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Sistema para Ensaio de Desempenho de Ventiladores Pulmonares
Sistema para Ensaio de Desempenho de Ventiladores Pulmonares
Sistema para Ensaio de Desempenho de Ventiladores Pulmonares
FLORIANÓPOLIS
2007
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO
EM ENGENHARIA ELÉTRICA
Dissertação submetida à
Universidade Federal de Santa Catarina
como parte dos requisitos para a
obtenção do grau de Mestre em Engenharia Elétrica
‘Esta dissertação foi julgada adequada como um dos requisitos para a obtenção do Título
de Mestre em Engenharia Elétrica, Área de Concentração
em Engenharia Biomédica, e aprovado em sua forma final pelo
Programa de Pós-Graduação em Engenharia Elétrica da
Universidade Federal de Santa Catarina.’
______________________________________
Prof. Raimes Moraes, PhD.
Orientador
______________________________________
Profª. Kátia Campos de Almeida, PhD.
Coordenador do Programa de Pós-Graduação em Engenharia Elétrica
Banca Examinadora:
______________________________________
Prof. Raimes Moraes, PhD.
Presidente
______________________________________
Prof. Fernando Mendes de Azevedo, D. Sc.
______________________________________
Prof. Maurício Campelo Tavares, Dr.
______________________________________
Prof. Alcimar Barbosa Soares, PhD.
ii
“Dar menos que o seu melhor
é sacrificar o dom que você recebeu”
(Steve Prefontaine).
iii
Dedico este trabalho a meus pais,
Fernanda e Valdinar.
iv
AGRADECIMENTOS
Gostaria de deixar aqui meus agradecimentos a todos aqueles que, de alguma forma
contribuíram com este trabalho.
Começo por aquele que me deu a vida: Deus. Em seguida, àqueles que permitiram,
através da educação, do exemplo, das oportunidades que me proporcionaram, e do apoio
incondicional, que eu chegasse até aqui: meus queridos Pais, Fernanda e Valdinar. Sem
menos importância, agradeço aos meus Irmãos, Mayana e David, por fazerem parte desta
Família maravilhosa. Agradeço também àquela que me completa, que esteve ao meu lado
nos últimos anos e que – espero – estará por muitos outros: Ane.
Agradeço ao Prof. Raimes, pelos ensinamentos, pela orientação, especialmente nos
momentos de dispersão, e por acreditar no meu potencial.
Ao Instituto de Engenharia Biomédica pela estrutura de trabalho.
Ao Mário, pela amizade, pelo exemplo de dedicação e seriedade, e pela ajuda em
todos os momentos.
Ao Ruas, pela amizade e pelo frete grátis na mudança, mesmo estando com a corda
no pescoço, brigando contra prazos apertados.
Aos colegas de laboratório, que acabaram tornando-se grandes Amigos: Kolm,
Baggio, Samir, Ricardo, Paim, Luiz, Juliana, Paulo, Juliano, Gustavo, Robson, Daniel,
Marcos, Eduardo.
Ao Felipe, Vander, Márcio e Geovani pelas consultorias gratuitas em C++ Builder
e Banco de Dados.
Aos demais colegas de turma – Fernando, Priscila, César, Leandro, Rosele, Márcia,
Ricardo e Gabriela –, pela amizade e pela convivência nestes anos.
Aos amigos George e Raphael, com quem tive a felicidade de dividir o
apartamento, as contas e muitas risadas no último ano e meio.
Ao pessoal do LAT – Marisete, Humberto, Felipe e Erlon – e do CELEC do
Hospital Regional – Juliano, Eduardo, Marcos, Renan, Alisson e Rafael –, pela
colaboração.
À Bia e à Aline, pela disposição em superar os entraves burocráticos do dia-a-dia.
Aos demais Professores e Colegas do IEB.
Ao Prof. Saulo Güths, ao Edevaldo e ao Prof Samir Gerges, da Engenharia
Mecânica, pela solicitude na calibração dos sensores.
v
Ao Carlos Garcia, da Hospitália, pelo resistor pneumotacômetro.
Ao Maurício Tavares, da Contronic Sistemas Automáticos, por acreditar no projeto.
Ao CNPq (processo 507363/2004-3) pelo auxílio financeiro.
Agradeço também àqueles que quiseram criar obstáculos, pois me forçaram a me
dedicar ainda mais e a ir ainda mais longe.
vi
Resumo da Dissertação apresentado a UFSC como parte dos requisitos necessários
para a obtenção do grau de Mestre em Engenharia Elétrica.
Setembro/2007
vii
Abstract of Dissertation presented to UFSC as a partial fulfillment of the
requirements for the degree of Master in Electrical Engineering.
September/2007
viii
SUMÁRIO
LISTA DE FIGURAS.....................................................................................................XIII
LISTA DE TABELAS .................................................................................................. XVII
LISTA DE QUADROS................................................................................................XVIII
1. INTRODUÇÃO ........................................................................................................... 1
1.1. Objetivo .................................................................................................................. 2
1.1.1. Objetivos específicos......................................................................................... 2
1.2. Justificativas ........................................................................................................... 3
1.3. Organização do trabalho......................................................................................... 4
2. O SISTEMA RESPIRATÓRIO HUMANO ............................................................. 5
2.1. Anatomia do sistema respiratório ........................................................................... 5
2.2. Mecânica da ventilação pulmonar .......................................................................... 8
2.2.1. Pressões pulmonares........................................................................................ 10
2.2.2. Volumes e capacidades pulmonares ................................................................ 11
2.2.3. Ventilação alveolar e espaço morto................................................................. 12
2.2.4. Resistência das vias aéreas e complacência pulmonar .................................... 13
2.3. Difusão dos gases através da membrana respiratória ........................................... 14
2.3.1. Pressões parciais .............................................................................................. 14
2.3.2. Composição do ar alveolar .............................................................................. 15
2.3.3. Difusão de gases entre a fase gasosa e a fase dissolvida ................................. 15
2.4. Transporte dos gases no sangue............................................................................ 16
2.5. Regulação da respiração ....................................................................................... 18
2.6. Distúrbios respiratórios ........................................................................................ 21
2.6.1. Hipoxia ............................................................................................................ 21
2.6.2. Enfisema pulmonar.......................................................................................... 21
2.6.3. Pneumonia ....................................................................................................... 21
2.6.4. Edema pulmonar.............................................................................................. 22
2.6.5. Asma................................................................................................................ 22
2.6.6. Atelectasia ....................................................................................................... 22
2.6.7. SARA .............................................................................................................. 23
2.6.8. Trauma cerebral............................................................................................... 23
2.6.9. Embolismo pulmonar ...................................................................................... 23
ix
2.7. Resumo ................................................................................................................. 23
3. VENTILADORES PULMONARES........................................................................ 24
3.1. Diagrama funcional de um ventilador pulmonar.................................................. 25
3.1.1. Fontes de gases ................................................................................................ 27
3.1.2. Seção de entrada dos gases no ventilador pulmonar ....................................... 27
3.1.3. Misturador ar/oxigênio .................................................................................... 29
3.1.4. Reservatório interno da mistura dos gases ...................................................... 30
3.1.5. Dispositivo de entrega de fluxo ....................................................................... 30
3.1.6. Dispositivo de segurança do ramo inspiratório ............................................... 32
3.1.7. Sistema de nebulização da medicação............................................................. 32
3.1.8. Sensores de medição das variáveis respiratórias ............................................. 33
3.1.9. Sistema da expiração ....................................................................................... 33
3.1.10. Painel de comandos de programação............................................................... 34
3.1.11. Seção de monitorização de dados do paciente................................................. 35
3.1.12. Seção de alarmes ............................................................................................. 35
3.1.13. Sistema de controle interno ............................................................................. 36
3.1.14. Circuito respiratório do paciente ..................................................................... 36
3.1.15. Umidificador aquecido .................................................................................... 37
3.2. Classificação de ventiladores pulmonares............................................................ 37
3.2.1. Variável de controle......................................................................................... 40
3.2.2. Variáveis de fase.............................................................................................. 41
3.2.2.1. Variável de disparo.......................................................................................... 41
3.2.2.2. Variável de limite ............................................................................................ 42
