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Apostila de Homilética
Apostila de Homilética
Apostila de Homilética
Avenida João Pessoa, 214-B. Bairro do João Paulo. CEP: 65040-001 São Luís-MA.
Telefone: (98) 98831-9247. E-Mail: stbslteologia@gmail.com. Site: stbsl.org
APOSTILA DE HOMILÉTICA
1. Introdução
Os principais fins do ministério acham na pregação um dos mais importantes meios de
regeneração e edificação espiritual dos pecadores. Tanto Jesus como os apóstolos foram grandes
pregadores. Em épocas posteriores ao período apostólico, os períodos mais luminosos da história da
igreja têm sido aqueles em que o púlpito tem ocupado o lugar de primazia que lhe corresponde. A
vitalidade da igreja tem sido consequência da qualidade e do poder da pregação.
Em nosso tempo, como tem ensinado o teólogo suíço Emil Brunner, “onde há verdadeira
pregação; onde, em obediência de fé, é proclamada a Palavra, ali, apesar das aparências em
contrário, se produz o acontecimento mais importante que pode ter lugar na terra”. Se a pregação
ultimamente tem decaído em muitas partes do mundo, isto não se deve a um fenômeno de
anacronismo, mas ao fato de que muitos pregadores têm perdido de vista a verdadeira natureza e as
características essenciais de sua função.
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que seja: a voz de Deus que fala aos homens e os insta às decisões mais transcendentais. “A pregação
sempre é um caso de vida ou morte”.
5. A Pessoa do Pregador
Pelo conceito que vimos de pregação, podemos formar uma ideia do que seja a figura de um
pregador. Segundo as Escrituras, há diversos tipos de pregadores e, portanto, apresentaremos diversos
conceitos, de acordo com o tipo de ministério que cada um exerce. O ministério da pregação é
essencialmente profético. O pregador é um mensageiro de Deus cujo coração está inflamado com a
mensagem que haverá de anunciar aos seus ouvintes. Como disse Roy Allan Anderson, “o pregador
não apenas possui uma mensagem, mas é possuído pela mensagem”. 2
5.2.1.Requisitos espirituais
a) O pregador espiritualmente capaz é um homem regenerado. Sua regeneração é
comprovada pelos frutos de uma nova vida. As testemunhas de sua vida pública
comprovam sua transformação. Sua ordem de valores e interesses prioriza
visivelmente o reino de Deus.
b) O pregador espiritualmente credenciado há de ser também um homem vocacionado.
Ele não só ouviu e obedeceu à voz de Deus que o chamou, mas por todos que o
conhecem é reconhecido e aprovado como homem escolhido por Deus. Sua vocação é
comprovada pela sua dedicação e por sua vida consagrada. Sua lealdade e obediência
a Deus estão acima de tudo e de todos. Seu senso de responsabilidade e compromisso
leva-o ao sacrifício de sua própria vida. Seus planos são os planos de Deus e sua
vontade maior é a vontade soberana de Deus.
c) O terceiro requisito é sua vida de santidade. Ele é um obreiro cuja pureza de vida
demonstra sua integridade de caráter. Ele é um homem cheio do Espírito Santo. O
fruto do Espírito (Gl 5.22-23) flui de seu caráter através de suas ações.
Sua autoridade e poder na pregação não estão no volume de sua voz nem mesmo em seu estilo
de linguagem, mas na unção divina que resulta de uma vida íntima de devoção e comunhão com Deus.
Quando ele prega, seus ouvintes tornam-se convictos de que, antes de trazer sua mensagem, ele esteve
com Deus. Mas lamentavelmente há pregadores que não são dignos da tribuna sagrada. Como disse
Spurgeon: “Se alguns pregadores fossem condenados a ouvir seus próprios sermões, diriam como
Caim: ‘Meu castigo é maior do que posso suportar’.” 3
5.2.2.Requisitos morais
As exigências morais que Deus requer de seus ministros foram um padrão tão elevado que o
mesmo torna-se modelo a ser seguido pelos demais filhos de Deus (Fp 3.17; 1Ts 1.6, 7). Segundo o
apóstolo Paulo, o ministro de Deus deve ser modelo nas seguintes virtudes:
a) Conduta ilibada (Tt 1.6);
b) Pai exemplar e esposo fiel e dedicado (Tt 1.6; 1Tm 3.4, 5);
c) Emocionalmente equilibrado (Tt 1.7);
d) Integridade de caráter (Tt 1.8);
e) Maturidade (1Tm 3.6).
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4.3. De acordo com o conteúdo do texto
De acordo com o conteúdo do texto bíblico, o sermão pode ser classificado em:
a) Biográfico – sermão biográfico é aquele, cujo conteúdo é extraído da vida de um
personagem da Bíblia.
b) Profético – um sermão é profético quando o conteúdo do mesmo nasce de algum tema da
profecia ou quando sua mensagem interpreta a vontade de Deus em uma situação especial
que se aplica à realidade dos ouvintes.
c) Doutrinário – o sermão doutrinário sempre tem um tema de cunho teológico como, por
exemplo: expiação, predestinação, santificação, ressurreição, reino de Deus, segunda
vinda de Cristo, os dons do Espírito Santo, etc.
d) Histórico – o conteúdo deste tipo de sermão é tirado dos fatos e episódios da história do
povo de Deus, onde a ação de Deus foi registrada. Tal sermão visa direcionar não o
indivíduo, mas a igreja como um todo, revelando princípios e diretrizes divinas para a
jornada da igreja na história da salvação.
e) Apologético – é uma modalidade de sermão muito parecido com o doutrinário, com a
diferença que este propugna a defesa da sã doutrina e o combate explícito às heresias.
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EXEMPLO 1:
FAZENDO DIFERENÇA
EXEMPLO 2:
O PECADO NA VIDA DO CRENTE
4.4.2.Textual
Como o próprio nome indica, o sermão textual é aquele que se concentra no texto do qual seu
tema é extraído. O texto bíblico é o miolo da mensagem, embora textos paralelos possam ser utilizados
para confirmar e clarear os pontos principais da estrutura do sermão. O sermão textual é
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essencialmente exegético. Uma característica forte de um sermão textual é que os pontos principais
são frases ou parte de frases que estão no próprio texto. Vejamos alguns exemplos:
EXEMPLO 1
TEXTO: Mq 6:8 – Ele te declarou, ó homem, o que é bom e que é o que o SENHOR pede de
ti: que pratiques a justiça, e ames a misericórdia, e andes humildemente com o teu
Deus.
EXEMPLO 2
TEXTO: 1Pedro 2.9 – Vós, porém, sois raça eleita, sacerdócio real, nação santa, povo de
propriedade exclusiva de Deus, a fim de proclamardes as virtudes daquele que vos
chamou das trevas para a sua maravilhosa luz;
EXEMPLO 3
TEXTO: Atos 10.38 – “como Deus ungiu a Jesus de Nazaré com o Espírito Santo e com
poder, o qual andou por toda parte, fazendo o bem e curando a todos os oprimidos
do diabo, porque Deus era com ele”;
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Observações quanto ao sermão textual:
a) Exige esforço do pregador em explicar cada ponto, uma vez que, quase sempre, a estrutura
do sermão não contém subpontos.
b) Apresenta um tema estreito e muito específico.
c) A mensagem é direta, isto é, não vaga por caminhos paralelos nem se perde em rodeios.
d) Sua elaboração exige do pregador uma investigação mais intensa de um texto menos
extenso em comparação com o sermão expositivo.
4.4.3.Expositivo
Este modelo de sermão não é bem definido pelo seu próprio nome, pois tanto o sermão
temático quanto o textual são bíblicos e expositivos. Diante disso, o sermão expositivo não significa
nem se limita a uma simples exposição de um texto bíblico, versículo por versículo. Uma leitura do
texto, uma explicação exegética de cada um dos versículos ou de cada uma de suas frases, alguma
ilustração e, por fim, uma aplicação prática, não constituem um sermão expositivo.
Um sermão expositivo é, por regra geral, bastante mais difícil de ser preparado que qualquer
outra classe de sermões, pois nem sempre é fácil ordenar os elementos do texto: atos, pensamentos,
preceitos, exortações, etc., de modo que se obtenha um esboço aceitável. Um sermão expositivo obriga
o pregador a usar todo o material importante da passagem bíblica, mas com o devido ordenamento, de
modo que tanto o tema como seus pontos principais apareçam com claridade e com a necessária
lógica.
Há duas diferenças entre o sermão textual e o sermão expositivo. A primeira é que o textual
tem um texto menor que o do expositivo. Normalmente um pequeno parágrafo ou uma simples
declaração contida em um ou dois versículos, enquanto que o texto do sermão expositivo é bem maior,
às vezes, mais que um capítulo. A segunda é que o sermão expositivo é hermenêutico e o textual é
essencialmente exegético.
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g) As passagens bíblicas sobre as quais o orador pregue fará com que ele encontre pontos
relativos a questões delicadas que talvez nunca chegaria a tratar se houvesse de expô-las
diretamente como tema de um sermão.
h) A congregação se beneficia grandemente da pregação expositiva, pois através dela abrem-
se perspectivas muito mais amplas da verdade bíblica, estimulando seu interesse pela
leitura da Palavra de Deus.
