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Voz Da Juventude - Sermonário

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CRISE DE IDENTIDADE

“Moisés, porém, respondeu a Deus: "Quem sou eu para apresentar-me ao faraó e tirar os
israelitas do Egito?" Êxodo 3:11.

INTRODUÇÃO

Se você buscar pelo significado da palavra identidade no google, obterá


algumas definições. Uma delas define o termo como “o conjunto de características que
distinguem uma pessoa ou uma coisa e por meio das quais é possível individualizá-la”.
Ou seja, embora nossa cultura fale de identidade como se fosse autoimagem ou
autoestima, a identidade, na verdade, é a soma de vários aspectos de sua vida que lhe
tornam, de fato, quem você é.

É exatamente por isso que a pergunta “quem é você?” tem sempre múltiplas
respostas, e nós costumamos tentar responder a esse questionamento chamando
atenção para algum papel que desempenhamos. A esta pergunta mesma pessoa pode
responder:

• “Eu sou o pai daquele bebê”


• “Eu sou psicólogo”
• “Eu sou o Doutor João”
• “Eu sou um fracasso”

Como você pode perceber, “quem é você?” é uma pergunta impossível de ser
respondida com um único termo. Assim, neste universo de possíveis respostas,
facilmente alguns traços de nossa identidade se destacam e outros nós varremos para
debaixo do tapete. Mas é quando a pergunta quem é você, é feita olhando diretamente
no espelho, e se torna em “Quem sou eu?” que é acionado o gatilho da crise de
identidade.

A crise de identidade acontece no momento que nós confundimos a fonte de


propósito da nossa existência e quando valorizamos mais um pedaço do que somos do
que o todo. É quando o título, o estado civil, o peso, a orientação política ou até
mesmo a religião começa a ser mais importante que a essência do indivíduo. Qualquer
tentativa de fazer com que algum desses ou outro aspecto se sobressaia do todo vai
desumanizar você e vai lhe afastar da sua real identidade.
Outra definição de identidade no dicionário é qualidade do que é idêntico”.
Começamos a desejar um mundo cheio de cópias dos nossos padrões e, qualquer um
que não se enquadrasse neles era uma ameaça em potencial que, muitas vezes assumia
o papel de “inimigo imaginário”.

Então, passamos a nos alinhar por afinidade e nos cercar de pessoas que pareçam
tanto conosco que não coloquem em risco a nossa identidade.

A identidade em crise provoca surtos de raiva. A insanidade do rótulo resulta em


conflitos. Conflitos entre esquerda e direita. Conflitos entre cristãos e judeus. Brigas entre
torcedores. Guerras interiores saltam para o exterior. Tudo por que não conseguimos
aceitar a nossa identidade primária: somos humanos, imagem e semelhança de Deus.

Mas é exatamente no olho do furacão de nossas crises de identidade que Ele


aparece para reacender a centelha da sua imagem em nós. Foi exatamente isso que
aconteceu, por exemplo, com o homem que inaugurou o que chamamos de Bíblia.

HEBREU OU HEGÍPCIO

É impressionante que o primeiro homem a escrever a história dos grandes atos


de Deus neste mundo foi vítima de uma profunda crise de identidade. Moisés, ainda era
bebê quando foi encontrado pela filha de Faraó, entre os juncos às margens do Nilo.
Enquanto ela se banhava ouviu o choro daquela criança e compadeceu-se dele. Contudo,
assim que pôs os olhos no pequeno, ela concluiu: “Este menino é dos hebreus" (Êx 2:6).

À primeira vista não houve uma identificação entre a princesa egípcia e o


garotinho no cesto, mas misteriosamente ela o adotou. Uma vez que a egípcia não tinha
condições de amamentá-lo, deu para que a sua mãe biológica o criasse até que ele
atingisse idade suficiente para ir para o palácio.

Comentando o fato, Ellen White nos traz uma informação extremamente


importante:
“Ela conservou consigo o rapaz tanto quanto pôde; foi, porém, obrigada a entregá-lo
quando ele teve aproximadamente doze anos. Foi levado de sua humilde choupana ao
palácio real, para a filha de Faraó, e se tornou seu filho” (Patriarcas e Profetas, p. 244).

Pense bem, Moisés já tinha vivido doze anos na casa de sua família. Imagine a
confusão mental que se apoderou da mente daquele garoto. Mesmo sendo tão pequeno
e foi forçado a abandonar seu lar, seus irmãos, seu pai e sua mãe. Ele já era um
adolescente quando teve que trocar de casa. Mas ele não trocou somente de casa: ele
trocou de lado, trocou de povo, trocou de mãe, trocou de identidade.

Quantas vezes ele se perguntou: “O que eu fiz de errado para partir”? Quantas
vezes dentro do palácio ele sentiu saudades da favela a ponto de se derramar em
lágrimas? Foi tudo muito rápido, brusco até. Atrás dele, Joquebede sua mãe hebreia
chorava com sua partida. Diante dele, a filha de faraó, sua nova mãe egípcia sorria com
a sua chegada. Que cabeça não ficaria confusa no meio dessa turbulência?

Sob os cuidados da filha de faraó, Moisés mudou radicalmente seu estilo de vida.
Suas roupas não eram as mesmas, seu círculo de convivência não era mais o mesmo, sua
educação foi drasticamente alterada.

Os anos se passaram e lá estava um Moisés de dupla nacionalidade, que teve que


se virar sozinho na tentativa de se descobrir. O trauma vivido na infância o ensinou a se
defender, mas também lhe deu o desejo de ajudar os outros. Ao ver um hebreu sendo
espancado por um capataz egípcio, Moisés se recordou tudo o que vira em sua infância.
Seus amigos, parentes e vizinhos apanharam por anos e ele não podia fazer nada. A
frustração se transformou em raiva, e esta, o dominou. Quando ele se deu conta de si, já
era tarde demais. Tentando reforçar a sua identidade hebreia, Moisés matou um egípcio.

Em sua fúria, tudo o que tinha guardado por anos foi descarregado ali. Enquanto
agredia o egípcio ele lembrava de tudo que o Egito tirou dele. Na tentativa de se tornar
um herói ele se transformou em um assassino. Seu ato inconsequente fez dele um
fugitivo que ao chegar no deserto de Midiã, foi reconhecido simplesmente como “um
egípcio” (2:19), ou como consta no texto original “um homem egípcio”

QUEM SOU EU?

Aquele pequeno garoto hebreu no cesto foi acolhido pela filha de farão agora
que era homem egípcio, foi rejeitado por ambos os povos. Moisés habita agora em um
duplo deserto. O deserto de Midiã, e o deserto de sua existência.

Ele que foi menino hebreu e homem egípcio, agora está a quilômetros de
distância de ambos os povos. Neste deserto, o menino que nasceu como escravo e
cresceu como príncipe, torna-se um simples pastor. Em seu novo recomeço, o homem
Moisés constituiu família e teve filhos.
Quando seu primogênito nasceu, ele o chamou de Gérson. A razão deste nome
revela muito sobre o sentimento guardado no deserto do coração de Moisés: “Sou
peregrino em terra estranha” (Êx 2:22). Moisés se define como um fugitivo, um peregrino,
um imigrante, um refugiado. É como se ele estivesse dizendo que nunca se encaixou no
mundo, que nunca encontrou um lugar para estabelecer a sua identidade, que nunca
teve um lar.

Você já se sentiu assim? Já sentiu que não cabia em nenhum lugar? Já se sentiu
um fugitivo, alguém que precisava de um refúgio? Já se sentiu rejeitado pelo mundo?
Pela igreja? Você já se viu tão perdido na vida que pensou não haver um só lugar de
paz? Isso é horrível.

Com o passar dos anos, Moisés se conformou com essa condição. Mas os
questionamentos continuavam incomodando a sua mente. Quem sou eu? Sou aquele
menino hebreu que queria o colo de Joquebede? Sou o homem egípcio que se
acostumou com as regalias do palácio? Sou o velho peregrino conformado com o
deserto? Às vezes demora muito tempo para descobrir quem, de fato, você é. Mas
ninguém melhor para explicar isso para você do que Aquele que sabe de todas as coisas.

As respostas que aquela mente inquieta buscavam, já no que parecia o fim de


sua vida sem sentido (ele já tinha 80 anos de idade!), vieram, em grande medida, quando
de longe ele viu uma sarça que, mesmo em chamas, não se consumia. Atraído por sua
curiosidade, ele não sabia o que ali o esperava.

"Que impressionante! ", pensou. "Por que a sarça não se queima? Vou ver isso de perto"
(Êxodo 3:3).

Das chamas sobre a sarça, explodia uma voz que chamava Moisés pelo seu nome.
A voz que brotava da sarça era a voz do Deus de seus antepassados. Ele ouviu sobre Ele
quando era criança, mas não estava pronto para obedecê-lo. É então que Moisés começa
a disparar questionamentos existenciais a Deus. O primeiro deles, talvez, tenha sido o
mais profundo:

“Moisés, porém, respondeu a Deus: "Quem sou eu para apresentar-me ao faraó e tirar os
israelitas do Egito?" Êxodo 3:11
Se você estivesse diante de Deus, qual seria sua primeira pergunta para Ele? O
questionamento inicial de Moisés pode ser colocado em dois níveis. O primeiro
questionamento daquele homem diante de Deus é existencial: Quem sou eu [...]?

Ao perguntar “quem sou eu”, ele deseja que o Senhor lhe revele a sua real
identidade, o que ele buscou por toda sua vida. É como se ele dissesse: “Eu passei a
minha vida inteira correndo atrás da minha essência e nunca me encontrei, sou um
peregrino, fugitivo de mim mesmo. Por favor, me diga quem eu sou”!

Num segundo nível a crise de identidade que Moisés havia experimentado


demonstra que ele havia perdido a fé em si mesmo: “Quem sou eu para apresentar-me
ao faraó e tirar os israelitas do Egito”? A crise de identidade faz com que você se diminua,
que sinta que sua existência é completamente irrelevante. Então, você perde a noção do
valor que carrega, acentua suas fraquezas e não consegue enxergar que os planos de
Deus envolvem você.

AQUELE QUE PÕE FIM ÀS CRISES

Para mim, a resposta do Senhor aquele homem perdido em si mesmo, morando


no deserto e sem muita expectativa de futuro – lembre-se que ele já tinha oitenta anos!
– é completamente surpreendente:

“Deus afirmou: "Eu serei com você [...]” Êxodo 3:12

A crise de identidade revela a solidão de uma alma perdida em si mesma. Mas


agora Deus estava deixando claro que Moisés não estava mais sozinho. Era como se Deus
estivesse dizendo: “Você não vai encontrar suas respostas dentro de você. Você vai
descobrir a sua identidade na minha presença! É lá que os mistérios serão desvendados.
Você perdeu a fé em você? Não se preocupe, eu não perdi. Aliás, você não precisa ter fé
em você, apenas tenha fé em mim e eu mostrarei a você o propósito da sua existência”.

Uau! Aquilo foi sublime. As dúvidas daquele homem não teriam um fim imediato.
Sua identidade estaria em tratamento enquanto Deus estivesse com ele. Sabe, jovem,
cada vez que você sentir que a sua existência não tem propósito, que a sua vida não tem
valor; cada vez que você se sentir perdido neste mundo e vivenciar uma crise de
identidade, corra imediatamente para a presença de Deus.
Quando desafiarem sua fé na faculdade, corra para a presença de Deus! Quando for
rejeitado pela sociedade, ou até mesmo por alguém que você ama, corra para a presença
de Deus! Quando estiver consumido pela culpa por algo que você fez de errado, corra
para a presença de Deus! Quando disserem que você não é bom o suficiente, quando a
vida virar as coisas para você, quando as catástrofes se levantarem, quando as lágrimas
rolarem, quando as dúvidas martelarem, corra para a presença de Deus!

