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Treino de Habilidades Sociais PDF

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TREINO DE HABILIDADES SOCIAIS- ASSERTIVIDADE

1 INTRODUÇÃO

É correto dizer que existem pessoas assertivas? De acordo com a Análise do


Comportamento não se deve rotular uma pessoa como assertiva ou inassertiva, mas sim que
existem comportamentos assertivos e inassertivos.

Os comportamentos assertivos podem ser públicos ou encobertos e acontecem quando a


contingência em que essa classe de resposta se instala produz reforço positivo ou evita e até
minimiza eventos aversivos para a pessoa que emite assim como para aquelas que são
socialmente significativos para a pessoa. Prevalecendo assim, reforços naturais em relação aos
arbitrários. Os sentimentos produzidos por essa contingência no individuo pode ser de bem estar,
tolerância a frustação, autoconhecimento, autoconfiança e responsabilidade consigo mesmo e
com os outros (GUILHARDI, 2012).

E os comportamentos inassertivos são aqueles que estão sobre contingência de


reforçamento que tem função coercitiva, ou seja, a pessoa tem um excesso de comportamentos
sobe o que é reforçador para o outro e o que pode ser aversivo para o outro também deixando de
lado as suas próprias necessidades e déficit de repertorio comportamental assertivo. Então, ela
prioriza em se comportar de forma que provenha reforço para o outro e evitar ou minimizar o
aversivo para o outro também. Essas contingências podem produzir sentimentos de raiva, excesso
de responsabilidade com o outro e não consigo mesmo, exagerada tolerância a frustração, baixa
auto-estima (GUILHARDI, 2012).

O terapeuta através de varias técnicas pode guiar e instalar repertório de comportamento


assertivo no cliente.

2 ASSERTIVIDADE

Segundo Silva (2002) e Boas, Silveira e Silva (2005), o estudo das habilidades sociais é
muito importante. Porque no decorrer da nossa vida fazemos o uso da comunicação interpessoal e
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quando o fazemos acabamos por promover interações sociais satisfatórias como assertividade,
cooperação, expressão de sentimentos, habilidade de comunicação, defesa dos próprios direitos e

resolução de problemas interpessoais. A forma que o fazemos é muito importante, pois pode ser
reforçadora e prevenir ou até reduzir possíveis dificuldades psicológicas.

Por exemplo, se um indivíduo possui dificuldades interpessoais é comum que esteja


associado ao fato de que essas relações não produzem os efeitos esperados para ele, ou seja, foi
exposto a relações desadaptava que pode levar o indivíduo a ter prejuízo nas relações sociais,
pessoais e profissionais de uma maneira geral e por fim na sua qualidade de vida (DEL PRETTE;
DEL PRETTE, 2002 apud BOAS; SILVEIRA; SILVA, 2005).

Dentre as habilidades sociais é comum se referir a termos como a assertividade e


inassertividade, mas o que seriam? Muitas definições são feitas de forma mentalista o que não
propicia uma análise funcional dentro da análise do comportamento. Para isso iremos defini-la de
outra forma a seguir (GUILHARDI, 2012).

Para Alberti e Emmons (1970 apud SILVA, 2002), leva mais em conta o comportamento
da pessoa do que a interação em si na qual qualifica a pessoa com comportamentos assertivos
como aquela que expressa seus sentimentos e pensamentos, de forma adequada sem omiti-los, ou
seja, fazendo o uso de fluência de falas apropriadas, entonação, latência, sabendo também ouvir
para poder responder e conseguir atingir seu interesse sem prejudicar as relações futuras com o
interlocutor. Quando precisa expressar sentimentos negativos para defender seus próprios direitos
o faz, mas sem negar o direito do outro também, além de não sentir ansiedade inadequada.

Ele ainda revisou esse conceito e concluiu que a pessoa interage de acordo com uma
história previamente estabelecida, e que seu comportamento terá efeito no interlocutor que irá
influenciar os comportamentos futuros aumentando ou diminuindo a sua frequência. E a
ansiedade seria um subproduto de contingências, no caso, aversivas. Então, além de dar uma
grande importância às consequências obtidas diante de respostas sociais assertivas ele também
descreve o que seria as não assertivas e as agressivas (SILVA; CARARRA, 2010).