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CAPÍTULO IV
O PLANEJAMENTO DO SERMÃO
1. Introdução
Como vimos anteriormente, o ministério da pregação é algo de extrema importância e do mais
alto grau de responsabilidade, pois o pregador lida com vidas que são preciosas para Deus. Diante
disso, o sermão, como mensagem de Deus anunciada ao homem por meio de outro homem, requer um
conteúdo do mais alto teor espiritual que atenda às necessidades espirituais dos ouvintes. Para tanto, o
sermão necessita de um preparo adequado, isto é, de um planejamento eficaz.
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tempo passado. Ela será tão específica a ponto de servir somente para o texto em pauta.
Suas palavras devem formar um só período.
c) A tese da mensagem é tirada diretamente da ICT. Ela é a resposta clara e precisa das
seguintes perguntas: Que diz o texto a nós hoje? Qual é a aplicação da lição do texto? A
mensagem da tese é a mesma da ICT e, consequentemente, a mesma do texto bíblico. Ela
apresenta as seguintes características: é sucinta, isto é, deve ter no máximo entre 13 a 15
palavras. Se ela contiver 16 palavras, corte uma. O seu verbo principal deverá estar no
tempo presente. Ela deverá expressar uma mensagem que se aplique a mais que um lugar
na Bíblia. Deve ser uma verdade universal que se aplica a qualquer circunstância, tempo
ou local.
d) O objetivo básico identificará o tipo de sermão a ser pregado e será definido por uma
necessidade da congregação a ser atendida pela mensagem que a tese apresenta.
e) O objetivo específico, por sua vez, caracteriza o resultado que o orador deseja alcançar.
Ele conduzirá os ouvintes numa determinada direção e o levará a tomar uma decisão
coerente com a vontade de Deus.
f) Enquanto o objetivo básico é definido pelas necessidades dos ouvintes, o objetivo
específico é definido pelas intenções do orador, sob a direção do Espírito de Deus.
g) O objetivo específico é obtido como resposta à seguinte pergunta: O que Deus pretende
alcançar dos meus ouvintes por meio desta mensagem que eu vou pregar?
h) O tema ou título do sermão é uma derivação direta da tese; é a substância do sermão
expressa de forma atrativa e impressionante através de uma expressão que contenha no
máximo sete palavras. O tema deverá conter a essência da mensagem que o texto
apresenta.
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fatores: do conhecimento da situação dos seus ouvintes, de sua capacidade espiritual de discernimento
e de sua sensibilidade e obediência à voz do Espírito de Deus.
Como eleger uma necessidade:
a) Através de um diagnóstico da congregação;
b) Através da prioridade do momento histórico;
c) Através da exigência de uma situação emergente;
d) Através da ênfase às datas comemorativas.
EXEMPLOS:
a) O salário do pecado é a morte (Rm 6.23);
b) Pela graça sois salvos por meio da fé (Ef 2.8);
c) Quem crê tem a vida eterna (Jo 6.47);
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d) Todo aquele que odeia a seu irmão é assassino (1Jo 3.15);
EXEMPLO:
Texto: Jo 11.25-26
Tema Inadequado: A FÉ QUE TRANSPÕE OS LIMITES DO PODER DESTRUIDOR DA
MORTE
Tema Adequado: A FÉ QUE TRANSCENDE A MORTE
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CAPÍTULO V
1) Gênero literário
Narrativa do Velho Testamento.
2) Autor
O autor do texto é Moisés (5.1), um profeta (34.10), homem instruído em todas as ciências do
Egito (At 7.22). Estava com 120 anos de idade quando escreveu o conteúdo que originou o livro
de Deuteronômio, nas proximidades da fronteira de Canaã. Liderou Israel durante a peregrinação
no deserto por 40 anos (29.5).
3) Destinatários
Todo o Israel (5.1; 6.3-4) – somente os que tinham menos de 20 anos em Cades (Nm 14.29).
4) Data
1.451 a.C. (Moisés nasceu aproximadamente em 1.571 a.C.; foi chamado por Deus
aproximadamente em 1.491 a.C; cf. Êxodo, capítulo 3).
5) Lugar
“Vale defronte de Bete-Peor” – 3.29; 4.46; 34.6, nas “campinas de Moabe” (34.1), na fronteira de
Canaã. Bete-Peor é uma cidade de Moabe, perto do Monte Peor, a leste do Jordão, defronte de
Jericó – 6 a 7km a noroeste do Monte Nebo, na Cordilheira de Pisga, onde Moisés morreu. Bete-
Peor, literalmente, significa: “Casa da Abertura”.
6) Ocasião
Fim dos 40 anos de peregrinação no deserto, pouco antes da morte de Moisés e antes da entrada de
Israel em Canaã (Dt 4.22).
7) Objetivo
Instituir Israel, como mandamento para todas as gerações, a obrigação individual de conhecer,
amar, temer e obedecer a Deus.
8) Assunto
Instruções para a dedicação total da vida a Deus.
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ETAPA 2 – ANÁLISE DO TEXTO
TEXTO: Dt 6.1-25
Assunto: Instruções para a dedicação total da vida a Deus
vv. 1-3: Importância destas instruções:
a) são dadas por Deus (v. 1);
b) são destinadas a assegurar o favor de Deus na terra prometida.
Propósito:
a) “para que temas o Senhor, teu Deus”;
b) “e guardes todos os seus estatutos e mandamentos”.
A quem se destinam:
a) “tu”;
b) “teu filho”;
c) “e o filho de teu filho”.
O tempo certo: “todos os dias de tua vida”.
Consequências benéficas:
a) “que teus dias sejam prolongados”;
b) “para que bem te suceda”;
c) “muito te multipliques”;
d) Ver também os versículos 24 e 25.
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ETAPA 3 – PLANO BÁSICO
ICT: Moisés ensinou aos filhos de Israel que por meio da dedicação de suas vidas ao Senhor
haveriam de usufruir das bênçãos prometidas por Deus.
TESE: Aquele que se dedica totalmente a Deus tem garantia de uma vida feliz.
TEMA: A DEDICAÇÃO DA VIDA A DEUS
OE: Pretendo persuadir os meus ouvintes a consagrarem suas vidas a Deus.
OB: Consagratório.
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CAPÍTULO VI
TEXTO: Ef 4.7-16
vv. 7-8: Jesus, o doador dos dons à igreja
a) Doação imerecida – “e a graça foi concedida a cada um” (v. 7)
b) Doação garantida pela exaltação de Cristo (v. 9)
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ANÁLISE DE TEXTO POR DIAGRAMAÇÃO
TEXTO: Fp 3.12-16
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MODELO II – DIVISÃO EM SENTENÇAS
1º Passo: Divida cada oração em, pelo menos, três partes: personagens, ações e complementos.
Os complementos devem ser subdivididos, para distinguir as ideias associadas a lugar, tempo,
recursos, meios, etc. Veja a seguir dois exemplos.
EXEMPLO I
TEXTO: Cl 3.1-7
PERSONAGE
AÇÕES COMPLEMENTOS I COMPLEMENTOS II
NS
... se fostes
... juntamente com Cristo
ressuscitados
... onde Cristo vive,
... buscai ... as coisas lá do alto, ... assentado à destra do
... vós
Pai.
... pensai ... nas coisas ... lá do alto,
... não (pensai) ... nas (coisas) ... que são aqui da terra;
... porque morrestes, ... e a
... juntamente com Cristo,
... vossa vida ... está oculta
... em Deus.
... que é ... a vossa vida
... Cristo,
... se manifestar,
... com ele,
... vós... ... sereis manifestados
... em glória
... prostituição,
impureza,
Vós ... fazei morrer ... a vossa natureza terrena paixão lasciva,
desejo maligno
e a avareza,
... que (a
... é ... idolatria;
avareza)
... sobre os filhos da
... estas coisas ... é que vem ... a ira de Deus
desobediência
... andastes ... noutro tempo, ...
... vós
... quando vivíeis ... nelas.
AS CREDENCIAIS DE UM REGENERADO
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EXEMPLO II
TEXTO: Filipenses 3.12-16
3. Os Destinatários
a) Filipos era uma cidade pequena que antes era chamada de Crenides e, em 350 a.C., seu
nome foi mudado para Filipos, em homenagem a Filipe da Macedônia, pai de Alexandre,
o Grande. Tornou-se colônia romana, um posto militar. Filipos foi a primeira conquista
missionária de Paulo na Europa, tendo sido o “berço do cristianismo europeu”.
b) A igreja foi fundada por Paulo em sua segunda viagem missionária, em meio a muitas
perseguições (At 16). Os membros era, em sua maioria, gregos e, possivelmente, alguns
romanos. As mulheres tinham um lugar de merecida honra (At 16.13-14).
c) A igreja mantinha com Paulo um relacionamento íntimo e cordial. Ajudou Paulo
financeiramente em suas necessidades pessoais (Fp 4.14-16).
