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Estágio Supervisionado em Letras Projeto de Intervenção

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UNIVERSIDADE DE PERNAMBUCO

LICENCIATURA EM LETRAS E SUAS LITERATURAS


LITERATURA PORTUGUESA II

SAVITA SOBRAL DA SILVA A. LEAL

RELATÓRIO ESO I

FLORESTA- PE
2022
RELATÓRIO DO ESTÁGIO SUPERVISIONADO 1

INTRODUÇÃO

O estágio supervisionado deveria ser o momento ideal para o professor em


formação consolidar, a partir da unidade teoria-práxis, seus aprendizados teóricos na
vivência escolar efetiva. Tais aprendizados teóricos vão desde a área específica do
docente (língua portuguesa, matemática, ciências humanas ou naturais) até as bases
teórico-metodológicas da educação (que perpassa a didática e os fundamentos
psicológicos, filosóficos e sociológicos da educação). Como ressalta Piconez (2010):

" O contexto relacional entre prática-teoria-prática apresenta


importante significado na formação do professor, pois orienta a
transformação do sentido da formação do conceito de unidade, ou
seja, da teoria e prática relacionadas e não apenas justapostas ou
dissociadas."

Contudo, o que vivenciamos em nossa formação docente é justamente o que


ela escreve ao final da citação, a teoria e prática estão dissociadas. As disciplinas que
nos fornecem um olhar crítico-reflexivo sobre a práxis docente é relegada aos
primeiros períodos, sem nenhuma vivência escolar efetiva. Aprendemos sobre as
diversas teorias das aprendizagens, mas não com um olhar para o presente docente,
mas com um olhar para o passado, quando éramos os alunos na escola básica.
Piconez (2010) mais uma vez alerta:

"Tenho constatado que as disciplinas que fundamentam a formação do


professor pouca contribuição têm fornecido, em virtude de sua pouca
articulação com o contexto da prática pedagógica desenvolvida na escola."

Demerval Saviani, no livro Filosofia da educação brasileira, elabora uma


apresentação da trajetória de um professor fictício, desde sua formação acadêmica
até a efetiva prática docente, no final da década de 70, para pensarmos sobre essa
unidade teoria-práxis, que na prática não tem nada de unidade. Ele mostra que a
formação acadêmica do professor é fundamentada no progressismo, mas as escolas
que vão empregar este docente são estruturadas numa visão tradicional, ao passo
que há uma valorização do ensino em prol de resultados e metas a serem alcançados.
Infelizmente, essa situação esboçada por Saviani ainda é atual em pleno século XXI.
Há uma completa dissociação entre teoria e prática pedagógica, Piconez pontua que
"os alunos estagiários (...) acabam percebendo que a teoria veiculada, esvaziada da
realidade e das práticas cotidianas de sala de aula, não explica a prática e , quando
não, acaba contradizendo-a."

O estágio supervisionado implica na capacidade do docente em formação de


aplicar seus conhecimentos do conteúdo disciplinar, pedagógico geral, curricular do
nível de ensino que foram até então adquiridos durante o curso de graduação.
Contudo, há um descompasso, o conhecimento disciplinar e o curricular do nível de
ensino trabalhado ainda não convergem. O conhecimento pedagógico geral é
negligenciado. O que resta ao professor em formação é uma práxis reflexiva imitativa,
seguindo a definição da releitura de Cordeiro(2017) de Adolfo S. Vázquez. A regência
do professor em formação será pautada na transmissão da informação, embora tenha
consciência sobre sua prática.

