Gonçalves de Magalhães - Opúsculos Históricos e Literários
Gonçalves de Magalhães - Opúsculos Históricos e Literários
Gonçalves de Magalhães - Opúsculos Históricos e Literários
OBRAS
DE
D. J. G. DE ~IA.GALHAE
TOM O VIII.
OP SCDLOS
HISTORICOS E LITTERARIOS.
OPlSCULOS
RI TORIOOS E LITTERARIOS
POI!
D. J. G. DE MAGALHAENS.
,;
RIO DE JA EIRO
LIVRARIA DE R ~ GARNIER
R A DO OUVIDOR N-m:..
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186!).
1J
O
BIBliOTECA
VIENNA.
IMPEli IA'. E IIEAL TYPOGRAPIIIA. J865.
MEMORIA HISTORIe!
DA
OFFERECIDA
DO BRASIL,
PREMIADA PELO l\1ESMO INSTITUTO
OOM A GRANDE MEDALHA DE OURO
NA SUA E Ão SOLEAlNE
DE 1847.
r
/ ('
CAPITULO I.
Ob ervações preliminares.
CAPITULO II.
Usos e co turnes do Maranhão.
CAPITULO III.
Do estado da província antes da rebellião e da presidencia
do Sr. Camargo; grande opposição aos actos do governo
deste.
CAPITULO
Do procedimento do r. Carnargo; parte falsa dada ao
ministerio; sua demissão.
o
20 ME ~I O R r A II ( T O n[
CAPITULO VI.
Posse do novo presidente Sr. Manoel Felizardo de ouza e
:Mello; seu engano. Grande desenvohimento da rebellião.
Apparecimento de Balaio. Destroço dos Angioos. Temores
de ser a. capita.l sitiada.
CAPITULO VII.
Caxias, seu assedio e desastres.
CAPITULO VIII.
Da tomada de Carias; o que ahi se passou. Emissario dos
rebeldes ao presidente j suas requisições.
CAPITULO IX.
Da maneira porque foram recebidas as proposições dos rebel-
des. Uma cenferencia em palacio entre o Dr. Sá e o pro-
fessor Sotéro. Da opinião publica sobre o presidente, e
censur~s que lhe faziam.
CAPITULO x.
Progressos da rebellião e seus horrores.
CAPITULO Xl.
Da chegada do coronel Sergio para commandante das forças.
Sabida deste e do presidente para o rcatú ; e do desastroso
ataque das Arêas.
\
CAPITULO U DEClnl0. 43
44 ~IE~IOHIA HISTOIlICA.
.
CAPITULO UNDECIMO. 41>
CAPITULO XII.
Dis-persão dos rebeldes em differentes grupos, Evacuação de
Caxias e do Icatú ..Entrada no Maranhão do major Cle-
mentino de Souza Martins.
CAPITULO XIII.
Principio da desordem na comarca de Pastos-bons. Crtme de
Militão Bandeira de Barros. Do acontecido nas villas da
Chapada, Riachão e Pastos-bons.
CAPITULO XIV.
lIJorte do major Clementino de Souza Martins. Caxias cai
de novo em poder dos l'!lbeldes.
CAPITULO XV.
Providencias inexequiveis do commandante das forças.
I-
CAPITULO DECIJ\10-QUINTO. 1)9
CAPITULO XVI.
Divergencia entre o presidente e o commandante das forças
expedicionarias : ambos se mostram incapazes de continuar
a guerra. Considerações sobre o estado da provinda.
CAPITULO XVII.
Novo ministerio. Nomeallão do coronel Luiz Alves de Lima-;
para presidente e commandante das armas do Maranhão:
modo lisongeiro porque foi recebido.
CAPITULO XVIII.
Politica do presidente. Estado lamentavel em que se acllava
o exercito. Providencias que cortaram despezas inuteis:
restabelecimento da disciplina,
* Hoje brig~dciro,
•• O,'dem do di~ 11.0 2.7, úo 1.0 de Abril de 1840,
..... Orúem do dia 11.° G, de la de Fe\'e"ci,'o de 1840.
76 MEMORIA IIISTORICA.
CAPITULO XIX.
Distribuição dos rebeldes e das forças legaes. Primeiros mo-
vimentos militares ordenados pelo presidente e comman-
dante das armas.