3.2.2.3. Variável de ciclagem ....................................................................................... 42
3.2.2.4. Variável de linha de base................................................................................. 43
3.2.3. Modos de ventilação........................................................................................ 43
3.2.3.1. Ventilação mandatória contínua (Continuous Mandatory Ventilation – CMV) .
......................................................................................................................... 44
3.2.3.2. Ventilação mandatória assistida (Assisted Mandatory Ventilation – AMV)... 44
3.2.3.3. Ventilação mandatória intermitente (Intermittent Mandatory Ventilation –
IMV) ......................................................................................................................... 45
3.2.3.4. Ventilação com pressão de suporte (Pressure Support Ventilation – PSV).... 45
x
3.2.3.5. Ventilação com pressão contínua positiva nas vias aéreas (Continuous Positive
Airway Pressure – CPAP) ............................................................................................. 46
3.2.3.6. Ventilação com relação I:E inversa (Inverse Ratio Ventilation – IRV) .......... 46
3.2.3.7. Ventilação com liberação de pressão nas vias aéreas (Airway Pressure Release
Ventilation – APRV) ..................................................................................................... 46
3.2.3.8. Ventilação-minuto mandatória (Mandatory Minute-Ventilation – MMV) ..... 47
3.2.3.9. Ventilação com suporte pressórico e volume garantido (Volume-Assured
Pressure Support Ventilation – VAPSV) ...................................................................... 47
3.3. Método de avaliação de desempenho de ventiladores pulmonares ...................... 48
3.3.1. Ventilador pulmonar........................................................................................ 49
3.3.2. Modelo pulmonar ............................................................................................ 49
3.3.3. Analisador de desempenho.............................................................................. 50
3.3.4. Ensaio de calibração ........................................................................................ 52
3.3.4.1. Metodologia de ensaio..................................................................................... 53
4. SISTEMA DESENVOLVIDO.................................................................................. 55
4.1. Hardware .............................................................................................................. 56
4.1.1. Módulo de Sensores ........................................................................................ 56
4.1.2. Módulo de aquisição e controle....................................................................... 59
4.1.2.1. Firmware do microcontrolador ....................................................................... 60
4.1.3. Módulo de comunicação Bluetooth ................................................................. 63
4.1.4. Protótipo do hardware ..................................................................................... 65
4.2. Software................................................................................................................ 67
4.2.1. Biblioteca para apresentação das formas de onda ........................................... 70
4.2.2. Cálculo dos parâmetros ventilatórios .............................................................. 71
4.2.2.1. TI, TE, freqüência respiratória e relação I:E ................................................... 74
4.2.2.2. PIF, PEF e PIP ................................................................................................. 75
4.2.2.3. MAP e PEEP ................................................................................................... 75
4.2.2.4. Volume tidal e volume minuto ........................................................................ 75
4.2.3. Banco de dados................................................................................................ 76
5. TESTES E RESULTADOS ...................................................................................... 80
5.1. Calibração do transdutor de pressão das vias aéreas ............................................ 80
5.2. Calibração do sensor de fluxo .............................................................................. 83
5.2.1. Teste de validação da calibração do sensor de fluxo....................................... 85
xi
5.3. Ensaios de desempenho em Ventiladores Pulmonares......................................... 87
5.3.1. Montagem utilizada ......................................................................................... 87
5.3.2. Resultados obtidos........................................................................................... 88
6. DISCUSSÃO E CONCLUSÃO ................................................................................ 92
6.1. Discussão.............................................................................................................. 92
6.2. Conclusão ............................................................................................................. 97
6.3. Trabalhos futuros.................................................................................................. 98
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................. 100
ANEXO I – CERTIFICADO DE CALIBRAÇÃO DO SENSOR SHT75.................. 104
ANEXO II – DEFINIÇÕES DE TERMOS METROLÓGICOS ................................ 105
ANEXO III – PLANILHA DE DADOS DO ENSAIO DO VP “A1”.......................... 107
ANEXO IV – PLANILHA DE DADOS DO ENSAIO DO VP “B1” .......................... 108
xii
LISTA DE FIGURAS
xiii
o fim da fase inspiratória, cujo instante é determinado por outra variável (tempo, por
exemplo). O fluxo também é limitado pois não ultrapassa o nível estipulado. Em “B”, o
fluxo é limitado, mas quando o volume atinge um certo valor, o ventilador muda para a
fase expiratória. Neste caso, o volume é encarado como variável de ciclagem (Branson,
1995).................................................................................................................................... 42
Figura 3.8 – Modelos pulmonares: (a) SMS “Manley” Lung Sim; (b) BC Biomedical LS-
2000 Series (BC Group International, Inc., 2007). ............................................................. 49
Figura 3.9 – Analisadores de desempenho de ventiladores pulmonares: (a) Fluke VT Plus,
(b) TSI Certifier FA Plus e (c) Puritan Bennett PTS 2000.................................................. 51
Figura 4.1 – Diagrama em blocos do sistema desenvolvido. Dados de fluxo e pressão são
obtidos a partir do resistor pneumotacômetro. .................................................................... 55
Figura 4.2 – Circuito de condicionamento dos sinais dos transdutores diferenciais de
pressão. ................................................................................................................................ 57
Figura 4.3 – Vista axial do resistor pneumotacômetro (RP), mostrando o obstáculo
mecânico que produz queda de pressão proporcional ao fluxo de ar. ................................. 58
Figura 4.4 – Resistor pneumotacômetro (RP). Através de orifícios ao longo do tubo,
amostra-se a pressão das vias aéreas e a queda de pressão que determina o fluxo de ar. ... 58
Figura 4.5 – Fluxograma do firmware desenvolvido para o microcontrolador. À esquerda, a
rotina principal do programa; no centro, tratador de interrupção da porta serial do
microcontrolador; à direita, tratador de interrupção do temporizador................................. 62
Figura 4.6 – Módulos Bluetooth (KC Wirefree) utilizados para a comunicação entre o
microcontrolador e o computador: (a) KC-21 e (b) KC-210. .............................................. 64
Figura 4.7 – Diagrama de utilização do bus transceiver, para conversão dos níveis lógicos
de tensão utilizados pelo microcontrolador e pelo módulo Bluetooth na comunicação serial.
