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Oclusão

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UNIVERSIDADE DE LISBOA

FACULDADE DE MEDICINA DENTÁRIA

PRINCÍPIOS DE OCLUSÃO IDEAL EM DIFERENTES

TIPOS DE REABILITAÇÃO

João Miguel da Fonseca Gomes

MESTRADO INTEGRADO EM MEDICINA DENTÁRIA

2012
UNIVERSIDADE DE LISBOA

FACULDADE DE MEDICINA DENTÁRIA

PRINCÍPIOS DE OCLUSÃO IDEAL EM DIFERENTES

TIPOS DE REABILITAÇÃO

Dissertação orientada pela Dra. Maria Carlos Real Dias

João Miguel da Fonseca Gomes


MESTRADO INTEGRADO EM MEDICINA DENTÁRIA

2012
Princípios de Oclusão Ideal em Diferentes Tipos de Reabilitação

“A mente que se abre a uma nova ideia jamais voltará ao


seu tamanho original” – Albert Einstein

I
Princípios de Oclusão Ideal em Diferentes Tipos de Reabilitação

II
Princípios de Oclusão Ideal em Diferentes Tipos de Reabilitação

AGRADECIMENTOS

À Dra. Maria Carlos,

Pela orientação e pelos conhecimentos transmitidos.

Aos meus Pais,

Por fazerem de mim o que sou e me terem facultado todas as possibilidades para me
construir.

À Eve,

Pelo constante apoio, presença e por fazer parte da minha vida.

Aos meus Irmãos e Avó,

Por estarem sempre a meu lado.

Aos meus amigos,

Por todos os momentos de felicidade e companheirismo que proporcionaram.

III
Princípios de Oclusão Ideal em Diferentes Tipos de Reabilitação

IV
Princípios de Oclusão Ideal em Diferentes Tipos de Reabilitação

RESUMO

A partir do momento que os médicos dentistas começaram a realizar


procedimentos restauradores que a disciplina de Oclusão tem despertado interesse.
Desde então, muitos têm sido os conceitos e teorias que têm emergido sobre o tipo de
esquema oclusal ideal para determinada reabilitação, gerando sempre alguma confusão
e controvérsia.

Cada tipo de reabilitação realizada, quer seja na disciplina de dentisteria,


prostodontia fixa ou prostodontia removível, detém de um conjunto de características
particulares que condicionam a escolha do tipo de esquema oclusal por parte do médico
dentista.

Esta Monografia tem como objectivo fazer uma revisão bibliográfica sobre os
esquemas oclusais ideais a serem aplicados para cada tipo de reabilitação. Para a
realização deste trabalho foi realizada uma pesquisa bibliográfica nos motores de busca
PubMed e ScienceDirect, assim como foi efectuada uma pesquisa em livros e revistas
na biblioteca da Faculdade de Medicina Dentária da Universidade de Lisboa. Como
resultado da pesquisa seleccionaram-se 69 trabalhos científicos de interesse para o
presente tema.

A realização desta dissertação permitiu concluir que cada tipo de reabilitação


possui um conjunto de características que determina o esquema oclusal a ser adoptado.
Devido ao contínuo desenvolvimento científico a Oclusão é uma disciplina que está em
constante mudança. Deste modo, é importante que o médico dentista esteja a par dos
conceitos e teorias vigentes de modo a que tenha sucesso no tratamento reabilitador.

Palavras-chave: “Occlusal Contacts and Implants”, “Occlusal Contacts and


Prosthesis”, “Normal Dental Occlusion”, “Occlusal Guidelines”.

V
Princípios de Oclusão Ideal em Diferentes Tipos de Reabilitação

VI
Princípios de Oclusão Ideal em Diferentes Tipos de Reabilitação

ABSTRACT

The subject on occlusion has triggered interest ever since dentists started to
perform restorative procedures. Many concepts and theories have emerged about the
type of occlusal scheme that each rehabilitation should posses, still they generate some
ado and controversy.

Each type of accomplished rehabilitation, whether it´s in the subject of dentistry,


fixed prosthodontics or removable prosthodontics, detains a vast pool of particular
characteristics that condition the choice of occlusal scheme done by the dentist.

This Monograph has the goal to do a bibliographic review concerning the


criteria of occlusion that are applied for each type of rehabilitation. For the execution of
this work a bibliographic research was done by search engines such as PubMed and
ScienceDirect, thus there was also research in books and magazines in the library of the
Faculdade de Medicina Dentária da Universidade de Lisboa. As a result to the research
69 scientific papers of interest were selected for the given theme.

The completion of this paper permitted to conclude that each type of


rehabilitation possesses a set of characteristics that determine the occlusal scheme that is
adopted. Occlusion is a subject that is in continuous change due to its constant scientific
development. Therefore, it´s important for the dentist to be privy with these valid
theories and concepts in order to be successful in rehabilitation treatments.

Keywords: “Occlusal Contacts and Implants”, “Occlusal Contacts and Prosthesis”,


“Normal Dental Occlusion”, “Occlusal Guidelines”.

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Princípios de Oclusão Ideal em Diferentes Tipos de Reabilitação

VIII
Princípios de Oclusão Ideal em Diferentes Tipos de Reabilitação

ABREVIATURAS

ATM – Articulação Têmporo-mandibular

LP – Ligamento Periodontal

PRT – Prótese Removível Total

PRP – Prótese Removível Parcial

RC – Relação Cêntrica

ICM – Intercuspidação Máxima

MATERIAIS E MÉTODOS

Para a realização desta dissertação foi realizada uma pesquisa na literatura da


base de dados da PubMed (www.pubmed.com) e na base de dados da ScienceDirect
(www.sciencedirect.com), com o objectivo de encontrar artigos relevantes sobre o tema
de oclusão em implantes, oclusão em prótese removível parcial e total e oclusão em
dentição natural. Também foi efectuada pesquisa em livros e revistas relevantes para o
tema na biblioteca da Faculdade de Medicina Dentária da Universidade de Lisboa.

Como estratégia utilizaram-se as seguintes palavras-chave: “Occlusal Contacts


and Implants”, “Occlusal Contacts and Prosthesis”, “Normal Dental Occlusion”,
“Occlusal Guidelines”. Como resultado da pesquisa obtiveram-se 2247 trabalhos
científicos, tendo sido seleccionados 69 para a realização desta monografia.

Não foram impostos limites iniciais de tempo à pesquisa, por este ser um tema
que abarca vários anos de estudo. A última pesquisa foi efectuada em Maio de 2012.
Não se impuseram quaisquer restrições quanto aos critérios de evidência científica, mas
seleccionaram-se apenas artigos nas Línguas Portuguesa e Inglesa.

IX
Princípios de Oclusão Ideal em Diferentes Tipos de Reabilitação

X
Princípios de Oclusão Ideal em Diferentes Tipos de Reabilitação

ÍNDICE

1. INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 1
1.1. Perspectiva Histórica .......................................................................................... 1
1.2. Conceitos em Oclusão ........................................................................................ 2
1.3. Sistema Neuromuscular ...................................................................................... 3
2. RELAÇÃO CÊNTRICA vs INTERCUSPIDAÇÃO MÁXIMA ................................. 4
3. DIFERENTES ESQUEMAS OCLUSAIS ................................................................. 6
3.1. Reabilitação em Dentisteria Conservadora, Prostodontia Fixa (sem implantes) ... 6
3.1.1. Relação Dente-Dente.................................................................................... 6
3.1.2. Critérios para uma Oclusão Funcional Ideal em Dentes Naturais .................. 7
3.1.3. Guia Canina vs Função de Grupo ................................................................. 8
3.2. Reabilitação em Prótese Removível .................................................................. 10
3.2.1. Relação Dente-Prótese ............................................................................... 10
3.2.2. Prótese Total Removível ............................................................................ 11
3.2.3. Prótese Parcial Removível .......................................................................... 15
3.3. Reabilitação em Implantologia .......................................................................... 17
3.3.1. Relação Dente-Implante ............................................................................. 17
3.3.2. Tipos e Princípios de Oclusão em Implantes ............................................... 18
3.3.3. Momento do Contacto Oclusal ................................................................... 20
3.3.4. Cantilevers ................................................................................................. 21
4. FORMAS ANATÓMICAS OCLUSAIS ................................................................. 22
5. DISCUSSÃO – GUIDELINES E APLICAÇÃO CLÍNICA..................................... 24
5.1. Reabilitação em Dentisteria Conservadora, Prostodontia Fixa (sem implantes) . 24
5.2. Reabilitação em Prótese Removível .................................................................. 25
5.2.1. Oclusão em Prótese Total Removível ......................................................... 25
5.2.2. Oclusão em Prótese Parcial Removível ....................................................... 26
5.3. Oclusão em Implantologia ................................................................................ 27
5.3.1. Oclusão no Implante Único ........................................................................ 27
5.3.2. Oclusão em prótese fixa total implanto-suportada....................................... 27
5.3.3. Oclusão em prótese total removível implanto-suportada ............................. 28
5.3.4. Oclusão em prótese fixa posterior implanto-suportada ................................ 28
6. CONCLUSÃO ........................................................................................................ 29

XI
Princípios de Oclusão Ideal em Diferentes Tipos de Reabilitação

BIBLIOGRAFIA ..................................................................................................... XIII


ANEXOS ................................................................................................................. XIX

XII
Princípios de Oclusão Ideal em Diferentes Tipos de Reabilitação

1. INTRODUÇÃO

1.1. Perspectiva Histórica


Em 1899, Edward Angle fez a primeira descrição da relação oclusal dos dentes,
e, a partir do momento em que se começaram a restaurar e a substituir dentes, a
disciplina de Oclusão começou a gerar interesse e a criar controvérsias. (Okeson, 2000)
Desde então, cientistas e médicos dentistas têm procurado as melhores definições para
os conceitos relacionados com a oclusão dentária e com o tipo de oclusão a aplicar em
cada situação terapêutica. (Carlsson, 2008)

Diversas opiniões sobre as características ideais na oclusão da dentição natural e


protética são encontradas na literatura, gerando sempre alguma controvérsia e nunca
foram totalmente compreendidas. (Carlsson, 2008) O primeiro conceito a ser descrito
como oclusão ideal foi a “oclusão balanceada”, permitindo, deste modo, a reabilitação
dentária total. Os maus resultados clínicos que este esquema oclusal apresentava quando
aplicado à dentição natural levaram a que fosse abandonado. (Thornton, 1990) Stallard,
em 1924, criou o termo de gnatologia, sendo definido como a ciência que estuda as
relações anatómicas, fisiológicas e patológicas do sistema estomatognático, incluindo o
exame, diagnóstico e plano de tratamento destas situações. (Pokorny et al., 2008)

No final dos anos 70 foi desenvolvido o conceito de oclusão funcional ideal, que
celebra a saúde e funcionamento do sistema estomatognático, e não uma configuração
oclusal específica. Deste modo, pacientes que não ostentavam qualquer patologia
detinham uma configuração oclusal fisiológica, não havendo necessidade de uma
intervenção terapêutica. (Okeson, 2000)

Em 1988, Mohl & Robertson, propuseram que o sucesso do tratamento


reabilitador dependia dos aspectos biológicos e comportamentais, contrastando com as
normas dos princípios técnicos e biomecânicos. (Carlsson, 2008)

A introdução de implantes dentários osteointegrados veio alterar dramaticamente


a perspectiva do tratamento protético. Para este novo tipo de reabilitação foram
impostas normas da oclusão em dentição natural e/ou normas da oclusão em prótese
total, com algumas alterações. (Taylor et al., 2005)

1
Princípios de Oclusão Ideal em Diferentes Tipos de Reabilitação

Apesar das controvérsias e perguntas por resolver, os médicos dentistas todos os


dias executam procedimentos que envolvem a disciplina de oclusão. (Carlsson, 2008)
Deste modo, a execução de uma reabilitação com os princípios de oclusão correctos tem
um impacto imediato no sucesso do tratamento. Por outro lado, se o procedimento
reabilitador abarcar uma oclusão inadequada, o médico dentista depressa se aperceberá
que o tratamento não teve êxito. (Davies et al., 2001b)

1.2. Conceitos em Oclusão


A grande variedade de termos e conceitos em oclusão pode gerar confusão e
levar o médico dentista a uma diferente interpretação. (Clark & Evans, 2001) Para uma
melhor compreensão e esclarecimento deste tema é necessário definir alguns conceitos,
tais como: oclusão dentária; oclusão funcional; posição em relação cêntrica; posição em
intercuspidação máxima; guia anterior; oclusão balanceada; guia canina; função de
grupo; guia incisiva; oclusão mutuamente protegida.

