geral, os
Figura 2. Comparação da ocorrência de participantes com desvio percentuais de ocorrência continuaram elevados nas faixas etárias
fonológico entre os gêneros maiores. Os processos que mais ocorreram, além da redução do

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encontro consonantal, foram: substituição de líquida lateral e não de plosiva, assimilação e africação, não foram observados na fala
lateral em onset; apagamento de líquida não lateral; anteriorização dos com aquisição fonológica típica.
de fricativa em onset; apagamento de sílaba átona pretônica; Os processos fonológicos das crianças com desvio fonológico
semivocalização de líquida não lateral em coda; e apagamento de com percentual de ocorrência superior a 15% foram comparados às
líquida não lateral em coda. com aquisição fonológica típica (Figura 3). Observa-se que o grupo
Alguns processos fonológicos presentes na fala dos participantes com desvio fonológico apresentou ocorrência maior de processos
com desvio fonológico, como posteriorização de plosiva, anteriorização fonológicos que o grupo com aquisição fonológica típica.

Tabela 3. Ocorrência de processos fonológicos em diferentes faixas etárias na aquisição fonológica típica
3 anos 4 anos 5 anos 6 anos 7 anos 8 anos Total
Idade
(n = 97) (n = 100) (n = 135) (n = 170) (n = 131) (n = 100) (n = 733)
Processo Fonológico n % n % n % n % n % n % n %
Onset
REC (plosiva + l) 87 89,80 63 63,00 66 48,89 32 18,82 27 20,61 11 11,00 286 39,02
REC (plosiva + r) 86 88,78 56 56,00 26 19,26 1 0,59 1 0,76 - - 170 23,19
REC (fricativa + l) 85 87,76 69 69,00 60 44,44 31 18,24 8 6,11 5 5,00 258 35,20
REC (fricativa + r) 83 85,71 50 50,00 40 29,63 10 5,88 7 5,34 2 2,00 192 26,19
Substituição de líquida 46 46,94 50 50,00 66 48,89 49 28,82 23 17,56 11 11,00 245 33,42
lateral
Substituição de líquida não 53 55,10 15 15,00 2 1,48 - - - - - - 70 9,55
lateral
Semivocalização de líquida 19 19,39 2 2,00 1 0,74 - - - - - - 22 3,00
lateral
Semivocalização de líquida 25 25,51 4 4,00 - - - - - - - - 29 3,96
não lateral
Apagamento de líquida não 37 37,76 8 8,00 - - 1 0,59 - - - - 46 6,28
lateral
Apagamento de líquida 21 21,43 2 2,00 1 0,74 - - - - - - 24 3,27
lateral
Apagamento de fricativa 2 2,04 - - - - - - - - - - 2 0,27
Apagamento de sílaba 50 52,04 22 22,00 15 11,11 5 2,94 2 1,53 - - 94 12,82
átona pretônica
Coda
Semivocalização de líquida 50 52,04 15 15,00 3 2,22 1 0,59 1 0,76 1 1,00 71 9,69
não lateral
Apagamento de líquida não 66 68,37 23 23,00 6 4,44 3 1,76 1 0,76 1 1,00 100 13,64
lateral
Apagamento de líquida 11 11,22 4 4,00 1 0,74 2 1,18 - - - - 18 2,46
lateral
Apagamento de nasal 5 5,10 2 2,00 - - - - - - - - 7 0,95
Apagamento de fricativa 32 32,65 5 5,00 1 0,74 - - - - - - 38 5,18
Fricatização 1 1,02 - - - - - - - - - - 1 0,14
Dessonorização de plosiva 3 3,06 - - 1 0,74 - - - - - - 4 0,55
Dessonorização de fricativa 5 5,10 2 2,00 1 0,74 1 0,59 2 1,53 2 2,00 13 1,77
Legenda: n = número de participantes; REC = redução de encontro consonantal

Legenda: REC = redução de encontro consonantal


Figura 3. Comparação da ocorrência de processos fonológicos entre os participantes com aquisição fonológica típica (AFT) e desvio fonológico (DF)