............................................................................................................................................. 65
Figura 4.8 – Protótipo do hardware desenvolvido, com destaque para cada um de seus
componentes. ....................................................................................................................... 66
Figura 4.9 – Desenho da placa de circuito impresso proposta para o circuito de
condicionamento dos sinais dos transdutores de pressão. ................................................... 66
Figura 4.10 – Tela do software para cadastrar o VP, registrar sua avaliação qualitativa e as
condições de ensaio. ............................................................................................................ 67
Figura 4.11 – Folha de dados de um ensaio, preenchida automaticamente pelo programa
quando é feita uma consulta ao banco de dados.................................................................. 68
xiv
Figura 4.12 – Tela de aquisição de parâmetros de desempenho do VP. ............................. 69
Figura 4.13 – (a) Curva de pressão entregue por um VP. (b) Derivada da curva de pressão,
utilizada na obtenção dos instantes de início das duas fases do ciclo respiratório. Picos
positivos indicam o início da inspiração; picos negativos, a expiração. ............................. 73
Figura 4.14 – Curva de fluxo de ar entregue por um VP, com a identificação correta dos
instantes de início das fases inspiratória e expiratória em cada ciclo respiratório. ............. 74
Figura 4.15 – Interface de cadastramento de VPs do software desenvolvido. Na parte
inferior, a lista com todos os ventiladores já cadastrados e a seleção do ventilador “Modelo
1”, “Marca A”..................................................................................................................... 76
Figura 4.16 – Interface de inserção de dados do ensaio a ser realizado. A parte inferior
mostra os dados dos ensaios já realizados no VP selecionado (Figura 4.10)...................... 77
Figura 4.17 – Seção da tela do programa reservada para o usuário anotar a pressão
atmosférica e a tensão na rede elétrica (medidas com equipamentos auxiliares), bem como,
exibir os valores de temperatura e umidade relativa (adquiridas após acionamento da opção
“Medir temperatura e umidade”. ......................................................................................... 77
Figura 4.18 – Campos da avaliação qualitativa do VP. O usuário deve indicar a
conformidade do VP com cada item e, se julgar necessário, realizar observações............. 78
Figura 4.19 – Destaque para os campos onde são exibidos os parâmetros ventilatório na
tela do programa que apresenta as curvas de pressão, fluxo e volume. .............................. 79
Figura 5.1 – Montagem experimental para a calibração do transdutor de pressão das vias
aéreas. .................................................................................................................................. 80
Figura 5.2 – Relação entre a tensão de entrada do conversor A/D e a pressão indicada pelo
medidor calibrado. ............................................................................................................... 81
Figura 5.3 – Curva de erros do transdutor do sistema desenvolvido que mede pressão nas
vias aéreas............................................................................................................................ 82
Figura 5.4 – Esquema da montagem experimental para a calibração do transdutor de fluxo
de ar. .................................................................................................................................... 83
Figura 5.5 – Relação entre tensão de entrada do conversor A/D do microcontrolador e o
fluxo de ar através do RP..................................................................................................... 84
Figura 5.6 – Curva de erros do sensor de fluxo do sistema desenvolvido. ......................... 85
Figura 5.7 – Curva de fluxo de um VP, na qual encontram-se destacados os pontos
identificados pelo sistema como início de cada fase respiratória e picos dos fluxos
inspiratório e expiratório em cada ciclo. ............................................................................. 86
xv
Figura 5.8 – Montagem utilizada nos ensaios de avaliação de desempenho de VPs. ......... 87
Figura 5.9 – Nesta montagem, as pressões nos pontos PVA1 e PVA2, onde são lidas por cada
um dos analisadores, são diferentes, devido à queda de pressão ao longo da resistência da
tubulação da montagem. Ressaltam-se as quedas de pressão ΔP1 e ΔP2 utilizadas pelos
analisadores para a medição do fluxo de ar......................................................................... 88
Figura 5.10 – Tela do programa desenvolvido para a análise quantitativa de VPs durante o
ensaio do VP A1. ................................................................................................................. 89
xvi
LISTA DE TABELAS
Tabela 2.1 - Pressões parciais de gases nos alvéolos e no sangue (Guyton, 2002)............. 16
Tabela 3.1 – Critérios de classificação de ventiladores pulmonares (Branson, 1995). ....... 38
Tabela 3.2 – Características de três modelos de analisadores de desempenho de VP ........ 52
Tabela 3.3 – Condições ambientais para realização de ensaios de ventiladores (Tolotti,
2004).................................................................................................................................... 53
Tabela 4.1 – Especificações técnicas do sensor SHT75...................................................... 59
Tabela 4.2 – Lista de comandos enviados pelo computador ao microcontrolador.............. 63
Tabela 4.3 – Níveis lógicos de tensão do microcontrolador e do módulo Bluetooth (Analog
Devices, 2003; KC Wirefree, 2006). ................................................................................... 65
Tabela 5.1 – Comparação dos valores de PIF e PEF obtidos pelo sistema desenvolvido e
pelo sistema padrão para o fluxo fornecido pelo primeiro VP testado................................ 86
Tabela 5.2 – Comparação dos valores de PIF e PEF obtidos pelo sistema desenvolvido e
pelo sistema padrão para o fluxo fornecido pelo segundo VP testado. ............................... 86
Tabela 5.3 – Avaliação quantitativa do VP A1 realizada pelo VT-Plus.............................. 89
Tabela 5.4 – Avaliação quantitativa do VP A1 realizada com o sistema desenvolvido...... 90
Tabela 5.5 – Avaliação quantitativa do VP B1 realizada pelo VT-Plus. ............................. 90
Tabela 5.6 – Avaliação quantitativa do VP B1 realizada pelo sistema desenvolvido......... 91
Tabela 6.1 – Diferença entre os parâmetros obtidos pelos dois analisadores no ensaio do
ventilador pulmonar A1....................................................................................................... 94
Tabela 6.2 – Diferença entre os parâmetros obtidos pelos dois analisadores no ensaio do
ventilador pulmonar B1. ...................................................................................................... 95
Tabela 6.3 – Comparação entre as diferenças percentuais entre os dois analisadores nos
ensaios de cada VP. ............................................................................................................. 95
xvii
LISTA DE QUADROS
xviii
1. INTRODUÇÃO
1.1. Objetivo
1.2. Justificativas
menores que se subdividem em bronquíolos que, por sua vez, ramificam-se em tubos de
menor diâmetro, até chegarem aos alvéolos (Johnson, 2000).
Já a estrutura responsável pela hematose pulmonar é composta pelos pulmões e
pelos vasos sangüíneos que os irrigam. O tecido que compõe os pulmões é esponjoso
devido à presença predominante dos alvéolos, sendo estas, as estruturas elementares dos
pulmões onde as trocas gasosas ocorrem. Formados por uma fina camada de tecido
epitelial, os alvéolos são circundados por capilares sangüíneos que liberam o gás carbônico
presente nos tecidos e recebem o oxigênio a ser transportado para o corpo através da
circulação (Johnson, 2000). Na Figura 2.2 é mostrada a região terminal das vias aéreas,
denominada de unidade respiratória, constituída por bronquíolo respiratório, ductos
alveolares, átrios e alvéolos.
Figura 2.2 – Estruturas que constituem a unidade respiratória (modificado de Guyton, 2006).
A parede interna dos alvéolos é revestida por uma lâmina de água, cuja tensão
superficial tende a esvaziar por completo, ou colapsar, os alvéolos, expelindo o ar de seu
interior. Entretanto, existe uma substância surfactante sobre a lâmina de água (composta
por fosfolipídios, proteínas e íons) que contribui para evitar este colapso, pois reduz a
8
tensão superficial nas paredes dos alvéolos (Johnson, 2000; Guyton, 2002). Assim, com
uma tensão superficial menor, o trabalho necessário para expandir os alvéolos a cada
respiração também se reduz (Silverthorn, 2003).
Além da dependência da pressão do ar com a tensão superficial gerada pela
substância que reveste as paredes dos alvéolos para mantê-los abertos, há também a
dependência desta pressão com relação ao raio do alvéolo: quanto menor o alvéolo, maior
a tensão superficial. Um alvéolo normal tem em média 100 µm de raio (Guyton, 2002).
Os pulmões são envolvidos por duas membranas: a pleura visceral (reveste
externamente os pulmões) e a pleura parietal (reveste internamente a cavidade torácica).
Estas membranas estão separadas por uma fina camada de líquido pleural. Este líquido
serve como lubrificante, permitindo que as membranas deslizem uma sobre a outra,
fazendo também, com que estas se mantenham constantemente aderidas (Guyton, 2002).
Figura 2.3 – Retração e expansão da caixa torácica durante a expiração e inspiração (modificado
de Guyton, 2006).
Figura 2.4 – Alterações do volume pulmonar, da pressão alveolar, da pressão pleural e da pressão
transpulmonar durante a respiração normal (modificado de Guyton, 2006).
nível expiratório normal, realizando esforço de inspiração máximo. Seu valor médio está
em torno de 3500 ml;
Capacidade funcional residual (CFR = VRE + VR): Soma do volume residual
expiratório com o volume residual. É o volume de ar que fica nos pulmões ao término da
expiração normal. Aproximadamente 2300 ml;
Capacidade vital (CV = VRI + VC + VRE): Soma do volume de reserva
inspiratório, ao volume corrente e ao volume de reserva expiratório. É a máxima
quantidade de ar (cerca de 4600 ml) que pode ser expirada por um indivíduo após um
esforço máximo de inspiração seguido por um esforço máximo expiratório;
Capacidade pulmonar total (CPT = VRI + VC + VRE + VR): Soma dos quatro
volumes descritos. É o volume total de ar dentro dos pulmões após o esforço inspiratório
máximo, aproximadamente 5800 ml.
portadores quando suprido por corrente elétrica, apresentando uma tensão elétrica cada vez
maior em seus terminais.