" Formado da maneira acima descrita e armado de bons propósitos, o


nosso professor se dirige à classe que lhe foi designada. O que
encontra? Diante de si, a sala superlotada; atrás, um quadro-negro e
...giz, se tiver sorte. Mas... e a biblioteca de classe, o laboratório,
material didático? Descobre que isso tudo não passa de um luxo
reservado a raríssimas escolas. Eis, pois, o primeiro ato de seu drama:
sua cabeça é escolanovista mas as condições em que terá de atuar
são as da escola tradicional. Isso significa que ele deverá ser o centro
do processo de aprendizagem; que deverá dominar com segurança,
os conteúdos fundamentais que constituem o acervo cultural da
humanidade e transmiti-los de modo a garantir que seus alunos os
assimilem. Em suma: ele não pode se relacionar pessoalmente com
alunos tão numerosos, mas cabe-lhe fazer com que eles aprendam.
Na verdade, as coisas estariam menos complicadas se ele fosse um
professor tradicional." (SAVIANI, p.41)

Diante dessa conjuntura, podemos perceber que os agentes pedagógicos que


fazem parte da formação desse professor, as escolas e seus gestores são elementos
que inevitavelmente moldam a relação teoria e prática pedagógica do professor em
formação.

DESENVOLVIMENTO

O estágio supervisionado 1 foi realizado numa escola privada do município de


Floresta, nas turmas do 6º e 7º ano do ensino fundamental. A escola dispõe de boa
estrutura física e docentes formados na área de letras para lecionar as disciplinas de
língua portuguesa e redação. Contudo, como veremos adiante, essas qualidades
tornam-se insuficientes para uma práxis docente ideal, nos moldes das atuais
discussões acerca da docência.

No que tange a observância do nível de leitura e escrita desses alunos advindos


de escola particular, percebemos que, no geral, todos têm o desempenho razoável
para o nível de ensino e idade em que se encontram. Diferentemente, do que as
demais participantes do grupo de estágio observaram nas escolas públicas do
município. O isolamento provocado pela pandemia, afetou de forma distinta os alunos
de escola pública e privada.

A estrutura das salas de aulas é no estilo bancário, criticado por Paulo Freire
em suas obras. Dessa forma, o professor de língua portuguesa está no centro do
processo de aprendizagem, assim como Saviani pontuou na trajetória do professor
fictício. Dessa forma, as aulas seguem o modelo expositivo, sendo o conteúdo guiado
pelo material didático utilizado na escola.

Há uma exigência (velada) da instituição de que sejam utilizados todos os


quatro módulos do material adotado pela escola. Dessa forma, podemos perceber que
não há espaço para uma regência mais autônoma do docente e tão pouco preocupada
com as individualidades de cada aluno. O quantitativo de alunos por turma só aumenta
essa problemática.

Ademais, os momentos de regência para o estágio, seguiram os moldes do


esperado pela instituição. Portanto, foi pautada na transmissão de conteúdo e
seguindo o material. No entanto, o projeto de intervenção seguirá uma proposta
inovadora para a realidade desses alunos. Com vistas, a repensar o modelo de ensino
adotado pela instituição.

CONCLUSÃO

Destarte, podemos concluir que o ensino básico ainda mantém uma práxis
docente tradicional. Essa práxis acaba sendo escolhida devido as circunstâncias
fornecidas pelas instituições de ensino, seja através do volume de alunos por turma,
seja na estrutura física da escola e na dependência de seguir o material didático.
Dessa forma, o que estudamos durante a nossa formação docente não encontra
espaço para efetuar práticas muito diferentes do que já estão sendo realizadas nas
escolas, a saber: modelo bancário de ensino.

REFERÊNCIAS

CORDEIRO, Bernadete Moreira Pessanha. Capacitação de professores: orientações


a partir dos níveis de práxis. Brasília: UCB, 2017 (mimeo).

PICONEZ, Stela C. Bertholo. A prática de ensino e o estágio supervisionado: a


aproximação da realidade escolar e a prática da reflexão. In: ________ PICONEZ,
Stela C. Bertholo (coord). A prática de ensino e o estágio supervisionado. Campinas:
Papirus,2105.p.13-34.

SAVIANI, Demerval. Tendências e correntes da educação brasileira. In: _______


MENDES, Durmeval T. (org). Filosofia da educação brasileira. Disponível na internet

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