Não-assertividade ocorre quando o emissor não expressa seus sentimentos, seus


pensamentos ao receptor emitindo, muitas vezes, comportamentos contra a
própria vontade, ou deixando de defender-se por medo de prejudicar sua relação
futura com o receptor, e por isso muitas vezes o emissor é explorado e
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prejudicado, sem, contudo, atingir seus objetivos. A não-assertividade nega e


inibe a expressão de sentimentos, levando a pessoa a sentir-se ferida, ansiosa e
auto desvalorizada, e por consequência raramente atinge os objetivos desejados.
(ALBERTI; EMMONS, 1978; CABALLO, 1987 apud SILVA, 2002, p. 2).

Alberti e Emmons (1978) ainda detalha segundo Silva (2002), que a não assertividade se
divide em não-asserção situacional e não-asserção geral. Na não-asserção situacional a pessoa
tem comportamentos não assertivos nos momentos em que a situação produz ansiedade e logo
que reconhecer seu problema pode começar a perceber como ser assertivo. Já na não-asserção
geral as pessoas não têm comportamentos assertivos a maior parte do tempo sentindo-se
incapazes de afirmar seus direitos ou agir de acordo com seus próprios sentimentos, estas iria ter
baixa auto-estima e muita ansiedade frente às situações sociais, diante disto ele encontra uma
maior dificuldade para desenvolver a assertividade, necessitando assim de tratamento terapêutico
como intervenção.

Na agressividade a pessoa consegue chegar aos objetivos desejados, mas de uma forma
que magoa ou desvaloriza outras pessoas, o que pode gerar punições futuramente. Ao contrário
do comportamento assertivo que proporciona para a pessoa uma expressão honesta dos seus
sentimentos sem que prejudique a mesma ou outras pessoas (ALBERTI; EMMONS, 1978;
CABALLO, 1987 apud SILVA; CARRARA, 2010).

Já Del Prette e Del Prette (1999 apud SILVA; CARRARA, 2010), "[...] concordam que
assertividade envolveria a expressão apropriada de sentimentos negativos e positivos e a defesa
dos próprios direitos [...]” (p. 334). E ainda segundo Del Prette e Del Prette (2003 apud PONTES,
2009), que fez uma identificação da classe de resposta assertiva envolvendo alem dos já descritos
componentes, como: fazer e pedir favores; recusar pedidos e iniciar, manter e encerrar uma
conversação.

“Em outras palavras, uma pessoa assertiva consegue obter ganhos com maior frequência
além de ser capaz de desenvolver e manter relacionamentos saudáveis" (FALCONE, 2002 apud
PONTES, 2009, p. 213).

Para finalizar essa questão então não existe "pessoa assertiva" ou "pessoa inassertiva", por
isso não seriam traços de personalidades, mas padrões de comportamento que foram atrelados a
contingências de reforçamento. Seria inadequado rotular uma pessoa de inassertiva, pois em
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alguns momentos ela pode apresentar comportamentos considerados assertivos a depender do


contexto. Por exemplo, ser agressivo em uma guerra é necessário, ninguém ira dizer que essa
pessoa é inassertiva por agir dessa forma (GUILHARDI, 2012).

Diante de tantos problemas que acarretam ao individuo por conta dos comportamentos de
inassertividade a Análise do Comportamento irá em terapia modificar esses comportamentos que
consiste em entender as dificuldades do cliente e propor estratégias de intervenção de acordo com
a analise funcional do comportamento (CASTANHEIRA, 2002 apud PONTES, 2009).

A análise funcional irá identificar as contingências que mantêm o comportamento –


problema para, então, modificá-lo propiciando para o paciente um autoconhecimento que seria a
"descrição das contingencias das quais o comportamento é função "(TOURINHO, 1995 apud
SILVA, 2002, p.4) E segundo Skinner (1992/ 1957):

O autoconhecimento é de origem social. Só quando o mundo privado de uma


pessoa se torna importante para as demais é que ele se torna importante para ela
própria (...). Mas o autoconhecimento tem um valor especial para o próprio
indivíduo. Uma pessoa que se tornou consciente de si mesma por meio de
perguntas que lhe foram feitas está em melhor condição de prever e controlar
seu próprio comportamento (SILVA, 2002, p.4).

Mas o autoconhecimento pode não ser totalmente eficaz para modificar comportamentos
nas situações sociais, necessitando de intervenção.

