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Mini-Histórias Uma Comunicação para Quem
Mini-Histórias Uma Comunicação para Quem
Mini-Histórias Uma Comunicação para Quem
UMA COMUNICAÇÃO
PARA QUEM?
Cristiele Borges dos Santos1
Rafaela Flores2
RESUMO
O propósito desse artigo é discutir a forma e o motivo pelo qual as mini-histórias são
compartilhadas com as crianças, famílias e comunidade escolar, a partir da experiência
de uma professora que foi qualificando essa prática em seu cotidiano. Mini-histórias são
breves relatos acompanhados de imagens que narram, de forma poética, o cotidiano
nas escolas de Educação Infantil. Essa forma de comunicação vem se disseminando
nos espaços educacionais e sendo o foco de pesquisa de uma das autoras. Assim, este
artigo pretende colocar em evidência as estratégias que esta educadora utilizou para dar
uma visibilidade maior às famílias, e principalmente às crianças, para que pudessem se
reconhecer verdadeiramente como protagonistas nesse processo. Discutimos sobre as
aprendizagens e experiências familiares que esse acesso mais democratizado às mini-
histórias vem proporcionando. É feito também uma reflexão de que forma o trabalho
realizado com as mini-histórias contempla os direitos de aprendizagem, os campos de
experiência e o desenvolvimento na educação infantil, buscando aproximações concretas
com a Base Nacional Comum Curricular (BNCC). A pesquisa é fruto das reflexões e
mudanças graduais que ocorreram na faixa etária 1 ano da EMEI Joaninha ao longo dos
anos de 2018 e de 2019. É contado aqui, sistematicamente, essa mudança, e apontado
o retorno das famílias que foi muito positivo, a partir dessa preocupação que se teve em
oportunizar e convidá-las a contemplar e exercitar um olhar mais atencioso e singular
para as experiências vividas pelas crianças a partir das mini-histórias, compartilhadas de
forma impressa e pela rede social.
INTRODUÇÃO
A definição que Altimir (2010, p. 84) dá para a ideia de mini-histórias é [...] de pequenas
relatos, alguns com um denso passado, outros com muito futuro, e alguns, simples
instantes”. No OBECI, temos tratado as mini-histórias como as rapsódias da vida cotidiana
que, ao serem narradas textual e imageticamente, tornam-se especiais pelo olhar do adulto
que as acolhe, interpreta-as, e dá valor para a construção da memória pedagógica. (FOCHI,
2019, p. 49).
Não há uma regra para a escrita das mini-histórias, pois cada professor ao
escrevê-las coloca sua interpretação e sensações em relação à ação das crianças ali
narradas. É uma prática que gera encantamento, mas que também exige uma qualidade
estética e uma grande sensibilidade na valorização das ações dos meninos e das meninas
durante a jornada na escola. Essa forma de comunicação vem se disseminando, e vários
profissionais tem se aventurado na escrita de narrativas. E é assim mesmo que deve ser.
Só se aprende escrever, escrevendo. Então, os profissionais devem ser incentivados e
convidados a escrever sobre seu cotidiano, a fim de dar visibilidade ao que realmente
acontece nas escolas, deixando em evidência essa cultura da infância que aposta no
brincar e nas interações como ferramentas indispensáveis nessa jornada das crianças. O
professor de Educação Infantil pouco escreve sobre suas práticas, como bem nos lembra
Fochi (2015), quando cita Malaguzzi:
É mais fácil que um caracol deixe rastros do seu próprio caminho, de seu trabalho, que uma
escola ou uma professora deixe rastro escrito de seu caminho, do seu trabalho. [...] Em
alguns países ocidentais se considera uma interferência inoportuna ou lesiva aos direitos
de alguém. Nós fazemos [a documentação] porque nos dá um conhecimento mais próximo
e reflexivo de nosso próprio trabalho. (MALAGUZZI, 1989 apud HOYUELOS, 2006, p. 195).
AS MINI-HISTÓRIAS E A BNCC
Também virou uma marca da escola o trabalho com as mini-histórias, servindo como
estratégia de comunicação e diálogo com a comunidade educativa. Narrar imagética e
textualmente as rapsódias da vida cotidiana tem ajudado as professoras dessa EMEI a
compreender melhor as crianças e, com isso, construir pautas para o próprio trabalho. O
trabalho dessa escola com as mini-história e com as investigações sobre o Brincar Heurístico
é fortemente sustentado pelas condições de diálogo e partilha entre as professoras e a
coordenação pedagógica. (FOCHI, 2019, p. 159).
Estudar e compreender a BNCC em seu sentido amplo e não apenas como uma
lista de objetivos a serem alcançados tem sido um objetivo do grupo de professores.
Assim, pensar quais aproximações poderíamos fazer da prática das mini-histórias com a
Base foi um de nossos objetivos.