4. A Ocasião
a) Paulo estava preso em Roma. A igreja enviou Epafrodito com uma oferta para o
suprimento de suas necessidades pessoais. Ao chegar em Roma, Epafrodito adoeceu
mortalmente, mas foi recuperado (Fp 2.27).
b) Depois de sua recuperação, Paulo o enviou de volta a Filipos com a presente carta (Fp
2.28-30).
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b) A mensagem central é Jesus Cristo como razão e modelo para nosso crescimento espiritual e
nossa dedicação ao ministério, no cumprimento da vocação.
TEXTO: Fp 3.12-16
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ETAPA 3 – PLANO BÁSICO DO SERMÃO
Neste texto, o apóstolo Paulo ensinou aos filipenses que o verdadeiro sentido de
ICT
suas vidas consistia no alcance do propósito de Deus.
TESE A vida cristã só faz sentido quando é direcionada por um propósito divino.
TÍTULO A CONQUISTA DO ALVO DIVINO
OB Exortativo
Quero incentivar os meus ouvintes a lutarem com perseverança pela conquista do
OE
alvo de Deus para as suas vidas.
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EXEMPLO III
Texto: Mc 9.14-29
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que ele se manifeste.
- A grandeza de nossos
problemas reduzem a
nossa capacidade de
v. 24 “exclamou com “Eu creio! Ajuda- “... na minha falta
crer.
O pai lágrimas...” me...” de fé!”
- A grandeza de nossa
fé reside na nossa
dependência de Deus.
- A necessidade maior
v. 25 “... que
“vendo...” “... a multidão...” de um incrédulo é ver
Jesus concorria...”
para crer.
- Imundo é todo
v. 25
“...repreendeu...” “... o espírito...” “... imundo...” espírito que não é
Jesus
santo.
- Uma ordem de Jesus
tem a força de uma
sentença divina.
- Principados e
“Sai deste jovem e
v. 25 potestades estão sob o
“dizendo-lhe:” “... eu te ordeno:” nunca mais tornes
Jesus domínio de Jesus.
a ele”.
- A libertação de uma
alma cativa sempre
resulta de uma ação
direta de Deus.
“... saiu deixando- - Não há poderes hostis
v. 26 “clamando e
o como se que resistam à voz de
O demônio agitando-o...”
estivesse morto...” Jesus.
- Os atos de Deus
sempre haverão de se
realizar de forma
v. 27 “tomando-o... o “... e ele se completa.
Jesus ergueu...” levantou”. - A redenção é uma
obra pela qual Jesus
liberta os cativos e
levanta os caídos.
PLANO BÁSICO
Este acontecimento revelou Jesus como o agente divino por meio do qual Deus
ICT
estava libertando os prisioneiros das forças espirituais do mal.
TESE Jesus é a única esperança de libertação para os cativos.
TÍTULO O LIBERTADOR DOS CATIVOS
OB Evangelístico
OE Pretendo persuadir meus ouvintes a render sua alma a Jesus.
CORPO DO SERMÃO
TRANSIÇÃO: Temos três motivos para crermos em Jesus como o libertador dos cativos:
I. Jesus é o detentor da autoridade sobre as forças que escravizam o homem (v. 17-18).
II. Jesus é o mediador perante Deus das demandas espirituais do homem (v. 22).
III. Jesus é o agente eficaz da onipotência divina (v. 25).
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MÉTODO II - A TÉCNICA DA ABORDAGEM MÚLTIPLA
(Adaptado do livro Pregação Expositiva Sem Anotações de Charles W. Koller, pp. 52 a 58).
Quando o texto não pode ser facilmente esquematizado, isto é, não apresenta nenhuma
estrutura didática própria como as epístolas no Novo Testamento, ou não sugere nenhuma ideia clara
que facilite a interpretação, podemos usar de um artifício que permitirá a exploração exaustiva do
texto. Trata-se da abordagem múltipla. Embora possa ser também usado em outros estilos literários,
este método é apropriado para as narrativas.
Em algumas passagens do gênero narrativo como, por exemplo, em Dt 6.1-9 ou Cl 1.15-20, o
elemento “didático” é proeminente. Mas no texto onde não houver “verdades intemporais” explícitas
procure as que estiverem inconfundivelmente implícitas.
EXEMPLO
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ANÁLISE DOS PERSONAGENS E ELEMENTOS SIGNIFICATIVOS
(At. 8.26-40)
FILIPE
Quem era Filipe?
a) Não era apóstolo (At 8.1; 21.8)
b) Foi eleito e ordenado como diácono em Jerusalém (At 6.3-6)
c) Homem de “boa reputação, cheio do Espírito Santo e de sabedoria” (At 6.3)
d) Era evangelista (At 21.8)
ESPÍRITO SANTO
O que fez o Espírito Santo?
a) Direcionou Filipe:
A um local apropriado (vv. 26 e 29)
A um homem sedento de salvação (vv. 29, 30)
A uma passagem bíblica apropriada (v. 35)
A um feliz resultado (v. 38)
b) Arrebatou Filipe (v. 39)
O EUNUCO
Quem era ele?
a) Era um africano, habitante da Etiópia – “etíope” (v. 27).
b) Era escravo inicialmente – “eunuco” (v. 27)
c) Superintendente do tesouro da rainha (v. 27)
d) Religioso – “que viera adorar em Jerusalém” (v. 27)
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b) Ignorante quanto ao conhecimento das Escrituras (v. 31)
c) Necessitado e sedento de salvação (vv. 31-35)
AS ESCRITURAS
O que são as Escrituras?
a) Registro da revelação divina – “livro do profeta Isaías” (v. 29)
b) Fonte de sabedoria para o ignorante (v. 31)
O TESTEMUNHO DE FILIPE
Por que Filipe testemunhou para o eunuco?
a) Por que recebeu uma ordem de Deus (vv. 26 e 29)
b) Por que o eunuco precisava entender o texto que lia (vv. 30-31)
A CONVERSÃO DO EUNUCO
Como ele se converteu?
a) Pelo exame das Escrituras (v. 30)
b) Pela pregação de um homem enviado por Deus (v. 35)
c) Por sua confissão de fé na pessoa de Jesus (v. 37)
b) Auxílios/Recursos:
O Espírito Santo (v. 29)
As Escrituras Sagradas (vv. 28-33)
Um pregador competente (vv. 30, 35, 37, 38).
NOTA: Cada personagem ou elemento destacado pode ser fonte de um sermão. Neste caso,
poderíamos obter os seguintes esboços:
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ESBOÇO 2: Do ponto de vista do Espírito Santo
Direções do Espírito:
I. Conduz o mensageiro a um local e momento adequados (vv. 26, 39-40)
II. Conduz o mensageiro a uma pessoa carente de salvação (v. 29)
III. Conduz o mensageiro a uma passagem bíblica apropriada (v. 35)
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CAPÍTULO VII
O CORPO DO SERMÃO
1. Conceito
Um sermão completo compõe-se de quatro partes: tema, introdução, corpo e conclusão. Com
respeito à introdução e à conclusão falaremos posteriormente. No que concerne ao corpo, estamos nos
referindo à divisão do tema e à ordem e organização dos tópicos principais e suas subdivisões.
O corpo do sermão consiste no esboço didático onde as ideias principais (tópicos oriundos da
divisão do tema em partes) são ordenadas numa sequência lógica para facilitar a exposição por parte
do orador e a compreensão por parte do ouvinte.
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ilustração; pela comparação; pelo contraste; pelo uso de referências bíblicas paralelas. A aplicação
poderá ser feita desta forma:
a) Por afirmar e/ou mostrar a relevância da matéria;
b) Por argumentar, justificando a aplicação a ser feita;
c) Desafiando o ouvinte em relação à verdade anunciada;
d) Por exortar, indicando a conveniência ou urgência da aplicação;
e) Por fazer o apelo, explicando o que o ouvinte deve fazer e quando.
Não há limite à explanação nem à aplicação. Em geral, há um pouco mais de explanação numa
mensagem do que aplicação, mas sempre neste sistema ambos os elementos serão utilizados. No
sistema dos elementos funcionais a explanação e a aplicação são indispensáveis. Veja um exemplo na
página 55 dos anexos.
1. O assunto deve ser um resumo da tese. A tese vem da ICT e a ICT vem do texto. Portanto, as três
ou mais palavras que compuserem o tema definirá bem a mensagem a ser pregada.
2. As divisões vêm do assunto . O assunto é como um alicerce sobre o qual é erguida a estrutura
necessária ao desenvolvimento da mensagem. O assunto todo geralmente não é repetido em cada
divisão, mas caso seja, tem que dar sentido lógico e inteligente.
3. Nenhuma divisão deve ser igual em pensamento ou expressão à outra . Assim, a repetição
desnecessária será eliminada.
4. Cada ponto ou subponto, quando dividido, tem que ter duas ou mais partes . É impossível dividir
alguma coisa, mesmo um pensamento, sem resultar em, pelo menos, duas partes.
5. Nenhum ponto ou subponto deve conter mais que uma concepção ou ideia . Basta uma ideia por
ponto. Havendo mais que uma, é melhor abrir outro ponto ou desconsiderá-la, caso não seja
relevante.