As variáveis que controlam o comportamento podem não ser manipuladas pela pessoa, e,
portanto, só o autoconhecimento não superaria as dificuldades. No entanto, o autoconhecimento é
necessário para que pessoa seja capaz de automonitorar-se, e então possa observar, descrever e
avaliar qual comportamento é adequado para dada situação social, a fim de aumentar a
probabilidade de conseguir reforçadores positivos e negativos. Nesta direção, a psicoterapia é
uma contingência especialmente treinada para “trazer à consciência” uma parcela daquilo que é
inconsciente, ou seja, possibilita a descrição, através de perguntas, do que a pessoa faz e do
porquê ela faz (SKINNER, 1995/1989 apud SILVA, 2002).

Silva (2002) ainda afirma que deve levar em conta o ambiente social se quisermos fazer
uma avaliação correta da competência social, pois um mesmo individuo pode se mostrar assertivo
no ambiente de trabalho e não em casa. E isso se deve ao fato que ele não generaliza estas
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habilidades para outros contextos e uma explicação para que isso ocorra se dá do fato de que as
pessoas são sensíveis as consequências do seu próprio comportamento então em uma ambiente
ela pode estar sendo reforçada a ter comportamentos socialmente adequados, já em outro não.

As habilidades sociais além de ser bastante trabalhadas na Terapia Comportamental por


meio da análise funcional, também é usado o THS (Treino em Habilidades Sociais). Que
Segundo Caballo (1996) e Del Prette e Del Prette (2002 apud BOAS; SILVEIRA; SILVA, 2005),
seria usado em terapia para desenvolver comportamento desejado que aumente as interações
sociais com qualidade, visando assim à superação ou redução de déficits interpessoais. Durante
esse procedimento procurasse então encontrar quais as funções com dificuldades e verificar quais
procedimentos de intervenção podem ser feitos para alcançar objetivos específicos. Nesse treino
o individuo pode praticar, representar papeis sociais, ser apresentado a modelos e receber
feedback.

No Treinamento Assertivo o terapeuta deve ressaltar quais são os efeitos negativos da


inassertivadade como frustração, ressentimento que o cliente vivencia quando se comporta de
maneira não-assertiva. Já quando se comporta de forma assertiva irá aumentar a da satisfação
interpessoal, sentimentos de bem-estar e alívio. (RIMM; MASTERS, 1983 apud PONTES,
2009). Uma das técnicas usadas no treinamento de assertividade é Ensaio Comportamental ou
Role-Play onde o cliente representa ele mesmo e o terapeuta assume o papel de uma pessoa
relevante da vida do cliente.

Na inversão de papéis, o terapeuta assume o papel do cliente e modela o


comportamento adequado do cliente durante o ensaio. O objetivo da técnica
consiste em instalar ou aperfeiçoar habilidades interpessoais que ajudam o
cliente a melhorar sua qualidade de vida (OTERO, 2004; RIMM, MASTERS,
1983 citado apud PONTES, 2009, p.214).

Outra técnica usada é chamada de descatastrofização que é utilizada em clientes ansiosos


decorrentes da inassertividade. Eles possuem pensamento catastrófico e tem propensão a
manifestar comportamentos desastrosos e essa técnica ira diminuir ou eliminar a concentração
que desses aspectos extremamente negativos de uma situação (SAVOIA, 2004 apud PONTES,
2009).
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Temos também outra técnica chamada de análise de custo e benefício dos


comportamentos. Que proporciona ao cliente uma visão das vantagens de se comportar-se de
forma desejável e as desvantagens de se comportar de forma indesejável, permitindo uma maior
segurança nos momento em que ele precisa tomar uma decisão. Reduzindo assim a ansiedade
provocada por episódios de indecisão (LEABY, 2006 apud PONTES, 2009).

Se for no caso de uma criança, o processo terapêutico faz uso de recursos como:
“[...]entrevistas com os pais,observação da criança na sessão, em casa ou na escola, uso de
desenhos, redação, leituras, inventários de atividades diárias e monitoramento dos
comportamentos disfuncionais […]” (LOHR, 1999; SOUZA; BAPTISTA, 2001 apud BRANCO;
FERREIRA, 2006, p.26). Nesse mesmo processo pode-se fazer o uso da Habilidade Social
Educativa Parental (HSE-P) com o recurso da THS, que se resume em:

[...] fortalecer no repertório da mãe do cliente operante verbal como conversação


e diálogo, requisitos fundamentais para modelar no repertório da criança
habilidades de resolução de problemas e desenvolvimento de repertórios
comportamentais mais complexos, como o comportamento assertivo (DEL
PRETTE; DEL PRETTE, 2003, apud BRANCO; FERREIRA, 2006, p.33).