Segundo a Academy of Denture Prosthetics, a oclusão dentária é uma posição


estática, cêntrica ou excêntrica, em que as superfícies oclusais dos dentes superiores e
inferiores estão em contacto. (Turano & Turano, 1993) A oclusão funcional, por outro
lado, refere-se aos contactos oclusais dos dentes superiores e inferiores durante a
função. (Clark & Evans, 2001)

Um conceito que deteve muitas alterações ao longo dos anos foi o da relação
cêntrica (RC), mas apesar das polémicas, tem sido considerado uma posição
ortopedicamente estável. (Okeson, 2000) Esta relação refere-se tanto à posição da
articulação têmporo-mandibular (ATM), como, também, à relação maxilo-mandibular.
É uma posição axial, significando que a ATM pode abrir ou fechar sempre em relação
cêntrica, sem sair da mesma posição. (Dawson, 1989) Okeson define a relação cêntrica
como sendo “a posição onde os côndilos estão na posição mais ântero-superior da fossa
mandibular, apoiados nas vertentes posteriores das eminências articulares com os discos
articulares adequadamente interpostos”. (ver anexo 1) (Okeson, 2000) A posição em
intercuspidação máxima (ICM), ou oclusão cêntrica, refere-se à relação maxilo-
-mandibular, onde existe o máximo contacto dentário, independentemente da posição da
ATM. (Dawson, 1989)

A guia anterior é essencial para uma relação harmoniosa do sistema mastigatório


e pode ser caracterizado por 3 tipos de movimentos: oclusão balanceada, guia canina e

2
Princípios de Oclusão Ideal em Diferentes Tipos de Reabilitação

função de grupo. (Ogawa et al., 1998) A primeira é definida por ter contactos dentários
em ambos os lados, de trabalho e de não trabalho, durante todo o movimento excursivo.
(ver anexo 2) (Clark & Evans, 2001) Esta teoria foi baseada nas observações de Von
Spee, que afirmou que os movimentos mastigatórios eram determinados não só pela
configuração anatómica da ATM como também pela anatomia dentária. (Thornton,
1990)

Nagao (1919), Shaw (1924), D´Amico (1958) desenvolveram o conceito de guia


canina, advogando que o canino guia a desoclusão dos outros dentes nos movimentos
laterais. (ver anexo 3) (Thornton, 1990) Outro tipo de padrão de desoclusão pode
ocorrer na população, a função de grupo, que se define pelo contacto das cúspides
vestibulares dos dentes posteriores no lado de trabalho havendo desoclusão no lado de
não trabalho. (ver anexo 4) (Clark & Evans, 2011)

A guia incisiva define-se como a desoclusão dos dentes posteriores e contacto


dos dentes anteriores no movimento de protrusão mandibular. Este movimento é
promovido pela face palatina dos incisivos superiores e pelo bordo incisal dos incisivos
inferiores. (ver anexo 5) (Ogawa et al., 1998)

Os três últimos conceitos entram para a definição de oclusão mutuamente


protegida. Este tipo de oclusão é definido pela protecção dos dentes posteriores pelos
dentes anteriores nos movimentos excursivos da mandíbula, e protecção dos dentes
anteriores pelos dentes posteriores em intercuspidação máxima, sem interferências.
(Pokorny et al., 2008)

1.3. Sistema Neuromuscular


O sistema mastigatório é complexo, sendo o resultado de uma sincronização da
actividade de vários músculos que permite o movimento mandibular. Mas para este
movimento se realizar é necessário que exista o controlo neurológico coordenando de
todo o sistema estomatognático. Portanto, existe um conjunto de nervos e músculos que
controlam o movimento mastigatório, denominado de sistema neuromuscular. (Okeson,
2000)

A mastigação é um evento rítmico controlado pelo centro do ritmo mastigatório


na substância reticular do tronco cerebral e modificada pelos sistemas nervoso central e
periférico. O sistema é representado pelos núcleos motores dos nervos cranianos e pelos

3
Princípios de Oclusão Ideal em Diferentes Tipos de Reabilitação

núcleos sensoriais do trigémio e do tracto solitário. Estes últimos recebem a informação


periférica, transmitindo-a para os centros mais altos, originando reflexos a partir dos
neurónios motores. (Mongini, 1988)

O córtex cerebral elabora e integra a entrada sensorial, iniciando o movimento


da abertura da boca através da emissão da informação para o centro da mastigação e
para os núcleos motores do nervo trigémeo. (Mongini, 1988)

A maior parte da actividade mastigatória é aprendida ou adquirida assegurando a


contínua adaptação, durante o crescimento e desenvolvimento, durante as modificações
dentárias e como resposta a exigências funcionais. A contínua adaptação por parte do
sistema mastigatório proporciona a contínua função, mesmo em situações de
crescimento corporal, perda ou substituição de peças dentárias, ou mesmo após
movimentos ortodônticos ou cirúrgicos. (Smukler, 1991)

2. RELAÇÃO CÊNTRICA vs INTERCUSPIDAÇÃO MÁXIMA

O sistema mastigatório é bastante complexo, sendo o resultado de um conjunto


de sistemas inter-relacionados, como os músculos, ossos, ligamentos, dentes e nervos.
(Okeson, 2000)

Ao longo dos anos existiu uma grande controvérsia sobre qual o esquema
oclusal mais correcto, se a oclusão em relação cêntrica ou a oclusão em intercuspidação
máxima. Actualmente, não existem estudos científicos suficientes que comparem os
diferentes esquemas oclusais com os respectivos resultados clínicos. Do ponto de vista
prático quando o médico dentista é confrontado com uma situação em que seja
necessário reabilitar o paciente a nível oclusal, a oclusão em RC é a preferida, pois é
uma posição reprodutível. (Koyano et al., 2012) No plano sagital, a mandíbula ao
executar movimentos bordejantes cria o diagrama descrito por Posselt, e, no plano
frontal, os movimentos de mastigar, engolir e falar, criam uma figura em forma de gota.
(ver anexo 6) Os movimentos bordejantes podem ser perfeitamente reproduzidos,
enquanto os movimentos fisiológicos são variáveis, alterando em cada movimento no
mesmo indivíduo. Vários autores consideram que a posição básica de diagnóstico e

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Princípios de Oclusão Ideal em Diferentes Tipos de Reabilitação

reabilitação é o de RC, por esta posição ser coincidente com uma posição do movimento
bordejante e poder ser reproduzida perfeitamente. (Beyron, 1973)

Para além disto, a RC é uma posição ortopédica estável, onde o disco articular,
constituído por tecido conjuntivo denso desprovido de vasos e nervos, separa, protege e
estabiliza o côndilo na fossa mandibular. (ver anexo 1) (Wood, 1988) As características
do disco articular permitem resistir a forças pesadas sem causar danos ou estímulos
dolorosos. (Okeson, 2000)

Por outro lado, a estabilidade posicional da articulação não é estabelecida pelo


disco mas sim pelo tónus muscular dos músculos elevadores da mandíbula: temporal,
masséter, pterigóideu interno e pterigóideu externo inferior. Os músculos temporais
direccionam o côndilo directamente para uma posição superior, sendo que os músculos
pterigóideu interno e masséter direccionam o côndilo para uma posição ântero-superior.
Por sua vez, o pterigódeu lateral inferior posiciona o côndilo numa posição mais
anterior. A resultante das forças colocam o disco na porção mais ântero-superior da
fossa mandibular, sendo esta a zona mais espessa e capaz de suportar forças pesadas. Se
não existirem interferências oclusais, quando os músculos elevadores contraem, a
estabilidade articular é mantida, sendo uma posição musculo-esquelética estável.
(Okeson, 2000)

Contudo, em mais de 90% de indivíduos saudáveis, o movimento de


encerramento leva a mandíbula a ocluir em intercuspidação máxima e não em relação
cêntrica. (Beyron, 1973) Actualmente aceita-se que a posição de ICM e de RC não são
coincidentes na maior parte dos casos, podendo existir uma discrepância de 0,5-1,5 mm.
Quando um indivíduo é levado à posição de relação cêntrica e lhe é pedido para
encerrar os dentes, de modo a chegar à posição de ICM, a mandíbula executa um
movimento protrusivo e por vezes lateral. O encerramento em ICM é resultado de um
reflexo condicionado, gerado pela memória do sistema neuromuscular e reforçado pelo
contacto dentário. (Clark & Evans, 2001)

Deste modo, a reabilitação em RC deve ser preferida quando não existe suporte
dentário posterior, quando os determinantes posteriores estão reabilitados com prótese
fixa ou quando existe disfunção têmporo-mandibular, devendo a oclusão em RC e ICM
coincidir. (Henderson, 1972; Colman, 1967)

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Princípios de Oclusão Ideal em Diferentes Tipos de Reabilitação

3. DIFERENTES ESQUEMAS OCLUSAIS

Cada tipo de reabilitação, em dentisteria, prótese removível e prótese fixa, detém


um conjunto de condições intra-orais distintos que devem ser considerados para o
sucesso do tratamento. Independentemente da conjuntura intra-oral existente é
necessário existir uma condição oclusal estável para que subsista uma posição musculo-
-esquelética das articulações também estável. Se tal não se verificar, o sistema
neuromuscular irá alterar a posição mandibular até se verificar uma condição oclusal
estável. (Okeson, 2000)

3.1. Reabilitação em Dentisteria Conservadora, Prostodontia Fixa (sem implantes)

3.1.1. Relação Dente-Dente


O dente é envolvido pelo ligamento periodontal (LP) sendo composto por tecido
conjunto laxo, vascularizado e celular, permitindo a transmissão e absorção das forças
oclusais pelo processo alveolar produzidas durante a função mastigatória (Lindhe et al.,
2005) Este ligamento tem a espessura de 0,25 mm (0,2-0,4 mm) e está orientado
funcionalmente para absorver forças axiais, o que permite adaptar-se a forças de stress
excessivo. (ver anexo 7) (Lindhe et al., 2005; Parfitt, 1960)