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Tabela 4. Ocorrência de processos fonológicos em diferentes faixas etárias na aquisição fonológica atípica (desvio fonológico)
3 anos 4 anos 5 anos 6 anos 7 anos 8 anos Total
Idade
(n = 9) (n = 27) (n = 35) (n = 39) (n = 14) (n = 9) (n = 133)
Processo Fonológico n % n % n % n n % n % n % n
Onset
REC (plosiva + l) 8 88,89 25 92,59 26 74,29 29 74,36 9 64,29 6 66,67 103 77,44
REC (plosiva + r) 9 100 24 88,89 28 80,00 28 71,79 11 78,57 6 66,67 106 79,70
REC (fricativa + l) 9 100 26 96,30 28 80,00 30 76,92 8 57,14 4 44,44 105 78,95
REC (fricativa + r) 9 100 24 88,89 31 88,57 24 61,54 8 57,14 7 77,78 103 77,44
Substituição de nasal - - 1 3,7 - - 1 2,56 - - - - 2 1,50
Substituição de 6 66,67 13 48,15 17 48,57 22 56,41 6 42,86 6 66,67 70 52,63
líquida lateral
Substituição de 9 100 19 70,37 17 48,57 13 33,33 3 21,43 2 22,22 63 47,37
líquida não lateral
Semivocalização de 4 44,44 7 25,93 6 17,14 5 12,82 - - - - 22 16,54
líquida lateral
Semivocalização de 5 55,56 6 22,22 7 20,00 6 15,00 1 7,14 - - 25 18,80
líquida não lateral
Apagamento de 7 77,78 12 46,15 11 31,43 8 20,51 3 21,43 1 11,11 42 31,58
líquida não lateral
Apagamento de 4 44,44 9 33,33 4 11,43 3 7,69 - - - - 20 15,04
líquida lateral
Apagamento de nasal 1 11,11 1 3,70 2 5,71 1 2,56 - - - - 5 3,75
Apagamento de sílaba 6 66,67 7 25,93 5 14,29 11 28,21 - - 2 22,22 31 23,31
átona pretônica
Posteriorização de 2 22,22 1 3,70 - - - - - - - - 3 2,25
plosiva
Posteriorização de 2 22,22 7 25,93 3 8,57 5 12,50 - - 1 11,11 18 13,53
fricativa
Anteriorização de 7 77,78 3 11,11 1 2,86 2 5,13 - - - - 13 9,77
plosiva
Anteriorização de 7 77,78 12 44,44 17 48,57 10 25,64 3 21,43 4 44,44 53 39,84
fricativa
Plosivização 2 22,22 2 7,41 2 5,71 1 2,56 - - 1 11,11 8 6,01
Fricatização - - 2 7,41 - - - - - - - - 2 1,50
Dessonorização de 2 22,22 1 3,70 3 8,57 2 5,13 1 7,14 3 33,33 12 9,02
plosiva
Dessonorização de 3 33,33 5 18,52 10 28,57 6 15,38 3 21,43 4 44,44 31 23,31
fricativa
Assimilação 1 11,11 - - - - 1 2,56 - - - - 2 1,50
Africação 1 11,11 2 7,41 - - 2 5,13 - - - - 5 3,76
Coda
Semivocalização de 8 88,89 14 53,85 18 51,43 13 33,33 2 14,29 1 11,11 56 42,10
líquida não lateral
Apagamento de 8 88,89 17 62,96 20 57,14 18 46,15 3 21,43 1 11,11 67 50,37
líquida não lateral
Apagamento de 4 44,44 3 11,11 4 11,43 1 2,56 - - 1 11,11 13 9,77
líquida lateral
Apagamento de nasal 3 33,33 - - 1 2,86 - - - - - - 4 3,01
Apagamento de 5 55,56 9 33,33 6 17,14 3 7,69 - - - - 23 17,29
fricativa
Legenda: n = número de participantes; REC = redução de encontro consonantal