• Hoje major,
•• Hoje t~lIellle·corollel e COlllllla,"lallt,! do 8,0 hatalhão lIe caça-
dOI'e. de La lillha,
81
CAPITULO XX.
Primeira sabida do presidente para a campanha. Movimento
e marcha das tropas do 1catú e 1tapucurú-mirim para II
Vargem - grande e Caxias. Tentativa dos rebeldes sobre o
Pará. Noticias do Piauhy. .Desastre da Miritiba.
CAPITULO XXI.
Revolta da villa de Paranaguá, no Piauhy: considerações
sobre o estado da rebellião : falta de reoursos.
'" Ill. mo e EX,mo Sr, - Quando em meu officio para v, Fx. 3 da-
talio de 21 de Março ullimo dice eu que tristes er~m as circumstancias
do Piauhy, não o considerava com tudo no imminente pel"Ígo em que se
acha hoje. Os desordeiros de Paranagu:í, que a principio se mostravam
receiosos de encarar minhas forças, agora audazes com a incremento
que tem tomado a revolla, e animados pela juncção de gl'anrles partidas
dos rebeldes de Pastos-bons, e proximidades de outras, marcham a
atacar as minhas alli postadas, e a'esta hora ou terão t"avado hatalha,
ou lhe teremos cedido algum terreno, o que sed em verdade para sentir,
mas irremelliavel: po"que a fraqueza numerica das forças legaes e a
pouca munição que tem, lhes não dão logar a resistirem a forças muito
mais snperiores, Nestes apuros não sei com que opporei tropeços ,is
p"etenções de taes treSloucados, e si, como creio, forem as forças dos
sublevados do P3I'auaguá muito superiores ns que tenho em sua frente,
muilo é pa"a teme" um successo funesto ás nossas armas, pOl'que
havendo-se ellas collocado nas raias dos municipios de Jeromenha e
Parauagu,(, para impedir o contagio da revolução uaquclle, vejo' que
as partidas dos de Pastos-bons dividem-se n uvullados g"upos; e
quando IIIIS procuram juntar-se com os sublerados, outros occnpam o
importante ponto do Urussuhy, que quasi cobre a resgual'da das ,!,i-
nhas forças, e parece que s6mente aguardam a occasião, em llue se ellas
hatam com os pl'imeiros, para lhes darem pela retaguarda, ou pelo
menos cortarem-lhes a communicação com esta capital, ou com os
ponlos quP. ficam a ést., o que lhes não sel'Ji difficil! Para evilar este
lIJal sel"Ía preciso qne á m!nh,; disposição estivessem recnl'sos de
maior entidade; mas tendo apenas nesta capital cem arllJas, e cal'e-
cendo de munição su{ficiente pUJ'a sua defeza quando seja agg,'edida,
86 V, Ex. 3 poder,i removei-o fazendo sem perda de um momento
marchal' uma força de cem pl'aças bem municiadas na llirecção da villa
de_ Jeromenha, d'oude tomartÍ o destino que as circumstancias exigi-
rem &c. Piauhy, 7 de April de 1840,"
CAPITULO VIGESIMO-PHIMEIHU. 87
CAPITULO XXII.
Tomada da "illa do Brejo: grande ataque nas matas do
Egypto e Curimatá, no Piauhy.
CAPITULO XXIII.
Abertura da Assembléa provincial. Ml\l'cha do Presidente
para a Miritiba: ataque do Matão-grande.
CAPITULO XXIV.
Revolta da villa do Itapucurú-mirim: plano dos revoltosos:
ataque do Gaiola: conseq~encia.s favoraveis desta revolta..
CAPITULO XXV.
Miseria do exercito, c falta de soccorros e de politica
do ministerio.
7*
'100 M r;; M o R I A H I S 'r on r C A.
CAPITULO XXVI.
Occupação da comarca de Pastos-bons: correspondencia com
Raymundo Gomes: diminuição dos rebeldes. O negro Cosme
eseu quilombo. Marchado presidente paraa Vargem-gl'ande,
Providencias importantes, suas vantagens.
CAPITULO XXVII.
Noticia da declaração da maioridade de Sua Majestade
o Imperador, e como foi recebida.
CAPITULO XXVIII.
Estudo da guelTu. Inutilidade elos meios de conciüayão com
os l'ebeldes. Desorelem ele V'ianna, e sahida. do presidente
para uquella villa.
CAPITULO XXIX.