6. Cada subponto deve explicar o ponto de que é divisão. Cada subponto tem de estar subordinado a
ponto de que é dividido, tendo um elo de ligação com o referido ponto.
7. O conjunto das divisões deve completar o assunto em pauta . Mesmo que as divisões não
conseguem esgotar totalmente um assunto, pelo menos, o assunto deve ser satisfatoriamente
apresentado por elas.
8. Nenhuma divisão deve ser proporcionalmente bem maior que as outras . As divisões não podem e
nem devem ser exatamente iguais quanto ao tamanho, mas uma não deve ser tão grande que as
demais fiquem prejudicadas.
9. As divisões devem ser expressas numa forma simétrica . Os pontos principais devem ter uma
maneira uniforme ou paralela de expressão; isto é, todos podem ser sentenças completas, ou
apenas frases, ou ainda, uma só palavra. Essa regra se aplica também a cada grupo de subdivisões,
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entretanto, não exclui uma variedade de expressão de um grupo para outro. A simetria facilita a
memorização das divisões, mas não deve ser usada de forma forçada ou artificialmente.
10. A ordem das divisões deve ser de interesse crescente para os ouvintes . Em geral, o
desenvolvimento deve ser do negativo para o positivo, do menor para o maior, do inferior para o
superior, do passado para o presente e futuro, do problema à solução, etc..
Texto: Dt 6.1-9
Tema: A DEDICAÇÃO DA VIDA A DEUS
Tese: Aquele que se dedica totalmente a Deus tem garantia de uma vida feliz.
Pergunta implícita: Como posso dedicar-me a Deus?
A resposta vem em forma de uma sentença de transição, na qual a palavra-chave está incluída:
Podemos dedicar nossa vida a Deus de três MANEIRAS:
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CAPÍTULO VIII
INTRODUÇÃO, CONCLUSÃO E ILUSTRAÇÕES
1. A Conclusão do Sermão
A conclusão é o clímax da mensagem. Nos últimos momentos da apresentação da mensagem
trava-se no coração do ouvinte a batalha final e decisiva e, por esta razão, todo o sucesso da mensagem
depende da conclusão. As palavras finais são o último passo do pregador, durante a trajetória do
sermão com o propósito de ajudar o ouvinte a tomar uma decisão sábia perante Deus. O sermão só é
eficaz quando, do ponto de vista humano, o ouvinte descobre o caminho que Deus lhe propôs durante
a mensagem e sua vontade e decisão estão coerentes com a verdade e o propósito de Deus.
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fazer e como fazer. Se a conclusão não responde a esta necessidade, o conjunto da mensagem pode
perder a maior parte de sua eficácia.
A terceira característica é a solenidade. As notas humorísticas bem dosadas podem caber na
introdução, no desenvolvimento dos pontos principais do sermão, mas NUNCA NA CONCLUSÃO.
Um sermão não é um discurso profano para divertir; é a VOZ DE DEUS FALANDO AO HOMEM o
qual deve produzir REVERÊNCIA, TEMOR e TREMOR.
A quarta característica é a brevidade. Uma conclusão demasiado longa pode malograr o
conteúdo de uma mensagem. A força de uma conclusão não está radicada na sua extensão, mas na sua
INTENSIDADE. Intensidade, por sua vez, não se faz notar por meio de uma voz estridente. Algumas
frases pronunciadas em tom suave, com serenidade profunda, podem ser mais densas e
impressionantes que uma “catarata retórica”.
2. A Introdução do Sermão
A introdução, embora seja a primeira parte do sermão a ser apresentada pelo pregador, deverá
ser a última etapa do processo de elaboração. Por que razão? Pelo simples fato de que é ela que
definirá se o ouvinte irá escutá-lo ou não. A importância de uma boa introdução nunca deve ser
subestimada. Ela deverá, portanto, causar uma boa impressão nos ouvintes do sermão. Duane Litfin
disse: “Você nunca tem uma segunda chance de causar uma primeira impressão!” 6
O erro de uma introdução improvisada ou mal elaborada pode custar o desperdício de uma boa
mensagem que por ser rejeitada, pode custar a perda irreparável de uma alma. A finalidade da
introdução é dupla. Por um lado, ela visa despertar a atenção de quem escuta; por outro lado, prepará-
lo para compreender e receber o conteúdo do sermão.
3. As Ilustrações do Sermão
Ilustrar quer dizer colocar luz sobre um assunto ou ideia. A ilustração é qualquer dispositivo
que consegue esse propósito. As ilustrações são como as janelas da casa, iluminando as passagens que
doutra maneira ficariam obscuras. Elas são meios de visualização que podem salvar o sermão da
mediocridade.
Usar ilustrações é seguir o exemplo de Jesus, o professor por excelência. As suas mensagens
foram repletas de todos os tipos de ilustrações. Havia parábolas, metáforas, símiles e outras figuras de
linguagem. Havia histórias e referências tiradas da vida cotidiana do povo. Ele falou da mulher
fazendo pão ou varrendo a casa. Falou do semeador no campo e mostrou-se familiarizado com os
provérbios populares. Descreveu as crianças brincando no mercado e chamou atenção às flores do
campo e aos pássaros. A receptividade por parte do povo às palavras de Jesus se explica em grande
parte pela clareza dos seus argumentos.
42
Seminário Teológico Batista em São Luís
Avenida João Pessoa, 214-B. Bairro do João Paulo. CEP: 65040-001 São Luís-MA.
Telefone: (98) 98831-9247. E-Mail: stbslteologia@gmail.com. Site: stbsl.org
APOSTILA DE HOMILÉTICA
UNIDADE II – A APRESENTAÇÃO DO SERMÃO
1. O SERMÃO BIOGRÁFICO
Sermão biográfico é aquele cujo conteúdo é extraído da vida de um personagem da Bíblia.
Embora as regras básicas para a elaboração de qualquer sermão devam ser utilizadas na elaboração do
sermão biográfico, este requer uma atenção especial. As Escrituras estão repletas de biografias que
constituem excelente fonte de material sermônico, um grande acervo para o pregador.
7 MORAES, Jilton. Homilética do púlpito ao ouvinte. São Paulo: Vida Nova, 2008, p. 190.
OBSERVAÇÕES:
a) Jamais esquecer que o sermão, por ser biográfico, jamais deve ser apresentado como se
tivesse teor doutrinário.
b) O sermão biográfico jamais deverá ser apresentado em aspecto e/ou conteúdo preceptivo,
mas enunciará princípios a serem aplicados na vida cotidiana dos ouvintes.
c) O sermão biográfico é educativo, isto é, propõe valores éticos extraídos das Sagradas
Escrituras.
d) Todo sermão biográfico deverá ser contextualizado, isto é, aplicado à realidade em que
vivemos atualmente.
EXEMPLO
PLANO BÁSICO:
1) Personagem: Apóstolo Paulo
2) Texto: 2Tm 4.6-8
3) ICT: O apóstolo Paulo foi para seu discípulo Timóteo um exemplo de vida cujo
caráter e ministério glorificaram a Deus.
4) TESE: Vidas que marcam são aquelas cujo caráter e ministério glorificam a Deus.
5) TÍTULO: VIDAS QUE MARCAM
6) OB: Exortativo
7) OE: Pretendo motivar cada ouvinte a exercer com dignidade o ministério para o qual
foram vocacionados.
Veja o sermão completo na página seguinte.
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VIDAS QUE MARCAM
(2Tm 4.6-8)
Introdução
O apóstolo Paulo foi um homem que fez de Jesus o seu referencial de vida e ministério. Por
esta razão foi um homem que marcou a história do Cristianismo. A igreja de Jesus precisa de homens
que, a exemplo de Paulo, deixem marcas que sinalizem a caminhada de uma vida que glorifica a Deus.
Vidas que marcam são aquelas, cujo caráter e ministério glorificam a Deus. A exemplo do apóstolo
Paulo, crentes que glorificam a Deus deixam no final da vida quatro marcas:
1) Triunfam nas batalhas da vida – “... combati o bom combate...” (v. 7).
O triunfo de Paulo deve-se ao fato de que ele foi um soldado de Cristo audaz; e que, nas
batalhas da vida, fez uso das armas espirituais e, assim, alcançou a vitória. Da mesma forma, à
semelhança de Paulo, vidas que marcam triunfam nas batalhas da vida, quando seguem as mesmas
diretrizes:
a) Triunfam quando lutam no poder do Espírito (2Tm 1.7).
b) Triunfam quando lutam com as armas espirituais (2Co 10.4; Ef 6.10-12).
Não dando importância às circunstâncias que os cercam, crentes, cujas vidas deixam marcas,
jamais se dão por vencidos; enfrentam as situações adversas e até adversários ameaçadores, movidos
pela ousadia do Espírito, pela audácia e ânimo que os impulsionam. Coragem é a força que nos move a
cumprir o dever, mesmo quando morremos de medo.
3) São guardiães fiéis da doutrina de Cristo – “... guardei a fé...” (v. 7).
