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Como Ler Livros
Como Ler Livros
Como Ler Livros
A dificuldade para muitas pessoas é entender e lembrar o que leram. Para tirar
o máximo proveito de um livro, algumas técnicas de leitura podem ser muito
úteis. Um dos principais autores que ensina como ler melhor é Mortimer Adler.
Ele e Charles Van Doren escreveram a obra Como Ler Livros? O Guia Clássico
para a leitura inteligente. Veja as 11 regras de leitura resumidas de forma
facilitada.
1. Por que a obra Como Ler Livros de Mortimer Adler e Charles Van Doren
é importante?
3. A Leitura Elementar
4. A Leitura Inspecional
6. A Leitura Analítica
9. Leitura Sintópica
Por que a obra Como Ler Livros de Mortimer Adler e Charles Van Doren é
importante?
A obra de Mortimer Adler e Charles Van Doren tem mais de 400 páginas. A
intenção dos autores foi abordar com profundidade e abrangência o tema
de como ler um livro. Apesar seja grande, o volume é dividido em seções
curtas e fáceis de ler.
Como Ler Livros é mais do que um guia de leitura, é um tratado sobre filosofia
e educação.
Logo no início de Como Ler Livros, são descritos os motivos primários que
levam uma pessoa a querer ler.
Entretenimento;
Informação;
Conhecimento.
Entender um conteúdo é passar de um entendimento inferior para um superior.
A Leitura Elementar
Prontidão física;
Prontidão intelectual;
Prontidão linguística.
Para que todos estes requisitos sejam atendidos, o indivíduo precisa ter
domínio do vocabulário e desenvolvê-lo de forma mais abrangente. Precisa ser
alfabetizado de forma funcional e lidar com o contexto das leituras.
A Leitura Inspecional
5. Folheie o livro;
“Ao encarar um livro difícil pela primeira vez, leia-o sem parar, isto é, leia-o
sem se deter nos trechos mais espinhosos e sem refletir nos pontos que ainda
permanecem incompreensíveis”.
Isso permite uma maior compreensão na segunda leitura. Isto deve acontecer
de forma rápida, mas é preciso saber quando deter-se em uma leitura mais
lenta.
“Nenhum livro deve ser lido mais lentamente do que merece, e nenhum livro
exigirem”.
Em Como Ler Livros, Mortimer Adler sugere usar os dedos para se acostumar
a um ritmo mais veloz. Ao passar os dedos pelas frases, os olhos acompanham
sua velocidade. Quanto mais rápido o dedo, mais rápida é a leitura.
Para compreender melhor o livro e lembrar-se do que foi lido ao terminar uma
obra, é fundamental responder às quatro questões seguintes.
4. E daí?
A quarta pergunta soa estranha, mas é uma das mais importantes. É preciso
saber qual a diferença que o livro fez em sua vida. Ao respondê-la, você saberá
o que sua leitura acrescentou.
A Leitura Analítica
Regra 1
Você deve saber que tipo de livro está lendo antes mesmo de começar.
Faça a classificação de acordo com o título e o assunto.
As obras teóricas são de ciência pura, como história, filosofia, etc. Elas
ensinam algo e é justamente nelas que estas regras são aplicadas. As obras
práticas são sobre um conhecimento orientado para a ação, focando em “como
fazer”.
Regra 2
Expresse a unidade do livro em uma única frase ou em algumas poucas.
Responda: Sobre o que é o livro? Você deve ser capaz de dizer qual é o tema
central, o ponto principal.
Regra 3
Exponha as partes principais do livro e mostre como elas estão ordenadas em
relação ao todo. Enumere as partes principais em ordem.
Por exemplo, a trama comum dos romances pode ser simplificada da seguinte
forma: um garoto conhece uma garota, apaixona-se, perde-a e depois a
recupera. Em tal capítulo acontece isso; e no outro, aquilo.
Regra 4
Descubra quais foram os problemas do autor. Você precisa saber qual foi a
principal pergunta que o próprio autor tentou responder.