3 ESTUDOS DE CASO

3.1 Caso Alex

O caso pode ser consultado na íntegra em (MARTINS; GUILHARDI, 2006).

Guilhardi e Martins (2006) no artigo “História de contingências coercitivas e suas


implicações: Estudo de caso sob a perspectiva da terapia por contingências de reforçamento”,
retirado do ITRC, nos apresenta um caso em que o cliente demonstra comportamentos não-
assertivos/ inassetivos, se enquadrando como base para nosso trabalho.

No estudo de caso as informações apresentadas ao decorrer das sessões foram: relato das
queixas do indivíduo, os procedimentos utilizados pelo Analista do Comportamento e os
resultados apresentados.
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No começo da terapia Alex estava com 22 anos, já havia concluído o ensino médio e
trabalhava em um escritório de contabilidade, porém viria a ser demitido. Morava com seu pai de
52 anos e sua mãe de 51, a qual apresentava graves problemas renais desde a gravidez de Alex,
sendo necessário fazer hemodiálises três vezes semanais.

Quando perguntado quais motivos lhe traziam a terapia, Alex apontou como queixa
principal algumas dificuldades com o comportamento verbal, dizendo que era incapaz de iniciar e
manter uma conversação.

Nas primeiras sessões era difícil o contato visual, emitia comportamentos que
demonstravam nitidamente a ansiedade e muita timidez, como: Sudorese, inquietação com os
membros superiores e inferiores entre outros. As queixas eram voltadas ao relacionamento
complicado com os pais, sendo comum no ambiente familiar o uso dos estímulos aversivos,
punições negativas e comportamentos de fuga, tornando seus relacionamentos sociais algo
complexo.

Ao ler o artigo, conseguimos apontar resultados que fizeram com que Alex desenvolvesse
muito bem suas habilidades sociais, assim decidimos destacar o Ensaio Comportamental em um
contexto de entrevista de emprego, algo que era complexo para ele no começo. Ao decorrer da
terapia, o psicólogo reforçou positivamente os comportamentos do organismo quando emitido
corretamente (comportamentos verbais ou não verbais), não emitiu punição ou apresentou
estimulo aversivo durante a terapia e por fim, utilizou a troca de papeis para trabalhar a
dificuldade do cliente. O terapeuta trocou de papel com o paciente mostrando-o como agir
perante algumas situações.

De primeiro momento o terapeuta interpretou o entrevistador, e ao longo da “entrevista de


emprego” corrigia quando necessário os comportamentos de Alex, ensinando-o o comportamento
correto para aquela situação. Na segunda etapa, houve novamente uma troca, onde o terapeuta
passa a ser Alex e age de maneira assertiva para que o mesmo possa imitá-lo na terceira etapa,
assim fazendo um treino de comportamentos sociais.

Por fim, utilizando esse método, Alex conseguiu desenvolver autoconfiança para falar
com outros indivíduos em diferentes contextos, melhorou suas relações familiar, social, no
âmbito profissional e amoroso. Se tornou um indivíduo pouco ansioso e tímido, capaz de se
envolver em atividades grupais, conseguindo se posicionar quando necessário.
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Na devolutiva ao cliente, poderíamos explicar que esses comportamentos assertivos


aconteciam devidos os estímulos antecedentes que lhe eram apresentados, como por exemplo, a
agressividade do pai, a doença da mãe, a ausência do diálogo entre a família e na relação com a
namorada, o excesso de punição que sofreu e também os comportamentos de fuga que lhe foram
condicionados. Todos esses aspectos contribuíram para que Alex se tornasse o indivíduo tímido,
ansioso e com dificuldades em habilidades sociais e na interação com o outro.

3.2 Déficit em habilidades sociais em uma criança

O caso pode ser consultado na íntegra em (BRANCO; FERREIRA, 2006).

A criança no começo da terapia tinha 10 anos, é do sexo masculino, estava na terceira


série do ensino fundamental, com histórico de repetente escolar. Ele morava com seus pais e com
uma irmã mais nova, na casa própria dos pais. Sendo que seu pai era o apoio da família. A
criança já tinha um histórico prevê de atendimento em psicologia do hospital, a família era
católica, mas a criança não frequentava a igreja por causas das suas queixas, ele participava do
“clube dos Lobinhos” (escoteiros mirins). A mãe relata que ele não é agressivo nas relações
familiares ou sociais.