O movimento axial do dente é caracterizado por 2 fases, a primeira fase de


movimento é imediato, sendo caracterizado por ser não-linear e complexo. A segunda
fase do movimento é gradual correspondendo a um movimento linear e elástico. A fase
final do movimento só tem início quando a compressibilidade do LP está saturada,
dando-se uma deformação elástica do osso circundante. (Kim et al., 2005; Schulte,
1995) O deslocamento axial do dente no alvéolo é compreendido entre 25-100 µm.
(Gross, 2008)

Para além disto, o LP proporciona ao dente a capacidade de se poder adaptar a


deformações e torsões esqueléticas, que podem ocorrer durante os movimentos
excursivos laterais, de protrusão, abertura bucal e durante a mastigação. (Sculte, 1995)
Isto significa que, se a carga oclusal for excessiva, o dente causa trauma na zona de
compressão com subsequente reparação e espessamento do ligamento periodontal. Um
dente com estruturas de suporte saudáveis responde a forças oblíquas ao longo eixo do
dente com reabsorção, reparação, espessamento do ligamento periodontal e consequente

6
Princípios de Oclusão Ideal em Diferentes Tipos de Reabilitação

aumento da mobilidade, sendo o processo reversível. (Gross, 2008) Contudo, a


associação de forças oclusais para além do limite fisiológico do ligamento periodontal
ou associado a doença periodontal pode gerar trauma oclusal com consequente perda
óssea irreversível. (Lindhe et al., 2005)

Nos dentes naturais, o LP possui receptores nervosos, os mecanoreceptores,


transmitindo informação das terminações nervosas para o sistema nervoso central.
(Meyer et al., 2011) Esta função é essencial na sensibilidade táctil oral, facultando
sensibilidade táctil activa e passiva. O LP consegue descriminar a espessura dos
alimentos na boca, mínimo entre 10 a 30 µm, contribuindo para a sensibilidade táctil
activa. Por sua vez, a sensibilidade táctil passiva, define-se pela detecção do limiar de
pressão exercida pelos dentes, e quando ultrapassado, desencadeia os reflexos
inibitórios a alimentos duros. (Meyer et al., 2011; Mericske-Stern et al., 1995) Este
mecanismo tem como base a deformação axial e horizontal do ligamento periodontal,
estimulando os mecanoreceptores sobretudo na primeira fase do movimento de um
dente. Durante a fase de movimento gradual, após a máxima deformação do LP, os
mecanoreceptores deixam de transmitir informação sensorial, dando origem ao reflexo
inibitório, comandado pelo sistema nervoso central. (ver anexo 8) (Sculte, 1995)

3.1.2. Critérios para uma Oclusão Funcional Ideal em Dentes Naturais


Para existir coordenação muscular harmoniosa, é imprescindível que se verifique
uma óptima e harmoniosa estabilidade dentária durante o contacto dentário. (Smukler,
1991) A estabilidade dentária na dentição natural é obtida pelos contactos simultâneos,
distribuídos igualmente pelos dentes de cada arcada. (Beyron, 1973) Este tipo de relação
oclusal fornece a máxima estabilidade à mandíbula, minimizando as forças sobre cada
dente em função. (Okeson, 2000)

Em 1963, Stallard & Stuart descreveram o conceito de desoclusão


desorganizada, que mais tarde viria a ser denominada de oclusão mutuamente protegida.
Este tipo de oclusão descreve as relações funcionais dentárias e o modo como deve estar
organizada a dentição natural. A oclusão mutuamente protegida compreende contactos
primários segundo o longo eixo do dente nos dentes posteriores e mais suaves nos
dentes anteriores, em oclusão de ICM. (Mohl et al., 1988) Em protrusão, o overjet e o
overbite, guiam o movimento de modo a promover a desoclusão dos dentes posteriores.
No movimento de lateralidade, os dentes do lado de trabalho devem possuir cúspides

7
Princípios de Oclusão Ideal em Diferentes Tipos de Reabilitação

com uma relação horizontal e vertical suficientes para desocluir os dentes do lado de
não-trabalho. (Mohl et al., 1989)

Actualmente, o conceito de interferência oclusal ainda não é muito preciso,


tendo sido descrito por Posselt, em 1968, como um contacto cuspídeo que força a
mandíbula a desviar-se do padrão normal do movimento. Porém, existe consenso nas
condições que podem criar sinais ou sintomas de disfunção têmporo-mandibular, como
nomeadamente: (1) contactos oclusais no lado de não-trabalho, (2) contactos unilaterais
em relação cêntrica, (3) movimento entre a posição de relação cêntrica e
intercuspidação máxima maior que 1 mm, e, (4) assimetria no movimento entre a
posição de relação cêntrica e intercuspidação máxima. (Clark & Evans, 2001) Os
movimentos mandibulares devem ser livre de interferências a fim de evitar o
aparecimento de situações patológicas. (Pokorny et al., 2008)

Como já foi dito anteriormente, a posição em relação cêntrica é uma posição de


referência e reprodutível, sendo a base para o correcto alinhamento do sistema
estomatognático. (Okeson, 2000) Contudo, a maior parte da população não apresenta as
características de uma oclusão ideal, mas sim as de uma oclusão fisiológica. Este tipo de
oclusão apesar de se desviar dos parâmetros teóricos da oclusão ideal, está bem
adaptada e contribui para a harmonia do sistema mastigatório. Neste tipo de oclusão
podem ser encontradas mal-oclusões, pode estar presente actividade parafuncional, mas
não existe dor ou sinais e sintomas de disfunção, devido à contínua adaptação das
estruturas do sistema mastigatório. (Mohl et al., 1988) Se não existirem manifestações
patológicas, problemas funcionais e se for esteticamente satisfatória este tipo de oclusão
não apresenta qualquer necessidade de intervenção terapêutica. (Mohl et al., 1989)

3.1.3. Guia Canina vs Função de Grupo


A complexidade da ATM permite que a mandíbula execute movimentos de
lateralidade e de protrusão, existindo contacto dentário durante estes movimentos
excursivos. No movimento de lateralidade e de protrusão, as forças horizontais são
distribuídas sobre os dentes, o que, por vezes, podem não ser bem aceites pelo sistema
estomatognático. (Okeson, 2000)

Beyron nos seus estudos afirmou que o stress enviado a um dente único pode ser
prejudicial, sendo necessária a relação com mais dentes, para impedir a transmissão das
forças nocivas. Deste modo o stress oclusal passa a ser absorvido através dos contactos

8
Princípios de Oclusão Ideal em Diferentes Tipos de Reabilitação

interproximais entre dentes contíguos. (Beyron, 1954) Outros estudos também


questionaram o propósito de se colocar todo o stress oclusal sobre uma cúspide,
afirmando que a eficiência mastigatória, conforto e distribuição da carga oclusal
estariam assim diminuídos. (Thornton, 1990)

Alguns defensores da guia canina afirmam que durante os movimentos


excêntricos este esquema oclusal permite uma desoclusão posterior facilitada.(ver anexo
3) (Jemt et al., 1982) Ironicamente, a aplicação clínica da teoria canina começou com
estudos à oclusão balanceada aplicada à dentição natural. Durante os seus estudos Stuart
& Stallard e McCollum & Stuart puseram a hipótese de a oclusão balanceada ser a
oclusão ideal para a dentição natural. Verificaram mais tarde, que a maior parte dos seus
casos falharam devido a trauma causado principalmente por desordens têmporo-
-mandibulares e envolvimento periodontal. (Thornton, 1990)

Manns et al. realizou um estudo onde determinou a quantidade de força gerada


pelos músculos elevadores - temporal e masséter - nos movimentos laterotrusivos da
mandíbula em guia canina e função de grupo. Para a realização deste estudo, utilizou
indivíduos sem sintomas de disfunção têmporo-mandibular e recorreu a splints oclusais,
de modo a simular as duas guias. Posteriormente compararam os valores da laterotrusão
com os valores de ICM. Manns et al. verificou que em função de grupo os músculos
realizaram 47,4% +/-10,9% da actividade máxima, e a guia de desoclusão canina
realizou apenas 27,2% +/- 9,3%. (Manns et al., 1987) A redução de actividade muscular
pode ser explicada pela força necessária para estimular os mecanoreceptores do
ligamento periodontal. Como o canino possui uma menor quantidade de área superficial
periodontal do que a função de grupo, que é composta por maior número de dentes, é
necessária uma menor quantidade de força para estimular os mecanoreceptores. O
periodonto atinge o limite fisiológico de pressão mais cedo na guia canina e com menor
actividade muscular. Este estudo permitiu concluir que a guia canina em laterotrusão
produz uma maior redução da actividade dos músculos elevadores, quando comparada
com a guia função de grupo. Por outro lado, a redução na actividade muscular com a
guia canina, sugere que na posição de lateralidade se protege o sistema estomatognático
de uma maneira mais eficaz contra tensões musculares. (Manns et al., 1987)
O canino é um dente que possui características que permitem a realização da
guia canina. Este dente tem uma relação coroa:raiz favorável, capaz de tolerar forças
oclusais elevadas. Para além disto, a raiz deste dente possui uma grande área de

9
Princípios de Oclusão Ideal em Diferentes Tipos de Reabilitação

superfície, fornecendo sensibilidade proprioceptiva. Por sua vez, a forma côncava da


face palatina guia os movimentos de lateralidade. (ver anexo 3) (Clark & Evans, 2001)
Muitos pacientes não têm os caninos numa posição apropriada para receber
forças horizontais, ou, a dieta que seguiram levou à abrasão destes dentes. Nestes casos
a alternativa mais favorável é a função de grupo. (Thornton, 1990, Okeson, 2000)
Apesar da existência destas duas vertentes, o desenvolvimento do conceito de oclusão
mutuamente protegida levou à inclusão dos dois termos, sendo compatível com uma
oclusão normal. (Mohl et al., 1988)
A função de grupo mais desejável compreende os dentes entre o canino e o 2º
pré-molar, podendo incluir ainda a cúspide mesio-vestibular do 1º molar. (ver anexo 4)
Contactos mais posteriores que a cúspide mesio-vestibular do 1º molar, podem ser
lesivas pelo aumento da actividade muscular, pois, está mais perto do eixo de rotação,
ou seja, do fulcro da força. (Okeson, 2000)
Quando queremos reabilitar um ou mais dentes que possam influenciar a guia de
lateralidade devem ser tomados em consideração factores clínicos, como, por exemplo,
as relações dentárias pré-existentes, proporção coroa:raíz e o grau de mobilidade ou
frémito dos dentes envolvidos. (Mohl et al., 1989)

3.2. Reabilitação em Prótese Removível

3.2.1. Relação Dente-Prótese


A prótese removível pode ser dividida em duas categorias: Prótese Removível
Total (PRT), e, Prótese Removível Parcial (PRP). Enquanto a PRT apenas é suportada
por mucosa, a PRP pode ser suportada por dentes, mucosa ou uma combinação dos dois.
(Davies et al., 2001a)