A complacência dos dois pulmões em um adulto normal atinge, em média,
cerca de 200 ml/cmH2O. Varia de acordo com a idade do indivíduo e com o acometimento
por patologias, como enfisema, por exemplo (Guyton, 2002).
A pressão parcial de cada gás nos pulmões força suas moléculas contra a
membrana alveolar, facilitando sua passagem para o sangue nos capilares. Por outro lado,
algumas das moléculas destes gases, movendo-se aleatoriamente no sangue, atravessam a
membrana alveolar, escapando assim, da solução sangüínea e difundindo-se no ar alveolar
(Guyton, 2002).
A difusão efetiva de cada um dos gases, ou seja, o saldo da sua difusão nos
dois sentidos, depende da diferença entre a pressão parcial do gás no sangue e a pressão
parcial do gás no ar alveolar.
No caso do oxigênio, a pressão parcial é normalmente maior na fase gasosa
dentro dos alvéolos (cerca de 104 mmHg) do que no sangue venoso que chega aos pulmões
através da circulação (aproximadamente 40 mmHg). Portanto, mais moléculas de oxigênio
passam do ar para o sangue do que do sangue para o ar; ou seja, a difusão efetiva do
oxigênio dá-se dos pulmões para o sangue, até que a pressão parcial deste gás no sangue
seja igual à pressão de oxigênio no ar do alvéolo, quando se estabelece o equilíbrio entre a
difusão nos dois sentidos.
Em contrapartida, a pressão parcial do dióxido de carbono no sangue (45
mmHg) é normalmente maior do que no ar alveolar (40 mmHg). Assim, sua difusão efetiva
16
ocorre em sentido contrário à do oxigênio, até que sua concentração aumente para 45
mmHg no ar alveolar (Guyton, 2002).
Após as trocas gasosas, o sangue oxigenado passa a ser denominado de sangue
arterial. Este é transportado pela circulação para as diversas regiões do organismo, até
atingir os capilares sangüíneos nos tecidos.
Por ser constantemente consumido pelas células do organismo, o oxigênio
ocorre em menor concentração no líquido intersticial do que no sangue arterial. Surge
assim, um gradiente de pressão que proporciona a difusão do oxigênio do sangue para o
líquido intersticial (Guyton, 2002).
As reações químicas do metabolismo celular têm como produto o dióxido de
carbono que se difunde até o espaço intersticial, onde apresenta uma concentração superior
à existente no sangue arterial. Resulta disto a diferença de pressão que leva o dióxido de
carbono a se difundir para o sangue, passando agora a ser denominado de venoso (menos
oxigênio e mais dióxido de carbono que no sangue arterial). Este sangue retorna pelas
veias ao coração, sendo impulsionado para os pulmões para novas trocas gasosas (Guyton,
2002).
Na Tabela 2.1 são apresentadas as pressões parciais de oxigênio, dióxido de
carbono e nitrogênio no ar alveolar, no sangue venoso e no sangue arterial.
Tabela 2.1 - Pressões parciais de gases nos alvéolos e no sangue (Guyton, 2002).
Ar alveolar Sangue venoso Sangue arterial
Gás
(mmHg) (mmHg) (mmHg)
Oxigênio 104 40 104
Dióxido de carbono 40 45 40
Nitrogênio 569 569 569
Figura 2.6 – Efeito da PO2 sangüínea sobre a quantidade de oxigênio que se liga à hemoglobina
para cada 100 ml de sangue (modificado de Guyton, 2006).
aproximadamente. Ou seja, para cada 100 ml de sangue, o sangue transporta uma média de
4 ml de dióxido de carbono dos capilares teciduais para os pulmões (Guyton, 2002).
Figura 2.7 – Curva de dissociação do dióxido de carbono (modificado de Guyton, 2006). Notar a
estreita faixa de operação normal, entre 40 mmHg (nos capilares alveolares) e 45 mmHg (nos
capilares teciduais) de pressão de dióxido de carbono no sangue, a qual determina a quantidade
deste gás que é transportada dos tecidos para os pulmões.
Figura 2.9 – Ritmo respiratório característico em repouso. Aumento da atividade dos neurônios
inspiratórios durante dois segundos, até interrupção no início da expiração (modificado de
Silverthorn, 2003).
2.6.1. Hipoxia
2.6.3. Pneumonia
2.6.5. Asma
Inflamação crônica das vias aéreas caracterizada pela obstrução dos brônquios
ao fluxo de gases. As causas da crise asmática estão ligadas, principalmente, a
broncoespasmos severos, edemas de mucosa brônquica ou secreção (Presto, 2005).
Provoca extrema dificuldade para respirar, pois os músculos lisos das paredes
dos bronquíolos contraem-se, obstruindo a passagem de ar aos alvéolos (Esperança, 1996).
2.6.6. Atelectasia
2.6.7. SARA
2.7. Resumo
3. VENTILADORES PULMONARES
A seção de entrada dos gases tem por função reduzir a pressão destes ao nível
de trabalho do VP, através de uma válvula reguladora de pressão. Diferentes VPs possuem
níveis de pressão de trabalho diferentes (Auler Júnior, 1995).
Modelos mais simples de VPs podem demandar a colocação externa desta
válvula reguladora. Em contrapartida, VPs mais modernos (microprocessados) têm sua
seção de entrada de gases muito mais sofisticada (Figura 3.2). Ar comprimido e oxigênio
entram por suas respectivas conexões, passam por filtros (F1, F2, F3 e F4) e seguem para
as chaves sensoras de pressão (PS1 e PS2) que monitoram a pressão das fontes de
alimentação de gases. Posteriormente, os gases seguem para válvulas unidirecionais (CV1
e CV2) que impedem o retorno dos gases do VP para as fontes. Finalmente, os gases
28
atingem as válvulas reguladoras de pressão (REG1 e REG2) onde têm suas pressões
reduzidas ao nível de trabalho do VP (Auler Júnior, 1995).
Figura 3.2 – Seção de entrada dos gases de um ventilador pulmonar (Auler Júnior, 1995).
Constitui-se, geralmente, de uma câmara rígida que armazena alguns litros dos
gases já misturados na proporção correta. Situa-se entre o misturador e a válvula de entrega
de fluxo (Auler Júnior, 1995).
Este dispositivo é utilizado para permitir a geração de altos fluxos inspiratórios,
independente da capacidade de fluxo das fontes de gases. Desta forma, reduz o atraso
existente entre a detecção do esforço inspiratório espontâneo e a efetiva entrega do fluxo
de ar, minimizando o trabalho respiratório do paciente. Além disso, o reservatório interno
mantém uma melhor exatidão nos níveis da concentração de oxigênio desejada (Auler
Júnior, 1995).
mesmo prossiga para o circuito respiratório do paciente. Em série com este dispositivo um
fluxômetro é colocado, permitindo que o operador do VP realize a leitura e o ajuste do
fluxo desejado. Além do fluxômetro, encontra-se inserida uma válvula de admissão que é
aberta durante a fase inspiratória, e fechada na expiratória (Auler Júnior, 1995).
Entretanto, para a implementação de algumas inovações introduzidas na
ventilação mecânica (diferentes padrões de curvas de fluxo e modalidades de ventilação:
com pressão de suporte ou com pressão controlada), a criação de dispositivos
controladores de fluxo tornou-se indispensável. Nos VPs atuais, estes dispositivos são
controlados por microprocessador, sendo capazes de fornecer valores instantâneos de
fluxo, pré-programados ou não, em intervalos de milésimos de segundo (Auler Júnior,
1995).
Um exemplo de dispositivo de controle de fluxo é a servoválvula, presente em
alguns modelos de VPs (Figura 3.4). Um cilindro contendo um orifício triangular bilateral
movimenta-se verticalmente pela ação de um motor acionado pelo microprocessador,
controlando a resistência mecânica ao fluxo proporcionada pela área do orifício por onde
passa o ar. Um sensor diferencial de pressão mede a diferença de pressão entre a entrada e
a saída da válvula, gerando um sinal de realimentação ao microprocessador, que controla a
abertura da válvula (Auler Júnior, 1995).