É na presença de Deus que a vida ganha sentido, que as dúvidas se calam, que a alma
aflita é consolada e que a sua identidade é restaurada. Quando perguntamos “quem sou
eu?”, é como se Deus respondesse: “Não importa quem é você, importa quem Eu Sou.
Sua identidade está escondida dentro de mim”.

IDENTIDADE

É impressionante perceber que os conflitos internos de Moisés se resolveram na


presença de Deus não apenas na sarça, mas em seu dia-a-dia, enquanto ele cumpria a
missão ordenada pelo Senhor. Ninguém tem sua identidade plenamente restaurada se
não for colocado em uma rota de colisão entre os desejos do ego e a vontade do Senhor.

Se o encontro de Moisés com o Senhor tivesse se limitado exclusivamente ao


episódio da sarça, ele não teria se reencontrado. Continuaria perdido. Sua busca não
teria um fim. Foi quando ele atendeu ao chamado divino que ele entendeu o propósito
de sua vida.

Você está a fim de se livrar das crises que abatem a sua alma? Então, quando sair
da presença de Deus, vá libertar o povo da sua faculdade, da sua escola, da sua igreja,
da sua vizinhança. É ajudando outros a serem livres – do pecado, da culpa, do mal – que
encontramos realmente a essência da nossa identidade no Criador.

CONCLUSÃO

A crise de identidade é produto do desequilíbrio do “eu”. Mas Moisés não


resolveu sua crise, inicialmente, compreendendo quem era. Para os conflitos do “eu”
apenas o “Eu sou” (Êx 3: 14) tem solução.

Eu penso que Moisés foi enviado ao Egito não apenas para libertar o povo, mas
também para ser liberto. Aquele garoto que nasceu escravo, nunca provou a genuína
liberdade, até então. Ele continuava acorrentado no deserto do seu ser. Seu espírito era
cativo da dúvida. Sua existência era prisioneira dos traumas. Sua identidade era escrava
das circunstâncias. Foi então que Deus chegou e pôs um fim em tudo isso.

Pode ser que você sinta que não pertence a lugar nenhum. Pode ser que você
não se sinta aceito por ninguém. Pode ser que em suas origens, sua infancia, você tenha
sido totalmente diferente do que você é hoje, e você não sabe onde se perdeu no meio
do caminho. Mas Ele, está com você. Sempre esteve, sempre estará.

APELO

Eu não sei o que faz você pensar que não é bom o suficiente, ou que Deus excluiu
você dos seus planos de amor. Também não sei o que tem feito você sentir que não se
encaixa na sua vida, que não há um propósito para você. Mas na presença de Deus você
será restaurado. Na presença de Deus, você será reconstruído. Na presença de Deus você
será amado. Por isso, hoje eu lhe desafio: corra para a presença de Deus, e você começará
a perceber que nada saiu do controle dEle, em sua vida.

Pr. Diego Barros


Diretor do Ministério Jovem da União Nordeste Brasileira
IMAGEM

“Criou Deus o homem à sua imagem, à imagem de Deus o criou; homem e mulher os
criou” Gênesis 1:27.

INTRODUÇÃO

A primeira coisa que salta aos olhos de alguém quando pega um documento de
identidade é a foto 3x4 estampada no RG. A maioria de nós não se orgulha de apresentar
essa imagem. Por mais que esta não passe de uma pequena representação da nossa
imagem, muitos de nós fazemos de tudo para escondê-la. Isso acontece por que nós
sabemos bem como uma imagem ruim pode estragar a sua reputação. Por isso, era tão
arriscado para Deus criar uma imagem de si mesmo para o universo – uma imagem ruim,
poderia prejudicar a sua reputação. Mas mesmo assim, ele decidiu fazê-lo.

IMAGEM E SEMELHANÇA

No princípio Deus criou os céus e a Terra. A Terra, estava sem forma e vazia. Foi
então que o Senhor começou a lhe dar forma e a encheu de seres. Durante seis dias de
24 horas, drásticas mudanças aconteceram na superfície do planeta. Densas trevas deram
lugar ao primeiro raio de luz, a água líquida na superfície torou-se vapor, agrupou-se
formando nuvens no céu e um tapete verde cobriu a terra seca que aparecera após a
divisão das águas. Logo depois, os astros celestes resplandeceram no firmamento, os
peixes se multiplicaram nos mares, as aves passaram a cruzar os céus e as feras do campo
se alastraram na terra. Tudo parecia harmônico, enfim. A Terra já não era mais sem forma
ou vazia.

Contudo, mesmo com toda a beleza da criação, parecia que ainda faltava algo. A
terra não foi feita para ser o zoológico do universo. Ela não deveria ser apenas a
habitação de animais. Tudo o que fora criado interagia entre si apenas através do
instinto. Foi então que um outro ser, entrou em cena. Nas regiões celestes, onde o tempo
é vencido pela eternidade, os desígnios de Deus se fazem conhecidos:

“Então disse Deus: "Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa


semelhança. Domine ele sobre os peixes do mar, sobre as aves do céu, sobre os animais
grandes de toda a terra e sobre todos os pequenos animais que se movem rente ao
chão". Criou Deus o homem à sua imagem, à imagem de Deus o criou; homem e mulher
os criou. Gênesis 1:26,27
“Aquele que estabeleceu os mundos estelares nos altos céus, e com delicada
perícia coloriu as flores do campo, Aquele que encheu a Terra e os céus com as
maravilhas de Seu poder, vindo a coroar Sua obra gloriosa a fim de pôr em seu meio
alguém para ser o governador da linda Terra, não deixou de criar um ser digno das mãos
que lhe deram vida. A genealogia de nossa raça, conforme é dada pela inspiração,
remonta sua origem não a uma linhagem de micróbios, moluscos e quadrúpedes a se
desenvolverem, mas ao grande Criador. Posto que formado do pó, Adão era filho “de
Deus” Lucas 3:38.

Patriarcas e Profetas, p. 18 e 19

Do pó da Terra surgia o primeiro ser humano. Com extraordinárias faculdades


mentais, dono de uma personalidade única e feito para governar a criação. Pouco depois,
uma versão feminina daquele que foi moldado do barro, tão semelhante e ao mesmo
tempo tão distinta dele, é modelada miraculosamente a partir da sua costela. Ali surgia
a humanidade, que em sua mais pura essência, seria uma miniatura da divindade.
Homem e mulher eram uma espécie de foto 3x4 de Deus.

Pense em um segundo no exato momento em que o primeiro casal foi formado


“à imagem e semelhança de Deus” (Gn 1:28). Por um instante, os anjos ficaram confusos:
- Uau! Como esse novo ser parece com o Criador!

IMAGEM DESFIGURADA

Na época em que a Bíblia começou a ser escrita por Moisés, muito do que era
dito na Palavra era libertador para aqueles ex-escravos recém-saídos do Egito. Os
primeiros ouvintes da história do Gênesis passaram toda sua vida ouvindo que apenas
faraó era a imagem viva dos deuses egípcios. Assim, faraó era uma representação de seu
deus nesta terra. Por isso, os habitantes do Egito se esforçavam para bajular faraó.

Se faraó estivesse irado, seu deus estava irado. Se faraó estivesse insatisfeito, seu
deus estaria insatisfeito. Se faraó estivesse triste, seu deus estaria triste. Por isso, faraó
agradar a faraó, significava agradar a Deus.

Agora aquele povo recebe uma nova informação. Toda a humanidade – não
apenas faraó – era a própria imagem de Deus. Isso era revolucionário. A humanidade,
agora, tem o dever de tratar o seu semelhante da melhor forma possível, e é daí que
emerge a grandeza transformadora do conceito de amor ao próximo, pois, sendo ele
imagem de Deus, amá-lo significa amar o próprio Deus.
Por isso Deus proibiu expressamente a fabricação e a adoração de imagens de
escultura. Um Deus vivo, tem que ser representado por uma imagem viva. E esta imagem,
ele mesmo fez e chamou de humanidade.

Tudo estaria perfeito se a imagem de Deus não tivesse sido danificada. Na história
da queda, a serpente oferece ao primeiro casal a possibilidade de cada um deles “ser
como Deus” (Gn 3:5). Adão e Eva não resistiram a essa oferta tentadora e pecaram. O
mais estranho em tudo isso, é que nada no universo era mais “como Deus” que eles. Eles
já eram aquilo que queriam ser, e via de regra, é quase sempre assim. O que buscamos
fora de nós encontra-se latente na nossa própria essência.

CÓPIA DA CÓPIA

Anos mais tarde, Adão gerou um descendente “à sua semelhança, conforme a


sua imagem; e deu-lhe o nome de Sete” (Gênesis 5:3). Aquele que havia sido feito à
imagem de Deus, agora imprime em seu filho a sua própria imagem. Sete era como a
xérox de outra xérox, cópia da cópia. A matriz original não era mais replicada. Quanto
mais o tempo passava, mais os homens deixavam de ser conforme à imagem de Deus e
mais se pareciam com os seus próprios ancestrais caídos. Agora, cada vez mais o homem
é imagem do homem e, assim que começamos a perder a imagem de Deus, começamos
a nos preocupar com a nossa própria imagem.

Compramos roupas que reforcem a nossa imagem. Escolhemos companhias que


melhorem a nossa imagem. Defendemos ideias que se associem com a nossa imagem.
Escolhemos profissões que contribuam para a nossa imagem. Criamos conceitos
religiosos à nossa imagem. E vivemos todo o tempo em função desta tal imagem. A razão
de tanto esforço pode ser resumida pela ideia de que imagem produz reputação.

À medida que a humanidade foi perdendo gradativamente a imagem de Deus,


ela se lançou num projeto de autoafirmação através de seus empreendimentos, visando
construir para si, reputação. Na antiguidade, o ápice deste desejo corrosivo pôde ser
percebido no episódio da Torre de Babel.

Depois disseram: "Vamos construir uma cidade, com uma torre que alcance os céus.
Assim nosso nome será famoso e não seremos espalhados pela face da terra".

Gênesis 11:4
O senso comum nos ensina que o plano dos construtores da torre era o edifício
em si, e o fato de que esta torre chegaria ao céu. Contudo o desejo dos edificadores da
torre era a fama, o renome, o reconhecimento. À medida que humanidade se afastava
da imagem de Deus, nós buscamos criar outra imagem seria formada a partir da
reputação.

A imagem de Deus se revelava “tanto na aparência exterior como no caráter”


(Patriarcas e Profetas, p. 19). Mas a humanidade decidiu trocar o caráter pela reputação.
Esse foi, sem dúvidas, um péssimo negócio. Reputação e caráter são coisas muito
distintas, e isso fica muito claro em um poema de William Hersey Davis, cujo título
original é “Reputation and Character” (“Reputação e Caráter”, traduzindo)

“As circunstâncias em que você vive determinam a sua reputação;

A verdade em que você acredita determina seu caráter.

A reputação é o que se supõe que você seja;

O caráter é o que você é.

A reputação é a fotografia;

O caráter é o rosto.

A reputação vem sobre você de fora;

O caráter cresce de dentro.

A reputação é o que você tem quando chega a uma comunidade nova;

O caráter é o que você tem quando vai embora.