Ao dizer: “guardei a fé”, Paulo testificou de sua lealdade ao evangelho que recebeu
diretamente de Cristo, o mesmo que pregou durante toda a sua vida e do qual jamais se desviou, sendo
fiel aos seus valores e princípios, durante toda a sua vida. Crentes, cujas vidas marcam, tal como
Paulo, manifestam duas características:
a) Os guardiães da fé acreditam nas promessas de Deus (2Tm 1.12).
b) Os guardiães da fé perseveram na sã doutrina por amor a Jesus (Jo 15.21-23).
Oh! Quão triste é ver hoje pessoas que, algum tempo atrás, eram defensores árduos da sã
doutrina, adoravam a Deus, participavam até de projetos missionários, mas agora estão vivendo
novamente como escravos do pecado, moralmente desqualificados. Nunca esqueçamos as palavras de
Jesus, no seu sermão escatológico: “... mas aquele que perseverar até o fim, esse será salvo” (Mt
10.22).
4) Conquistam com dignidade a recompensa divina – “... a coroa da justiça me está guardada...”
(v. 8).
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Paulo encerrou seu ministério com um testemunho brilhante. À semelhança dos atletas que
correm no estádio disputando uma coroa de louros, ele, no exercício do ministério, havia conquistado
algo melhor: a “coroa da justiça”. Ele acreditava que a justiça era a fonte da coroa ou que a coroa era a
natureza da justiça. Ele tinha a convicção de que a recompensa pelo serviço prestado a Cristo era uma
promessa que haveria de cumprir-se brevemente. Nada haveria de demovê-lo da esperança do galardão
a receber no Dia do Senhor. Ele compreendia que haveria de subir ao pódio para receber diretamente
de Cristo sua recompensa em glória. Com o exemplo de Paulo aprendemos que:
a) O mérito da recompensa é conquistado por quem vive a serviço de Cristo (Jo 12,26).
b) O mérito da recompensa é imputado somente aos que servem com amor (1Co 9.17-18).
Conclusão
A glória divina é o destino dos crentes fiéis que fazem de sua vida um meio pelo qual Deus
realiza sua obra e concretiza os seus eternos desígnios. Quão honrosa e digna do reconhecimento
humano é a vida daqueles que abrem mão de privilégios para servir a Cristo! Seu exemplo de vida
deixa marcas como legado para as gerações posteriores. O triunfo nas batalhas da vida, o cumprimento
fiel da missão e a perseverança na sã doutrina são as credenciais que tornam um cristão digno da honra
e da recompensa divina. Este é o desafio de Deus para todos nós. Sejamos crentes triunfantes, fiéis
cumpridores da missão, guardiães da sã doutrina e aguardemos a recompensa da coroa celestial
destinada àqueles que glorificam a Deus com suas vidas. Deus seja louvado.
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2. SERMÃO HISTÓRICO
O conteúdo deste tipo de sermão é tirado dos fatos e episódios da história do povo de Deus,
onde a ação de Deus foi registrada. Tal sermão visa direcionar não só a igreja como um todo, mas
também o indivíduo, revelando princípios e diretrizes divinas para a jornada dos santos no percurso da
história da salvação.
2.3. Exemplo
1) Episódio: A saída dos hebreus do Egito e sua peregrinação no deserto.
2) Texto: Ex 13.17-22
3) ICT: Deus manifestou sua presença de forma providencial e soberana ao ter conduzido
Israel em sua jornada à terra da promessa.
4) TESE: Na jornada de nossa existência, somos bem sucedidos quando andamos com
Deus.
5) TÍTULO: NOSSA JORNADA COM DEUS
6) OB: Exortativo
7) OE: Pretendo encorajar meus ouvintes a se submeterem com fé à direção de Deus.
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NOSSA JORNADA COM DEUS
(Ex 13.17-22)
Introdução
Todos nós vivemos em função de um sonho a realizar e de uma vida melhor no futuro. Mas
um grande problema se depara diante de nós: Qual o caminho que nos conduzirá até lá? Assim
aconteceu com Israel. No cativeiro do Egito, os hebreus sonharam com sua liberdade e uma vida
melhor na terra da promessa. Mas a grande questão era: Como haveriam de chegar lá? A solução veio
de Deus. Deus manifestou sua presença de forma providencial e soberana, conduzindo Israel em sua
jornada à terra da promessa. Da mesma forma, na jornada de nossa existência, somos bem sucedidos
quando andamos com Deus. Este episódio da história de Israel nos faz crer que, quando andamos com
Deus, três coisas acontecem:
Conclusão
Na busca da concretização dos desígnios de Deus, a coisa mais importante não é o caminho
que percorremos, mas a experiência da companhia divina. Quando andamos com Deus, ele escolhe
para nós o melhor caminho, vai à frente de nossa peregrinação e permanece em nossa companhia;
jamais nos abandonará. Sem a direção de Deus, todo homem se perde na jornada da vida. Portanto,
como disse o salmista, “entrega o teu caminho ao Senhor, confia nele e o mais ele fará”.
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3. O SERMÃO FÚNEBRE
Fúnebre não é um termo apropriado para qualificar um sermão, porque fúnebre é o tipo de
cerimônia na qual o sermão é pregado. Por ser imprevisível, a cerimônia fúnebre tem caráter
emergencial e, pela urgência do momento, o oficiante não dispõe de tempo suficiente para elaborar
um sermão, seguindo todos os passos previstos, de acordo com as regras homiléticas. Portanto, o
sermão fúnebre foge ao modelo do sermão clássico e tradicional. Ocasiões de funerais são as mais
difíceis, não só para a família enlutada como também para o pastor que tem a responsabilidade de
confortar os que choram. Nestes casos, como o pregador deve proceder?
3.1. Recomendações
a) Evitar caminhos ilegais – nada de buscar sermões já pré-elaborados e publicados em
livros ou postagens da internet. O pregador precisa ter vida com Deus e manejar bem
Palavra da Verdade.
b) Não fugir da responsabilidade – convidar pregadores de fora em situações de emergência
é antiético e expressa atitude de irresponsabilidade.
c) Proceder de forma correta – aceite o desafio da situação, encarando as circunstâncias de
fronte erguida, na dependência do Espírito Santo.
4. CERIMÔNIAS ESPECIAIS
Há ocasiões em que o pregador é requisitado como orador oficial para falar em cerimônias
especiais, tais como cerimônias de formatura (paraninfo), casamento (celebrante), cerimônias cívicas
em geral (comemorações, inaugurações, posse de autoridades, etc). Em tais casos, os sermões
tradicionais que normalmente são pregados nos cultos dominicais estão descartados. Nestas ocasiões,
com exceção das cerimônias de casamento, os discursos formais são apropriados. Nas solenidades de
matrimônio, o celebrante pronuncia uma mensagem do tipo homília, deixando de lado os sermões e os
discursos.
Apesar das formalidades estabelecidas pelo rito das respectivas cerimônias, o discurso haverá
de ter base bíblica, isto é, um texto das Escrituras servirá como fonte da mensagem a ser apresentada
na ocasião. Os procedimentos a serem seguidos durante a elaboração do discurso são os mesmos
adotados para um sermão comum, sendo que o discurso será escrito e lido por inteiro. Este deverá
conter: título, texto bíblico, introdução, corpo e conclusão. É imprescindível que a aplicação da
mensagem focalize as pessoas às quais se presta a cerimônia, levando em conta os seguintes critérios:
a) Carreira profissional – em caso de formandos;
b) Cargos e/ou funções – em caso de posse de autoridades;
c) Responsabilidade social – instituições governamentais.
Convém ressaltar que o orador seja prudente, nunca dirigindo-se a pessoas, individualmente.
Sua mensagem, sem sombra de dúvida, haverá de expor com clareza e entendimento a vontade
soberana de Deus, revelada nas Sagradas Escrituras. A opinião pessoal do orador não interessa a
ninguém e não terá outra utilidade, senão, a de gerar constrangimentos e preconceitos que, além de
comprometerem a imagem e a reputação do orador, construirão inimigos gratuitos. O discurso do
orador deverá sensibilizar os corações dos ouvintes, propondo-lhes o direcionamento divino para suas
ações. Ao terminar seu discurso, o orador deverá ter deixado na alma dos ouvintes a vontade de ser
ouvido outra vez.
51
CAPÍTULO II
A EXPOSIÇÃO DO SERMÃO
1. O preparo do orador
Todo sermão deve passar por quatro etapas: preparação, revisão, memorização e exposição.
Uma vez preparado, o sermão, antes de ser apresentado verbalmente, necessita de uma revisão e, em
seguida, deve ser memorizado.
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d) Esta conclusão, da forma como está escrita, lança um desafio aos ouvintes?
Persuadirá os ouvintes a uma decisão coerente com a vontade de Deus? Qual a
sentença que prova isso?
Para que isso aconteça, o pregador precisa fazer algumas coisas e evitar outras. Então, surge a
pergunta: O que deve ser feito e o que deve ser evitado? O segredo de manter a atenção dos ouvintes
até o final do sermão é: despertar neles o interesse pela mensagem logo no início. Isto requer do
pregador uma forma adequada de dirigir aos seus ouvintes suas primeiras palavras.