Figura 3.4 – Dispositivo de entrega de fluxo de ventilador pulmonar (Auler Júnior, 1995).
32
Os VPs são dotados de alarmes que emitem sinais visuais e/ou sonoros toda
vez que uma condição anormal de operação ocorre. Algumas destas condições são
estabelecidas pelo operador, como o limite mínimo do volume minuto expirado (função do
estado clínico do paciente). Outras vêm determinadas de fábrica no sistema de controle do
próprio VP, como o alarme de falha de conexão, acionado caso a pressão inspiratória caia
abaixo de valores previamente estipulados (Auler Júnior, 1995).
Os alarmes mais comuns dos VPs indicam:
Apnéia;
Falha de conexão no circuito respiratório;
Freqüência respiratória elevada;
36
Nos últimos anos, novas tecnologias foram incorporadas aos VPs, demandando
uma nova classificação destes equipamentos. Com este intuito, em 1992, uma classificação
foi proposta por Branson, sendo esta amplamente aceita pela comunidade médica desde
então.
Segundo esta classificação, quatro critérios gerais são utilizados para
categorizar Vps, sendo eles:
Fonte de alimentação;
Conversão e transmissão de energia;
Sistema de controle;
Forma de onda da variável de saída (Branson, 1995).
Cada critério geral pode ser dividido em critérios mais específicos que
permitem detalhar, ainda mais, o agrupamento de modelos de VPs. Na Tabela 3.1
resumem-se os quatro critérios gerais e suas derivações (Branson, 1995). A discussão de
todos os critérios específicos seria muito extensa e fugiria ao escopo deste trabalho.
Portanto, serão aqui discutidos apenas os critérios mais relevantes.
38
O estudo da mecânica respiratória busca modelos simples que possam ser úteis
para a compreensão do comportamento mecânico do sistema respiratório. O próprio
sistema respiratório pode ser representado por um modelo simplificado (Figura 3.6): um
balão conectado a um tubo. Como discutido na Seção 2.2.4, este modelo pode ser também
comparado a um circuito elétrico. Para tal, as seguintes analogias são realizadas (Branson,
1995): capacitância modela complacência, resistência elétrica modela resistência mecânica
39
volume
Pvent + Pmús = + resistência ⋅ fluxo (3.1)
complacência
Onde: Pvent é a pressão gerada pelo VP e Pmús é a pressão gerada pelos músculos
respiratórios.
Em indivíduos normais (que não necessitam ser submetidos a tratamento com
VP), Pvent é nula. Em contrapartida, pacientes que dependem totalmente do VP para
realizar o trabalho respiratório, possuem Pmús igual a zero. Entre estes dois extremos,
encontram-se diferentes combinações entre Pvent e Pmús, que respondem pelo suporte
ventilatório parcial (Branson, 1995).
que um VP combine esquemas de controle (ora controlando pressão, ora controlando fluxo
dentro de um mesmo ciclo respiratório, por exemplo) para gerar modos de ventilação mais
sofisticados (Branson, 1995).
3.2.2.1.Variável de disparo
3.2.2.2.Variável de limite
É possível impor um limite ao valor que uma ou mais variáveis podem atingir
durante a fase inspiratória. Quando isto ocorre, trata-se de uma variável de limite. No
entanto, é importante salientar que o fato da variável atingir seu valor limite não leva ao
fim da fase em curso. Em outras palavras, uma variável é limitada se atinge um valor pré-
configurado como sendo o seu máximo antes do final da inspiração. Este critério é
ilustrado na Figura 3.7 (Branson, 1995).
Figura 3.7 – Importância da distinção entre variável de limite e variável de ciclagem. Em “A”, o
volume é uma variável limitada, pois, atingido o seu valor limite, este é mantido até o fim da fase
inspiratória, cujo instante é determinado por outra variável (tempo, por exemplo). O fluxo também
é limitado pois não ultrapassa o nível estipulado. Em “B”, o fluxo é limitado, mas quando o volume
atinge um certo valor, o ventilador muda para a fase expiratória. Neste caso, o volume é encarado
como variável de ciclagem (Branson, 1995).
3.2.2.3.Variável de ciclagem
apnéia, pois a freqüência programada garantirá uma ventilação adequada (Carvalho, 2004;
Gambaroto, 2006).
No modo CPAP, o VP trabalha com pressão positiva contínua nas vias aéreas
durante todo o ciclo respiratório. O paciente controla a freqüência respiratória, o tempo
inspiratório, o fluxo e o volume corrente (Carvalho, 2004; Gambaroto, 2006).
O efeito da CPAP é aumentar a capacidade funcional residual (Seção 2.2.2)
mediante a elevação da pressão transpulmonar, recrutando unidades alveolares pouco
ventiladas ou atelectasiadas. Isto leva à melhora da complacência e a redução do trabalho
respiratório.
gerada pela ventilação mecânica pode levar a lesões no sistema respiratório (Carvalho,
2004).
Como alternativa à ventilação mecânica convencional, alguns modos
ventilatórios têm sido estudados. No modo APRV, um platô de pressão é mantido de
maneira contínua, sendo interrompido em intervalos regulares. (Carvalho, 2004).
Esta abordagem possibilita atuar com menores picos de pressão inspiratórios,
reduzindo os efeitos danosos da pressão positiva sobre os alvéolos e sobre o sistema
cardiovascular, sem que haja perda de efetividade da oxigenação e da ventilação
(Carvalho, 2004).
Na APRV, a forma de ventilação difere das modalidades convencionais, pois a
cada ciclo respiratório há uma redução da pressão nas vias aéreas, ao contrário da elevação
periódica da pressão na ventilação convencional. Difere também, da ventilação por pressão
negativa, pois a redução de pressão ocorre a partir de um nível positivo de pressão, não
atingindo níveis sub-atmosféricos (Carvalho, 2004).
(a) (b)
Figura 3.8 – Modelos pulmonares: (a) SMS “Manley” Lung Sim; (b) BC Biomedical LS-2000
Series (BC Group International, Inc., 2007).
50
(a) (b)
(c)
Figura 3.9 – Analisadores de desempenho de ventiladores pulmonares: (a) Fluke VT Plus, (b) TSI
Certifier FA Plus e (c) Puritan Bennett PTS 2000.
especificados pelo fabricante. A queda de pressão para fluxo de gás estável de 0,5 l/s não
deve exceder 0,98 kPa (10 cmH2O). Ainda segundo esta norma, dispositivos que indicam
freqüência ventilatória devem ter exatidão em ±10% (ABNT, 1996).
Para as demais variáveis medidas no ensaio, as recomendações normativas não
fazem qualquer menção em relação à exatidão dos valores obtidos.
3.3.4.1.Metodologia de ensaio
Tabela 3.3 – Condições ambientais para realização de ensaios de ventiladores (Tolotti, 2004).
Variável ambiental Faixa de valores
Temperatura 15ºC a 35ºC
Umidade relativa do ar 45% a 75%
Pressão atmosférica 645 a 795 mmHg, ou 860 a 1060 hPa
Tensão da rede elétrica Tensão nominal da rede (V) ±10%
Estas condições ambientais devem ser medidas no local de ensaio antes de sua
realização, utilizando os equipamentos necessários. Os valores obtidos devem ser
registrados na folha de dados do ensaio (Tolotti, 2004).
Na segunda etapa do ensaio, a limpeza do equipamento deve ser verificada.
Caso o VP a ser avaliado não esteja limpo, deve-se proceder sua limpeza, segundo
procedimento estabelecido (Tolotti, 2004).
Na terceira etapa, a folha de dados do ensaio deve ser preenchida com
informações relevantes a respeito do equipamento a ser ensaiado (marca, modelo, número
de série e outros), do ensaio propriamente dito (como data e local do ensaio e analisador
utilizado) e das condições do ensaio (conforme a primeira etapa) (Tolotti, 2004).
A quarta etapa consiste de uma avaliação qualitativa do VP. Os aspectos
avaliados são classificados como “conforme”, indicando se os mesmos atendem às
recomendações, ou “não-conforme”, em caso contrário. Os itens avaliados são:
Aparência externa: limpeza e condições físicas (rachaduras, amassados, etc.).