A sua reputação é conhecida em uma hora;

O seu caráter não aparece em um ano.

A reputação é feita em um momento;


O caráter é construído em uma vida.

A reputação cresce como um cogumelo;

O caráter cresce como um carvalho.

Uma única notícia de jornal dá a sua reputação;

Uma vida de trabalho dá o seu caráter.

A reputação fará você rico ou fará você pobre;

O caráter fará você feliz ou fará você miserável.

A reputação é o que os homens dizem de você junto à sua sepultura;

O caráter é o que os anjos dizem de você diante do trono de Deus.”

A PERFEITA IMAGEM

Adão e Eva foram criados para ser imagem de Deus. Contudo, mesmo antes do
episódio da tentação e da queda eles eram uma imagem imperfeita. Ao cederem,
todavia, à sedução da serpente, esta imagem que não era perfeita começou a ser
desfigurada. Já não havia mais uma representação da imagem de Deus caminhando
sobre a terra, e se multiplicavam borrões e rascunhos desta imagem, até que Ele veio.

Assim que a humanidade tinha acabado de escolher a árvore errada, Deus


prometeu uma nova semente:

“Porei inimizade entre você e a mulher, entre a sua descendência e o descendente dela
[em hebraico, literalmente, semente]; este lhe ferirá a cabeça, e você lhe ferirá o
calcanhar". Gênesis 3:15

Quando Adão manchou a imagem de Deus que havia em si, ele viu o mundo
entrar em um estado de falência múltipla. A morte invadiu a criação. Precisávamos de
um novo Adão, um segundo Adão, e ele viria. Uma semente brotaria da mulher. Um
descendente que restauraria a imagem de Deus na humanidade e seria responsável por
fazer um novo homem. A humanidade não ficaria desolada, Adão não precisava se
desesperar.

A semente viria. E ela veio. Na plenitude do tempo (Gl 4: 4), nascido de mulher,
nascido sob a lei e em completa desvantagem em relação à Adão andou entre nó aquele
que “é imagem do Deus invisível, o primogênito de toda a criação” (Cl 1:15), o qual, é o
resplendor da sua glória, e a expressão exata da imagem de Deus (veja Hb 1:3). Veio
para restaurar nossa imagem borrada e desfigurada que herdamos de Adão, para que
enfim sejamos novamente refeitos não mais à imagem de Adão, mas à imagem de Cristo.

KINTSUKUROI

A queda de Adão fragmentou a imagem de Deus em nós. O homem agora vive


em pedaços, espatifado. Refazer é muito mais complicado que fazer um novo. Além
disso, quase sempre o processo resulta em falha. Tradicionalmente, a restauração de um
objeto quebrado é praticamente impossível. Um vaso seriamente danificado muito
dificilmente volta ao seu estado normal. Mas, e se fosse possível que, após a restauração,
esse vaso ficasse melhor que antes?

Na cultura japonesa, quando uma peça de cerâmica é quebrada, ela não precisa
ser descartada. Alguns mestres artesãos se utilizam de uma técnica de reparação que
torna a peça quebrada ainda mais valiosa, após o conserto. O que eles fazem? Estes
peritos utilizam uma espécie de cola à base de pó de ouro no processo de restauração e
ao finalizarem o seu trabalho, eles têm uma nova peça única, que além de todo o trabalho
artístico, está coberta de ouro exatamente no local onde havia se rachado. Eles batizaram
esta técnica como Kintsugi (emenda de ouro), ou Kintsukuroi (reparo com ouro)

O Kintsukuroi é um tipo de arte que nos revela o poder reparador de Deus. Todos
nós estamos em pedaços. Caímos junto com Adão. Estamos espatifados, completamente
destruídos. Nosso destino deveria ser o descarte, o lixão da inexistência. Mas Cristo veio
e nos reparou. Em nossas feridas ele aplicou algo que valia muito mais que nós mesmos,
muito mais que ouro, Ele nos curou com seu próprio sangue. Não o sangue de Adão,
mas o sangue do filho de Deus.

A grande verdade é que eu, você e todos ao nosso redor, depois da queda,
perdemos a imagem de Deus, perdemos o nosso valor. Mas Cristo veio e nos reparou.
Ele é o mestre supremo de um Kintsukuroi celestial
CONCLUSÃO

“O homem deveria ter a imagem de Deus, tanto na aparência exterior como no caráter.
Cristo somente é a “expressa imagem” do Pai (Hebreus 1:3); mas o homem foi formado
à semelhança de Deus” Patriarcas e Profetas, p. 19.

Adão possuía a imagem de Deus, mas jogou fora. Nós seus descendentes
estamos perdendo a cada dia a essência desta imagem em nós. Mas Cristo veio nos dar
uma nova imagem, uma nova identidade. Nós poderíamos ter sido descartados por
Deus, mas Jesus, a imagem perfeita do Deus invisível, nos trouxe esperança de
reconciliação através de seu ministério de reconstituição.

Não importa o seu pecado. Não importa onde você caiu. Não importa onde se
quebrou. Não importa o quanto você se distanciou da imagem de Deus. Cristo o mestre
máximo do kintsukuroi veio nos refazer, veio nos recriar, veio nos dar um valor maior do
que o que tínhamos, através da sua graça.

Um dia, Adão, a imagem imperfeita de Deus, encontrará Jesus, a expressão exata


da imagem de Deus. Ele será restaurado, refeito. Neste dia, surgirá uma nova
humanidade, cheia de rachaduras cobertas pelo precioso sangue de Jesus, como peças
de Kintsukuroi.

APELO:

Eu não sei quantas vezes você provou os dissabores da queda de Adão. Não sei por
quanto tempo tem fugido da imagem de Deus e procurado estabelecer a sua própria
imagem. Eu não tenho noção de quantas vezes você tentou juntar os seus cacos. Mas
uma coisa eu sei: Jesus, quer restaurar a sua identidade, te devolvendo a imagem de
Deus em seu ministério de recuperação. Ele quer sarar as suas feridas com o seu sangue
e dar a certeza que depois de sarado seu valor será ainda maior do que um dia já foi. É
hora de entregar a ele a sua imagem borrada para que ele te torne em uma obra-prima
da salvação.

Pr. Diego Barros


Diretor do Ministério Jovem da União Nordeste Brasilei
DIFERENÇAS
“Um é o esplendor do sol, outro o da lua, e outro o das estrelas; e as estrelas diferem
em esplendor uma das outras. ” I Coríntios 15.41.

INTRODUÇÃO

Eu gosto de uma frase do Pr. Odailson, que diz: “Quem não tem identidade vira
cópia”. Por acreditar nisso, com tanta convicção, tenho certeza da relevância deste
assunto para os nossos dias. Deus não criou os seres humanos através de um sistema de
produção em série, como em uma fábrica. Como disse Karl Adam, “Cada ser humano é
único; é uma palavra de Deus que não mais se repete”.

O tamanho e formato das impressões digitais são determinados, em grande


parte, pelos genes, mas a sua formação desde o feto também é influenciada por fatores
sutis, como a pressão das paredes uterinas e até os movimentos do fluido amniótico. A
impressão digital é a marca única que carregamos conosco. A prova inquestionável de
que ninguém é igual a ninguém. Nem mesmo gêmeos idênticos podem ter suas digitais
confundidas.

Penso que este fato não é aleatório. Os traços distintivos que carregamos nas
pontas dos dedos não poderiam estar em um lugar mais apropriado. É como se Deus
dissesse que o nosso toque é único e que cada coisa que tocarmos será marcada com o
esse traço singular. Ninguém pode deixar as marcas que você deixa; ninguém pode
causar as mesmas impressões que você. Cada um de nós é único, e só vamos cumprir o
propósito de Deus se aceitarmos essa verdade em nossas vidas, e, principalmente na vida
dos que nos cercam.

MAIS DIFERENÇAS

Além das nossas impressões digitais, temos diversas outras características que
nos tornam diferentes uns dos outros em nossa composição biológica. A revista Galileu,
publicou em seu portal de notícias uma matéria intitulada “Por que somos seres únicos?”,
onde foram abordados diversos pontos de distinção entre os seres humanos, dentre os
quais destacamos:
• DNA – uma parcela de apenas 0,5% do DNA dos humanos é distinto entre as
pessoas e seria responsável pela infinidade de diferenças que vemos. A porcentagem
parece irrelevante, mas, considerando que nosso genoma contém cerca de 3,2 bilhões
de letras de código de DNA, 0,5% disso seriam 16 milhões de letras. O gigantesco
resultado equivale a um número de possíveis genomas muitas e muitas vezes o suficiente
para que todas as pessoas que já existiram tenham DNAs diferentes.

• Modo de andar – Estudos realizados desde a década de 1970 demonstram que a


diferença nos estilos é grande o suficiente para que reconheçamos as pessoas apenas
pelo modo como andam no mínimo em 90% das vezes. Quando paramos de crescer, as
diferenças no comprimento das nossas pernas e na largura dos quadris, combinadas com
fatores ambientais como os músculos gerados pelo exercício físico, acabam gerando um
estilo próprio.

• Batimentos cardíacos – Esqueça as músicas românticas dizendo que dois


corações podem bater em uníssono. A realidade é que dois batimentos cardíacos nunca
são iguais. Ninguém notaria a diferença encostando a orelha contra o peito, mas é
possível diferenciá-los pelos seus impulsos elétricos. Todo coração varia em termos de
forma e tamanho, então a altura, largura e espaçamento dos picos varia entre os
indivíduos. É verdade que o espaçamento entre esses marcadores muda com a
aceleração dos batimentos em momentos de estresse ou durante exercícios, mas ainda
assim é possível determinar uma assinatura individual.

• Voz – A voz é a soma de muitas partes: o barulho do ar quando vibra pela laringe,
o modo como interage com a boca e o nariz e a maneira como é moldada pelo palato,
língua, lábios e bochechas. Como é altamente improvável que duas pessoas tenham a
mesma laringe, boca, nariz, dentes e músculos, com os mesmíssimos tamanhos e
formatos, as vozes são especiais e fáceis de reconhecer.

• Cheiro – Os cães sempre souberam e agora a ciência comprova: não existem duas
pessoas com o mesmo cheiro. Nós não temos apenas um cheiro, é claro, mas vários.
Cada pedacinho do nosso corpo possui diferentes tipos e quantidades de secreções e
hospeda diferentes tipos de bactérias, que por sua vez transformam nossas secreções,
geralmente inodoras, em um cheiro.

• Olhos – A íris de cada olho é especial o suficiente para que diversos países, como
Reino Unido, Canadá e EUA aceitem uma imagem digital dela como prova de identidade.
• Orelhas: Pesquisadores desenvolvem maneiras de reconhecer indivíduos pelo
formato de suas orelhas. Uma análise feita pela Notre Dame University, nos EUA, mostra
que a identificação pela orelha pode ser tão precisa quanto o reconhecimento facial.
Tanto que pessoas já chegaram a ser condenadas com base em “impressões auriculares”
deixadas na cena do crime nos EUA e na Holanda. Mas isso ainda é controverso porque
a impressão deixada pode mudar de acordo com a pressão exercida sobre a orelha. Nos
EUA, pelo menos um suspeito foi libertado após tribunais rejeitarem a confiabilidade
desse tipo de análise.

De fato, a impressão digital e todos estes demais fatores se tornam uma evidência
inequívoca de que Deus tinha algo em mente quando planejou toda essa diversidade na
humanidade.