Começamos explanando sobre os direitos de aprendizagem e desenvolvimento
na educação infantil, que é o princípio quando falamos em conteúdo em termos de
educação infantil. As mini-histórias trazem momentos do cotidiano da jornada das
crianças, onde fica explícito o direito de conviver, brincar, explorar e expressar-se, o que
pode ser percebido no texto escrito pelos professores, mas, principalmente, na sequência
de fotos das ações das crianças que os relatos imagéticos trazem. O direito de participar
é contemplado uma vez que a participação é efetiva, pois a criança é protagonista nesse
processo, cabendo ao professor o registro e o olhar sensível sobre a situação. O direito
de conhecer-se fica expresso na visualização das mini-histórias pelas crianças, em que
podem narrar, pelas fotos, o que ocorreu, colocando também a sua impressão sobre si
e sobre o outro. Aqui também caberia o direito de participar e expressar. Na verdade,
esses seis direitos são contemplados, de modo complementar, nas ações cotidianas
das crianças expressas nas mini-histórias produzidas pela professora e na interação das
crianças com as mini-histórias físicas já impressas.
Pensando sobre os campos de experiência, elencamos alguns temas que ficam
expressos na produção e compartilhamento das mini-histórias. No campo de experiência
“O eu, o outro e nós”: experiências sociais; percepções e questionamentos sobre si e
sobre os outros; autonomia; reciprocidade; interdependência com o meio; identidade e
respeito ao outro. No campo de experiência “Escuta, fala, pensamento e imaginação”:
situações comunicativas cotidianas; cultura oral; escuta de histórias; participação em
conversas; imersão na cultura escrita; contato com histórias (no caso das mini-histórias,
as suas histórias e dos colegas).
Tendo compreendido a forma como produzir mini-histórias, sua relevância e
importância, começamos a refletir para quem e como estava sendo utilizada essa
comunicação. As mini-histórias podem servir de comunicação para os professores, para
as famílias ou para as crianças. Contudo, deve-se observar a linguagem utilizada e a
forma de apresentação. A mini-história pode ser lida por todos, mas a intenção de quem
a produziu é de grande importância. (FOCHI, 2019).
METODOLOGIA
Tem o ambiente natural como sua fonte direta de dados e o pesquisador como seu principal
instrumento; b) os dados coletados são predominantemente descritivos; c) a preocupação
com o processo é muito maior do que com o produto; d) o significado que as pessoas dão às
coisas e à sua vida são focos de atenção especial pelo pesquisador; e) a análise dos dados
tende a seguir um processo indutivo. (LUDKE, 2011, p. 43).
Os participantes são crianças (17) da faixa etária 1 (crianças com 1 ano completo
até 31 de março) da EMEI Joaninha, no ano de 2018, crianças (22) da faixa etária 1 no
ano de 2019 e suas respectivas famílias. A pesquisa também envolveu a coordenadora
e a diretora da escola, bem como os 3 professores titulares da turma, sendo um deles
a pesquisadora. A coleta e organização dos dados ocorreu pela observação contínua e
conversas periódicas sobre o assunto. Houve também registros escritos, fotográficos e
documentais dos professores e equipe.
A análise se deu principalmente em relação à interação das crianças com o
ambiente, no sentido de sinalizar que estavam interessados em ter acesso à visualização
das mini-histórias, também às falas trazidas pelas famílias e à análise de imagens das
crianças e suas reações ao se verem em alguma imagem impressa. Essas análises
foram feitas semanalmente no planejamento dos professores, com a coordenadora
pedagógica. Após as análises, eram pensadas estratégias para que as mini-histórias
pudessem fazer parte mais efetivamente da jornada das crianças.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
próprias crianças a sua aprendizagem. Quando fazemos isso, estamos, com as crianças,
colecionando exemplos particulares sobre nós mesmos, mergulhando fundo em um
processo de autoconhecimento e de aprendizagem. (FOCHI, 2019, p. 233)
Este foi um grande primeiro passo. É necessário acreditar na potência das crianças.
Mesmo não sendo alfabetizadas e não tendo domínio desse código letrado, as crianças
precisam ter acesso à escrita, sabendo que ali está sendo contado algo que fala de processos
que elas viveram. Elas fazem leitura de imagem, se reconhecem e reconhecem os colegas.
Expor as mini-histórias na sala referência, na altura das crianças, é devolver a elas todas as
vivências registradas, permitindo que se vejam e se encontrem ali. Dessa forma, as crianças
podem reviver momentos que aconteceram na jornada e perceber que as imagens estão
contando sobre algo. Essa valorização dos registros leva a criança a compartilhar com a
família, convidando-a para olhar junto.
Imagem 2 - menina se reconhecendo Imagem 3 - meninas conversando sobre os
na foto da mini-história colegas na mini-história
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Mini-histórias: uma comunicação para quem?
esse material, mas, com o tempo, devido a utilização e manuseio, precisava de reformas
constantes. Assim, posteriormente, foram eleitas e plastificadas algumas mini-histórias
que contemplassem todos os meninos e meninas, ficando disponíveis para manuseio e
exploração das crianças. As crianças mostraram-se satisfeitas com esse novo material
que, além de ter suas fotos, fazia barulho ao movimentar, possibilitando mais uma forma
de exploração sonora, e também podia ser compartilhado ao mesmo tempo com vários
colegas, pois diferente do livro, eram várias fichas.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
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REFERÊNCIAS
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Cristiele Borges dos Santos e Rafaela Flores
Cultura Infantil - OBECI. Porto Alegre: Paulo Fochi Estudos Pedagógicos, 2019.
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