Grande ataque na comarca de Pastos-bons, e seus resultados:
derrota com.pleta e mortandade dos rebeldes, e de muitos
dos seus caudilhos. Morte do bravo tenente Conrado: ulti-
mo e decisivo plano de ataque. Decreto de amnistia.
CAPITULO XXX.
Viagem do presidente a Caxias: providencias alli dadas.
CAPlT LO XXXI.
Perfidia de Raymundo Gomes: seu plano de surprender o
presidente no regresso de Caxias: tentativa. oontra a villA.
do Rosario.
CAPITULO XXXII.
Falta de viveres e de dinheiro. Posição de Raymundo Gomes.
Intrigas eleitoraes,
CAPITULO XXXIll.
abida do presidente para Icatú e Miritiba: apresentação de
Pedroza e de Raymundo Gomes. Prisão do Cosme. Fim
da guerra.
CAPITULO XXXIV.
Intrigas eleitoraes. Com o fim da guerra augmentaram-se
as intrigas dos partidos.
CAPITULO XXXV.
Observações gemes sobre o governo do Sr. Llúz Alyes de
Lima. Conclusão.
CAPITULO XXXVI.
Ex[ osiçào feita ao Dr. João Antonio de Miranda pelo coro-
nel Luiz Alves de Lima na occasião de entregar-lhe a
presidencia da provincia.
MEMORIA
OFFEIlECIDA
OS INDIGENAS DO BRASIL
PERANTE A mSTüRIA. .
:ME:NlüRIA.
I.
Os documentos escriptos sobre os indígenas do Brasil devem
ser julgados pela critica, e não aceitos cegamente.
II.
o fim deste trabalho é rehabilital' o elemento indigena que faz
parte da popula',lão do Brasil.
III.
Historia geral do Brasil, pelo Sr. Varnhagen. Si cabe aos
nossos selvagens o titu~o de incligenas. Considerações
sobre as antiguidades americanas.
IV.
Conclusões que podemos tirar da carta de Vaz de Caminha.
Justiça, ordem social, c fórma de governo dos indegenas
do Brasil.
v.
Da vingança alêm dos umbraes da eternidade attribuida aos
indigenas. Suas erenças religiosas. Contradicções em que
cahiram Lery e oares. O espirito humano é o mesmo por
toda parte. Exemplo de Lord BY1·oll.
VI.
Explicação de varios usos dos Tupis por occasião da gravi-
dez e parto das mulheres. Exemplo de preconceitos de
povos cultos. Resumo das praticas mais notaveis dos Indí-
genas. Porque temiam os trovões. Differença entre - Tupá
e Tupana-.
• La conlesse de IJlessillgloll.
:182 os I DIGE 'AS DO BRASiL.
VII.
Moral dos Tupis, Hospitalidade, e Estoicismo. Como rece-
beram elles os companheiros de Cabral e de Martim
Atronso.
VIII.
Nosso respeito á civilisação. Efficacia das leis positivas como
interpretações e complemento das leis naturaes. Falsa
theoria ácerca da ambição e cuóiça de alguns donatarios
do Brasil. P.rincipal merito da historia.
•
194 os lNOIGENA DO HJ1ASIL.
IX.
Artes e industrias dos lnrngenas conservadas até hoje. Im-
parcialidade do Sr, Varnhagem a este respeito.
x.
Experiencia, e praticas scientificas dos Indigenas. Per-
fei\\ão da sua lingua.
<1as curas qlle fazia COlll essa droga, teve, além de titulos honorificos,
uma g,'atilicação de mil luizes de ouro que lhe deo Luiz XIV, "ei de
F,·ança.
XI.
Captiveiro e emprego da força.
le. ne coosiderelll ell loul ce qu'oo leuI' dil avec boolle I'aisoo ..•
El de fail quant au oaluo'el de I'homme, ie mailltieo qu'lIs discoul'ellt
mieux qlle ne fonl la pllls pari des pay.auts, \'oil'e que d'aulres de
par deça, qui pensent eslre biell habile•. Le,'Y' pago 290.
• Tomo 1.° pag. 184..
OS INDIGENAS UO BRASIL. 213
XII.
Grandcs serviços prestados ao Brasil pelos seus naturaes.
Exame de um axioma de estatistica em relação á popu-
lação indígena.