A CRIAÇÃO REVELA O CRIADOR

“Pois desde a criação do mundo os atributos invisíveis de Deus, seu eterno poder
e sua natureza divina, têm sido vistos claramente, sendo compreendidos por meio das
coisas criadas, de forma que tais homens são indesculpáveis” Romanos 1:20 (grifo
acrescentado).

De acordo com a própria Bíblia, podemos conhecer mais sobre Deus quando
analisamos a sua criação. E ao perceber os detalhes da criação, compreendemos mais os
propósitos dos desígnios divinos:

A criatividade é o atributo essencial do Criador. A partir dos 118 elementos


conhecidos na tabela periódica, construímos os mais variados componentes da matéria
e incontáveis formas de corpos celestes classificadas no universo. Contamos com pelo
menos 7,7 milhões de espécies animais em nosso planeta, todas com um papel no
ecossistema. Não há como negar: a diversidade é o traço mais característico da criação.

A maneira mais absurda de confrontar o criador, é tentar anular a diversidade da


sua criação, tornando tudo igual e monocromático. O que quero dizer é que, dentro dos
limites impostos pelos desígnios de Deus, devemos aceitar as diferenças entre os seres
humanos, louvando o criador pela riqueza de detalhes de sua obra. Nós não somos
clones, somos criação.
DIVERSIDADE na fundação DA IGREJA

“Ao amanhecer, chamou seus discípulos e escolheu doze deles, a quem também
designou como apóstolos: Simão, a quem deu o nome de Pedro; seu irmão André; Tiago;
João; Filipe; Bartolomeu; Mateus; Tomé; Tiago, filho de Alfeu; Simão, chamado zelote;
Judas, filho de Tiago; e Judas Iscariotes, que veio a ser o traidor” Lucas 6:11-16.

“Nestes primeiros discípulos notava-se uma assinalada diversidade. Deviam ser


os ensinadores do mundo, e representavam amplamente vários tipos de caráter. Havia
Levi Mateus, o publicano, chamado de uma vida de atividade em negócios e submissão
a Roma; Simão, o zelote, o intransigente adversário da autoridade imperial; o impetuoso,
presunçoso e ardoroso Pedro, com André, seu irmão; Judas, o judeu, polido, capaz e de
impulsos medíocres; Filipe e Tomé, fiéis e fervorosos, conquanto tardios de coração para
crer; Tiago, jovem, e Judas, de menos preeminência entre os irmãos, mas homens de
energia, positivos tanto em suas faltas como em suas virtudes; Natanael, filho da
sinceridade e da confiança; e os ambiciosos e amoráveis filhos de Zebedeu.

[...]

A fim de levarem avante, com êxito, a obra a que foram chamados, estes discípulos,
diferindo tão grandemente em suas características naturais, em preparo e hábitos de
vida, necessitavam chegar à unidade de sentimento, pensamento e ação. Era o objetivo
de Cristo conseguir esta unidade. Para tal fim, procurou Ele trazê-los à unidade consigo.
A grave preocupação em Seu trabalho por eles exprime-se em Sua oração ao Pai - "para
que todos sejam um, como Tu, ó Pai, o és em Mim, e Eu, em Ti; que também eles sejam
um em Nós. ... Para que o mundo conheça que Tu Me enviaste a Mim e que tens amado
a eles como Me tens amado a Mim". João 17:21 e 23. (86)

Educação, págs 85-86

Perceba que a receita estabelecida por Jesus para compor seu grupo de apóstolos
se aproxima de uma salada de frutas cheia de opções! Jesus escolheu para ser seus
seguidores diretos pessoas que vinham:

• De diferentes estratos sociais (Pedro o pescador e Judas o tesoureiro)


• De diferentes partidos políticos (Simão, o Zelote e Mateus, o Publicano)

• De diferentes temperamentos (o amável João, o cético Tomé e o introspectivo


Judas Tadeu)

Ao inaugurar a igreja, Jesus quis desde o princípio que ela fosse formada por pessoas
diferentes que deveriam conviver em harmonia. Por isso Deus designou também
ministérios diversos para a pregação do Evangelho:

“E ele designou alguns para apóstolos, outros para profetas, outros para evangelistas, e
outros para pastores e mestres, com o fim de preparar os santos para a obra do
ministério, para que o corpo de Cristo seja edificado”. Efésios 4:11,12

Pela diversidade dos dons e governos que Ele pôs em Sua igreja, todos alcançarão a
unidade da fé. O sonho de Deus era harmonia na diversidade, mas não é isso que vemos
hoje. Nós vemos os diferentes tentando tornar os outros iguais. Confundimos unidade
com uniformidade. Queremos criar um mundo de gente que se comporta igual, e nos
tornamos praticamente indiferentes aos diferentes. Mas este não é o plano de Deus.

Para ser bem claro, você não vai glorificar a Deus tentando se parecer com algum ícone
religioso (pastor, irmão, cantor ou influencer). Só há um jeito de você agradar a Deus:
sendo a melhor versão possível do que Deus sonhou para que você seja em Cristo. E, a
boa notícia, é que a igreja existe pra te ajudar nessa jornada.

CONCLUSÃO

O diabo só alcançará o seu propósito nesta terra através da desumanização. O


primeiro passo para isso é tirando a sua marca única, aquilo que torna você, a pessoa
que é. A conversão não fará de você outra pessoa, alterando a sua “digital espiritual”.

Infelizmente, quando pregamos o evangelho, temos uma tendência de tentar


fazer do outro aquilo que nós somos. Precisamos, contudo, compreender que fazer parte
da igreja não significa perder a sua essência e adotar um estilo de vida que busque imitar
líderes ou influencers religiosos. Pelo contrário. É entender que você tem que ser você
mesmo para glorificar a Deus.

Aceitar ao chamado de Cristo é aceitar abandonar a identidade falsa que o


pecado lhe atribuiu, tornando-se mais semelhante a Cristo na mesma medida que você
se parece mais consigo mesmo. Conversão é abrir mão do pecado e não da identidade.
Conversão é lutar para ter um caráter como o de Cristo, não um jeito como o do irmão.

Liberte-se das expectativas dos padrões do mundo. O que te faz diferente te torna
único. Até mesmo suas lutas, seus desafios, problemas que só você enfrenta. Tudo isso
é o que te torna singular.

APELO:

É provável que em meio a esse mundo cópia, você já tenha sido tentado a desistir de ser
você mesmo. Não confunda as coisas: lutar contra o pecado não é perder a identidade.
Não abandone aquilo que torna você raro, único! Jesus quer ser glorificado em você,
portando cumpra o chamado de Deus, abandonando seus pecados, mas aceitando a sua
identidade.

Pr. Diego Rafael Barros

Diretor do Ministério Jovem da União Nordeste Brasileira


PAI
“Pai nosso, que estás nos céus! Santificado seja o teu nome”.

Mateus 6:9

INTRODUÇÃO

Em 31 de janeiro de 2019, a revista Exame divulgou em seu portal de internet


uma notícia estarrecedora. Dados do CNJ (Conselho Nacional de Justiça), obtidos a partir
do Censo Escolar de 2011, apontam que há 5,5 milhões de crianças brasileiras sem o
nome do pai na certidão de nascimento. A reportagem classifica esse número como
“assustador e um indício de irresponsabilidade social” .

Não é de hoje que o fenômeno da ausência paterna no Brasil tem chamado a


atenção da mídia. Em 21 de junho de 2018, o portal de notícias do El País divulgou uma
matéria com o título, A seleção dos filhos sem pai. O post destacava que “seis dos 11
titulares do Brasil na Copa cresceram distantes do pai biológico”. O que estava se
verificando na seleção, nada mais era que uma demonstração da realidade do que está
acontecendo em todo país.

Infelizmente, estes dados crescentes apontam para o crescimento de realidades


alarmantes nos lares de nosso país. Um estudo internacional conduzido pelos
pesquisadores Abdul Khaleque e Ronald P. Rohner, da Universidade de Connecticut, nos
Estados Unidos, avaliou os efeitos da aceitação e da ausência da figura paterna para a
formação da personalidade dos filhos. A pesquisa, que durou anos e envolveu mais de
10.000 participantes, da infância até a idade adulta, constatou que “o amor do pai
contribuiu tanto, ou até mais, para o desenvolvimento de uma criança quanto o amor de
mãe”.

"Em meio século de pesquisas internacionais, nós não descobrimos nenhuma


outra classe de experiências que tenha um efeito tão forte e tão consistente sobre a
personalidade e o desenvolvimento da personalidade quanto a experiência da rejeição,
sobretudo a rejeição dos pais na infância", relata Dr. Rohner. De acordo com a pesquisa,
o impacto da rejeição paterna é ainda maior do que uma rejeição materna .

Talvez por isso, seja tão importante compreender por que Jesus nos ensinou a
chamar a Deus de Pai Nosso.
Pai nosso

Enquanto esteve nesta terra, Jesus nos atraiu para uma espécie diferente de
relação com Deus. Ele nos ensinou a chamar Deus de Pai. No Antigo Testamento, os
profetas nos, frequentemente, os títulos de Deus inspiravam certo grau de temor – como
é o caso da expressão SENHOR dos Exércitos, que aparece 268 vezes no Velho
Testamento. Por isso, quando o povo se referia à divindade utilizava costumeiramente a
expressão “Deus de” – “Deus de Abraão, Isaque e Jacó” ou“Deus de Israel”, por exemplo.
Era como se eles fossem constantemente lembrados: Mantenha Distância

Antes de Jesus, a palavra pai nunca foi usada na Bíblia em relação a Deus como
forma de tratamento pessoal. As ocorrências da palavra sempre estão, ou em formato
de símile (isso é como aquilo) – como por exemplo no Salmo 103: 13: “Como um pai tem
compaixão de seus filhos, assim o Senhor tem compaixão dos que o temem”; – ou no
campo das metáforas (isso é aquilo), como em Isaías 63: 16: “Entretanto, tu és o nosso
Pai”.

No Antigo Testamento, a palavra pai é usada para designar o que Deus é. Jesus,
entretanto a utilizou como forma de tratamento direto para Deus. A diferença pode ser
percebida facilmente. Dizer “você é como um pai” ou, ainda, “você é nosso pai” é
completamente diferente de dizer “Oi, pai”!

Nos lábios de Cristo, Deus não é apenas Pai, ele é Pai Nosso. Ele não é pai dos
judeus, pai dos adventistas, pai dos que guardam a lei, pai dos pastores ou dos apóstolos.
Ele é pai de todos nós, ninguém fica de fora.

Exatamente por isso, a vinda de Jesus nesta Terra foi revolucionária. Antes, nós
nos aproximávamos de Deus e dizíamos: “O senhor é como um pai para nós”, ou ainda
“Deus é meu pai”, numa espécie de relacionamento indireto, com reservas. Depois de
Jesus, não! Ele nos ensinou a ter ousadia e nos levou para perto de Deus, para o colo de
Deus. Ele nos aproximou do Pai. Nos ensinou a chamá-lo de Abba.

Abba

E, porque vocês são filhos, Deus enviou o Espírito de seu Filho aos seus corações,
o qual clama: "Aba, Pai" (Gálatas 4:6)
Em pelo menos quatro países do Oriente Médio – Líbano, Síria, Palestina e
Jordânia -, abba ainda é a primeira palavra que uma criança novinha aprende . A
pronúncia da palavra é tão simples que até mesmo os pequeninos já conseguem
balbuciá-la sem dificuldades. Assim, chamar a Deus de Abba equivale em nosso idioma
a chamá-lo de pa-pá.