2.1. Vocativo
Todo célebre discurso começa com um vocativo. Vocare em latim quer dizer chamamento. Há
muitos vocábulos em nossa língua com o radical “voc”: vocação (é o chamado interior, é a voz da
tendência do homem), invocação (dá-se quando o homem chama um ser superior), etc. Portanto,
vocativo é a parte do discurso em que chamamos, interpelamos o auditório. A Bíblia nos apresenta
vários exemplos de grandes oradores que a história registrou:
a) Moisés: “Ouvi, ó Israel, os estatutos e os juízos que hoje vos falo...” (Dt 5.1); “Ouve,
Israel, o Senhor nosso Deus é o único Senhor” (Dt 6.4).
b) Amós: “Ouvi esta palavra que levanto como lamentação sobre vós, ó casa de Israel:...”
(Am 5.1).
c) Miqueias: “Ouvi, agora, vós, cabeças de Jacó, e vós, chefes da casa de Israel:...” (Mq
3.1).
d) Pedro: “Varões judeus e todos os habitantes de Jerusalém, tomai conhecimento disto e
atentai nas minhas palavras...” (At 2.14).
e) Estevão: “Varões irmãos e pais, ouvi...” (At 7.2).
f) Paulo: “Senhores atenienses! Em tudo vos vejo acentuadamente religiosos...” At 17.22).
O vocativo não é obrigatório em todos os discursos, havendo situações em que é bom suprimi-
lo. Às vezes, você será convidado a falar em fóruns, congressos, convenções, encontros de
homenagem, etc. e, nestas circunstâncias, o vocativo é uma ótima forma de se principiar as principais
palavras do discurso ou sermão.
Em termos retóricos, entretanto, é diferente: a última impressão é a que fica, mas a primeira é
que atrai. É por isso que em oratória:
a) O início deve atrair;
b) O meio deve emocionar;
c) O fim deve impressionar.
Nem sempre o auditório está disposto a ouvir conferencistas com seus discursos intermináveis.
Necessário se faz que comecemos nosso discurso despertando o desejo de sermos ouvidos. Para isso,
usamos o Exórdio.
É nos seus dois minutos de exórdio que o orador determina como será o
comportamento do seu auditório nos próximos vinte minutos.
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O então: “Esta cidade é a noiva que todo homem gostaria de ter. Sabem por que? (Todos a
essa altura terão parado de respirar e estarão perguntando: ‘O que de nossa cidade o deixou tão
impressionado?’) Porque é bela, limpa, atraente e atenciosa com os que vêm de fora”.
Cuidado, entretanto, para não provocar desconfiança no auditório, para não cair no ridículo,
para não ser demagogo, insincero. O elogio deve ser real, verdadeiro, autêntico. O falso elogio,
quando notado, soa como bajulação e, em vez da simpatia e atenção, o orador só conseguirá a antipatia
e até mesmo o desprezo do auditório, por causa de sua hipocrisia.
f) Comece o discurso com uma indagação impactual. Isto é simples. Imagine que você
começa seu discurso fazendo uma pergunta ao auditório. Esta pergunta terá que ser
“fisgadora” da atenção. Isto quer dizer que o auditório não terá, de súbito, nenhuma
resposta para ela.
EXEMPLO 1:
“Meus amigos, em 1969, nós conquistamos a lua. No final da década atual, uma máquina
sozinha viajou por todo o nosso sistema solar, enviando à terra informações que antes nós não
tínhamos. Será que nas próximas décadas poderemos viajar entre as galáxias? Será que a ficção poderá
se tornar realidade? O que vocês acham? (A esta altura o auditório achado não acha nada, ele quer é
saber o que é que você, orador, acha).
EXEMPLO 2:
“... Senhoras e senhores, eu peço que vocês se olhem uns aos outros neste momento, que vocês
olhem para a pessoa que está sentada à sua direita e esquerda neste recinto... (enquanto as pessoas se
olham)... Pois quem poderá negar que estes que se olharam neste momento não estarão amanhã
esticados numa campa mortuária vítimas das desgraças do mundo?” (Em seguida, anuncia seu tema:
violência, má alimentação, etc.).
Mas ATENÇÃO! Nunca faça uma pergunta INDISCRETA como, por exemplo, “Quantos de
vocês aqui tomam pílulas?” O constrangimento é fatal; mata rapidamente o interesse do auditório.
É fácil. Imagine que você vai fazer uma palestra sobre os problemas socioeconômicos do
mundo e comece assim: “Acontecem no mundo inteiro dois crimes por segundo. Quando eu terminar
de contar 1, 2, 3, seis pessoas terão morrido assassinadas na terra...” (Maurício Góis, 1989).
Veja o exemplo a seguir e sinta como a afirmação é surpreendente: “Nestes últimos dois anos,
as doenças venéreas aumentaram em 5.000% em relação a...” Note que, enquanto o auditório fica
atento e surpreso, amarrado à sua afirmação, foi motivado (Maurício Góis, 1989). Uma afirmação
pode vir em forma de uma promessa. Fazer uma promessa ao auditório é um bom recurso para um
bom início. Veja esse exemplo:
“Se me ouvirem até o fim, eu vou lhes mostrar nesta hora que no Cristianismo há apenas dois
tipos de pessoas: aquelas que fazem de Deus a esperança de suas vidas e aquelas cujas vidas são a
esperança de Deus” (Pr. José Vidigal Queirós). Observe que este último exemplo soa como uma
promessa. Portanto, se um discurso começa com uma promessa deve terminar cumprindo-a fielmente
e comprovando a veracidade das afirmações que o orador fez durante a exposição.
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h)Comece com uma citação impressionante. Uma citação impressionante é um ótimo
recurso de exórdio. Mas, para ser impressionante é preciso que tal citação surpreenda o
auditório. Deve ser algo emocionante e toque a alma do ouvinte. Veja alguns exemplos:
“Amigos, há muitos séculos, Pitágoras disse: Educai a criança e não será preciso punir o
homem...”. (Maurício Góis). “Cada criança ao nascer nos vem com a esperança de que Deus ainda
não perdeu a esperança no homem...” (Maurício Góis).
“Semeai um pensamento e colhereis um ato. Semeai um ato e colhereis um hábito. Semeai um
hábito e colhereis um caráter. Semeai um caráter e colhereis um destino”. (Émerson, em Tesouro de
Ilustrações).
i) Comece com uma ilustração empolgante. Todos nós gostamos de ouvir histórias. Elas são
as mais emocionantes fisgadoras de atenção inicial. Os oradores modernos utilizam muito
a ilustração para embelezar o discurso, fortalecer os argumentos, explicar pontos difíceis,
tornar claro o que parece obscuro, etc..
EXEMPLO
“Eu estava vindo aqui para o sindicato quando a polícia parou o meu carro”. (Atenção geral no
auditório: O que a polícia queria? Como foi que ele se saiu? Por que seu carro foi parado?) E o orador
continua: “Eles me pediram para parar no acostamento e foram logo pedindo meus documentos,
mandando-me sair do carro e me revistaram da cabeça aos pés... Depois eu soube que eles estavam
procurando um assaltante que, por sinal, havia roubado um carro igual ao meu... E eu me dirigi para
cá, pensando: Como é terrível ser confundido com uma pessoa má... Quão triste deve ser o ato de
sermos revistados por nossa consciência e achados em falta... A honestidade nos pede que paremos no
acostamento da Verdade, para que sejam examinados os nossos atos e avaliado o nosso caráter...”
(Maurício Góis, 1989). O orador, então, prosseguirá seu discurso cujo tema certamente tem caráter
ético.
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d) Começar com palavras inconsistentes – seja sempre pertinente, conheça a conjuntura a
que o tema de seu discurso dissertará.
e) Mostrar-se muito humilde diante de ouvintes muito importantes – deixe de ser medíocre e
não faça papel ridículo com sua falsa modéstia. Se você aceitou falar em público é porque
tem algo muito importante a dizer. Importante é todo aquele que tem algo importante a
comunicar.
f) Explicar que o tempo é insuficiente para transmitir a mensagem – se, ao assomar ao
púlpito, você constatar que o horário está avançado, fale somente o que for absolutamente
necessário. Não suscite culpa a terceiros.
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CAPÍTULO III
NOÇÕES DE RETÓRICA
Falar bonito sem dizer nada é muito fácil. Os oradores medíocres gostam muito disso, pois,
como são pobres de ideias, nada lhes resta a não ser exibir sua vaidade e passar vergonha depois.
Observe a tabela abaixo e faça o seguinte exercício. Escolha uma palavra qualquer da primeira coluna,
digamos, flexibilidade. A seguir escolha outra qualquer na segunda coluna. Suponhamos que você
escolha a 6, direcional. Agora é só pegar outra qualquer da terceira coluna, por exemplo, a 8,
estabilizada e você estará PRONTINHO para ser o orador do tipo que fala, fala e NÃO DIZ NADA.
Agora é só unir as palavras e você terá uma frase bonitinha do tipo: “Senhoras e Senhores, nós
precisamos urgentemente conquistar uma FLEXIBILIDADE DIRECIONAL ESTABILIZADA sem a
qual não conseguiremos atingir nossos objetivos aqui nesta empresa...”