Para o sucesso de uma reabilitação em prótese removível é necessário que 3


parâmetros sejam compreendidos – retenção, estabilidade e suporte. Quando os dentes
de uma prótese entram em contacto são geradas forças desfavoráveis que podem levar à
perda de retenção e de estabilidade, resultando no desconforto pelo trauma na mucosa.
(Sutton & McCord, 2007)

A realização de uma prótese removível tem como objectivo fornecer uma


oclusão ideal, em que não existam forças de deslocamento, promovendo desta maneira a
estabilidade. (Davies et al., 2001a)

10
Princípios de Oclusão Ideal em Diferentes Tipos de Reabilitação

3.2.2. Prótese Total Removível


Actualmente, dois conceitos oclusais em reabilitação com prótese total co-
-existem: (1) Oclusão balanceada em relação cêntrica e nos movimentos excêntricos, (2)
oclusão balanceada apenas em relação cêntrica e guia canina e guia incisiva nos
movimentos excêntricos. Ambos os conceitos afirmam que em relação cêntrica deve
existir um contacto simultâneo de todos os dentes. (Farias Neto et al., 2010)

3.2.2.1. Oclusão Balanceada vs Guia Canina e Incisiva


Os defensores da primeira teoria afirmam que uma das razões para se preferir
este esquema oclusal é a prevenção de movimentos que possam deslocar a prótese
através do contacto simultâneo dos molares, no movimento protrusivo, e do lado contra-
-lateral, no movimento de lateralidade. (ver anexo 2) (Paleari et al., 2012) Assim,
durante os movimentos excursivos da mandíbula, a oclusão balanceada promoverá uma
maior estabilidade horizontal. (Dubojska et al., 1998) Para além disto, a forças oclusais
serão centralizadas para a crista alveolar, protegendo-a da reabsorção óssea. Um estudo
realizado por Hofmann e Knauer demonstrou que pacientes reabilitados com guia
canina acarretaram maiores deslocações durante movimentos excêntricos, enquanto a
oclusão balanceada levou a menos deslocamentos, todas em direcção à crista alveolar.
(Peroz et al., 2003)
Outra vantagem da oclusão balanceada seria a melhoria do conforto durante a
mastigação. Um estudo realizado por Dubojska et al., onde as próteses instáveis de
cinco pacientes foram perfeitamente duplicadas e mudadas para o esquema oclusal de
oclusão balanceada, referiu haver uma melhoria no conforto. Neste estudo após 6
semanas, todos os pacientes referiram uma melhoria na estabilidade e no conforto,
demonstrando que conseguiam executar movimentos de protrusão e lateralidade sem
dificuldade. (Dubojska et al., 1998) Rehmann et al., em 2008, também demonstrou que
os pacientes ficaram mais satisfeitos com as próteses reabilitadas em oclusão
balanceada do que em guia canina, por estarem sujeitos a menos movimentos
deslocadores. (Rehmann et al., 2008) Por outro lado, Peroz et al. em 2003, mostrou que
a oclusão em guia canina apresenta inicialmente maiores dificuldades de adaptação,
evidenciado pelo aparecimento de úlceras orais, mas os pacientes rapidamente se
adaptaram a este tipo de oclusão, ficando mais satisfeitos. (Peroz et al., 2003) Dois
estudos realizados por Farias Neto et al. e Paleari et al. mostraram não existirem

11
Princípios de Oclusão Ideal em Diferentes Tipos de Reabilitação

diferenças na satisfação entre os dois esquemas oclusais. (Farias Neto et al., 2010;
Paleari et al., 2012)
Os defensores da ideia que promulga a guia canina e guia incisiva nos
movimentos excursivos da mandíbula, questionaram a validade da oclusão balanceada
durante a mastigação. (Dubojska et al., 1998) Coloca-se a dúvida da utilidade da
oclusão balanceada durante a mastigação, pois o bolo alimentar separa os dentes
impedindo qualquer contacto dentário. (Peroz et al., 2003)

A escola que apregoa a oclusão balanceada durante os movimentos excursivos,


defende que, durante a mastigação, enquanto não existir contacto dentário a prótese fica
estável devido à retenção e ao controlo neuromuscular. (Dubojska et al., 1998)

Os defensores da segunda escola de ideias acreditam que o tipo de esquema


oclusal em guia canina faz com que a prótese se acomode melhor à cavidade oral e
direccione as forças para as cristas alveolares residuais. (Miralles et al., 1989)

Um estudo realizado por Miralles et al. em 1989, comparou a actividade


muscular dos músculos temporal anterior e masséter, em pacientes reabilitados com
prótese total, nos dois esquemas oclusais. Este estudo demonstrou haver uma maior
redução da actividade muscular em pacientes reabilitados com a guia canina. Para a
realização deste estudo utilizou-se a posição de ICM como a posição de máxima
actividade muscular, comparando-a com a actividade muscular nos movimentos
excursivos da mandíbula. A média de actividade electromiográfica do músculo temporal
anterior apresentou valores compreendidos entre 56,20% e 145,27% em oclusão
balanceada, e valores compreendidos entre 10,50% e 85,14% na guia canina. Por sua
vez, durante os movimentos laterotrusivos da mandíbula em oclusão balanceada o
músculo masséter obteve valores compreendidos entre 44,37% e 101,55%, enquanto
que na guia canina, o mesmo músculo registou valores entre 26,84% e 94,92%.
(Miralles et al., 1989)

Este estudo conduzido por Miralles et al. permitiu concluir que a média de
actividade electromiográfica do músculo masséter em guia canina foi significativamente
mais baixa do que em oclusão balanceada, enquanto no músculo temporal anterior foi
similar. (Miralles et al., 1989) Os mesmos resultados foram obtidos por Grubwieser,
concluindo que em guia canina a actividade muscular está significativamente diminuída.
A diferença de valores entre os distintos esquemas oclusais pode ser um factor

12
Princípios de Oclusão Ideal em Diferentes Tipos de Reabilitação

importante no modo de prevenir a actividade parafuncional e a reabsorção do osso


alveolar em pacientes edêntulos. (Grubwieser et al., 1999; Peroz et al., 2003)

Em termos cinetomográficos, Paleari et al., concluiu que a mudança do


esquema, não produz qualquer efeito durante os movimentos funcionais do ciclo
mastigatório. Estes resultados vêm reforçar a hipótese da articulação têmporo-
-mandibular apresentar um papel preponderante no controlo dos movimentos, mesmo
sem informação dos mecanoreceptores do LP. A dinâmica mastigatória mantém-se
inalterada por ser uma actividade rítmica modulada pelo sistema nervoso central.
(Paleari et al., 2012)

3.2.2.2. Oclusão Monoplano e Oclusão Lingualizada


Existem três formas oclusais morfológicas das coroas, não anatómico, semi-
anatómico e anatómico, que permitem diversas formas de montagem dos dentes, como,
por exemplo a oclusão monoplano e a oclusão lingualizada. O tipo de oclusão
monoplano é caracterizado por ser constituído por próteses com dentes não-anatómicos
tanto maxilares como mandibulares, sem interferências anteriores. (Invahoe & Vaught,
1987) Este tipo de oclusão apresenta vantagens como a diminuição da possibilidade de
prematuridades durante a função, liberdade de movimentos horizontais, como, também
proporciona a diminuição das forças laterais lesivas. A utilização de dentes não
anatómicos permite uma adaptação intermaxilar mais fácil, especialmente em casos de
Classe II e III de Angle, e ainda em casos que exista mordida cruzada. (Jones, 1972)
Este tipo de oclusão é, no entanto, inestético e difícil de se alcançar a oclusão
balanceada. (ver anexo 9) (Ivanhoe & Vaught, 1987)

A oclusão lingualizada descrita por Becker é caracterizada por dentes


anatómicos montados na prótese maxilar e dentes não-anatómicos modificados ou semi-
-anatómicos inseridos na prótese inferior. Este tipo de oclusão é caracterizado pela
inclinação vestibular dos dentes maxilares posteriores, permitindo que a cúspide
palatina destes dentes contacte com os dentes inferiores. Na relação cêntrica, a cúspide
vestibular dos dentes mandibulares já não contacta com os dentes superiores. É
importante não confundir oclusão lingualizada com a posição lingual dos dentes da
prótese mandibular. Becker afirmou que este tipo de oclusão é especialmente favorável
quando existe prioridade estética pelo paciente e ao mesmo tempo a condição oral não
permite que seja reabilitado com dentes anatómicos, tais como reabsorção alveolar

13
Princípios de Oclusão Ideal em Diferentes Tipos de Reabilitação

severa, relação oclusal classe II de Angle ou tecidos de suporte deslocáveis. (ver anexo
10) (Becker et al., 1977)

3.2.2.3. “Leis da Articulação” - Hanau, 1926


As próteses devem evidenciar as características mecânicas fundamentais que
melhor atendem os requisitos fisiológicos e biológicos de cada paciente. (Jordan, 1978)
Em 1926, Rudolph L. Hanau descreveu um conjunto de cinco leis da articulação a que é
necessário obedecer para se ter sucesso na reabilitação em oclusão balanceada, e, que
tem sido visto como a principal referência nesta matéria, sendo conhecido como o
“quinto de Hanau”: (1) inclinação da Guia Condilar; (2) a proeminência da curva de
compensação; (3) inclinação do plano oclusal; (4) inclinação da Guia Incisiva; (5) altura
das cúspides. Cada um dos factores tem influência nos outros quatro. (ver anexo 11)
(Trapozzano, 1963)
A guia condilar é proporcionada pelos côndilos da mandíbula sobre a eminência
articular guiando os movimentos mandibulares e é o único factor que não pode ser
alterado pelo médico dentista. (Stewart et al., 1988; Jordan, 1978) Kurthl mostrou que a
guia condilar não é a mesma com diferentes guias incisivas, e Payne que os côndilos
percorrem a eminência articular utilizando dentes com diferentes anatomias. Estes
resultados permitiram concluir que os dentes são o principal guia da mandíbula assim
que ocluem. (Ortman, 1971) Por sua vez, a guia incisiva é estabelecida pelo
deslizamento do bordo incisal dos incisivos inferiores pela face palatina dos incisivos
superiores. A guia incisiva pode ser controlada pelo médico dentista, dentro de certos
limites, tendo em consideração a relação e espaço interarcada, a forma e altura do
rebordo e factores estéticos e fonéticos. (Trapozzano, 1963) Os princípios da oclusão
balanceada requerem o registo da guia condilar e o estabelecimento da guia incisiva,
através dos determinantes estéticos e fonéticos, relações esqueléticas e a dimensão
vertical de oclusão aceitável. (Taylor et al., 2005)
Para Trapozzano a altura e inclinação cuspídea é o último factor a ter em
consideração para a oclusão em prótese total. Trapozzano refere que para se obter a
oclusão balanceada é necessário que exista uma relação harmoniosa entre os dois
últimos factores (guia condilar e guia incisiva) e a inclinação cuspídea. A altura
cuspídea exerce a sua influência na quantidade de contacto realizado durante o
movimento excêntrico. Deste modo, quanto mais alta for a cuspíde, maior é o alcance
do contacto dentário durante o movimento excêntrico. Do ponto de vista prático, a