:;
.t /
sando o Francezes e Hollandezes do Rio de Janeil'o,
da Bahia, de Pernambuco, e do Maranhão? Teriam
podido as limitadas forças portuguezas ó por sí tomar
uma parte do Bl'asil á França, e outra parte á Holanda,
sem esses milhares de Indios que com ellas valorosa-
I ,! mente combateram? I ão, de certo; porque apezar do
uma
Si o Bra iI é hoje uma nação independente; si
ó lingua e falia em seu vasto tel'l'itorio, em
grande pal'te o devemo ao valor dos nossos indigenas,
que aos Pol'tugueze se liga.ram.
Pretendendo o Sr, Varnhagem demonshar o
quanto e tá hoje o Bra iI mais povoado do que no
tempo em que começou a ua olonisação, verdade de
que Ili"o duvidamo., nem nos aflmil'amos; e que por
2-16 os I OICENAS no BHASfL.
XIII.
Varios destinos dados aos indigenaso Calculo aproximativo
da quantidade dos que se christianisaramo O typo indigena
actualmente.
XIV.
Conclusões historiclls.
.,
236 os INDIGENAS DO IlHASIL.
-
239
ADVERTE elA.
DISCURSO
SOBRE AHISTORIA DA LITTERATURA DO BRASIL.
I.
A litteratura de um povo é o desenvolvimento do
que elle tem de mais sublime nas idéas, de mais phi-
losophíco no pensamento, de mais heroico na moral,
e de mais bello na natureza; é o quadl'o animado de
suas vil'tudes e de suas paixões, o despertador de sua
gloria, e o reflexo progressivo de sua intelligencia; e
quando esse povo, ou essa geração, desapparece da
superficie da tel'l'a com todas as suas instituições,
I
crenças e costumes, escapa a litteratura aos rigol'es
do tempo pat'a annuncia.r ás gerações foturas qual
fôra o caracter e a importancia do povo, do qual é
ella o unico l:epresentante na posteridade. Sua voz
como um echo immortal repercute por toda parte, e
diz: em tal epocha, debaixõ de tal constellação, e
~obre tal ponto do globo existia um povo, cuja gloria
só eu a conservo, cujos her6es s6 eu os conheço; v6s
porêm si pretendeis tambem conheceI-o, consultai-me,
porque eu sou o espirito desse povo, e uma sombra
viva do que elle foi.
16
242 II ISTORIA DA LITTERATURA.
II.
O Brasil, descoberto em 11>00, jazêo h'es seculos
esmagado dehaixo da cadeira de ferro, em que se
recostava um Governador colonial com todo o peso de
sua insufüciencia, e ele seu orgulho. 'Misquinhas inten-
ções politicas, por não dizer oub'a cousa, dictavam
leis absurdas e iniquas que entorpeciam o .progresso
da civilisação e ela industria. Os melhores eng'euhos
em flor moniam, faltos desse orvalho protector que
os desabl'ocha. Um fenete ignominioso de desapprova-
ção, gl'avado na fI'onte dos nascidos no Bra ii, indig-
nos os tornava dos altos e civis emprego. Para o
Bt'asileiro, no seu llaiz, obstruidas e fechadas estavam
todas as portas e esh'adas que podiam conduzil-o á
illu b'ação. Uma só porta ante seus pa sos se ahl'ia;
HISTORIA DA LITTERATURA. 249
III.
Ião se póde lisongeal' muito o Brasil de deyel' a
Pol'lugal sua pI'imeira educação; tão mesquinha foi
ella que bem pal'ece ter sido dada POI' mãos avaras e
pobres; com tudo Ma ou má d'elle herdou, c o con-
fessamos, a litteratura e a poesia, (rue chegadas a este
terreno americano não pCl'deram o seu cal'acl:el' euro-
pêo. Com a poesia vieram todos os deoses do paga-
nismo, espalharam-se pelo Brasil, e dos céos, e das
florestas, e dos dos se apoderaram,
A poesia brasileil'a não é uma indigena civilisada;
é uma Grega vestida á franceza e á portugueza, e
climatisada no BI'asil; é uma virgem do Helicon que,
peregl'inando pelo mundo, estragou seu manto, talha-
. do pelas mãos de Homero, e sentada á sombra das
HISTORIA DA LITTERATURA. 2ã7
IV.
Póde o Bl'asil inspü'al' a imaginação dos poetas,
e tel' uma poesia propria? Os seus indigenas culti-
varam porventura a poesia?