Por isso foi chocante para todos aqueles que cresceram acreditando que havia
limites pessoais no relacionamento com Deus ouvir Jesus chamando-o de Abba. Referir-
se a Deus desta forma, naqueles dias, era desrespeitoso. Certamente este fato gerou
controvérsias do tipo: Quem você pensa que é, para tratar Deus assim?

Chamar Deus de Abba, foi inédito e extremamente ousado! Falar com Deus como
uma criança fala com seu pai demonstrava uma intimidade jamais vista. Não havia temor
em seu tratamento. Pelo contrário, havia ternura. O mais incrível, é que ele desceu do
céu para nos ensinar que nosso relacionamento com Deus deve ser marcado por este
tipo de sensibilidade infantil.

E foi exatamente isso que aconteceu. Os anos se passaram e a humanidade


aprendeu a chamar Deus assim. Nos aproximamos de Deus como nunca antes e
descobrimos que nEle temos um pai, e que, como diz a canção interpretada pelo
Conexão Vocal:

Não há estranhos

Não há indignos

Não há perdidos em Deus

Muitos caíram, mas Aleluia

Pois não há órfãos de Deus

A Identidade do pai

Jesus continuou: "Um homem tinha dois filhos. O mais novo disse ao seu pai: ‘Pai,
quero a minha parte da herança’. Assim, ele repartiu sua propriedade entre eles. Não
muito tempo depois, o filho mais novo reuniu tudo o que tinha, e foi para uma região
distante; e lá desperdiçou os seus bens vivendo irresponsavelmente”.Lucas 15:11-13
“Vou me livrar do meu pai”! Uma história que começa assim atrai a atenção do
público em segundos, por um motivo óbvio: ela desperta em nós sentimentos diversos,
da indignação à empatia. Esta parábola mexe com a gente, especialmente em uma era
dominada por filhos pródigos.

Vimos no início desta mensagem que o impacto da rejeição paterna é ainda maior
do que uma rejeição materna. Sem dúvidas, a figura do pai é fundamental na construção
da identidade do indivíduo. Mas, e quando o filho é quem decide riscar o nome de seu
pai da identidade? Como o pai se comporta diante de rejeição de seus filhos?

É na famosa parábola do filho pródigo que a humanidade percebeu claramente


que as definições de Pai foram atualizadas.

“Nesta história, Jesus rompe todos os limites do patriarcado humano e apresenta


a imagem de um pai que vai além de qualquer comportamento que sua cultura espera
de um pai humano [...]. Jesus não estava falando de pais como os que conhecia, mas sim,
criando uma nova imagem que ele pretendia usar como modelo para Deus” .

Aquele pai havia sido profundamente desrespeitado. Agora seu filho está
voltando. É hora do acerto de contas. Mas espere! O que ele está fazendo? Ele levantou
a barra de suas vestes e está correndo?!

No Oriente Médio, homens de respeito não correm! Ao encontrar o rapaz, o pai


o abraça e beija repetidamente. Ao invés de uma lição de moral, o pai tem uma
declaração de amor.

As ações do pai para com pródigo nesta parábola representam, segundo Yohan
Ignas, os três atos da redenção: o resgate, a restauração e a responsabilização do filho.

Em primeiro lugar, o pai resgatou seu filho. Para aquela comunidade, o pródigo
era extremamente indesejado em função de sua conduta e corria o risco até de ser
apedrejado pelos moradores. Por isso o pai tinha que correr. Ele cobriu-se de vergonha
e foi motivo de zombaria por amor a seu filho. Quando o pai o abraça, ele está disposto
a protegê-lo tanto do discurso de ódio da comunidade, quanto de possíveis pedras
atiradas.

Em segundo lugar, o pai restaurou a vida de seu filho. Na Palestina do século I,


as sandálias eram um artigo de uso quase exclusivo da nobreza. Escravos, porém,
geralmente andavam descalços. No momento em que o pródigo diz que não é digno de
ser chamado filho, o pai ordena ao servo: “tragam já sandálias para o meu filho! Deem
também a ele a melhor roupa, quero que todos vejam sua distinção”. Você consegue
captar isso? Ao retornar para casa, Deus não faz de nós seus servos, ele nos reintegra
imediatamente à família, faz de nós seus filhos! Como disse John MacArthur, “ignorando
a própria reputação, o pai estava cobrindo o Filhos Pródigo com honra sobre honra”.

Por fim, o pai aproveitou a festa e responsabilizou o ex-pródigo, presenteando o


filho com o anel da família. Se o calçado representava que o garoto era filho, a melhor
roupa significava que ele era um filho de prestígio, o anel representava que o filho era o
representante legal do próprio pai, ele era o mordomo da casa.

Se o caçula daquela família havia esbanjado os seus bens, o pai agora esbanjava
o seu bem:

“A misericórdia deu ao filho pródigo uma nova chance. A graça deu a ele uma
festa”. Max Lucado

CONCLUSÃO

Talvez você pense, agora: “como eu queria um pai assim”. Pode ser que alguém
aqui, ouvindo este sermão tenha uma carteira de identidade sem o nome de um pai. Ou
talvez, você até tenha crescido na mesma casa que seu pai, contudo, talvez sempre
tenham sido emocionalmente distantes. Hoje, eu venho te dizer que Deus pode te ajudar
a vencer isso.

Em Cristo, você tem um pai que não aguentou ficar nas arquibancadas do
universo e desceu a esta terra para se colocar do nosso lado. Ele é o pai que na intimidade
conhece os seus maiores problemas, lhe ajuda em seus maiores dilemas e, não importa
se você está tendo sucesso ou fracasso, ele se coloca dos seus lados todos os dias
dizendo:

"Nunca te deixarei, jamais te abandonarei"Hebreus 13:5


APELO:

Em Cristo, você não tem apenas paz, você tem um pai. Não sei se você tem
andando afastado dEle, mas, hoje, é tempo de voltar à intimidade com o Salvador.
Entregue sua vida a Jesus e experimente a extraordinária sensação de nunca mais estar
sozinho. Jamais esqueça, ainda que seu pai na terra te rejeite, o Pai celestial sempre te
aceitará.

Pr. Diego Rafael Barros

Diretor de Jovens da União Nordeste Brasileira

Deus X deu$
“Ninguém pode servir a dois senhores; porque ou há de aborrecer-se de um e amar ao
outro, ou se devotará a um e desprezará ao outro. Não podeis servir a Deus e às riquezas”
Mateus 6:24.

INTRODUÇÃO

Certamente, você já conhecia esse texto antes. Curiosamente, a maior parte dos
cristãos pensam que quando Jesus estava se referindo aos dois senhores ele falava de
Deus e do diabo. Mas basta ler o versículo apenas uma vez para perceber que, neste
texto, não é o diabo quem rivaliza com Deus, mas o dinheiro. E isso fica fácil de entender
a partir do momento que você olha para o mundo ao nosso redor e percebe que existem
mais pessoas no mundo devotadas ao consumismo que no satanismo.

“Satanás trata com os homens mais cautelosamente do que o fez com Cristo no
deserto da tentação, pois está apercebido por haver ali perdido a causa. É um inimigo
vencido. Não vem ao homem diretamente, exigindo homenagem mediante um culto
exterior. Pede-lhes simplesmente que se afeiçoem às boas coisas do mundo. Uma vez
conseguido empregar-lhes assim mente e afeições, as atrações celestes ficam eclipsadas.
Tudo quanto ele quer dos homens é que lhe caiam sob o enganoso poder das tentações,
para amarem o mundo, amarem a posição, amarem o dinheiro e afeiçoarem-se aos
tesouros deste mundo. Isto feito, consegue tudo quanto pretendera de Cristo”.
Testemunhos Seletos, Vol. 1, p. 407.

A alma humana tem uma inclinação para ter medo o diabo, mas, na mesma
medida, tem uma inclinação a ter desejo pelo dinheiro. Acontece que Deus não quer
ocupar o lugar dos nossos medos, mas sim dos nossos desejos, uma vez que estes nos
impulsionam mais que qualquer coisa. Penso que Pitágoras estava correto ao afirmar
que “o homem é mortal por seus temores, mas imortal pelos seus desejos”.

VOTO DE POBREZA OU TEOLOGIA DA PROSPERIDADE

Quando o assunto é dinheiro nós temos duas posturas dominantes sobre o


assunto: voto de pobreza e teologia da prosperidade A primeira deriva dos círculos
católicos que cercam a raiz da nossa cultura, a segunda é produto da convulsão
neopentecostal que nos rodeia.
Os simpatizantes da espiritualidade que valoriza a pobreza enxergam que
qualquer relacionamento com o dinheiro é danoso, como se todo mundo que se
relaciona com o dinheiro estivesse se relacionando com Mamom. Para eles, o dinheiro é
demoníaco.

Os proponentes da teologia da prosperidade, ao contrário, enxergam o dinheiro


como prova definitiva da bênção de Deus. Eles tratam as riquezas como alvo da vida
cristã e ligam a escassez à falta de fé ou problemas espirituais. Para estes, o dinheiro
divino.

A Bíblia nos ensina a ter uma postura com relação ao dinheiro que evita estes
extremos, sem subestimar o que o dinheiro pode fazer com o ser humano.

JESUS E O DINHEIRO

Nos nossos dias, achamos que o dinheiro não é um assunto espiritual. Qualquer
menção deste assunto em uma igreja já causa desconforto. Muitos criticam pastores que
falam sobre o tema. Contudo estas pessoas que não suportam falar sobre o tema do
dinheiro dificilmente conversariam com Jesus.

Segundo Amim Rodor, “exceto por sua ênfase no reino de Deus, Jesus falou mais
sobre dinheiro que sobre qualquer outro assunto”. De fato, O Novo Testamento dedica
215 versículos para abordar o tema da fé, 218 para tratar de salvação, e 2.084 a respeito
de dinheiro.

A atenção que Jesus deu ao tema, mostra que este é um assunto de extrema
importância na vida espiritual.

DEUS x deu$

A Bíblia não diz que você não pode ter dois amigos. Tampouco diz que você não
pode ter dois empregos ou dois hobbies. Ela diz que você não pode ter dois senhores.
A palavra grega aqui para servir, douleuein, enfatiza a sujeição da vontade. O teólogo
Larry Richards, propõe que o versículo pode ser parafraseado como: Ninguém pode ser
escravo do dinheiro e ainda assim servir a Deus. Em outras palavras, o amor a Deus e ao
dinheiro são incompatíveis.
O dinheiro não é neutro, como alguns costumam inferir. “Neutro é um copinho
de plástico, usado [...]. Imagine o tal copinho no chão. A maioria passa por ele indiferente,
e alguns poucos educados o pegam para jogá-lo no lixo. Agora imagine uma nota de
100 dólares – quem passaria indiferente por ela? Sabe por quê? Por que o dinheiro não
é neutro. Com um copinho plástico, usado, [...] você não consegue fazer nada. Mas com
100 dólares você pode fazer muita coisa. A diferença está aí: com dinheiro você pode –
o dinheiro confere poder. E tudo quanto confere poder detém em si mesmo o potencial
de rivalizar com Deus. Dinheiro não é neutro. Dinheiro é facilmente elevado à categoria
de Deus. Dinheiro rapidamente vira Mamom” .