14
Princípios de Oclusão Ideal em Diferentes Tipos de Reabilitação

altura e a inclinação cuspídea devem ser suficientes para permitir o contacto permanente
dentro dos limites funcionais dos movimentos excêntricos. (Trapozzano, 1963)
Boucher escreveu que a inclinação do plano oclusal era delimitada anteriormente
pelos incisivos previamente montados e termina perto da altura do topo do corpo
piriforme, ficando orientado do mesmo modo que a dentição natural antecedente. A
curva de compensação permite alterar a inclinação cuspídea em relação ao plano
horizontal sem que haja alteração da morfologia dentária individual. Isto significa que a
inclinação mesial dos dentes póstero-inferiores numa linha mais ou menos curva,
permite estar em conformidade com os restantes determinantes. (Boucher, 1963) A
alteração destes dois parâmetros tem como objectivo alcançar contactos oclusais
simultâneos e bilaterais. (Taylor et al., 2005)

3.2.3. Prótese Parcial Removível


Na reabilitação protética parcial, deve existir uma relação harmoniosa entre os
dentes naturais e os artificiais, tanto em termos funcionais como estéticos. Para se
atingir este resultado é necessário que o médico dentista compreenda os factores básicos
que afectam a oclusão do paciente. (Ivanhoe & Plummer, 2004)

Neste tipo de reabilitação o quinto de Hanau necessário para a estabilidade e


sucesso da oclusão balanceada já não é tão relevante, pois os factores que governam a
morfologia oclusal estão previamente determinados. (McGivney & Carr, 2000) Os
dentes remanescentes determinam a proeminência da curva de compensação, o plano
oclusal está presente, a guia incisiva é determinada pela presença de dentes anteriores e
a altura das cúspides já está estabelecida. Existem, no entanto, duas excepções em que é
necessário recorrer às leis de Hanau: (1) quando a prótese parcial removível é oposta a
uma prótese total, e, (2) quando apenas existem os dentes anteriores nas duas arcadas,
sem interferências nos incisivos. (Stewart et al., 1988)

3.2.3.1. Princípios de Oclusão em Prótese Parcial Removível


De modo a ser estabelecido uma oclusão satisfatória em pacientes parcialmente
dentados deve ser analisada a oclusão existente, corrigida a desarmonia oclusal
presente, efectuado o registo em RC ou ICM como escolhido pelo médico dentista e dos
movimentos lateriais, e, por último, corrigida as discrepâncias oclusais criadas pela
estrutura metálica da prótese. (McGivney & Carr, 2000)

15
Princípios de Oclusão Ideal em Diferentes Tipos de Reabilitação

Em concordância com a reabilitação de prótese total removível e dentição


natural, os contactos simultâneos bilateriais entre dentes naturais e dentes artificiais e
entre dentes naturais são desejados em ICM. Esta configuração permite que as forças
sejam distribuídas igualmente pelos dentes e pelas cristas alveolares residuais,
diminuindo as forças de torque sobre os dentes de suporte (Henderson, 1972) O
esquema oclusal numa prótese dento-suportada em laterotrusão não deve ser sujeito a
alterações. A oclusão neste tipo de reabilitação deve ser similar à oclusão em dentição
natural, a menos que seja necessário alguma alteração de modo a corrigir uma situação
não-fisiológica (Colman, 1967) Se existir restabelecimento do movimento excursivo
lateral deve ser preferida a guia canina quando ainda permanecem os caninos naturais
na arcada sem problemas periodontais ou quando são substituídos por implantes. Este
tipo de oclusão reduz as forças laterais posteriores e a carga oclusal total sobre a
prótese. (Ivanhoe & Plummer, 2004) Quando a prótese parcial removível está oposta a
uma prótese total removível, é preferível o esquema oclusal em oclusão balanceada, de
modo a promover maior estabilidade. (Stewart et al., 1988)

Em próteses com selas livres bilaterais deve existir contacto simultâneo do lado
de trabalho e de balanceio, com os dentes montados sobre a crista óssea alveolar. Este
tipo de arranjo oclusal tem como principal vantagem evitar a perda de retenção quando
sujeito a forças oclusais, pois permite o contínuo contacto contra-lateral quando o bolo
alimentar entra na boca. No entanto, pode existir o comprometimento deste tipo oclusal
quando o paciente possui um overjet muito acentuado nos dentes anteriores. (Stewart et
al., 1988; Henderson, 1972)

No caso de selas livres unilaterais já não são necessários contactos no lado de


balanceio, pois o lado contra-lateral é dento-suportado, não havendo transmissão de
forças oclusais para a prótese, pois são distribuídas eficazmente pelos dentes e pelo
palato. (Stewart et al., 1988) Mas, no lado de trabalho, as próteses parciais com
extensão distal da sela devem contactar conjuntamente com os dentes naturais, de modo
a distribuir mais eficazmente a força oclusal. (McGivney & Carr, 2000)

Em reabilitações classe IV de Kennedy, ou seja, substituição de dentes apenas na


porção anterior do maxilar, deseja-se que exista contacto ligeiro em ICM com os dentes
naturais opostos, de modo a prevenir a contínua erupção destes. (Ivanhoe & Plummer,
2004, McGivney & Carr, 2000) No entanto, no movimento excêntrico protrusivo, pode

16
Princípios de Oclusão Ideal em Diferentes Tipos de Reabilitação

existir contacto de modo a desenvolver a guia incisiva, mas os dentes devem ser
montados de modo a permitir a oclusão balanceada. (McGivney & Carr, 2000)

Quando existem dentes anteriores naturais e saudáveis, os dentes posteriores não


devem contactar durante o movimento protrusivo, salvo as situações em que seja
necessário a oclusão balanceada, como nos casos em que existe uma prótese total
oposta. (Ivanhoe & Plummer, 2004) Finalmente, o último dente reabilitado não deve
estar colocado posteriormente ao início do corpo piriforme, pois, nesse caso poderá
causar forças de deslocamento na prótese. (Henderson, 1972)

3.3. Reabilitação em Implantologia

3.3.1. Relação Dente-Implante


No início dos anos 60, Brånemark desenvolveu um novo implante que é
ancorado directamente no osso – fenómeno que se denomina como osteointegração.
(Lindhe et al., 2005) Para a osteointegração ser bem sucedida deve existir uma boa
biocompatibilidade do material e o implante deve possuir uma configuração externa
adequada. (Schroeder et al., 1981)

A integração de um implante no osso alveolar é bastante diferente quando


comparado com a de um dente natural. d’Hoedt descreveu que a condição mais
favorável para que um implante tenha sucesso a longo prazo é pela aposição óssea,
ficando o implante osteointegrado. A aposição óssea como meio de integração do
implante no osso, tem sido descrito para vários tipos de implantes, requerendo a
presença de substratos celulares e moleculares que interajam com os materiais
biológicos, tendo em conta as suas características físico-químicas. (Schulte, 1995)

Do ponto de vista histológico, não existe tecido conjuntivo entre a superfície do


implante e o osso circundante. (Lindhe et al., 2005) A partir de microscopia electrónica,
foi possível visualizar a firme microancoragem do osso ao implante (ver anexo 12), e,
na zona do colo do implante foram visualizadas fibras de colagéneo, percorrendo a sua
superfície desde a crista óssea até ao epitélio oral. (Schroede et al., 1981)

Assume-se que um implante osteointegrado está desprovido de qualquer ligação


desmossómica, alterando o seu comportamento biofísico e neurofísico. Quando um
implante é sobrecarregado por uma força axial apenas um décimo da mobilidade de um
dente natural é esperada. O movimento é caracterizado pela deformação elástica do

17
Princípios de Oclusão Ideal em Diferentes Tipos de Reabilitação

osso, correspondendo à segunda fase no movimento de um dente natural. Este


movimento possui um valor médio de deslocamento entre 3-5 µm. (Schulte, 1995;
Gross, 2008)

Do ponto de vista fisiológico a adaptação de um implante a forças de tensão e


pressão oclusais é diferente da de um dente natural. Durante os movimentos de excursão
lateral, protrusão e de mastigação ocorrem deformações e torsões no esqueleto
mandibular e maxilar, havendo uma concentração do stress oclusal na crista óssea.
(Schulte, 1995)

A nível neurofisiológico, o estudo conduzido por Mericske-Stern concluiu que a


ausência do LP tem consequências na percepção da pressão mínima exercida no
implante – sensibilidade táctil passiva - e na espessura mínima apercebida pelo paciente
– sensibilidade táctil activa. A inexistência de mecanoreceptores no osso que envolve o
implante acaba por diminuir a sensibilidade táctil activa e passiva. (ver anexo 8)
(Mericske-Stern et al., 1995)

3.3.2. Tipos e Princípios de Oclusão em Implantes


Ao longo dos tempos assistiu-se a um grande desenvolvimento na área dos
implantes, nomeadamente no campo cirúrgico. Mas apesar dos conhecimentos
adquiridos sobre as técnicas cirúrgicas, um aspecto crítico para o sucesso a longo-prazo
é a reabilitação protética. (Jackson, 2003)

Devido ao fenómeno de osteointegração dos implantes, as suas bases e os seus


princípios em reabilitação são bastantes distintos das reabilitações em dentes naturais.
(Chapman, 1989; Kim et al., 2005) Deste modo, é importante que o paciente reabilitado
com implantes tenha uma oclusão que promova o mínimo de stress sobre a prótese e o
interface implante-osso. (Chapman, 1989) Com o objectivo de se assegurar a melhor
oclusão possível, ao longo dos anos foram propostas várias modificações aos conceitos
de oclusão convencionais. (Kim et al., 2005)

Seguindo os critérios oclusais convencionais da dentição natural e passando-os


para a reabilitação com implantes podem-se nomear os seguintes princípios básicos para
uma oclusão estável em implantes: estabilidade bilateral em intercuspidação máxima;
contactos e forças oclusais igualmente distribuídos; liberdade de movimento em
intercuspidação máxima; guia anterior quando for possível; excursões mandibulares

18
Princípios de Oclusão Ideal em Diferentes Tipos de Reabilitação

laterais suaves sem interferências do lado de trabalho e de não-trabalho; ausência de


interferências entre a posição de relação cêntrica e intercuspidação máxima. (Kim et al.,
2005)

Como já vimos anteriormente, contactos simultâneos e bilaterais em


intercuspidação máxima são importantes para estabilizar a oclusão e todo o aparelho
mastigatório (Beyron, 1973; Chapman, 1989) A distribuição dos contactos também
resulta numa distribuição de força oclusal mais apropriada, evitando a concentração de
forças sobre um implante. (Lundgren & Laurell, 1994) O estudo conduzido por
Quirynen et al. sobre o sucesso da reabilitação tendo em conta a força oclusal e o
padrão de superfície do implante, referiu existir uma maior perda de osso marginal
quando os implantes estão expostos a maior carga oclusal devido à inexistência de
contactos oclusais anteriores. (Quirynen et al., 1992)