Tão geralmente conhecida é hoje esta verdade,
que a disposição e caracter de um paiz gl'ande influ-
encia exerce sobl'e o pbysico e o moral dos seus
habitantes, que a damos como um pl'Íncipio, e cremos
inutil insistir em demon h'al-o com argumentos e fac-
tos pOl' tantos natlll'aji tas e philosophos apresentados.
HISTORIA DA LITTERATURA. 265
-
273
PHILosorlllA DA RELIGIÃO
SUA
"J836.
301>
BIOGRAPHIA
DO PADRE l\1ESTRE
A VELHICE.
Porque envelhece o homem. Contínua renovação do corpo.
Provas. A. velhice não é o resultado do longo uso do
corpo. O que é então. Causas que apressar:J. a velbice.
EfIeito das paixões. Verdadeira Macrobiotica. Exemplos
historicos. Influencia do moral sobre o physico. Força
da vontade.
lencem.
A VELHICE. 337
22
.... 339
o PAVAO.
Effeitos da admirayão. Moralidade da fabula de Jupiter
transformado em Cuco. O instincto da belleza. A mo-
destia e a vaidade. Malignidade da inveja. Necessi-
dade do louvor.
~.
•
347
AJ\IAN elA.
NOVELLA.
1. a Ca !'la.
Si creio no que me mandaste dizei', sou o mais
feliz de iodos os amanles, porque basta o teu amor
pal'a endeosar minha existencia. Wlas ao mesmo tempo
a pel'linacia de teu pai me con litue o mais desgl'açado
de todos os morlaes. Eu sempl'e antepuz a 11Onl'a e
a gloria ao dinheiro; mas hoje desejaria tel' milhões
364
2," Cada,
3." Carta.
O somno fugio de meus olhos, e 110 fim desta
vigília, mais cruel que a tempestade, só vejo a morte.
Tres dias de e peranças e de lucta s6 tenho diante de
mim; e no fim destes tres dias de angustias tu me
dil'á um eterno adeos, pal'a entl'egar-te ao teu odioso
espo o ... e eu e tarei na eternidade! ... É i to o (rue
queres? Dize, dize, cruel? O que espel'a ainda? Já eu
366 Al\lANC'IA,
4.' Ca da.
Estou desenganado.... Conbeci-te emfim! Não
lIa amOl' de mulhel' que seja real. Seu jUl'amento é
uma perfidia; seu riso uma zombal'ia; sua palana
uma mentiJ'a; tudo n'ella é lima pura fal idade, que
se desyanece como as illu ues do sonho. Oh! como
tu me enganaste tão cl'uelmente I ,Não haverá tambem
compaixão no cOl'ação do mulher? Já eu me conten-
tava que por piedade fizesse o que pOI' amOl' el'as
incapaz de fazei' ... sim pOl' piedade; ,porc{ue som'o
muito. Minha mOl'te é inevitavel. Tu não compal'e-
ceste no pl'azo dado; signal certo que me não, quel'e
NOVELLA. 367
15." Ca da,
Sim, eu devo vivei', tu o queres! Tão I'epenli-
namente passei da dc espenlção á alegria que sinto a
ca])eça perturbada, Oh I que não possa eu agol'a
a])l'açal'-te, e devol'al'-te com os meus beijo , como
faço á tua carta, que não ai dos meus labio , e de
meu peito, como uma pI'ecio a I'eliquia. Como tu me
amas, Amancia I Como tu me amas! Eu tambem te
amo, e te adoro. Perclôa-me, minha cruel'ida, a dUI'eza
da carta desta manhã. Eu estava doudo, e te julgava
ingl'ata. Sim, tu me perdoarás pelo muito amor que
te con agl'o. Eu lá ,"ou e pel'ar, como tu me orde-
nas. Eu lá estarei de joelho á tua e pel'a ... sim, de
joelhos; e a pI'imeira palavra (rUe quero ouvü' de tcus
labios é: - Eu te pCl'dôo.«
Ol'a, eis - nos aqui mais orientados. Amancia
não faltou naquelle dia, pois que lá a encontrei;
ponlue pois não comp3l'ec~o o eu tão olicito e
368 AMA 'CIA.
-'
'OVELLA, 389
--10(---
...
393
A DANTE.
186!:í,
HYMNO DOS BRAVOS.
1861>'
FIM.
397
INDICE.
Pn(.