DISCUSSÃO Neste estudo, a ocorrência de desvio fonológico variou de


8,26% a 20,63% (com média de 15,26%) da amostra. Outros
A prevalência de alterações de fala, mais precisamente do estudos(17,18,26) no Brasil encontraram percentuais próximos ao
desvio fonológico, é uma preocupação relatada em diversos deste estudo. Por exemplo, um estudo(17) que foi realizado na
estudos(8,17-20,25-27), tanto nacionais quanto internacionais. mesma cidade em 2006 encontrou prevalência de 18,55% em
A ocorrência de desvio fonológico na Austrália, por exemplo, crianças de 5 anos e 7 meses a 7 anos e 5 meses. Outro estudo(26)
é de 13%(27), enquanto que nos Estados Unidos o percentual é realizado no sul do país, na cidade de Porto Alegre-RS, refere
menor, variando de 3,8% a 7,5%(25). ter encontrado alterações fonológicas em 10% das crianças da

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faixa etária de 5 anos e 4 meses a 6 anos e 11 meses. Ainda Com relação à ocorrência de processos fonológicos, estes
outro estudo(19) do sul, realizado na cidade de Canoas-RS, são observados tanto na aquisição fonológica típica quanto no
encontrou prevalência maior de desvio fonológico (55%) na desvio fonológico, mas com diferença cronológica. Percebe-se
população estudada. Por último, um estudo(18) realizado na que nas crianças com aquisição fonológica típica, os processos
cidade de Salvador–BA refere uma prevalência de 9,17% de fonológicos diminuem à medida que a idade aumenta. Esse fato
desvio fonológico em crianças com idades entre 4:7 e 6:11. é justificado pela gradativa aquisição dos sons da fala até que
Comparando os estudos brasileiros, percebe-se que os percentuais haja uma supressão total dos processos fonológicos em que
deste estudo são próximos aos encontrados em outros estudos, não ocorrem mais omissões e/ou substituições de sons na fala
com exceção de um(19) em que o percentual de ocorrência foi (aquisição completa). Enquanto que, para as crianças com desvio
bastante superior. Porém, é importante salientar que diferenças fonológico, não houve uma redução nos percentuais de ocorrência
encontradas podem ser em função de diferentes faixas etárias, de processos fonológicos em função da idade. Os percentuais de
método dos estudos; e pelo tamanho da amostra analisada, o que ocorrência continuaram elevados mesmo nas faixas etárias maiores.
pode interferir para um maior ou menor percentual de ocorrência A permanência de ocorrência de processos fonológicos no desvio
de desvio fonológico. fonológico justifica-se pelo fato de essas crianças continuarem
Quando comparado aos Estados Unidos, observa-se diferença usando estratégias de substituição e/ou omissão dos sons para
superior entre os percentuais de ocorrência de desvio fonológico em lidar com a complexidade do segmento e/ou da estrutura silábica
relação à realidade brasileira. Essa diferença entre os percentuais que ainda não conhecem ou não dominam. No desvio fonológico,
nos dois países pode ser devido às políticas públicas adotadas(28). a ocorrência dos processos perdura por mais tempo(26), além da
Nos Estados Unidos, o fonoaudiólogo é agente ativo na escola, idade esperada para a supressão.
realiza detecção e intervenção no âmbito escolar, enquanto que, Dentre os processos fonológicos de maior ocorrência, tanto
no Brasil, essa prática é bastante restrita, não sendo comum para a aquisição fonológica típica quanto para o desvio fonológico,
encontrar fonoaudiólogo inserido nas práticas escolares, e não há estão: redução de encontro consonantal; apagamento de líquida
políticas públicas efetivas e regulares para a detecção e intervenção não lateral em coda; substituição de líquida não lateral em onset;
precoces no âmbito escolar. semivocalização de líquida não lateral em coda; e apagamento
Ainda, vale ressaltar que alguns estudos(8,20,28) referem uma de sílaba átona pretônica. A redução de encontro consonantal, o
ocorrência de alterações de fala maior do que 20%. Porém, estes apagamento e a substituição de líquida estão entre os processos
consideram a presença de outras alterações, como os desvios fonológicos referidos na literatura(14,19) como mais frequentes em