Como dito anteriormente, existe uma redução da actividade muscular quando


são executados movimentos de lateralidade e de protrusão com a consequente
desoclusão dos dentes posteriores. (Manns et al., 1987; Gibbs et al., 1981) Deste modo,
podemos admitir que é desejável existir guia canina e guia anterior de maneira a
minimizar forças prejudiciais sobre os implantes posteriores. (Kim et al., 2005)

A oclusão deve ser desprovida de qualquer interferência, quer nos movimentos


laterais, quer no movimento entre cêntricas, pois provoca o aumento da força oclusal
quando um contacto prematuro está presente. Um estudo realizado por Laurell &
Lundgren verificou que uma interferência com 80 µm altera consideravelmente as
forças oclusais sobre a unidade protética, podendo interferir com o padrão
neuromuscular da mastigação. (Laurell & Lundgren, 1987)

Em 1996, Hobkirk & Brouziotou-Davas testaram a influência do esquema


oclusal nas forças mastigatórias em próteses implanto-suportadas, tendo analisado
pacientes reabilitados com prótese mandibular estabilizada por implantes em contacto
com uma arcada dentária natural maxilar. Hobkirk & Brouziotou-Davas concluíram que
existe uma diferença na força máxima mastigatória e nas taxas de carga entre a oclusão
com guia canina e oclusão balanceada. A oclusão balanceada obteve valores mais
baixos nestes dois parâmetros quando os pacientes mastigaram nozes e cenouras.
(Hobkirk & Brouziotou-Davas, 1996)

19
Princípios de Oclusão Ideal em Diferentes Tipos de Reabilitação

Para Wismeijer et al. a arcada oponente é a condição que mais influencia a


escolha do esquema oclusal em casos que se quer reabilitar um maxilar completamente
edêntulo. Podem existir 3 condições: maxilar edêntulo, maxilar completamente dentado
e maxilar parcialmente dentado. Os autores deste artigo propuseram uma reabilitação
com prótese muco-suportada, ou implanto-muco-suportada, com a adopção de um
esquema em oclusão balanceada quando o maxilar oponente é um maxilar
completamente edêntulo, podendo recorrer à oclusão lingualizada. Para uma oclusão
com uma arcada completamente dentada, recomendam uma reabilitação implanto-
-suportada em oclusão mutuamente protegida. Finalmente, para uma oclusão com um
maxilar parcialmente edêntulo as várias classificações de Kennedy devem ser
consideradas: Classe I; Classe II; Classe III e Classe IV. Para uma Classe I restaurada
com prótese parcial removível é aconselhado reabilitar com prótese implanto-suportada
ou muco-implanto-suportada em oclusão balanceada. Quando a arcada oponente está
reabilitada com prótese fixa é aconselhado reabilitar a arcada com prótese implanto-
-suportada em oclusão mutuamente protegida. Se o paciente tem uma arcada oponente
Classe II de Kennedy e a prótese a ser executada seja muco-implanto-suportada, os
autores do artigo aconselham que o esquema oclusal adoptado seja em oclusão
balanceada. Caso contrário, se a arcada for reabilitada com uma prótese implanto-
-suportada deve ser preferida a oclusão mutuamente protegida. Por fim, nos casos em
que o maxilar oponente tem uma desdentação Classe III e Classe IV é aconselhado a
reabilitação com uma prótese implanto-suportada com uma oclusão em função de
grupo, ou seja, mutuamente protegida. (Wismeijer et al., 1995)

3.3.3. Momento do Contacto Oclusal


É imperativo fazer um controlo cuidado a toda oclusão, fazendo o registo e se
necessário ajustar a oclusão quando o paciente oclui em intercuspidação máxima e nos
movimentos laterais. Desta maneira, evita-se a supra-oclusão nas unidades implantares,
visto serem integrados no osso. (Lundgren & Laurell, 1994)

Como visto anteriormente, o dente é caracterizado por dois tipos de movimentos,


enquanto o implante é caracterizado apenas por um, correspondendo ao movimento
final do dente. (Schulte, 1995) Quando um implante é submetido a uma força ligeira
(<20N) apenas é intruído cerca de 2 µm, por sua vez, um dente natural é intruído no seu
alvéolo cerca de 50 µm. Isto significa que se as coroas dos implantes forem colocadas
ao nível das coroas dos dentes naturais, durante o encerramento ligeiro e forçado os

20
Princípios de Oclusão Ideal em Diferentes Tipos de Reabilitação

implantes irão suportar a maior parte da carga oclusal. (Lundgren & Laurell, 1994) Por
esta razão, é recomendado a avaliação do contacto oclusal em contacto ligeiro e em
contacto forte. Em contacto ligeiro deve apenas existir contacto entre os dentes das
arcadas, enquanto que a coroa do implante não deve contactar. Quando o paciente
executa um movimento de encerramento forte devem existir pontos de contacto
distribuídos igualmente em todos os dentes e implantes, não devendo existir movimento
para a frente ou lateral entre o contacto ligeiro e o contacto forte. (Carlsson, 2009) Esta
técnica também deve ser aplicada em movimentos laterotrusivos. A diferença no
momento do contacto oclusal não vai gerar a extrusão do dente antagonista. (Lundgren
& Laurell, 1994)

Mas, em certas situações os implantes não precisam de uma oclusão protegida


pelos dentes, sendo capazes de funcionar satisfatoriamente, pois estão em suficiente
número, estão bem distribuídos e foram adequadamente osteointegrados. Se se
verificarem estas três condições, as forças oclusais podem estar mais ou menos
concentradas sobre os implantes, protegendo dentes hipermóveis ou alterando as
condições de uma mordida colapsada. (Lundgren & Laurell, 1994)

Contudo, os dentes, ao contrário dos implantes, não se encontram fixos numa


posição, existindo alterações posicionais que podem provocar stress oclusal sobre os
implantes. (Rangert et al., 1997) Para evitar estas situações é imperativo re-avaliar e
ajustar periodicamente a oclusão. (Kim et al., 2005)

3.3.4. Cantilevers
Complicações em reabilitações implanto-suportadas, como por exemplo fractura
da prótese e desaparafusamento do implante, estão descritas na literatura, sendo muitas
vezes devido a forças biomecânicas geradas durante a oclusão em cantilevers de
próteses fixas implanto-suportadas. (Rodriguez et al., 1994)

Estudos realizados para determinar as forças mastigatórias sobre as prótese


mandibulares fixas chegaram à conclusão que a porção posterior dos cantilevers é
submetida a uma maior carga oclusal do que a porção anterior. Um estudo realizado por
Lundgren et al. em 1987 registou valores de forças em oclusão normal de 17+- 8 N e 17
+-5 N, para a região anterior, do lado de mastigação e não mastigação, respectivamente,
e para a porção posterior de 28 +-10 N e 22 +-10 N, do lado de mastigação e não
mastigação, respectivamente. (Lundgren et al., 1987) Para contrariar a distribuição de

21
Princípios de Oclusão Ideal em Diferentes Tipos de Reabilitação

força elevada pelos cantilevers posteriores, Lundgren et al. em 1989, realizou um estudo
onde colocou, alternadamente, as duas unidades dentárias posteriores do cantilever 100
µm em infra-oclusão. Os autores deste estudo chegaram à conclusão que colocar a
última unidade dentária em infra-oclusão provoca a diminuição da força oclusal total,
registando valores de 294 +- 54N em infra-oclusão e 352+-92 na oclusão normal. Este
fenómeno pode ser explicado pela transferência da força para os segmentos anteriores,
que por estarem mais afastados do fulcro da força, reduzem a força total sobre a
reabilitação protética. (Lundgren et al., 1989)

O comprimento do cantilever também tem sido associado à perda de osso


marginal que circunda o implante. Um estudo realizado por Schackleton et al. procurou
determinar o comprimento adequado no cantilever posterior para se ter sucesso. O
estudo avaliou comprimentos de cantilevers até 15 mm inclusive e maiores de 15 mm,
medidos desde a face distal do apoio distal e a ponta da estrutura de metal. Os
cantilevers com menos de 15 mm tiveram uma taxa de sucesso significativamente maior
que a dos cantilevers de comprimento maior que 15 mm. Este estudo permitiu concluir
que o comprimento do cantilever na reabilitação mandibular não deve ultrapassar os 15
mm. (Shackleton et al., 1994) Paralelamente, Rangert recomenda a utilização de
cantilevers com comprimento de 10 mm ou inferior na maxila devido à estrutura óssea
desta estrutura ser mais porosa. (Rodriguez et al., 1994)

4. FORMAS ANATÓMICAS OCLUSAIS

No esforço de procurar a oclusão ideal foram sugeridas várias formas


anatómicas que contribuíssem para a máxima estabilidade da prótese e maior eficiência
mastigatória, sem compromoter a saúde do osso subjacente. (Becker et al., 1977)
Actualmente, existe uma grande variedade de formas anatómicas oclusais para os dentes
posteriores artificiais, desde dentes em formas monoplano ou não anatómicos
(inclinação cuspídea de 0º), dentes semi-anatómicos (inclinação cuspídea de 20 a 30º) e
dentes anatómicos (inclinação cuspídea de 30 a 45º). (Ivanhoe & Vaught, 1987)

Os dentes anatómicos apresentam como principais vantagens: (1) penetrarem


melhor na comida; (2) a inclinação cuspídea proporciona a oclusão balanceada e guia a

22
Princípios de Oclusão Ideal em Diferentes Tipos de Reabilitação

desoclução dentária, importante para pacientes que necessitem de um overjet acentuado


de modo a satisfazer as necessidades estéticas; e, (3) melhor estética dentária. (Shafie &
Luaciello, 2007; Becker et al., 1977) Contudo, estes dentes apresentam algumas
desvantagens como, por exemplo: (1) maior potencial para as forças destrutivas laterais;
(2) relação intercuspídea é limitada, significando que se não existir uma relação classe I
de Angle nos dentes anteriores, são necessárias modificações dentárias de modo a que o
primeiro pré-molar se posicione depois do canino; (3) são necessários mais ajustes
oclusais após processamento da prótese. (Shafie & Luaciello, 2007) Por sua vez, os
dentes não anatómicos apresentam como principais vantagens: (1) não bloqueiam a
posição da mandíbula numa posição; (2) são fáceis de montar; (3) minimizam a
distribuição de forças prejudiciais laterais; (4) adaptam-se facilmente a relações
maxilares classe II e classe III. (Becker et al., 1977) Apresentam também desvantagens,
como, por exemplo: (1) são pobres a nível estético; (2) têm pouca eficiência
mastigatória; (3) dificultam a montagem em oclusão balanceada; (4) a guia incisiva
deve ser eliminada devido à ausência de inclinações cuspídeas. (Becker et al., 1977;
Shafie & Luaciello, 2007)

A área de contacto com a superfície da coroa e a sua localização têm grande


impacto na distribuição da força oclusal. (Weinberg, 1998) O controlo da direcção e
magnitude da força oclusal em implantes osteointegrados é um factor chave no sucesso
a longo termo. (Kaukinen et al., 1996)