Segundo Branco e Ferreira, (2006) na história ambiental da criança havia várias situações
sociais e do cotidiano ao qual ela não consegue lidar, pode ter ocorrido por controle familiar ou
pela ausência de modelo de controle positivo, ou emissão de reforçadores ambientais, como
incentivo verbal de carinho, de atenção. Segundo sua mãe relata: ele não conseguia ter respostas
assertivas socialmente, em situações em público tinha comportamentos de choro, episódios de
vômito, sentimentos de desânimo, tremores musculares, sudorese diante de ambiente e
desconhecidos, timidez e não conseguia se relacionar com outras crianças da mesma idade.

Na terapia foram formuladas sessões de atendimento orientados pela supervisão do


estágio, eles usaram materiais como: pranchetas, folhas de papel em branco e caneta, jogos,
brinquedo e materiais para recorte, e colagem direcionados a pratica de atividades lúdicas.
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O artigo nos mostra que a avalição foi feita segundo as informações e relatos da mãe e da
criança que foram: ocorria comportamento de fuga e esquiva, em ambientes sócias, como medo
nervosismo, ataque cardíaco em determinadas situações, suor excessivo, contrações musculares,
vômitos a situações de enfrentamento social. A criança tinha déficit em assertividade, por falta de
modelos assertivos, ao qual a pessoa é capaz de expor, expressar seus sentimentos e senti-los de
forma clara e objetiva. O padrão pode ter sido estalado por causa dos comportamentos coercitivos
da família ou ausência de reforços ambientais como carinho, atenção, comportamento governado
por regras e déficit de respostas de autocontrole.

A intervenção direta foi baseada no modelo triado o qual se dá entre terapeuta, cliente e
mediador, este modelo se dá ao incluir uma terceira pessoa (geralmente os pais da criança) como
mediador no processo para mudanças. Foram feitas as seguintes intervenções: fortalecimento de
respostas de auto exposição de cliente, fortalecimento de estimulo antecedente, modelagem de
respostas de auto discriminação de sentimento do cliente, esclarecimento sobre as implicações
que o processo de esquiva trazia, esclarecimento sobre a implicações que a timidez pode provocar
privadamente na criança, fortalecimento de descrições verbais do cliente e habilidade social
Educativa Parental.

Branco e Ferreira (2006) nos mostra que após sete sessões de intervenção e ganhos
terapêuticos a mãe e o cliente começam que ele ganhou um torneio nos lobinhos, que consegue
interagir com as outras crianças, que jogou bola, e foi para piscina. A criança relatou que ficou
com medo de ir no passeio, que ainda fica nervoso em situações fora de casa. Mas que consegue
sair e tenta se acalmar, que também tem jogado vídeo game com os primos, que está jogando bola
e empinando pipa na rua. A terapia nos mostra as dificuldade e superação da criança e da mãe
com um trabalho bem-feito e continuo do terapeuta. Foram 20 sessões para ajustar o paciente em
seu contexto ambiental. Apesar das progressões identificadas e relatadas, o cliente ainda manteve
o comportamento governado por regras, sendo então recomendado a continuação da terapia.

3.3 Caso Selma

O caso pode ser consultado na íntegra em (PONTES, 2009).


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A paciente do estudo tem 40 anos de idade, é solteira, nasceu em uma família de 12


irmãos, é mãe de duas filhas, uma de 14 anos e a outra de 12 anos. As duas moravam com a mãe.
O pai de suas filhas possuía outra família, mas semanalmente as visitava. A paciente cursou o 2º
ano do ensino médio, e trabalhava como empregada doméstica em casa de família há mais de 20
anos.

O procedimento que foi realizado no estudo se deu em quatro etapas: rapport, linha de
base, intervenção e avaliação. Esses procedimentos podem ser consultados na íntegra no artigo
mencionado acima. Iremos dar ênfase nas queixas apresentadas, nas técnicas utilizadas e nas
mudanças de comportamento á partir das intervenções.

Na primeira sessão, utilizada como método do procedimento de linha da base, as queixas


iniciais da paciente giravam em torno de sua filha. A cliente se queixava de problemas como:
insegurança, dependência, esquecimento e obesidade. E, logo, foi decidido pela terapeuta/
estagiária que o trabalho de intervenção se iniciaria nessas queixas. Porém, ao longo das sessões,
a terapeuta/ estagiária percebeu que essas queixas iniciais poderia ser uma forma de esquiva da
cliente para os problemas relacionados á ela. Assim, a intervenção se direcionaria para os
problemas de falta de assertividade, dificuldade de falar em público, e a ansiedade causada na
tomada de decisões.