O termo aramaico mamom transliterado para o grego neste texto, pode ser
traduzido como “aquilo em que se confia”, mas também como “aquilo que sustenta o
homem”. O fato do evangelista optar por manter a palavra aramaica Mamon ao invés de
utilizar as palavras gregas para dinheiro ou riquezas dá a ideia de que Mamon é a
personificação da riqueza. Mamon é o dinheiro que manda, é o dinheiro que demanda
devoção do indivíduo.

Adam Smith, pai da economia moderna, faz uma observação que nos ajuda a
compreender como o dinheiro acaba ganhando a nossa devoção. Ele diz:

“O verdadeiro valor das coisas é o esforço e o problema de as adquirir”.

Quer saber se seu dinheiro virou Mamon, pense em tudo que você tem
sacrificado para consegui-lo: tempo com a família, saúde física e mental, desgaste
emocional... Agora raciocine se isso é apenas para sua sobrevivência, ou em nome de um
conforto prometido. Agora pense em quanto do seu dinheiro é partilhado com a causa
do evangelho ou com o auxílio ao seu semelhante, se a quantia é mínima ou até mesmo
inexistente, você tem servido mais ao dinheiro do que ele tem servido a você. Por que o
dinheiro vira Mamom você precisa ter cuidado com ele.

“Muitos podem professar a religião de Cristo, sem amar nem dar ouvidos à letra ou aos
princípios de Seus ensinos. Dão o melhor de suas energias aos empreendimentos
mundanos, curvando-se diante de Mamom. É alarmante ver tantos iludidos por Satanás,
tendo a imaginação estimulada por suas brilhantes perspectivas de lucro mundano. [...]
Não têm nenhum desejo de separar-se dos queridos tesouros terrenos em que puseram
o coração. Mudaram de senhor; aceitaram Mamom em lugar de Cristo. Mamom, eis seu
deus, e a Mamom servem”. Testemunhos Seletos, Vol. 1, p. 406.
O altar de Deus e o Altar de Mamom

Provavelmente, a melhor maneira de libertar-se do senhorio de Mamom seja


colocando o dinheiro no seu devido lugar. A Bíblia diz:

“Honra ao SENHOR com teus bens e com as primícias de todos os teus rendimentos”
Provérbios 3:9.

Se você honra a Deus com os seus bens, priorizando Deus em detrimento do


consumismo acelerado, você está colocando o dinheiro no lugar certo. Está usando-o
para servir a Deus, ao invés de estar servindo-o. A melhor maneira de destruir o altar de
Mamom, em seu coração, é priorizando o altar do Senhor.

No reino de Deus, o dinheiro é servo e nunca senhor. Como diz o Eclesiastes,


“Quem ama as riquezas jamais ficará satisfeito”. Ec 5: 10, mas quem emprega o dinheiro
na causa de Deus e no auxílio ao semelhante aprende:

Submissão: “Nem só de pão viverá o homem” (Mt 4:4)

Dependência: “Buscai em primeiro lugar, o Seu reino” (Mt 6:33)

Obediência: “Dai [...] a Deus o que é de Deus” (Mt 22:21)

Prioridade: “Onde está o teu tesouro [...]” (Mt 6:21

Lealdade: “Não podeis servir a dois senhores” (Mt 6:24)

Confiança: “Não andeis ansiosos” (Mt 6:25)

Compromisso: “Fazei discípulos de todas as nações” (Mt 28:19)

O discípulo de Cristo não procura viver uma vida na qual não entra o dinheiro,
mas uma vida onde o dinheiro entra em seu lar e é compartilhado com sua família, com
sua igreja e com o seu semelhante. Contudo, isto ainda não é verificado em nosso meio.

“A maioria dos cristãos professos partilha seus recursos com grande relutância.
Muitos deles não dão a vigésima parte de sua renda para Deus, e muitos dão muito
menos do que isso; ao passo que há uma grande classe de pessoas que roubam a Deus
do pequeno dízimo e outros que apenas dão o dízimo”.

E. G. White 4T, 474


CONCLUSÃO:

A posição bíblica acerca do dinheiro não procura afastar o homem das riquezas,
mas do seu senhorio. Na busca desenfreada pelo que a riqueza pode proporcionar, nós
temos sacrificado muitas coisas importantes no altar de Mamom: relacionamento,
família, filhos, tempo, vida.

Uma reflexão sobre a humanidade atribuída costumeiramente ao Dalai Lama é


extremamente relevante neste ponto. Ao ser perguntado sobre o que mais despertava a
sua atenção sobre a humanidade, o sábio respondeu:

“Os homens perdem a saúde para juntar dinheiro, depois perdem o dinheiro para
recuperar a saúde. E por pensarem ansiosamente no futuro esquecem do presente de
forma que acabam por não viver nem no presente nem no futuro. Vivem como se nunca
fossem morrer, e morrem como se nunca tivessem vivido”.

O problema não é você possuir dinheiro. O problema é o dinheiro possuir você. Quando
isso acontece, logo verificamos como verdadeiro o que disse o romancista inglês Henry
Fielding:

“Se tratares o teu dinheiro como teu Deus, logo ele te atormentará como um demônio”.

APELO:

Decida hoje colocar o dinheiro em seu devido lugar, e não seja controlado por
ele. Honre a Deus com os seus bens e compareça ao altar do Senhor com os seus dízimos
e ofertas. Lembre-se que você é um servo de Deus e sirva-o com tudo o que você tem.

Diego Rafael Barros

Diretor do Ministério Jovem da União Nordeste Brasileira


NOME

“Mardoqueu tinha uma prima chamada Hadassa, que havia sido criada por ele, por não

ter pai nem mãe. Essa moça, também conhecida como Ester, era atraente e muito
bonita

[...] Ester 2:7

INTRODUÇÃO

“O nome destaca a singularidade do indivíduo, tornando-o único entre a multidão”.Esta


foi a conclusão a que chegou o palestrante e escritor norte-americano DaleCarnegie.
Para ele, ainda, “o nome de uma pessoa é para ela o som mais doce e maisimportante
que existe em qualquer idioma”. Obviamente muitas pessoasdiscordariam de Carnegie,
especialmente aquelas que, por alguma razão não gostam do seu próprio nome. Muitos
destes tem uma boa razão para pensarem assim. Veja alguns exemplos de pessoas que
foram registradas com nomes, no mínimo, incomuns:

Oceano Atlântico da Silveira e Sousa

Um Dois Três de Oliveira Quatro

Última Delícia do Casal Carvalho

Vicente Mais Ou Menos de Sousa

Entre outros casos, como você pode ver no vídeo:

https://www.youtube.com/watch?v=7mr2MEKJF7s
William Shakespeare, certa vez se questionou: “o que é que há, pois, em um nome?
Aquilo que chamamos de rosa, mesmo com outro nome, cheiraria igualmente bem”. Se
seguirmos o raciocínio de Shakespeare poderemos concluir que os nomes não são
importantes, de fato. Mas nos tempos bíblicos, este pensamento seria rechaçado como
algo inconcebível.

NOVOS NOMES

Para os autores da Bíblia o nome carregava a identidade de seu portador. O primeiro


ofício do homem criado foi nomear os seres viventes. Além do mais,
frequentementeDeus mudou o nome de personagens bíblicos, o que viria a significar
uma transformação pessoal e uma redefinição de propósito. Assim,

e Abrão virou Abraão (Gn 17:5).

e Jacó virou Israel (Gn 32:28).

e Simão virou Pedro (Mc 3:16)

e Eos salvos na Eternidade receberão um novo nome (Ap 2:17)

Entretanto, da mesma forma como Deus mudou o nome de alguns personagens daBíblia
em momentos decisivos de encontro com eles, seus inimigos também o fizeram.Por
ocasião do exílio, por exemplo, o profeta Daniel e seus companheiros que
foramtransportados para a Babilônia tiveram seus nomes hebraicos trocados por
nomesbabilônicos. Assim,

e Daniel foi chamado de Beltessazar.

e Hananias de Sadraque.

e Misael de Mesaque.

e E Azarias de Abede-Nego.
Todos estes nomes têm relação com os deuses pagãos adorados na Babilônia.

Claramente, a intenção do rei da Babilônia com essa mudança de nomes era conquistar
os jovens hebreus definitivamente para seu povo. Ele pôs neles os nomes de seus deuses
para que eles substituíssem a sua identidade judaica por uma nova identidade
babilônica. Dando-lhes aqueles nomes ele queria que eles alterassem sua essência e
fossem assimilados pela sua cultura idólatra.

Daniel e seus companheiros, contudo, não abandonaram sua identidade. Eles resistiram
a isso, e todas as vezes que tinham a oportunidade de falar de si, eles utilizavam seus
nomes judaicos, como você pode ver nos exemplos a seguir:

“Naquela ocasião eu, Daniel, passei três semanas chorando” (Daniel 10:2)

“No terceiro ano do reinado do rei Belsazar, eu, Daniel, tive outra visão, depoisda
primeira” (Daniel 8:1)

Eu, Daniel, fiquei agitado em meu espírito, e as visões que passaram pela minhamente
me aterrorizaram” (Daniel 7:15) Ao falar sobre si na primeira pessoa, perceba que o
profeta não abandona seu nome original. Ele não diz: “Eu, Beltessazar”. Ele não aceita o
nome que recebeu na Babilônia. O profeta não vai renunciar às suas origens, não vai
esconder quem é o seu povo, não vai jogar fora sua real identidade. Não importa o que
os babilônicos prometam para ele, Daniel não vai deixar de ser quem é, não vai aceitar
mudar de nome.

Infelizmente, contudo, esta atitude não seria adotada, anos depois, pela jovem

Hadassa.

HADASSA
“Ora, na cidadela de Susã havia um judeu chamado Mardoqueu, da tribo deBenjamim,
filho de Jair, neto de Simei e bisneto de Quis”Ester 2:5

Décadas depois de Daniel ter morrido na esperança da ressurreição, a Bíblia conta a


história de Mardoqueu e Ester. O exílio babilônico havia acabado e os judeus fiéis
receberam a ordem de Ciro para voltar e reconstruir Jerusalém.

"Assim diz Ciro, rei da Pérsia: "O Senhor, o Deus dos céus, deu-me todos os reinos da
terra e designou-me para construir um templo para ele em Jerusalém de Judá. Qualquer
do seu povo que esteja entre vocês, que o seu Deus esteja com ele e que vá a Jerusalém
de Judá reconstruir o templo do Senhor, o Deus de Israel, o Deus que em Jerusalém tem
a sua morada” (Esdras 1:2,3).

No primeiro ano de Ciro, os judeus deportados que sonhavam com seu lar perdido
voltaram para Jerusalém, a fim de reedificarem a cidade santa de Deus e viverem
novamente em seu lar. A ordem era para que qualquer um que pertencesse ao povo de
Deus, retornasse para Sião. Contudo, as obras na cidade não prosperavam.

A cidade estava exposta a constantes ataques inimigos e as ruínas não foram


reconstruídas. Jerusalém, embora fosse o local apontado por Deus para que seu povo
habitasse, não era um bom lugar para quem sonhava com um futuro próspero. Por isso,
alguns judeus, mesmo tendo a possibilidade e voltar para a Terra do Senhor, decidiram
permanecer espalhados pelo império persa, onde a vida era mais fácile o conforto era
certo.

Alguns destes, não somente decidiram viver na Pérsia, mas também decidiram vivercomo
persas. Eles adotaram os costumes daquela nação e até mesmo nomes persas.
Este foi o caso, por exemplo de Mardoqueu e Ester.