Um estudo realizado por Kaukinen et al., estudou a influência do desenho


oclusal nas forças transmitidas ao osso de suporte. Este estudo verificou que em dentes
com uma inclinação cuspídea de 33º era necessária uma força inicial equivalente a
3,846 Kg para quebrar o alimento, e em dentes com uma inclinação cuspídea de 0º era
necessária uma força inicial de 1,938 Kg, sendo estatisticamente diferentes. A máxima
força de mastigação obtida com os dentes de 33º foi de 4,818 Kg enquanto que com os
dentes de 0º foi de 4,588 Kg, não existindo diferenças estatísticas. O estudo de
Kaukinen et al. também avaliou a máxima tensão na região óssea, tendo sido registados
valores de 0,418 Kg e de 0,387 Kg para dentes de 33º e 0º de inclinação cuspídea,
respectivamente, sendo estatisticamente não significativos. Os autores deste estudo
concluíram que o desenho oclusal ideal deve conter a redução da inclinação cuspídea,
pouca anatomia oclusal e fossas e fissuras largas. (Kaukinen et al., 1996) Para além

23
Princípios de Oclusão Ideal em Diferentes Tipos de Reabilitação

disto, a anatomia oclusal da coroa deve conter uma fossa central de 1,5 mm, de modo a
fornecer uma força resultante paralela ao longo eixo do implante. (Weinberg, 1998)

Outro estudo efectuado por Khamis et al., comparou as diferentes formas


oclusais – 30º; 0º e lingualizados – na eficácia mastigatória. Todos os pacientes testados
preferiram a forma oclusal com cuspídes inclinadas 30º e lingualizada em detrimento
dos dentes com cuspídes com 0º de inclinação, especialmente em alimentos mais duros.
A preferência dos pacientes foi corroborada com os dados objectivos registados pelos
autores. Os pacientes com coroas de 33º contactaram os dentes 20,06 vezes em média
até a boca estar vazia, por sua vez, em coroas com 0º de inclinação os pacientes tiveram
de contactar em média 24,71 vezes, sendo estatisticamente diferente. Na análise
radiográfica, os autores não registaram qualquer diferença significativa em termos de
densidade e altura do osso envolvente. (Khamis et al., 1998)

Uma redução de 30-40% da mesa oclusal foi proposto de modo a reduzir as


forças transmitidas. Para além disto, uma mesa oclusal maior que o diâmetro do
implante pode causar movimentos de flexão. (Rangert et al., 1997) Assim, uma mesa
oclusal estreita proporciona uma diminuição e distribuição da força mais paralela ao
longo eixo do implante, impedindo o movimento de flexão. (Kim et al., 2005)

5. DISCUSSÃO – GUIDELINES E APLICAÇÃO CLÍNICA

5.1. Reabilitação em Dentisteria Conservadora, Prostodontia Fixa (sem implantes)


Durante os procedimentos restauradores é necessário cumprir com certos
requerimentos de modo a produzir uma oclusão harmoniosa entre a articulação
têmporo-mandibular e o contacto dentário. Estes requerimentos incluem um contacto
oclusal bilateral simultâneo em intercuspidação máxima, com uma resultante de forças
paralelo ao longo eixo do dente. (Pokorny et al, 2008) Para se verificar uma resultante
de forças paralela ao longo eixo do dente é necessário que exista um contacto tripóide
entre a ponta da cúspide e a fossa do dente oponente. É importante que o contacto não
se realize numa localização entre a ponta da cúspide e o fundo da fossa do mesmo
dente, pois, caso contrário produzirá uma resultante de forças oblíqua ao longo eixo do

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Princípios de Oclusão Ideal em Diferentes Tipos de Reabilitação

dente. (Thomson, 1981) Para dissipar melhor as forças oclusais é também importante
que exista um bom contacto interproximal entre dentes contíguos. (Beyron1954)

A maioria dos indivíduos, cerca de 90%, não apresenta coincidência entre a


oclusão em intercuspidação máxima e a relação cêntrica. (Beyron, 1973) Apesar de a
oclusão em relação cêntrica ser a posição de referência para o correcto alinhamento
dentário, não devemos concluir que ao realizar uma restauração simples ou uma coroa
num dente, se deve alterar a relação oclusal fisiológica. (Beyron, 1973; Davies et al.,
2001b) Deve sim, existir uma liberdade entre cêntricas de cerca de 1 mm de modo a
manter um funcionamento muscular harmonioso. (Beyron, 1973)

É aconselhado que os dentes a serem reabilitados concebam uma oclusão


mutuamente protegida, isto significa que, os dentes posteriores devem desocluir na guia
anterior, e, em ICM os dentes posteriores devem ter uma contacto mais forte que os
dentes anteriores. A guia de lateralidade deve ser mediada pelo canino ou pela função
de grupo, sendo as duas fisiológicas. A menos que exista uma relação dentária pré-
-existente diferente e sem sinais e sintomas de disfunção têmporo-mandibular, uma
proporção coroa:raíz reduzida, mobilidade ou frémito no dente, a força pode ser
distribuída por um número maior de dentes (Mohl et al., 1989) Para ser mantida a
harmonia oclusal também é necessária a ausência de interferências oclusais. (Davies et
al., 2001b)

5.2. Reabilitação em Prótese Removível

5.2.1. Oclusão em Prótese Total Removível


Para o sucesso da reabilitação protética é necessário que exista uma montagem
em articulador que siga os parâmetros das leis da articulação, específico para cada
paciente. Se algum valor for alterado, como, por exemplo, acentuar a inclinação da guia
condilar, podem ser induzidos erros sobre a configuração oclusal ideal. (Jordan, 1978)

O estudo de Taylor et al., profere que a evidência que suporta a utilização de


determinado esquema oclusal para a prótese removível é baseado em estudos in vitro e
na opinião de especialistas. (Taylor et al., 2005) Actualmente, ainda se aceita a oclusão
balanceada como o esquema oclusal a ser adoptado para a prótese removível total, pois
é defendido que fornece uma maior estabilidade. (Davies et al., 2001b) Contudo, tem-se
assistido a um aumento do número de defensores que apoiam a presença de guia canina

25
Princípios de Oclusão Ideal em Diferentes Tipos de Reabilitação

nos movimentos excursivos da mandíbula. Os estudos indicam que existe uma


diminuição da actividade muscular, podendo contribuir para a prevenção da reabsorção
óssea e actividade parafuncional. (Miralles et al., 1989; Grubwieser et al., 1999)

Em casos de reabsorção alveolar severa, relação oclusal tipo II ou tipo III de


Angle ou em tecidos de suporte deslocáveis, pode ser adoptado o esquema de oclusão
lingualizada ou monoplano de modo a melhorar o conforto e a função. (Becker et al.,
1977; Lang, 2004)

Na oclusão em relação cêntrica deve estar presente a simultaneidade dos


contactos bilaterais. (Miralles et al., 1989) Melhora-se a estabilidade da prótese
evitando as prematuridades unilaterais e o mau posicionamento dos dentes na arcada.
(Davies et al., 2001b)

5.2.2. Oclusão em Prótese Parcial Removível


Em reabilitação com prótese parcial removível quatro possíveis quadros podem
existir sendo determinados segundo a classe de Kennedy presente.

Em reabilitações Classe III de Kennedy a morfologia oclusal dos dentes a ser


escolhida deve ser baseada nos dentes oponentes, de modo a que encaixem
perfeitamente. O paciente portador de um esquema oclusal fisiológico saudável deve ser
reabilitado na mesma posição. (McGivney & Carr, 2000) Se o canino estiver ausente ou
comprometido periodontalmente a função de grupo deve ser a preferida. (Ivanhoe &
Plummer, 2004) Por sua vez, se na arcada oponente existir uma prótese total removível
o esquema em oclusão balanceada deve ser o eleito. (Stewart et al., 1988) Contudo,
alguns autores preferem a oclusão em monoplano ou lingualizada, por ser clinicamente
difícil de se obter a oclusão balanceada. (Ivanhoe & Plummer, 2004)

Reabilitações em pacientes com Classe II de Kennedy devem seguir as mesmas


recomendações que os da Classe III salvo em duas excepções. A função de grupo deve
ser evitada quando os pré-molares estão ausentes, devendo existir guia canina,
reduzindo as forças laterais geradas durante o movimento de lateralidade. (Ivanhoe &
Plummer, 2004) A oclusão balanceada deve ser evitada, excepto quando oposta a uma
prótese total, de maneira a evitar o contacto oclusal sobre os dentes naturais no lado de
não-trabalho. (Stewart et al., 1988)

26
Princípios de Oclusão Ideal em Diferentes Tipos de Reabilitação

As reabilitações em Classe I de Kennedy devem seguir as recomendações das


duas anteriores, contudo, a oclusão balanceada deve ser preferida quando a guia canina
não é possível, de maneira a promover estabilidade na prótese. (Ivanhoe & Plummer,
2004)

Em reabilitações Classe IV de Kennedy, deve existir desoclusão ou ligeiro


contacto, durante o movimento de protrusão. (McGivney & Carr, 2000) Quando existe
uma prótese total oposta deve ser preferida uma oclusão balanceada, lingualizada ou
monoplano. (Ivanhoe & Plummer, 2004)

5.3. Oclusão em Implantologia

5.3.1. Oclusão no Implante Único


Devido às características de integração do implante no osso é necessário
fornecer o mínimo de força sobre a coroa e consequentemente sobre o interface
implante-osso. (Chapman, 1989) Para se verificar esta condição é necessário avaliar a
oclusão em 2 momentos: (1) contacto oclusal ligeiro; (2) contacto oclusal forte.
(Carlsson, 2009) Na primeira situação só deve existir contacto entre os dentes naturais,
por sua vez, quando o paciente realiza um contacto oclusal forte também deve existir
contacto ligeiro na coroa do implante. (Lundgren & Laurell, 1994) Esta técnica deve ser
igualmente aplicada nos movimentos excursivos, devendo ser adoptada a guia canina e
incisiva nos dentes naturais. (Kim et al., 2005; Lundgren & Laurell, 1994) Quando o
implante é sujeito a uma carga oclusal, a força é distribuída tridimensionalmente,
portanto, é necessário que exista um ponto de contacto entre dentes contíguos de modo
a melhorar a distribuição da força oclusal. (Misch, 2008; Kim et al., 2005)

Neste tipo de reabilitação a coroa deve possuir pouca inclinação cuspídea e o


contacto oclusal deve estar orientado para o centro da fossa plana de 1-1,5 mm de
largura. (Kaukinen et al., 1996; Weinberg, 1998) O contacto orientado para o centro da
coroa permite uma redução dos movimentos de flexão, impedindo assim problemas
mecânicos ou fracturas. (Kim et al., 2005)

5.3.2. Oclusão em prótese fixa total implanto-suportada


Quando se pretende reabilitar uma arcada completa com prótese fixa e implanto-
-suportada é necessário que exista uma oclusão estável com contactos simultâneos em
ICM e em RC, independentemente do esquema oclusal utilizado. (Kim et al., 2005) A

27
Princípios de Oclusão Ideal em Diferentes Tipos de Reabilitação

escolha do esquema oclusal vai estar dependente da condição da arcada oponente. Por
exemplo, se a arcada oponente for completamente dentada o esquema oclusal a adoptar
é a oclusão mutuamente protegida enquanto se for completamente edêntula deve-se
optar por um esquema em oclusão balanceada. (Wismeijer et al., 1995)