54
Figura 4.1 – Diagrama em blocos do sistema desenvolvido. Dados de fluxo e pressão são obtidos a
partir do resistor pneumotacômetro.
4.1. Hardware
C48
V+15 GND
100n
4
12 U11D
+
14
13
VREF -
TL074
C31
11
R15 R16
V-15 GND
1
POT POT
100n R9 2.2k R28 47k R44 9.1k
2 2
C32 100n
1k R54
V+15 C52 GND
U13 C33
C56
V+5 100n V-15 GND
3
V+
4
Vout + TL074
8 R45 100n
NC
4
9 13 - 9.1k U12C
-
R4 DC030NDC4 TL074 R63 14 10
+
R2 1k 12 + 8
C39
11
1k C46 9 VOUT1
1k -
V-15 GND 100n TL074
C34
4
GND U12D
2.2k
11 C45
GND 100n V+15 GND
R53
V-15 GND
100n C47 100n
V+15 C53 GND GND 100n
U16 R34
C55
V+5 100n GND
V+
4
6 R65 100nC42
-
DC030NDC4 TL074 3
+
1 R57 47k
C40 1k
11
2
- C57
V-15 GND
TL074 R48 V+15 GND
C43
11
100n 9.1k
V-15 GND 100n
C54
4
R64
V+15 GND 100n 5 U12B
+
R61 7
1k
100n 6 VOUT2
-
4
C35 TL074
3 U11A 15k 100n C44
11
+
1
JP2
2 JP6 V-15 GND
-
V-15 TL074 VOUT1
1 1 C36 100n 100n
V+15 C41 VOUT2
11
2 2 R56
V+5 3 VOUT3 3
GND 4 V-15 GND VREF 4
GND GND
5 10k
100n
HEADER 4
HEADER 5
Figura 4.2 – Circuito de condicionamento dos sinais dos transdutores diferenciais de pressão.
Figura 4.3 – Vista axial do resistor pneumotacômetro (RP), mostrando o obstáculo mecânico que
produz queda de pressão proporcional ao fluxo de ar.
O segundo transdutor DC030NDC4 mede a pressão nas vias aéreas por meio
da diferença entre a pressão fornecida pelo VP e a pressão atmosférica. Este tipo de
medição é comumente denominado de pressão “gage”, ou “gauge”. A pressão gage é
amostrada por meio de uma terceira abertura que se encontra depois do obstáculo do RP.
Na Figura 4.4 é mostrado o RP com a indicação dos pontos em que se conectam os
transdutores de pressão.
Figura 4.4 – Resistor pneumotacômetro (RP). Através de orifícios ao longo do tubo, amostra-se a
pressão das vias aéreas e a queda de pressão que determina o fluxo de ar.
Núcleo 8052;
62 kB de memória flash de programa e 2 kB de memória RAM para dados;
Executa até 20 milhões de instruções por segundo (MIPS);
Oito canais de conversão analógico-digital (A/D) com resolução de 12 bits com
máxima taxa de aquisição de 420 mil amostras/s;
Dois canais de conversão digital-analógico (D/A) de 12 bits;
Três contadores/temporizadores de 16 bits;
Quatro portas programáveis de 8 bits para entrada ou saída de dados;
Portas seriais UART, I2C e SPI.
Optou-se pelo emprego deste microcontrolador por sua disponibilidade no
mercado nacional e pela presença de periféricos, como conversores A/D, temporizadores e
portas de comunicação, no mesmo circuito integrado.
O conversor A/D possui 4096 níveis de quantização (12 bits) para uma faixa de
tensão de entrada entre 0 e 2,5V. Cada amostra na saída do conversor A/D possui 16 bits
(12 bits para o valor da amostra, mais quatro bits para identificação do canal do qual
aquela amostra se origina), ou seja, 2 bytes (Analog Devices, 2003). Dois canais de
conversão A/D são utilizados para a aquisição dos sinais de pressão e fluxo de ar,
provenientes dos DC030NDC4. A taxa de amostragem para cada canal programada no
microcontrolador foi de 160 amostras por segundo. Tal taxa atende ao teorema de Nyquist,
pois a freqüência de corte dos filtros anti-aliasing presentes na entrada dos conversores
A/D é de 40 Hz.
Para comunicação com o SHT75, dois pinos de uma das portas de
entrada/saída (I/O) são utilizados. Como mencionado, o microcontrolador envia os
comandos para iniciar a leitura de temperatura e umidade, recebendo os valores medidos
pelo sensor.
A interface serial do microcontrolador estabelece comunicação com o módulo
Bluetooth, através do qual há troca de dados com o microcomputador.
4.1.2.1.Firmware do microcontrolador
(a) (b)
Figura 4.6 – Módulos Bluetooth (KC Wirefree) utilizados para a comunicação entre o
microcontrolador e o computador: (a) KC-21 e (b) KC-210.
micro- Tx Rx módulo
controlador 5V conversor 3,3V Bluetooth
Rx Tx
Figura 4.7 – Diagrama de utilização do bus transceiver, para conversão dos níveis lógicos de
tensão utilizados pelo microcontrolador e pelo módulo Bluetooth na comunicação serial.
Módulo de
Módulo controle
Bluetooth
Resistor
pneumotacômetro
Circuito de
condicionamento
Fonte de
Alimentação
Transdutores de
pressão
Figura 4.8 – Protótipo do hardware desenvolvido, com destaque para cada um de seus
componentes.
Figura 4.9 – Desenho da placa de circuito impresso proposta para o circuito de condicionamento
dos sinais dos transdutores de pressão.
67
4.2. Software
Figura 4.10 – Tela do software para cadastrar o VP, registrar sua avaliação qualitativa e as
condições de ensaio.
Figura 4.11 – Folha de dados de um ensaio, preenchida automaticamente pelo programa quando é
feita uma consulta ao banco de dados.
Por outro lado, quando um novo ensaio for realizado, seus dados cadastrais
(data, número de ordem de serviço e relatório, código do analisador, local, tipo de ensaio e
acessório do analisador) devem ser informados pelo técnico, para que possam ser
consultados no futuro. O próximo passo é registrar as condições ambientais de ensaio,
utilizando equipamentos auxiliares para medir a pressão atmosférica e a tensão elétrica da
rede à qual os equipamentos serão conectados. As medições de temperatura e UR são
69
relação à taxa de recebimento dos dados enviados pelo microcontrolador. Este atraso
ocasionava a perda de dados.
Em face deste inconveniente, ao invés do estudo mais aprofundado sobre a
ferramenta TChart para contornar este entrave, optou-se pelo emprego da biblioteca de uso
livre Graphics32, cuja utilização já era dominada. Esta biblioteca oferece operações de
manipulação direta de pixels e permite a atualização de apenas uma região específica do
gráfico, oferecendo maior velocidade de operação e melhor desempenho que o TChart
(Bonho, 2006).
Com o emprego desta biblioteca, o problema mencionado foi solucionado,
sendo possível apresentar as 3 formas de onda à medida que eram amostradas e
processadas.
variável. Este procedimento é repetido para as demais amostras adquiridas. Ao fim de dez
segundos, a variável conterá o maior valor obtido para a derivada da pressão neste período,
ou seja, o pico positivo da derivada. Procedimento semelhante é utilizado para determinar
o pico negativo. A diferença é que, a cada comparação, a variável guarda o valor mais
negativo.
Este procedimento é adotado, pois, antes de amostrar um ciclo respiratório
completo, o programa não tem como estipular o máximo valor da derivada nos ciclos. A
partir da curva de pressão amostrada em um ciclo, determina-se o pico de sua derivada,
como também, um percentual deste valor de pico. Este percentual será utilizado como
limiar mínimo a ser atingido por prováveis picos de derivada dos ciclos seguintes. Assim,
após estes dez segundos iniciais de aquisição, os parâmetros ventilatórios dos ciclos
respiratórios passam a ser calculados.