É claro que falando assim as pessoas vão dizer ao ouvi-lo: “Puxa, como ele fala bonito! Já viu
que grande orador ele é? A única coisa que pode acontecer é que se alguém perguntar: “Mas o que foi
mesmo que ele falou?”, a resposta, por certo, virá: “Bem, o que ele falou eu não sei, mas que fala
bonito, isto fala!”
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3) Fale sobre o tema que lhe empolga. Libere para o auditório a ideia de que você está
entusiasmado pelo que diz. Deixe que o assunto coloque fogo em você e peça aos auditórios
da vida que venham ver você “ardendo”.
4) Goste de gente, goste de públicos, goste de multidões e fique ansioso por jogar-lhe mensagens
de sua própria convicção.
5) Não use palavras difíceis e complicadas, mas não seja superficial. Seja simples na
profundidade e profundo na simplicidade.
6) Jamais decore o texto de seu discurso. Coloque as ideias, inicialmente, num papel e em ordem
de valor e “decore” apenas aquelas palavras que façam explodir na memória o texto todo.
7) Não queira dizer muitos argumentos de uma vez. Não seja o orador de mil ideias num discurso
só. Tenha uma ideia-galáxia em volta dela, faça orbitar as provas, os testemunhos, as
estatísticas, os fatos e os símbolos.
8) Treine seu discurso com amigos ou familiares, ouça sua voz no gravador e, se possível, filme-
se falando num aparelho de vídeo.
9) Use recursos de oratória que não deixem você se perder na fala, na exposição dos argumentos
e no próprio medo de falar. Entre estes recursos estão os retroprojetores e os data shows.
10) Comece sempre em primeira marcha (falando devagar, arrumando lentamente os papéis na
mesa, sorrindo levemente, etc.) para ir se adaptando ao ambiente e eliminando o medo de
falar. Não afogue seu motor psicológico começando explosivamente. Trabalhe com a energia
do auditório, usando ilustrações que tenham muita ligação com seu tema, contando
experiências de sua própria vida e termine com uma apreciação viva e sincera sobre o
auditório.
3. Comunicação eficaz
1) Má articulação das palavras, a plateia não pode entender o que você não verbaliza de forma
inteligível.
2) Ambiguidade, isto é, duplo sentido. Quando você diz: “O policial prendeu o ladrão em sua
casa...” a plateia fica pensando: “Em que casa: do ladrão ou do policial?”
3) Desconhecimento da norma gramatical, isto é, fazer Camões pular os ossos na sepultura de
tanta vergonha pelo que os oradores dizem erradamente (fonética, morfológica e
sintaticamente).
4) Desconhecimento do vocábulo exato, adequado, próprio.
5) Inibição, nervosismo, insegurança.
6) Falta de concisão ou excesso de concisão – aqui aparecem dois tipos de oradores: O primeiro
é aquele que é prolixo, fala muito e pouco diz, ou nada diz, usa excesso de sinônimos e
analogismos e passa o tempo todo de seu discurso a dar volta no vômito de seu escapismo
psicológico. O segundo tem tanta raiva do primeiro que peca por excesso de concisão,
tornando-se confuso e inexpressivo, pois choca o auditório por dizer pouco e também, como o
primeiro, não dizer nada.
O importante na comunicação verbal coletiva não é dizer muito ou pouco – é dizer CERTO.
7) Exagero de expressões desconhecidas e de palavras difíceis. É o caso do orador que conhece
tantas palavras e expressões técnicas que simplesmente torna-se antipático e não consegue se
comunicar. O excessivo conhecimento não pautado pelo bom senso é exemplo de
comunicação por excesso que leva ao fracasso.
8) Discurso decorado de forma mecanizada.
9) Velocidade vocal lenta ou exageradamente rápida.
10) Exagero de citações e ilustrações, fazendo do discurso uma casa com muitas janelas e poucas
portas.
11) Muito movimento do corpo ao falar.
12) Atitude de poste sem luz.
13) Repetição constante de um mesmo gesto.
14) Falar num tom de voz só, sem variedade vocal.
15) Desconhecimento das técnicas de uso do microfone.
16) Falar demasiadamente sobre si mesmo.
17) Pose de general orgulhoso.
62
timidez. Também não diga que foi apanhado de surpresa, que está substituindo um orador que não
veio e, por isso, falará de improviso. Em outras palavras: NÃO PEÇA DESCULPAS.
Carlos Lacerda disse uma vez que há três tipos de oradores: os que pedem desculpas, os
indesculpáveis e aqueles a quem a plateia deveria pedir desculpas. E você já pensou? Ser tão bom
orador a ponto de o auditório sentir vontade de pedir desculpas por escutá-lo? É “pecaminoso”
pretender chegar a tanto, mas também é pecaminoso pedir desculpas aos ouvintes, querer “livrar a sua
barra”, desrespeitando quem tem todo o direito de ouvir o melhor: a audiência.
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6. Será que todos podem ser oradores?
Claro que podem! Todo ser falante pode ser um orador. O problema é que ele não sabe disso.
Raciocine comigo: a paixão, a ira que temos, nossa sensibilidade equilibrada ou abalada, o ódio que
nos ataca sem que o queiramos e todas as intensas e variadas gamas de emoções de nosso espírito –
caso sejam controladas – pelo treinamento dirigido, pela técnica e pelo trabalho, poderão ser
transformadas em ardor retórico, em expressão de pensamento e sentimento.
Então, se isto é verdade, é só canalizar todas estas coisas maravilhosas que dormem em estado
latente dentro de nós para a alocução do grandioso, do sublime, do verdadeiro, ou do meramente
informativo coloquial. Por exemplo: Suponhamos que um orador sacro vá descrever a morte de Cristo
na cruz. E, então, ele diz assim:
“... aquelas mãos que tantas e tantas vezes se movimentaram para fazer o bem, salvar
da morte e da doença, libertar os cativos e riscar o espaço o gesto da paz, agora estão
cheias de sangue, estendidas brutalmente no madeiro frio...”
Se fosse você, como você diria esta frase? Ou melhor, como você deixaria as riquezas de sua
comunicação interpretarem esta frase? Você diria a frase com ira? Com ódio? Com paixão? Apenas
racionalmente? Você diria esta frase sorrindo para se tornar simpático ao auditório?
Claro que não! Você deve dizê-la da mesma maneira como ela se passa dentro de você. Você é
a tela da cena e sua oratória é a tela de seus ouvintes. Você tem emoção, então é só revesti-la de
expressão. Você deve dizer a frase com solenidade porque a frase é solene; triste, porque a cena é
triste. Os ouvintes têm que ouvir o que você vê. Se você de fato é sensível e seus sentimentos afloram
quando fala, então, que tal canalizar tudo isso para a Oratória? Mas, cuidado, seja controlado e não
permita que o momento e a cena de sua oratória se transformem num drama barato de teatralidade
hipócrita.
a) Leia como se estivesse falando, mas jamais fale como se estivesse lendo.
b) Não imite nenhum locutor.
c) Não fique procurando as palavras. Procurar palavras é sinal de vazio intelectual, de completa
ausência de objetividade. Não prolongue sua expressão pescando vocábulos em seu cérebro. A
única maneira rápida e eficiente de melhorar isto é ler muito; e, quando você achar que já leu
muito, leia mais ainda.
d) Pronuncie as postônicas. Não engula os finais de palavras. Pronuncie todos os fonemas
corretamente.
e) Faça referências aos ouvintes. Por exemplo: se entre seu público-alvo estiverem os motoristas
de táxi, diga: “Você, motorista de táxi que está me ouvindo, que está ganhando o seu pão
difícil de cada dia...”
f) Não assopre o microfone nem bata o dedo nele para ver se está funcionando.
g) Ensaie num gravador. “Veja” sua voz pelo gravador, ouça as ideias e suas entonações
adequadas.
h) Evite tom de discurso.
i) Fale sobre um tema da área municipal.
j) Escolha uma música apropriada de fundo.
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8. Dicas sobre como falar bem num auditório
Um orador eficaz trabalha com três instrumentalidades: IDEIAS, VOZ e GESTOS. A ideia
está em um plano psíquico, interior, enquanto a voz e os gestos estão em um plano material,
representativo, exterior. Voz e gestos são os canais das ideias. Muitas vezes, um orador impressiona
mais pela sua voz e gestos do que pela pujança de suas ideias. Um auditório pode não captar as ideias,
mas jamais deixará de perceber esses elementos exteriores. Há oradores que falam com as mãos nos
bolsos ou coladas atrás como se quisessem prendê-las, como se elas fossem testemunhas
denunciadoras de seu fracasso oratório.
O homem precisa controlar-se POR DENTRO para parecer espontâneo POR FORA. Por mais
que você disfarce, seu mundo interior orbita para fora de você e transparece publicamente em seu
rosto. O gesto ACOMPANHA a palavra, interpreta-a, sem cair nas representações cênicas, pois orador
não é ator. O ator gesticula como o seu personagem o faria, o ator vive o outro na mensagem, o orador
vive-se a si mesmo na mensagem.