Regra 5
Encontre as palavras importantes e, através delas, entre em acordo com o
autor.
Isto significa encontrar o sentido comum das palavras, entrar em sintonia com o
autor e com o contexto para evitar as ambiguidades que possam ser um ruído
na leitura. Será muito prejudicial entender uma palavra de uma forma que
o autor não queria que ela fosse entendida.
Para saber quais são as palavras mais importantes, que merecem ser
destacadas, existem algumas técnicas. O autor naturalmente enfatiza
algumas palavras, repete-as e escreve as outras em função delas. É
preciso separar as palavras mais técnicas e conceituais, que nomeiam
conceitos-chave, das palavras mais genéricas e coloquiais.
de todas as conhecidas”.
Para estarmos de acordo com Euclides, por exemplo, precisamos saber o que
significa “ponto”, aquilo que não tem partes.
Regra 6
Marque as frases mais importantes do livro e descubra as proposições
que elas contêm.
Dica: As frases mais importantes são muitas vezes justamente as mais difíceis
de entender, ou as que o autor passa mais tempo explicando. São partes
imprescindíveis ao seu argumento.
Regra 7
Localize ou formule os argumentos básicos do livro com base nas conexões
entre as frases.
Ao fazer isso, você diz a mesma coisa usando outros códigos, ou seja, outras
letras. Isto demonstra que você compreendeu o que está além das palavras e
consegue enunciar de formas diferentes.
Caso não consiga fazer isso, significa que as palavras foram transmitidas,
mas não o conhecimento (a proposição). Leia novamente até conseguir.
Além disso, você deve ser capaz de pensar em aplicações para o que você leu,
em vivências, exemplos e analogias.
Caso o argumento do autor não esteja explícito, você é quem deverá construí-
lo. Para isso, é necessário unir frases de parágrafos diferentes até alcançar
uma sequência argumentativa.
Regra 8
Descubra quais são as soluções do autor. Ele conseguiu resolver o que
propôs?
Regra 9
Você tem de dizer com razoável grau de certeza “eu entendo” antes que possa
dizer “concordo”, “discordo” ou “suspendo meu julgamento”.
É preciso entender que crítica não é sinônimo de discórdia. O crítico não pode
ser juiz antes de ser leitor. A crítica é uma resposta ao autor.
Aquele que diz a frase abaixo não segue este princípio e está fechado ao
conhecimento:
“Não entendi o que você disse, mas acho que você está errado”.
Nota: Não leia para criticar, leia para pensar e ponderar. Para aprender,
usamos nossa capacidade de julgamento independente.
Regra 10
Quando discordar, faça-o de maneira sensata, sem gerar disputas ou
discussões.
Para entender bem esta regra, Mortimer recorda em Como Ler Livros uma
frase de Aristóteles:
Regra 11
Respeite a diferença entre conhecimento e opinião, fornecendo as razões para
quaisquer julgamentos críticos que fizer.
Elas podem conter um tipo de experiência que não temos e que é necessária
para entender um assunto. Podem ser outros livros, comentários, resumos
(melhores após a leitura do livro), obras de referência.
Em um livro prático, o que o autor quer mostrar é o que ele quer que façamos.
Como ele quer isso?
Elas pretendem fazer com que o leitor tenha uma experiência, mais do que um
conhecimento extra.
Obras imaginativas também não podem ser julgadas com critérios de verdade
e coerência que são devidos à comunicação do conhecimento. Na ficção, a
“verdade” é a verossemelhança.
Por exemplo, não é inverossímil que um mago use magia em uma ficção.
Regras estruturais
É preciso classificar se é um teatro, romance, novela, poema, epopeia, etc.
Descobre-se então a unidade narrativa, que é o enredo. Finalmente, descobre-
se como o todo é composto de suas partes.
Regras interpretativas
Cria-se familiaridade com os personagens para viver com eles, através de sua
visão, os eventos vividos por eles. Familiariza-se também com o mundo em
que eles vivem. Uma vez feito isto, basta segui-los em suas aventuras.