Durante a aquisição das formas de onda, o programa deve continuar calculando
os picos positivo e negativo da derivada da curva de pressão para detectar os inícios da fase
inspiratória e expiratória, respectivamente. A forma de determinar estes picos é que se
torna diferente.
Portanto, para determinar os instantes de pico na derivada da pressão é preciso
observar em que instantes do ciclo respiratório sua derivada (ou seja, a segunda derivada
da pressão) é nula. Para assegurar a correta detecção destes picos, compara-se o valor do
provável pico positivo com um percentual do valor obtido no período inicial de dez
segundos (threshold, ou limiar). Sendo maior ou igual, considera-se identificado o pico
positivo do ciclo que indica o início da fase inspiratória daquele ciclo. A determinação do
pico negativo na derivada da pressão é realizada de forma semelhante.
A localização destes picos é o passo mais importante do processamento
realizado pelo software, visto que estes são utilizados para delimitar o início e o fim de
cada ciclo respiratório. A partir destes pontos, calculam-se os demais parâmetros
respiratórios.
Este algoritmo foi avaliado a partir do processamento de curva de pressão
fornecida por um VP. A curva foi amostrada pelo sistema desenvolvido e armazenada em
arquivo.
Na Figura 4.11.a é mostrado um trecho da curva de pressão, com dois ciclos
respiratórios. Na Figura 4.11.b é apresentada a sua derivada, com destaque para os pontos
identificados como picos positivos e negativos nestes dois ciclos respiratórios. Nesta figura
73
20
Pressão
15
Pressão (cmH2O)
10
0
132 134 136 138 140 142 144
Tempo (s)
(a)
50
Derivada da pressão (cmH2O/s)
-50
10
0
Fluxo (l/min)
-10
-20
-30
-40
Fluxo de ar Disparo Ciclagem
10 20 30 40 50 60
Tempo (s)
Figura 4.14 – Curva de fluxo de ar entregue por um VP, com a identificação correta dos instantes
de início das fases inspiratória e expiratória em cada ciclo respiratório.
4.2.2.3.MAP e PEEP
A pressão média nas vias aéreas (MAP) é calculada pela média aritmética de
todos os valores de pressão obtidos para um ciclo respiratório. A pressão positiva ao fim da
expiração (PEEP) corresponde à média dos valores de pressão nas vias aéreas durante o
último segundo da fase expiratória, quando o fluxo de ar é nulo (Figura 4.12).
A norma exige que sejam apresentadas as curvas de pressão nas vias aéreas, de
fluxo de ar e de volume (ABNT, 1996). Como não é realizada uma medição direta do
volume contido no MP, a curva de volume é obtida pela integração discreta, no domínio do
tempo, da curva de fluxo.
O volume tidal (ou corrente) é calculado como a diferença entre o valor
máximo atingido na inspiração, quando ocorre a ciclagem, e o valor mínimo atingido na
expiração.
O volume minuto é o volume de gás, expresso em litros por minuto (l/min),
suprido ao MP (ABNT, 1996). Pode ser calculado através do produto entre o volume tidal
e a freqüência respiratória.
76
Figura 4.16 – Interface de inserção de dados do ensaio a ser realizado. A parte inferior mostra os
dados dos ensaios já realizados no VP selecionado (Figura 4.10).
Figura 4.17 – Seção da tela do programa reservada para o usuário anotar a pressão atmosférica e a
tensão na rede elétrica (medidas com equipamentos auxiliares), bem como, exibir os valores de
temperatura e umidade relativa (adquiridas após acionamento da opção “Medir temperatura e
umidade”.
observações que o técnico julgue relevantes. Existem, portanto, vinte e quatro campos para
a avaliação qualitativa.
Figura 4.18 – Campos da avaliação qualitativa do VP. O usuário deve indicar a conformidade do
VP com cada item e, se julgar necessário, realizar observações.
Por fim, há campos que registram a avaliação quantitativa do VP, exibidos com
mais detalhes na Figura 4.17. Segundo o procedimento de ensaio adotado pelo LAT, para
cada item de desempenho, quando possível, os seguintes valores devem ser anotados: valor
configurado no VP, resolução do medidor no painel do VP para cada parâmetro, três
medidas obtidas pelo VP e três medidas realizadas pelo analisador. Desta forma, para as
treze variáveis analisadas pelo sistema desenvolvido (temperatura, umidade, volume tidal,
volume minuto, PIF, PEF, freqüência respiratória, TI, TE, relação I:E, PIP, MAP e PEEP),
104 campos são reservados para a avaliação quantitativa do VP. No total, a segunda tabela
do banco de dados possui 141 campos.
79
Figura 4.19 – Destaque para os campos onde são exibidos os parâmetros ventilatório na tela do
programa que apresenta as curvas de pressão, fluxo e volume.
Figura 5.1 – Montagem experimental para a calibração do transdutor de pressão das vias aéreas.
81
40
35
30
25
Pressão (cmH2O)
20
15
10
0 Curva obtida
Pontos experimentais
-5
0 0.5 1 1.5 2 2.5
Tensão na entrada do conversor A/D (V)
Figura 5.2 – Relação entre a tensão de entrada do conversor A/D e a pressão indicada pelo
medidor calibrado.
0.25
0.2
0.15
0.1
0.05
Erro (cmH2O)
-0.05
-0.1
-0.15
Tendência
-0.2 Repetitividade
Erro máximo
-0.25
0 5 10 15 20 25 30 35
Pressão (cmH2O)
Figura 5.3 – Curva de erros do transdutor do sistema desenvolvido que mede pressão nas vias
aéreas.
A NBR 13763 especifica que os VPs devem ser capazes de medir pressões
entre −10 e +100 cmH2O. Entretanto, não há exigência com relação à faixa de pressão a ser
medida pelo analisador de VPs. Os valores de pressão para a quais o transdutor foi
calibrado correspondem à toda a faixa dinâmica do conversor A/D do sistema
desenvolvido. Esta, por sua vez, atende à faixa de pressão suprida pelos VPs nas condições
de ensaio de desempenho: VP configurado no modo volume controlado e volume corrente
de 500 ml; MP configurado com resistência de 5 cmH2O·s/l e complacência de 50
ml/cmH2O. Esta limitação na faixa de pressão medida por este transdutor permite uma
melhor resolução para o sistema.
83
Figura 5.4 – Esquema da montagem experimental para a calibração do transdutor de fluxo de ar.
60
40
Fluxo de ar (l/min)
20
-20
-40
Curva obtida
-60 Pontos experimentais
0 0.5 1 1.5 2 2.5
Tensão na entrada do conversor A/D (V)
Figura 5.5 – Relação entre tensão de entrada do conversor A/D do microcontrolador e o fluxo de ar
através do RP.
10
2
Erro (l/min)
-2
-4
-6
Erro antes de ajuste
Tendência
-8 Repetitividade
Erro máximo
-10
-60 -40 -20 0 20 40 60
Fluxo (l/min)
descrito na Seção 4.2.2 como o início de cada fase respiratória, bem como, os picos de
fluxo inspiratório e expiratório.
20
10
-10
Fluxo (l/min)
-20
-30
-40
-50
-60
Figura 5.7 – Curva de fluxo de um VP, na qual encontram-se destacados os pontos identificados
pelo sistema como início de cada fase respiratória e picos dos fluxos inspiratório e expiratório em
cada ciclo.
A partir dos dados exibidos nas Tabelas 5.1 e 5.2 é feita a comparação entre as
médias de três medidas de PIF e PEF realizadas pelo sistema desenvolvido com as médias
obtidas pelo sistema padrão para os dois VPs testados. Com esta comparação é calculado o
erro percentual do sistema desenvolvido em relação ao padrão para cada medida.
Tabela 5.1 – Comparação dos valores de PIF e PEF obtidos pelo sistema desenvolvido e pelo
sistema padrão para o fluxo fornecido pelo primeiro VP testado.
Média do VT-Plus Média do SD Erro %
PIF 12,21 11,86 −2,95
PEF 29,96 36,25 +16,48
Tabela 5.2 – Comparação dos valores de PIF e PEF obtidos pelo sistema desenvolvido e pelo
sistema padrão para o fluxo fornecido pelo segundo VP testado.