“Mardoqueu tinha uma prima chamada Hadassa, que havia sido criada por ele, pornão
ter pai nem mãe. Essa moça, também conhecida como Ester, era atraente e muito bonita,
e Mardoqueu a havia tomado como filha quando o pai e a mãe dela morreram” (Ester
2:7)

Mardoqueu e Ester viviam na Pérsia, e, “representavam um grande número de pessoas


fora do esquema das ordens de Deus”!. Como já foi dito, 50 anos antes, o Senhor havia
convocado o povo para voltar para Jerusalém. Mas, por alguma razão, estes dois judeus
não estavam entre aqueles que obedeceram ao mandato do Senhor.

Além do mais, somos informados que o nome verdadeiro da jovem a quem chamamosde
Ester era Hadassa. Hadassa é um nome judaico que significa “murta”, uma espéciede
arbusto que crescia em regiões desérticas nos arredores de Jerusalém, cujas folhas
exalavam uma agradável fragrância ao ser triturada e que era utilizada pelos judeuspara
cobrir suas tendas na festa dos Tabernáculos.

Em outras palavras, o nome Hadassa lembrava aquela jovem que quando ela passasse
por situações difíceis, quando parecesse que ela estava sendo moída, ela exalaria um
perfume agradável através de sua essência. Além do mais, como a planta era
utilizadapara cobrir as tendas na festa que recordava aos judeus que eram peregrinos
(festa dos Tabernáculos), sua missão era proteger esse povo andarilho enquanto este
habitava disperso pelo mundo.

Hadassa é um nome com propósito, um nome que traz um chamado. Mas aquela jovem
não queria ser como o arbusto que tinha seu nome, ela preferiu ser chamada de Ester.

ESTER

! Jon Paulien, Deus no Mundo Real, p. 158.


O nome Ester, significa “estrela”, mas não em hebraico. Ester é um nome persa,
vertidocomo “Ishtar”. Ishtar era a designação recebida pelo planeta Vênus, a estrela
d'alva,facilmente reconhecida por ser, depois da lua, o corpo celeste mais brilhante no
céunoturno. É bom lembrar, contudo, que para os persas, esta estrela era uma
divindade.Ishtar era a Rainha do Céu para a Pérsia. Era também a deusa do amor, da
beleza, do sexo, da fertilidade e da guerra, entre outras coisas. Certamente, Ishtar - ou
Ester -, porsua origem idólatra e pagã, não era o nome mais adequado para uma moça
judia.

Entretanto, ainda assim, Hadassa queria ser Ester. Um fenômeno parecido ocorre
também com Mardoqueu, primo de Ester. Seu nome éderivado de Marduque, aclamado
pelos babilônicos como deus supremo. O deus Marduque tinha a forma de um dragão-
serpente e foi assimilado pelos persas após a conquista do império da Babilônia. Sem
dúvidas, um dragão-serpente não era o melhor símbolo para um homem que professava
fé no Deus de Israel.

Ao que parece, os principais personagens do livro de Ester não estão seguindo na mesma
rota que os jovens hebreus do livro de Daniel. Eles estão na Pérsia quando deveriam estar
em Jerusalém. Eles trocaram seus nomes judeus por nomes pagãos. Sem dúvidas, eles
estão deixando de lado a sua identidade.

IDENTIDADE SECRETA

Após a separação traumática do rei Assuero, ele convocou as jovens do reino para
participarem de uma espécie de concurso para decidir quem seria a nova rainha da
Pérsia. Não somos informados se a participação neste concurso era voluntária ou
compulsória. Contudo, sabemos que Ester participou dele. Talvez pela ênfase do texto
no processo de embelezamento, foi gerada no senso comum a ideia que este fora
umconcurso de beleza. Todavia, uma leitura cuidadosa do texto revela que aquele não
foium concurso de beleza e que Ester não foi, a princípio, um exemplo de como praticar
a fé e testemunhar num ambiente pagão.
“Quando ia apresentar-se ao rei, a moça recebia tudo o que quisesse levar consigo do
harém para o palácio do rei. À tarde ela ia para lá e de manhã voltava para outra parte
do harém, que ficava sob os cuidados de Saasgaz, oficial responsável pelas concubinas.
Ela não voltava ao rei, a menos que dela ele se agradasse e a mandasse chamar pelo
nome” Ester 2:13,14.

Pelo que acabamos de ler, o concurso envolvia algo que ultrapassava a prova da beleza,
uma vez que a moça entraria ao entardecer nos aposentos do rei e só saía ao amanhecer,
indo diretamente para a casa das concubinas. Em outras palavras, as donzelas que
fossem postas à prova, por razões óbvias não retornariam à casa das virgens, pois se
tornariam concubinas de Assuero, ou seja, mulheres do rei que nãorecebem a
designação de esposa legítima.

Naturalmente, se uma jovem de nossa igreja participasse de um concurso como este,nós


não a apoiaríamos, por razões que dispensam explicações. Ester, contudo, não apenas
participou como também, de alguma forma, impressionou o rei durante aquela noite, à
ponto de ele fazer dela a rainha da Pérsia.

“Ester não só se tornou rainha após essa escolha incomum; também parece que elanão
praticou a fé como deveria quando viveu no palácio”? Seguindo as instruções do seu
primo, Mardoqueu, “Ester, porém, não declarou o seu povo e a sua parentela; porque
Mardoqueu lhe tinha ordenado que o não declarasse” (Ester 2:10). Por algum motivo,
aquela jovem que tinha uma enorme chance de testemunhar de sua fé escondeu sua
verdadeira identidade na corte da Pérsia.

O fato mais surpreendente, é que é mais difícil esconder a fé em Deus do que a revelar
abertamente. Pense por um instante nos banquetes da Pérsia com todos aqueles
alimentos considerados impuros pelos judeus. Como esconder de todos no recinto as
restrições alimentares que os judeus obedeciam- e como fazer isso por meses, ou quem
sabe até anos? Pior! Como esconder que você guarda o sábado quando ninguém mais
naquele local tem esta prática? Não há como camuflar isso! Se você obedece a estes
preceitos, mais cedo ou mais tarde irão descobrir a sua fé.
Contudo, Ester se saiu muito bem ao ocultar sua origem das as virgens que moraram
com ela. O mais estranho, é que ela conseguiu esconder isso do próprio marido, que
sequer desconfiou dela! Não seria exagero supor que, no mínimo, ela não viveu a fé
como deveria. Afinal, “é muito difícil não identificar um judeu autêntico, especialmente
se ele vive no seu dormitório ou cozinha”.

2 Jon Paulien, Deus no mundo real, p. 158.

O PONTO DA VIRADA

O luxo e a suntuosidade da vida na corte facilmente fariam qualquer um esquecer da


arruinada cidade de Jerusalém. O que Ester ignorava, porém, é que enquanto ela vivia
sua vida de glamour como rainha da Pérsia, um decreto ordenando a chacina do povo
judeu havia sido expedido por Hamã, inimigo de seu primo e de seu povo. Ao saber
disso, Mardoqueu a procurou para que ela intercedesse junto ao rei para evitar aquela
barbárie. Sua resposta contudo, não foi a esperada:

"Todos os oficiais do reie o povo das províncias do império sabem que existe somente
uma lei para qualquer homem ou mulher que se aproxime do reino pátio interno sem
por ele ser chamado: será morto, a não ser que o rei estenda o cetro de ouro para a
pessoa e lhe poupe a vida. E eu não sou chamada à presença do rei hámais de trinta
dias” (Ester 4:11)

Ester revelou o que tinha aprendido por anos. À autopreservação era o seu estilo devida.
Aquilo era muito arriscado. Ela poderia morrer. Se antes, quando a morte não

era um risco, ela não teve coragem de revelar quem era seu povo, imagine agora? A
resposta da rainha, contudo, não agradou Mardogueu:
“Não pense que pelo fato de estar no palácio do rei, de todos os judeus só vocês
escapará, pois, se você ficar calada nesta hora, socorro e livramento surgirão de outra
parte para os judeus, mas você e a família de seu pai morrerão. Quem sabe se não foi
para um momento como este que você chegou à posição de rainha" (Ester 4:13,14).

De alguma forma, aquilo mexeu com a fé daquela mulher. Das profundezas de seus
temores surgia uma coragem inabalável. Ela poderia viver como Ester no palácio, mas na
essência ela ainda era Hadassa, a planta utilizada na cobertura das tendas do povo
nômade de Deus. Hadassa iria cumprir seu chamado, ela daria cobertura espiritual à
nação judia.

“Coragem é a resistência ao medo, domínio do medo, e não a ausência do medo” (Mark


Twain). No palácio, aquela jovem que não viveu como deveria voltou-se para Deus. A
garota que aprendeu a viver cercada de luxo e glamour, se cobriu de pano de saco ecinza.
A rainha que por tanto tempo participou dos mais suntuosos banquetes da Pérsia, agora
ficaria de estômago vazio em jejum absoluto por três dias. A judia que escondeu por
tanto tempo as suas origens, agora se conecta com seu povo em uma rede de orações
que ultrapassa as fronteiras de Susá. Naquele momento especial de sua história, Ester
aprendeu que existe algo que vai além do poder e da fama. E já chegou a hora de você
também aprender:

“Uma mulher de salto é poderosa; uma mulher de joelhos é imbatível”.

“Um homem de negócios é poderoso; mas um homem de oração é invencível”.

CONCLUSÃO

Por três dias, Ester jejuou junto com os judeus de todo o império. A maioria deles estava
longe demais para poder fazer algo. Outros estavam tão distantes que sequersabiam o
que estava acontecendo. Mas Deus usou uma mulher que a princípio escondeu suas
raízes e vacilou diante do seu chamado. Parece estranho, mas o comprometimento
repentino de Ester com o seu Deus, fez com que o lugar errado virasse certo, e que
escolhas erradas resultassem em salvação.
Antes de se apresentar ao rei Assuero e ter o cetro real estendido para si como sinal de
aceitação, Ester esteve perante a face do Rei dos Reis. Seu movimento de oração
provocou um reavivamento no povo que agora ela declarava como seu. Agora, depois
de estar na presença do Rei de toda Terra, era muito mais fácil encarar um homem, por
mais poderoso que ele fosse.

É provável que alguém nesta igreja, não esteja vivendo a sua fé como deveria. Talvez,
você esteja escondendo quem é o seu povo em seu trabalho, escola ou faculdade. O que
eu quero lhe dizer aqui, é que Deus está aguardando uma única oração sua, fruto de
desespero e convicção para provocar uma revolução onde você está. Ele espera que você
jovem, se una ao povo dEle para que você cumpra o seu chamado e reencontre, assim,
a sua identidade.

Se por acaso, você se escandalizou com esta história, contudo, eu lhe recomendo
conviver mais com o Autor dela. Talvez, por viver acostumado em se apoiar num falso
heroísmo dos personagens da Bíblia, você não tenha gostado do que viu. Contudo, a
história de Ester não é bela por ser o relato de uma moça que acertou em todos os
momentos de sua vida. O que embeleza esta história é o fato de Deus aproveitar-se de
uma crise para lembrar a uma jovem qual era sua verdadeira identidade e usá-la para
efetuar tão grande salvação, fazendo desta uma grande história de conversão.

Isso torna a Bíblia ainda mais sensacional!