fonéticos, desvios da fluência, etc., não somente as alterações crianças com desvio fonológico. Outro estudo(8) também referiu que
fonológicas (desvio fonológico). O desvio fonético como única 38,5% da amostra apresentou a redução do encontro consonantal
alteração de fala pode ser mais frequente que o desvio fonológico como sendo o mais frequente em sua pesquisa.
isolado(8) e isso faz com que a ocorrência desta alteração seja maior. Depois dos 5 anos de idade, observou-se uma redução drástica
Em Minas Gerais, dois estudos foram realizados, um em Belo nos percentuais de ocorrência de processos fonológicos na fala
Horizonte, que encontrou uma prevalência de 31,9%(8), e outro das crianças com aquisição fonológica típica. Esses resultados
em Montes Claros, que encontrou uma prevalência de 33,7%(20). concordam com outros estudos(24,30) que referem a idade de 5 anos
Em escolas municipais de Educação Infantil de Santa Maria como marco para a aquisição dos fonemas e, consequentemente,
encontrou-se um percentual de 21,37% de alterações de fala(25). a redução da ocorrência de processos fonológicos.
Com relação ao tipo de escola, observou-se que a ocorrência Ainda em relação aos processos fonológicos, as crianças com
de crianças com desvio fonológico foi maior em crianças de aquisição típica tiveram ocorrência alta do processo de substituição
escola pública para todas as faixas de idade analisadas. Os fatores de líquida lateral em onset até a faixa etária de 8 anos. Considera‑se
sociais podem influenciar a aquisição das habilidades fonológicas, que isso possa ser uma variação linguística da população por ter
por isso, medidas preventivas e ações voltadas para identificar e ocorrido em uma mesma palavra do instrumento de avaliação.
tratar o desvio fonológico devem considerar as diferentes classes As variações linguísticas são diferenças que ocorrem na fala,
de desenvolvimento socioeconômico(19). Os estudos referidos mas que não comprometem o entendimento da mensagem e
incluem apenas crianças de escolas públicas(8,14,16-20,25). geralmente são culturalmente aceitas e variam de acordo com
Neste estudo, a ocorrência de desvio fonológico foi maior no a região. Podem ser encontradas na fala de adultos e crianças(8).
gênero masculino que no feminino. Esse resultado é corroborado Por fim, ressalta-se que alguns processos fonológicos presentes
por outros estudos(14,17-20) que também relataram esse resultado. na fala das crianças com desvio fonológico não estavam presentes
Apenas para a idade de 3 anos o desvio fonológico foi mais nas com aquisição fonológica típica, como posteriorização e
prevalente nas meninas. A maior ocorrência nesta idade pode anteriorização de plosiva, assimilação e africação.
ser justificada pelo fato de as meninas começarem a falar mais
cedo, logo seu vocabulário é maior e mais suscetível às trocas. CONCLUSÃO
Um estudo(29) que referiu a influência da variável gênero
na aquisição da linguagem evidenciou vantagem na produção Ao finalizar este estudo, pode-se concluir com relação à
de linguagem nas meninas sobre os meninos em até 36 meses ocorrência do desvio fonológico que esta variou entre 8,26% e
de idade. Ainda, essa diferença pode ser devido ao fato de que 20,63% (com média de 15,26%), dependendo da idade analisada.
a aquisição e desenvolvimento da linguagem entre os gêneros Quanto menor a idade, maior foi o percentual de crianças com
ocorre de forma diferente, ou ainda, que o cérebro do indivíduo desvio fonológico, o que se justifica pela população do estudo
do gênero masculino apresenta uma maturação mais lenta(19). estar em idade de aquisição fonológica. O desvio fonológico

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organização dos dados e elaboração do manuscrito; CRO auxiliou na tabulação
7610.2005.01534.x.
dos dados, elaboração do manuscrito e foi responsável pela análise estatística
30. Albiero JK, Melo RM, Wiethan FM, Mezzomo CL, Mota HB. Média dos dos dados; MKS foi responsável pelo projeto, delineamento do estudo e revisão
valores da frase em crianças com desvio fonológico evolutivo. Rev Soc do manuscrito.

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