Média do VT-Plus Média do SD Erro %
PIF 16,86 17,15 +1,70
PEF 49,24 61,51 +24,93
87
Modelo Ventilador
Analisador
pulmonar pulmonar
Figura 5.9 – Nesta montagem, as pressões nos pontos PVA1 e PVA2, onde são lidas por cada um dos
analisadores, são diferentes, devido à queda de pressão ao longo da resistência da tubulação da
montagem. Ressaltam-se as quedas de pressão ΔP1 e ΔP2 utilizadas pelos analisadores para a
medição do fluxo de ar.
Figura 5.10 – Tela do programa desenvolvido para a análise quantitativa de VPs durante o ensaio
do VP A1.
Nas Tabelas 5.5 e 5.6 são exibidos os resultados obtidos com o analisador
padrão e com o sistema desenvolvido para ensaios realizados em um outro VP: “B1”
(marca “B”, modelo “1”). Durante o ensaio deste VP, as condições ambientais observadas
foram: temperatura de 19,8 °C; UR de 67%; pressão atmosférica de 1022 mbar e tensão da
rede elétrica 217,1 V. Estes valores estão dentro dos limites permitidos pela norma para a
realização do ensaio (ABNT, 2004).
6.1. Discussão
O que se pode inferir destes resultados é que o sistema padrão oferece maior
impedância ao fluxo do que o sistema desenvolvido, haja vista os maiores valores de PEF
por este detectados.
Cabe aqui uma observação a respeito da influência do analisador de VPs sobre
o circuito respiratório durante o ensaio de desempenho. Retomando o paralelo com
circuitos elétricos (feita na Seção 3.2), é interessante que um voltímetro (ou amperímetro)
altere o mínimo possível a impedância do circuito onde é inserido, para não influir de
forma significativa no resultado da medição. Da mesma forma, é de se esperar do
analisador de desempenho de VPs que sua resistência mecânica seja muito menor que a
resistência do circuito respiratório como um todo, durante a realização do ensaio. Neste
ponto, o sistema desenvolvido leva vantagem sobre o sistema utilizado como padrão, pela
observação dos valores de PEF obtidos por cada analisador nos testes da Seção 5.2.1.
A observação das tabelas de resultados das avaliações de VPs (Seção 5.3.2)
mostra que os valores obtidos pelo analisador padrão (AP) e pelo sistema desenvolvido
(SD) são diferentes. Como mencionado na Seção 5.3.1, os dois analisadores foram
conectados ao VP em momentos distintos, podendo o VP fornecer ar ao MP com
parâmetros ligeiramente diferentes. Assim, os resultados apresentados eram esperados.
Na Tabela 6.1 é feita a comparação entre as medidas dos parâmetros obtidas
por cada analisador no ensaio do ventilador pulmonar A1. Esta comparação não
compreende a temperatura e a UR do ar fornecido pelo VP, pois estes parâmetros não são
medidos pelo analisador padrão.
Tabela 6.1 – Diferença entre os parâmetros obtidos pelos dois analisadores no ensaio do ventilador
pulmonar A1.
Diferença
Média das medidas Média das medidas SD − AP
Parâmetro
obtidas pelo AP obtidas pelo SD ⋅ 100%
AP
Freq. Resp. 10 9,99 −0,10%
TI 1,89 1,89 0,00%
TE 4,09 4,11 0,49%
Rel. I:E 1:2,16 1:2,17 −0,46%
PIP 18,33 19,32 5,40%
MAP 4,7 5,16 9,79%
PEEP 1,37 1,83 33,58%
PEF 49,48 53,55 8,23%
PIF 19,30 16,5 −14,50%
Vol. tidal 543,2 543,52 0,06%
Vol. minuto 5,394 5,44 0,85%
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Tabela 6.2 – Diferença entre os parâmetros obtidos pelos dois analisadores no ensaio do ventilador
pulmonar B1.
Diferença
Média das medidas Média das medidas SD − AP
Parâmetro
obtidas pelo AP obtidas pelo SD ⋅ 100%
AP
Freq. Resp. 10 10 0,00%
TI 2,023 2,05 1,33%
TE 3,963 3,953 −0,25%
Rel. I:E 1:1,953 1:1,93 1,19%
PIP 27,2 26,957 −0,89%
MAP 8,8 8,843 0,50%
PEEP 4,03 3,94 −2,23%
PEF 48,34 54,89 13,54%
PIF 20,61 20,63 0,10%
Vol. tidal 552,53 551,33 −0,22%
Vol. minuto 5,537 5,517 −0,36%
Tabela 6.3 – Comparação entre as diferenças percentuais entre os dois analisadores nos ensaios de
cada VP.
VP
Parâmetro
Ventilador A1 Ventilador B1
Freq. Resp. −0,10% 0,00%
TI 0,00% 1,33%
TE 0,49% −0,25%
Rel. I:E −0,46% 1,19%
PIP 5,40% −0,89%
MAP 9,79% 0,50%
PEEP 33,58% −2,23%
PEF 8,23% 13,54%
PIF −14,50% 0,10%
Vol. tidal 0,06% −0,22%
Vol. minuto 0,85% −0,36%
Para o ventilador B1, houve pequenas diferenças entre as medidas dos dois
analisadores para os parâmetros de tempo (freqüência respiratória, TI, TE e relação I:E),
pressão (PIP, MAP e PEEP) e volume (Volume tidal e Volume minuto) e PIF. A única
diferença significativa foi observada para o PEF (13,54%). Entretanto, como discutido
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nulo. No caso do sistema desenvolvido ao longo deste trabalho, foi tomada a média dos
valores de pressão durante o último segundo da expiração.
6.2. Conclusão
Para realizar todas as medidas requeridas pela norma, uma célula de oxigênio
deve ser incorporada ao sistema proposto para medição de fração de oxigênio do ar
fornecido pelo VP. Isto não foi realizado por limitações financeiras. Entretanto, como o
microcontrolador dispõe de canais no conversor A/D para a digitalização do sinal
proveniente da célula de oxigênio, sua adaptação ao sistema seria relativamente simples.
No software, as formas de onda de pressão, fluxo e volume são visualizadas
com escala fixa nos respectivos eixos de ordenadas. Uma opção de ajuste automático da
escala dos gráficos às amplitudes de cada forma de onda enriqueceria a análise do técnico
durante a realização do ensaio.
A análise automática dos parâmetros ventilatórios foi satisfatória para os
modelos de VPs analisados. Entretanto, dependendo do modelo de VP analisado, esta pode
incorrer em erros. Assim, seria interessante o desenvolvimento de uma ferramenta de
análise off-line das curvas de pressão e fluxo adquiridas, que já são salvas em arquivo.
Testes realizados em laboratório sugeriram confiabilidade na transmissão de
dados entre o hardware e o PC. Entretanto, o sistema desenvolvido não conta ainda com
uma rotina de verificação de perda de pacotes, que deve ser incorporada ao software.
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7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
AULER JÚNIOR, José O.C., Amaral, Ruy V. G. Assistência ventilatória mecânica. São
Paulo: Atheneu, 1995.
BLUETOOTH SIG; 2005. Specification of the Bluetooth System Core v1.2. Disponível
em www.bluetooth.com, último acesso: 14 de julho de 2007.
BRAY, J.; Sturman, C. F; 2001. Bluetooth: Connect without Cables. 1. ed. Upper
Saddle River, New Jersey : Prentice Hall Ptr.
ECRI – Emergency Care Research Institute. Health devices inspection and preventive
maintenance, procedure/checklist 458-0595. 1995.
GUYTON, Arthur C. Hall, John E. Tratado de Fisiologia Médica. 10ª ed. Rio de
Janeiro: Guanabara, 2002.
SCHILDT, H.; Guntle, G. Borland C++ Builder, a referência completa. 1ª ed. Rio de
Janeiro : Elsevier, 2001.
SWART, B.; Cashman, M.; Gustavson, P.; HollingWorth, J.; 2002. Borland
C++Builder 6 Developer’s Guide. 1 ed. Indianapolis, Indiana : Sams Publishing.