APELO:

Se por alguma razão você já escondeu sua fé ou deixou de vivê-la, não se preocupe:há
graça para você. “Embora a vida de Ester estivesse cheia de pequenas e grandes
condescendências, Deus ainda estava disposto a usá-la. A que Deus nós servimos! Não
importa onde você tenha estado, não importa o que tenha feito, Deus ainda pode operar
milagres em sua vida, se você permitir. Não importa quão tenebrosas sejam as
descobertas que você faz na busca por autenticidade, Deus está disposto a redimir
suavida e usá-la para Sua glória”.

Pr. Diego Rafael Barros

Líder de Jovens da Associação Pernambucana


DEUS CONOSCO
“No ano terceiro do reinado de Jeoaquim, rei de Judá, veio Nabucodonosor, rei
de babilônia, a Jerusalém, e a sitiou. E o Senhor entregou nas suas mãos a Jeoaquim, rei

de Judá, e uma parte dos utensílios da casa de Deus, e ele os levou para a terra de Sinar,
para a casa do seu deus, e pôs os utensílios na casa do tesouro do seu deus”. Daniel 1:1,

2.

INTRODUÇÃO

Imagine que uma igreja fosse invadida por delinquentes que entrassem atirando
sem razão no meio de um culto lotado em pleno fim de semana, a fim de levar os valiosos
equipamentos de som daquela congregação. Pessoas mortas e feridas e desesperadas
procurando alento entre lágrimas ainda sem acreditar no que tinham presenciado
ficariam sem consolo por todo local.

Na mesma noite, o principal telejornal da cidade traz uma reportagem sobre o


acontecido. A manchete seria: igreja no subúrbio é assaltada e equipamentos de
audiovisual são roubados do local. O que você pensaria disso?

Certamente, a população ficaria chocada com a falta de importância dada às


vítimas e esse tipo de notícia seria taxada de desrespeitosa e desumana. Foi exatamente
isso que eu senti quando li Daniel 1:1-2 com atenção.

CONTEXTO

Estamos no ano 605 a. C. Um considerável grupo de judeus estão sendo


arrancados de sua pátria, de sua família e de seu lar para serem deportados para a terra
de Sinear – local que faz referência ao episódio da Torre de Babel (Gn 11:2). Alguns
indivíduos deste grupo ainda passariam por um processo de castração para servirem
como eunucos no palácio real (Is 39:7). Além do mais, é bem provável que o próprio
profeta Daniel partilhasse desta condição depreciativa, uma vez que o relato nos diz que
ele estava sob os cuidados do chefe dos eunucos (Dn 1: 3, 7, 8, 10, 11 e 18).

O que é mais impressionante é que a Escritura parece não SE preocupar em detalhar o


sentimento destes indivíduos vencidos e desmoralizados, o que a princípio aparenta
certa indiferença para com o humilhado povo de Deus. O autor bíblico não registra nem
por instante algo que se assemelhe a um sentimento de autocomiseração pessoal ou
nacional, ignorando a condição dos judeus exilados. Entretanto, em dois versículos
vemos três vezes registradas referências aos utensílios da casa de Deus. Como pode ser?
Deus se preocupa mais com os utensílios de sua casa do que com um povo que se sente
abandonado? Para Deus, coisas são mais importantes que pessoas? Os filhos de Israel
foram vencidos, humilhados, destituídos de seus bens, expatriados, castrados e, neste
ponto, a Escritura detalha em minúcias o que ocorre com vasos e utensílios? Seria isto
um registro da insensibilidade de um Deus indiferente? A resposta para todas estas
perguntas é um enfático não.

A HUMILHAÇÃO E A PRESENÇA DE DEUS

No mundo do antigo Israel, as nações encaravam que todos os seus negócios


eram controlados por suas respectivas divindades, então, as conquistas militares
atribuíam-se à proteção eficaz dos deuses nacionais. Portanto, se uma nação era vencida
em batalha, significava que o seu Deus também havia sido vencido. Assim, quando Israel
foi derrotado pelos babilônicos, aquilo representava que o próprio Deus tinha perdido
aquela batalha.

Além do mais, quando um império era conquistado, era comum que o


comandante do exército conquistador entrasse no templo do deus vencido e levasse os
ídolos que lhe representava encontrados no tesouro do seu santuário para a casa do
tesouro da nação vitoriosa. Era como se o próprio Deus fosse levado como troféu dos
vitoriosos; este seria deportado e incorporado ao número de divindades inferiores do
panteão daquela nação. E é aí que a história começa a fazer sentido para nós.

Como Nabucodonosor não encontrou “nenhum ídolo no templo para levar para
o cativeiro, pôde apenas tomar os utensílios como símbolos de seu dono” . Em outras
palavras, ao ver os utensílios serem para o templo de Bel-Marduque, na Babilônia, Daniel
ficou perplexo. O exílio de seu Deus perturbou-o mais que o de seu povo e a humilhação
de seu Deus inquietou-lhe mais que a sua própria. Todavia, o sentimento de Daniel não
era apenas de perturbação e perplexidade. Ele compreendia que não estava sozinho no
exílio. Deus estava com ele.

Não estamos abandonados neste mundo. Por maior que seja o nosso sofrimento,
temos um Deus que sofre por nós, que encara o exílio da dor ao nosso lado. Ele toma as
nossas enfermidades sobre si e sofre a nossa punição (Is 53: 4 e 5). Ele veio ao mundo,
suportou suas terríveis aflições e declarou: “Eis que estou convosco todos os dias até a
consumação dos séculos” (Mt 28:20). Não é à toa que Ele seria chamado de “Emanuel,
que quer dizer: Deus conosco (Mt 1:23).

Em outras palavras, a nossa dor é dor de Deus. Como disse Ellen White,
“Nenhuma lágrima é vertida sem que Deus a note” (Caminho a Cristo, p. 86).

Babilônia não é meu lugar

Em Babilônia a dor de Israel torna-se poesia:

“Junto dos rios de babilônia, ali nos assentamos e choramos, quando nos lembramos de
Sião. Sobre os salgueiros que há no meio dela, penduramos as nossas harpas. Pois lá
aqueles que nos levaram cativos nos pediam uma canção; e os que nos destruíram, que
os alegrássemos, dizendo: Cantai-nos uma das canções de Sião. Como cantaremos a
canção do SENHOR em terra estranha?”

Salmos 137:1-5

Harpas penduradas, não há canção. O povo sentia saudades de casa, saudades de


Jerusalém. Em Babilônia o povo chora, chora desesperadamente.

“Talvez aquelas harpas não tenham de ficar penduradas nos salgueiros para sempre. Pois
quando estamos presentes por inteiro em nossa dor, quando nos dispomos a sentar e
chorar, então nos permitimos imaginar um tipo diferente de amanhã.” (Rob Bell, Jesus
quer salvar os cristãos, p. 62).

Foi em Babilônia que o povo acordou. Finalmente entenderam o valor de sua


casa. Voltaram-se às Escrituras; descobriram que o exílio duraria setenta anos, que este
teria um fim; contaram os dias... E este dia chegou!
Há neste lugar pessoas que já penduraram as suas harpas e que cessaram o seu canto.
Gente sofrida que se sente abandonada e que acha que Deus já não se importa consigo.
Pessoas que não suportam mais Babilônia e que clamam a um Deus que parece fraco,
que parece deportado, que parece tão cativo quanto nós. Deixe-me contar-lhe um
segredo: Deus se tornou frágil por você.

Ele demonstrou isto indo para o exílio com seu povo, mas gritou isto para o universo
quando se fez um bebê nos braços de uma camponesa galileia, quando teve de fugir de
Herodes e quando foi torturado e morto em uma cruz. Em Cristo, entendemos que Deus
se compadece das nossas fraquezas (Hb 4:15). Volte a cantar!

CONCLUSÃO – Dois finais felizes.

A esta altura alguns devem estar se perguntando: como termina o livro e a história de
Daniel? O povo permanecerá em Babilônia? Eu permanecerei em Babilônia? Qual o meu
destino? E quanto a Deus, ele permanecerá humilhado no templo do deus de
Nabucodonosor? Para entender estas questões, é preciso compreender os dois finais de
Daniel.

O PRIMEIRO FINAL: Daniel 1:21

“E Daniel permaneceu ali até ao primeiro ano do rei Ciro” (Dn 1:21).

Alguns podem encontrar aqui indícios de vacuidade no fim da história no profeta.


Afinal o texto não diz nada além do que está registrado. E pra onde ele foi? O que
aconteceu ao homem de Deus? Temos no texto uma clara alusão a um evento inenarrável
da história judaica: o primeiro ano de Ciro. Mas o que esta data tem de especial?

Lemos em Esdras 1:1-3, 7, 8 (grifos acrescentados):

“No primeiro ano de Ciro, rei da Pérsia (para que se cumprisse a palavra do SENHOR,
pela boca de Jeremias), despertou o SENHOR o espírito de Ciro, rei da Pérsia, o qual fez
passar pregão por todo o seu reino, como também por escrito, dizendo: Assim diz Ciro,
rei da Pérsia: O SENHOR Deus dos céus me deu todos os reinos da terra, e me encarregou
de lhe edificar uma casa em Jerusalém, que está em Judá. Quem há entre vós, de todo o
seu povo, seja seu Deus com ele, e suba a Jerusalém, que está em Judá, e edifique a casa
do SENHOR Deus de Israel o Deus que habita em Jerusalém. [...] Também o rei Ciro tirou
os utensílios da casa do SENHOR, que Nabucodonosor tinha trazido de Jerusalém, e que
tinha posto na casa de seus deuses. Estes tirou Ciro, rei da Pérsia, pela mão de Mitredate,
o tesoureiro, que os entregou contados a Sesbazar, príncipe de Judá”.

Não seremos cativos de Babilônia para sempre. Esta é a mensagem do primeiro


final de Daniel. Em breve você voltará para o lar, e Deus voltará com você. Ele que esteve
ao seu lado nesta Babilônia lhe acompanhará em marcha triunfal para Jerusalém. Como
Ciro libertou o povo de Deus, agora o Rei dos Reis e Senhor dos Senhores virá vencendo
e para vencer e nos livrará da opressão desta Babilônia de Terror.

O SEGUNDO FINAL: Daniel 12:13

A despeito da grandiosidade e da beleza do primeiro final do livro de Daniel, este


não teria o mesmo brilho sem o segundo final do livro:

Tu, porém, vai-te até ao fim; porque descansarás, e te levantarás na tua herança, no fim
dos dias. Daniel 12:13

O maior dos exílios será vencido: a morte. As harpas penduradas daqueles que desistiram
de cantar em terra estranha agora acompanhará o cântico dos ressuscitados: “E, quando
isto que é corruptível se revestir da incorruptibilidade, e isto que é mortal se revestir da
imortalidade, então cumprir-se-á a palavra que está escrita: Tragada foi a morte na
vitória.

Onde está, ó morte, o teu aguilhão? Onde está, ó inferno, a tua vitória?”

(1Co 15:54-55). Nem o exílio da morte pode prender o povo cujo Deus é o Senhor

APELO

O soberano Deus humilhou-se no exílio babilônico, e, segunda vez “humilhou-se


a si mesmo, sendo obediente até a morte e morte de cruz” (Fl 2:7). Hoje, mediante a Sua
Palavra, Ele promete fazer novas todas as coisas (Ap 21:5). Se você desejar agradecer a
este Deus que não mede esforços para salvar pecadores e que promete arrancar você de
qualquer lugar ou situação desesperadora que lhe esteja acontecendo, lançando sobre
Ele todas as suas ansiedades (I Pe 5:7). Una-se a mim nesta oração.

Diego Rafael Barros

Diretor do Ministério Jovem da União Nordeste Brasileira

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