Regras críticas
Não se critica este tipo de obra até ter vivido e apreciado completamente a
experiência que o autor desejava. A crítica é baseada no gosto, se gostamos
ou não. Ela não envolve o critério da verdade ou da mentira.
Por último, a beleza da obra está relacionada com o prazer que temos
quando a conhecemos bem.
Como ler narrativas, peças e poemas?
Como já vimos, escritos imaginativos são artes finas, pois têm em si mesmos o
seu fim. Para lê-los, basta experimentá-los, prová-los.
Por isso, o ideal ao ler narrativas é lê-las rapidamente. Esta dica é para que o
leitor viva o mais intensamente possível os acontecimentos daquelas vidas
fictícias.
Leitura Sintópica
Definir divergências;
Analisar a discussão.
Adler e Van Doren sugerem que o conjunto de obras que uma pessoa vai ler
seja como uma pirâmide. A base deve ser larga para sustentar um crescimento
contínuo. Com o passar do tempo, há uma seleção maior dos livros a serem
escolhidos, afunilando o processo.
As obras mais relevantes para cada um são as que merecem mais dedicação.
É preciso aprender a não terminar um livro se ele não for bom. Chegar ao fim
simplesmente por chegar, para dizer que leu, não traz proveito.
1. Homero
Ilíada
Odisseia
2. Velho Testamento
3. Ésquilo
Tragédias
4. Sófocles
Tragédias
5. Heródot
História
6. Eurípides
Tragédias (especialmente Medeia, Hipólito, Bacantes)
7. Tucídides
História da Guerra do Peloponeso
8. Hipócrates
Textos médicos
9. Aristófanes
Comédias (especialmente As Nuvens, Os Pássaros, As Rãs)
10. Platão
Diálogos (especialmente República, Banquete, Fédon, Mênon, Apologia
de Sócrates, Fedro, Protágoras, Górgias, Sofista, Teeteto)
11. Aristóteles
Obras (especialmente Organon, Física, Metafísica, Da Alma, Ética a
Nicômaco, Política, Retórica, Poética)
12. Epicuro
Carta a Heródoto
Carta a Meneceu
13. Euclides
Elementos (de Geometria)
14. Arquimedes
Obras (especialmente Do Equilíbrio dos Planos, Dos Flutuantes, O
Arenário)
16. Cícero
Obras (especialmente Orações, Da Amizade, Sobre a Velhice)
17. Lucrécio
Sobre a Natureza das Coisas
18. Virgílio
Obras
19. Horácio
Obras (especialmente as Odes e os Epodos, e A Arte da Poesia)
20. Lívio
História de Roma
21. Ovídio
Obras (especialmente as Metamorfoses)
22. Plutarco
Vida dos Nobres Gregos e Romanos
Moralia
23. Tácito
Histórias
Anais
Agrícola
Germânia
25. Epicteto
Discursos
Enchyridion (Manual)
26. Ptolomeu
Almagesto
27. Luciano
Obras (especialmente Sobre o Modo de Escrever História, Uma História
Verídica, Leilão de Vidas)
29. Galeno
Sobre as Faculdades Naturais
31. Plotino
Enéadas
32. Santo Agostinho
Obras (especialmente Sobre o Ensino, Confissões, A Cidade de Deus, A
Doutrina Cristã)
59. Molière
Comédias (especialmente O Misantropo, Escola de Mulheres, O Doente
Imaginário e Tartufo)
62. Espinosa
Ética
73. Voltaire
Cartas Filosóficas
Cândido
Dicionário Filosófico
93. Stendhal
O Vermelho e o Negro
A Cartuxa de Parma
Sobre o Amor
94. George Gordon, Lord Byron
Don Juan
127. Lênin
O Estado e a Revolução
Charles Van Doren nasceu em 1926 também em Nova York. Foi colaborador
de Adler na última edição de Como Ler Livros. Era uma personalidade
conhecida na televisão americana na década de 50. Era filho e sobrinho de
escritores laureados com o prêmio Pulitzer.