Neste tipo de reabilitação também é importante que exista uma coroa com uma
fossa central plana de 1-1,5 mm de largura de modo a promover uma direcção das
forças axial. (Weinberg, 1998) É importante que não existam interferências sob risco de
aumentar consideravelmente a força oclusal. (Laurell & Lundgren, 1987)

Os cantilevers posteriores na mandíbula não devem ultrapassar os 15 mm,


enquanto na maxila não devem ultrapassar os 10 mm, devido à composição óssea nesta
zona ser mais porosa. (Schackleton et al., 1994, Rodriguez et al., 1994) Também é
aconselhado que porção distal do cantilever esteja 100 µm em infra-oclusão de modo a
diminuir a carga oclusal total. (Lundgren et al., 1989)

5.3.3. Oclusão em prótese total removível implanto-suportada


Para a oclusão em prótese total em implantes deve ser optado um esquema
oclusal balanceado com contactos dentários em ambos os lados, de trabalho e de não
trabalho, durante todo o movimento excursivo. (Wismeijer et al., 1995) Contudo, para
cristas alveolares normais deve ser adoptado uma oclusão lingualizado, enquanto para
cristas muito reabsorvidas deve ser assumido um tipo de oclusão monoplano. (Kim et
al., 2005)

5.3.4. Oclusão em prótese fixa posterior implanto-suportada


A oclusão mutuamente protegida é aconselhada para este tipo de reabilitação,
devendo ser aplicada a guia canina. Os casos em que os dentes estejam comprometidos
periodontalmente é preferida a desoclusão em função de grupo no movimento
laterotrusivo. (Chapman, 1989; Kim et al., 2005) Para o sucesso da reabilitação é
importante que a coroa tenha pouca inclinação cuspídea, uma fossa central de 1-1,5 mm
de largura e uma mesa oclusal estreita de modo a diminuir e distribuir axialmente as
forças de oclusão. (Weinberg, 1998; Curtis et al., 2000) Muitas vezes a reabilitação com
uma oclusão normal em implantes na zona posterior da maxila pode levar à criação de
forças torque, pois o implante está posicionado mais horizontalmente. Nestes casos é
aconselhado a reabilitação com mordida cruzada de modo a que resultante das forças
oclusais seja orientada axialmente ao implante. (Weinberg, 1998)

28
Princípios de Oclusão Ideal em Diferentes Tipos de Reabilitação

6. CONCLUSÃO

Há mais de 100 anos que a disciplina de Oclusão é estudada e desde cedo


começou a gerar muita controvérsia. Ao longo dos anos novos conceitos têm surgido e
outros foram alterados, o que pode ter fomentado a confusão e levado a diferentes
interpretações entre os médicos dentistas.

Cada tipo de reabilitação detém um conjunto de características particulares que


devem ser consideradas para o seu sucesso. Na dentição natural, se não existirem sinais
nem sintomas de disfunção têmporo-mandibular, nem problemas funcionais ou estéticos
o procedimento restaurador não deve alterar o padrão de oclusão fisiológico.

Por sua vez, as próteses removíveis podem apresentar um suporte mucoso,


dentário ou dento-mucoso, sendo importante manter as condições de retenção,
estabilidade e suporte. Para isso, em prótese total removível, é avocada uma oclusão de
balanceio, existindo o permanente contacto dos dentes do lado de trabalho e de não-
-trabalho, durante os movimentos excursivos da mandíbula. No entanto, a desoclusão
pela guia canina tem cada vez mais defensores na literatura, devido aos resultados
obtidos nos estudos. A reabilitação em prótese parcial removível pode ser divida nas
quatro classes de Kennedy. Cada uma delas apresenta particularidades, como, por
exemplo a presença de selas livres bilaterais posteriores, e, na ausência dos caninos
naturais deve ser preferida a oclusão de balanceio.

Nos anos 60, Brånemark desenvolveu o implante osteointegrado modificando os


conceitos de oclusão. Na maioria dos casos, devido às propriedades de integração no
osso, a coroa do implante deve ser montada inferiormente em relação aos dentes
adjacentes. Desta maneira o implante apenas está sujeito a carga oclusal quando o dente
natural está no seu movimento final.

Após a realização desta monografia pôde-se concluir que a diversidade de


condições que caracterizam cada tipo de reabilitação condiciona a configuração do
esquema oclusal a ser empregue. Ao longo dos anos surgiram novas teorias e novos
conceitos que geraram mais ou menos controvérsia, porém, o médico dentista deve estar
a par deste conhecimento e da condição oral particular do paciente de modo a realizar o
melhor tratamento possível.

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Princípios de Oclusão Ideal em Diferentes Tipos de Reabilitação

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Princípios de Oclusão Ideal em Diferentes Tipos de Reabilitação

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XVIII
Princípios de Oclusão Ideal em Diferentes Tipos de Reabilitação

ANEXOS

Anexo 1

D
E

Anexo 1 – adaptado de Okeson, 2000

Posição em Relação Cêntrica

C- Côndilo da mandíbula; D- Disco articular; E- Eminência articular

A relação cêntrica é uma posição musculo-esquelética estável, onde os côndilos estão na


posição mais ântero-superior da fossa mandibular, apoiados nas vertentes posteriores
das eminências articulares com os discos articulares devidamente interpostos.

XIX
Princípios de Oclusão Ideal em Diferentes Tipos de Reabilitação

Anexo 2

Anexo 1 – in Mohl et al., 1988

Oclusão Balanceada

a- Vista frontal da oclusão balanceada em intercuspidação máxima;


b- Vista frontal da oclusão balanceado no movimento laterotrusivo;
c- Vista sagital da oclusão balanceada em intercuspidação máxima;
d- Vista sagital do lado de não-trabalho no movimento laterotrusivo em oclusão
balanceada.

XX
Princípios de Oclusão Ideal em Diferentes Tipos de Reabilitação

Anexo 3

Anexo 3 – in Okeson, 2000

Guia Canina

Neste tipo de guia o canino é o único dente que promove a desoclusão dos restantes
dentes. O canino é um dente que possui uma proporção coroa:raíz favorável e a face
palatina tem uma forma côncava que guia os movimentos.

XXI
Princípios de Oclusão Ideal em Diferentes Tipos de Reabilitação

Anexo 4

Anexo 4 – in Okeson, 2000

Guia em Função de Grupo

A guia em função de grupo também está incluída na oclusão mutuamente protegida,


porém, deve estar compreendida entre o dente canino e a cúspide mesio-vestibular do 1º
molar.

XXII
Princípios de Oclusão Ideal em Diferentes Tipos de Reabilitação

Anexo 5

Anexo 4 – in McGivney & Carr, 2000

Guia Incisiva

A guia incisiva promove a desoclusão dos dentes posteriores, através do deslizamento


do bordo incisal dos incisivos inferiores pela face palatina dos incisivos superiores.

XXIII
Princípios de Oclusão Ideal em Diferentes Tipos de Reabilitação

Anexo 6

ICM
RC

Anexo 6 – adaptado de Okeson, 2000

Diagrama descrito por Posselt

RC – Relação cêntrica; ICM – Posição de intercuspidação máxima

Esta imagem característica é formada pelos movimentos bordejantes da mandíbula. A


mandíbula ao executar movimentos bordejantes cria o diagrama descrito por Posselt
(vista sagital), e, nos movimentos de mastigar, engolir e falar, cria uma figura em forma
de gota (vista frontal). Note-se a coincidência da posição em relação cêntrica com o
movimento bordejante, e, da posição em intercuspidação máxima com o movimento
funcional.

XXIV
Princípios de Oclusão Ideal em Diferentes Tipos de Reabilitação

Anexo 7

Anexo 7 – in Lindhe et al., 2005

Ligamento Periodontal

RAIZ - Cemento radicular;

PDL – Ligamento periodontal;

ABP - Osso alveolar propriamente dito

Nesta imagem pode-se ver a união do dente ao processo alveolar através do ligamento
periodontal. O ligamento periodontal tem uma espessura de 0,25 mm (0,2-0,4 mm),
contribuindo para a distribuição das forças oclusais para o processo alveolar.

XXV
Princípios de Oclusão Ideal em Diferentes Tipos de Reabilitação

Anexo 8

Dente Implante
Ligação Ligamento periodontal Osteointegração
Mecanoreceptores do ligamento
Propriocepção Osteopercepção
periodontal
Sensibilidade Táctil Alta Baixa
Mobilidade Axial 25-100 µm 3-5 µm
Duas fases:
Primário: não-linear e Uma fase:
Fases do Movimento
complexo Linear e elástico
Secundário: linear e elástico
Padrão do Primário: movimento imediato
Movimento gradual
Movimento Secundário: movimento gradual
Localização do
fulcro na força Terço apical da raíz Crista óssea
lateral
Características de
Absorção da força Concentração do stress na
suporte da carga
Distribuição do stress crista óssea
oclusal
Tabela 1: Comparação entre o dente e o implante. (adaptado de Kim et al., 2005)

XXVI
Princípios de Oclusão Ideal em Diferentes Tipos de Reabilitação

Anexo 9

Anexo 8 – in Jones, 1972

Oclusão Monoplano

O tipo de oclusão monoplano é constituído por próteses com dentes não-


-anatómicos nos dois maxilares. Este tipo de oclusão proporciona uma diminuição das
forças laterais de deslocamento, e apresenta um menor risco para o aparecimento de
interferências. Os dentes não anatómicos permitem uma adaptação intermaxilar mais
fácil, especialmente em casos de Classe II e III de Angle, e em casos que exista mordida
cruzada.

XXVI
I
Princípios de Oclusão Ideal em Diferentes Tipos de Reabilitação

Anexo 10

Anexo 9 – in Shafie & Luaciello, 2007

Oclusão Lingualizada

A oclusão lingualizada é constituída por próteses com dentes anatómicos maxilares e


dentes não-anatómicos ou semi-anatómicos mandibulares. Os dentes superiores
apresentam uma inclinação vestibular, e, em relação cêntrica as cúspides vestibulares
dos dentes inferiores não contactam. Este tipo de oclusão é mais favorável esteticamente
quando comparado com a oclusão monoplano.

XXVI
II
Princípios de Oclusão Ideal em Diferentes Tipos de Reabilitação

Anexo 11

Anexo 10 – in Stewart et al., 1988

“Quinto de Hanau”

Rudolph L. Hanau descreveu cinco leis da articulação que têm de ser respeitadas para o
sucesso da reabilitação. Cada uma das leis tem influência nas outras quatro, e a
inclinação condilar é o único parâmetro que não pode ser alteração pelo médico
dentista.

XXIX
Princípios de Oclusão Ideal em Diferentes Tipos de Reabilitação

Anexo 12

Anexo 11 – adaptado de Lindhe et al., 2005

Osteointegração

A osteointegração define-se como o contacto directo entre o implante e o osso, e


ausência de tecido conjunto entre o interface implante-osso. Este tipo de implantes foi
desenvolvido por Brånemark, tendo havido necessidade de criar novos conceitos na
disciplina de Oclusão.

XXX

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