Como intervenção, foi pedido á cliente que realizasse tarefas de casa e foram utilizadas
técnicas comportamentais, de acordo com a necessidade de cada queixa que seria trabalhada.

Para trabalhar as queixas relacionadas às habilidades sociais, a terapeuta/ estagiária


utilizou as seguintes técnicas: análise funcional, ensaio comportamental, e análise do custo-
benefício.

Utilizando a análise funcional, a cliente deveria descrever as contingências de seu


relacionamento com a filha, ou seja, deveria informar o que a filha fazia, o que ela (paciente)
falava, e qual era a consequência de sua resposta. A análise funcional foi utilizada pela terapeuta/
estagiária com o objetivo de a cliente conseguir interagir de forma mais adequada com seu
ambiente, assim identificando a relação de dependência das variáveis, com suas queixas.

A técnica do ensaio comportamental foi utilizada com o objetivo de trabalhar as


habilidades sociais inassertivas e dificuldade de falar em público.
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Como a cliente tinha dificuldade em se expressar em uma conversa, desde sua filha até
com familiares, a terapeuta utilizou essa técnica para ajudá-la a falar com o pai de suas filhas,
sobre a possibilidade de término. Isso foi feito através da troca de papéis, onde a terapeuta
assumiu o papel da cliente, e a cliente o papel do pai de suas filhas.

Essa mesma técnica foi utilizada para trabalhos escolares, ensinando-a se comportar em
sala de aula, a fim de reduzir sua ansiedade. Para trabalhar essa dificuldade acadêmica, a
terapeuta pediu que a paciente escolhesse um tema sobre o qual gostaria de falar e apresentasse
em consultório.

Além dessas técnicas, foi utilizada a análise do custo-benefício, o objetivo dessa técnica é
mostrar para a cliente o custo que se comportar inassertividade traz, e os benefícios que pode ter
se ela se comportar assertivamente. As principais queixas trabalhadas com essa técnica foram: os
benefícios de tirar dúvida em sala de aula, saber se comportar quando os parentes aparecem sem
serem convidados em sua casa, e os benefícios de manter um relacionamento com o pai de suas
filhas.

Com a aplicação dessas técnicas a cliente conseguiu se comportar assertivamente diante


de situações que ela não se comportava assim, e situações que ela obtinha consequências
negativas ela conseguiu se comportar de forma que obtinha consequências positivas.

O artigo menciona que antes da intervenção, houve um fato em que a paciente relatou que
precisava pagar uma conta que seria dividida entre os irmãos, mas não quis pedir o dinheiro, e
acabou pagando a conta sozinha, e relatou sentir-se com raiva e acabou gastando mais do que
havia programado para o mês. Após a intervenção, a cliente relata que ao organizar um jantar
para a família, pediu dinheiro para seus parentes para ajudar na organização, e relatou se sentir
bem. Podemos observar que a cliente conseguiu ter comportamentos assertivos após a
intervenção.

Quanto à dificuldade de falar em público, após a intervenção, que além de utilizar as


técnicas mencionadas acima, utilizou também o método socrático, a cliente conseguiu se
comportar de forma que conseguisse falar em público e obter consequências positivas. No âmbito
acadêmico a paciente deixava de apresentar um trabalho devido a ansiedade e o nervosismo que
aquilo causava, e ela acabava sendo prejudicada, pois tirava notas baixas. Após a intervenção, a
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cliente conseguia tirar suas dúvidas em sala de aula, obtendo consequências positivas como: ficar
sem dúvidas na matéria e se sentir bem.

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

De acordo com o que foi apresentado, dentro do treino de habilidades sociais vimos que
há vários tipos de déficits no comportamento, que se enquadram nas habilidades sociais, e várias
técnicas que podem ser utilizadas como intervenção, entre as principais: análise funcional, ensaio
comportamental, análise do custo-benefício, modelagem, educativa parental, e etc.

Ao realizar o trabalho observamos que as técnicas são de grande importância como


intervenção na terapia, dando excelentes resultados, como podemos ver nos estudos de caso
mencionados.

Podemos também concluir que os comportamentos assertivos são de grande importância


no repertório comportamental do indivíduo, e caso o indivíduo não tenha comportamentos
assertivos, com a terapia o indivíduo consegue aprender a se comportar de forma assertiva e
sentir os benefícios que se comportar assim pode ter.
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