Gestos, em termos oratórios, não significam movimento de braços e mãos tão somente, em
sentido restrito. O seu organismo gesticula, a sua personalidade gesticula, o seu silêncio é um gesto,
logo, o seu silêncio gesticula. O gesto serve para completar a palavra, mas não exagerá-la. Existe
orador que faz um só tipo de gesto: abre e fecha os braços levanta-os, ou os conserva descidos ou
inclinados.
É necessário que todo o ser gesticule. A imobilidade física tem muito a ver com a imobilidade
das ideias. Neste sentido, é provável que quem é parado fisicamente ao falar, é parado na
exteriorização das ideias. Por outro lado, quanto mais você se movimenta, mais suas ideias também se
movimentam, se sacodem pela química dos gestos e afloram mais vívidas e expressivas.
Assim sendo, o orador não pode se movimentar excessivamente, para não deixar transparecer
que está representando. Movimente-se naturalmente e naturalmente as ideias nascerão mais
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significativas. O importante não é que os gestos sejam espontâneos, o importante é que eles
comuniquem espontaneidade. E mais do que isto: o importante é que eles comuniquem as palavras
que, por sua vez, comunicam ideias. E para que eles comuniquem as palavras é importante que o
auditório perceba nos gestos o significado das ideias.
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ANEXOS
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CURSO DE BACHAREL EM TEOLOGIA
SOLENIDADE DE FORMATURA
DISCURSO DO PARANINFO
Pr. José Vidigal Queirós
Dezembro, 1997.
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HOMENS DE GRANDES REALIZAÇÕES
Magnífico Reitor em exercício, Pr. Nivaldair Cardoso Ribeiro; Digníssimo Deão Acadêmico,
Pr. Adailton Oiveira de Araújo; Preclaros Diretores, Colendo Corpo Docente, Eminente Patrono da
turma de concluintes, Pr. Enoc Vieira; Caríssima Oradora Acadêmica, bacharelanda Andréa Moura;
meus diletos concluintes, nobres pastores e líderes eclesiásticos aqui presentes, amada igreja, minhas
senhoras e meus senhores:
É uma honra para mim ter assento em vosso meio para, nesta magna solenidade, poder
assomar a esta tribuna sagrada e dirigir-vos a palavra. É por demais considerável a seriedade deste
momento, quando uma nova equipe de líderes, preparada por este seminário, sai da vida acadêmica,
para engajar-se no exercício do ministério cristão. Com a intenção de incentivá-los a prosseguir,
perseguindo o alvo maior de suas vidas e seus ministérios, proponho neste momento tão significativo,
a título de reflexão, o seguinte tema: HOMENS DE GRANDES REALIZAÇÕES.
Evoco, solene e reverentemente, dentre as reminiscências da profecia, as palavras do profeta
Isaías registradas no capítulo 32, versículo 8 do seu precioso livro: “O nobre projeta coisas nobres e
na sua nobreza perseverará”.
Projetar é planejar e planejar é um modo de pensar no futuro antes que ele aconteça. “Planejar
é mover-se do agora para o então, daquilo que as coisas são para aquilo que queremos que elas sejam”,
disse Edward Dayton, em seu livro COMO APROVEITAR AO MÁXIMO O SEU TEMPO E
POTENCIAL. Planejamento é o instrumento mais eficaz que nos dá o poder de transformar um sonho
em realidade e elevar nosso senso de otimismo.
Planejar é definir hoje o caminho que nos conduzirá ao amanhã.
Embora Deus seja o Senhor da História, do tempo e da eternidade, ele nos permite fazer
planos. O sábio Salomão escreveu no seu livro de Provérbios: “O coração do homem pode fazer
planos, mas a resposta certa dos lábios vem do Senhor”.
Deus não nos fez autômatos, mas seres inteligentes, criativos, com capacidade para pensar e
decidir. A grandeza e a nobreza de nosso ministério dependem respectivamente da grandeza e da
nobreza dos nossos planos. Significa também dizer que as realizações em nosso ministério vão
depender diretamente de nossos planos. Ministro sem planos realiza ministério sem frutos. Quando o
profeta Isaías disse que “o nobre projeta coisas nobres...” ele definiu para nós três grandes princípios
que nos nortearão na vida e no ministério:
O homem que não pensa não é competente para produzir; e o homem que não produz é inútil
para Deus. Somos chamados a pensar, não em qualquer coisa, mas “nas coisas que são de cima”.
Somos chamados para produzir frutos, “frutos que permaneçam para sempre”. Deus precisa de
homens que estejam dispostos a agir, mas que antes estejam também dispostos a pensar. Um homem
sem ideias é um homem que não cria.
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1.2. Ideias são as imagens da razão que retratam o futuro
O homem que não tem uma visão do futuro não pode ter alvos de fé; e se não tem alvos de fé,
caminha em direção do nada. O grande teólogo Agostinho disse: “Fé é crer naquilo que não se vê; e a
recompensa dessa fé é ver o que se crê”.
Segundo o que diz a Epístola aos Hebreus, podemos afirmar com segurança que fé é a
capacidade que temos de ver o futuro na certeza de tomarmos posse do esperado. O homem só espera
enquanto crê e só crê enquanto pensa; pois o homem sem ideias não crê em nada. O apóstolo Tomé é o
maior exemplo disso. Ele não esperou, porque não creu; e não creu, porque não pensou. Por esta razão,
é que ele não estava habilitado ainda para o exercício do ministério apostólico. O homem sem ideias é
um homem vazio, sem rumo certo, sem fruto, e o seu destino é o mergulho no abismo do
esquecimento.
1.3. Ideias são os poderes criativos do espírito que definem os caminhos do homem
Eis a maior razão para termos, como disse o apóstolo Paulo, a “mente de Cristo” e da
necessidade de pensarmos “nas coisas que são de cima e não nas que são daqui da terra”. Foi por
esta razão também que disse o sábio Salomão: “Todos os caminhos do homem são puros aos seus
próprios olhos, mas o Senhor pesa os motivos”. E, em seguida, recomendou: “Confia ao Senhor as
tuas obras (fruto das ideias) e os teus planos serão estabelecidos”. E concluiu, dizendo o seguinte: “O
coração do homem propõe o seu caminho, mas o Senhor lhe dirige os passos” (Pv 16.2, 3, 9). As
grandes realizações nascem de homens que têm grandes ideias, ideias tais que são oriundas de uma
comunhão com o Pai, de uma obediência ao Filho e de uma submissão plena ao Espírito Santo.
O segundo grande princípio que o profeta Isaías nos revela é o seguinte:
Ter ideias sem ter ideais é como possuir sementes sem ter onde plantá-las. Ideias sem ideais
são inúteis; elas, como as sementes, secam, apodrecem e se perdem no tempo. A respeito dos ideais,
quero dizer-lhes três coisas importantes:
2.1. O homem de grandes ideais não se perde na mediocridade do efêmero, mas se transporta
para a imensidão do eterno.
Quando Deus vocaciona um homem, Ele lhe propõe os ideais de seu ministério. Todos os seus
ideais estão definidos numa perspectiva escatológica que contempla a eternidade. Precisamos ter
ideias, mas elas só devem ser produzidas quando tivermos conhecimento claro dos ideais propostos
por Deus. Deus tem um propósito e um plano e nos chama para executá-lo. O sucesso deste plano está
condicionado à concretização dos ideais do nosso ministério. A vocação de um homem que não
conhece os ideais do seu ministério é suspeita e digna de questionamento.
Aquele que desenvolve seu ministério numa perspectiva do efêmero e limitado pelo trivial é
incompetente para promover o reino de Deus. Nosso Mestre que disse: “Vinde após mim e eu vos farei
pescadores de homens”, também disse: “buscai primeiro o reino de Deus e a sua justiça e todas as
outras coisas vos serão acrescentadas”.
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2.2. O homem de grandes ideais não se prende à realização do imediato, mas se empenha na
construção do futuro.
Viver em função do agora é morrer para o amanhã. Não devemos nos esquecer que todo futuro
será um hoje e o hoje será passado. Vivemos na dimensão do tempo, mas somos filhos do Pai da
Eternidade, que habita num perpétuo agora e que vê o nosso futuro já consumado.
Ideal é o futuro projetado. Ter um ideal é ter um destino. O ideal é o horizonte de quem
caminha na direção do amanhã. Aqueles que se limitam a gastar sua existência na contemplação do
agora eternizam sua inutilidade. Somos chamados por Deus a plantar hoje em função de um colheita
no amanhã. O que é urgente e imediato para Deus é a nossa ação; os resultados e a recompensa virão
depois: “Trabalhai não pela comida que perece, mas pela comida que permanece para a vida eterna”
(Jo 6.27), disse Jesus.
2.3. O homem de grandes ideais não se fecha no casulo do ego, mas entrega-se ao sacrifício no
altar do altruísmo.
Chega de mercenários, de pastores que promovem seu próprio reino, tendo como pretexto o
reino de Deus. Dizendo-se chamados por Deus, buscam a glória de homens. “Estes são manchas em
vossas festas de fraternidade, banqueteando-se juntos sem qualquer recato, pastores que se
apascentam a si mesmos. São nuvens sem água, levadas pelos ventos; árvores em plena estação dos
frutos, destes desprovidas e desarraigadas, duplamente mortas. São ondas furiosas do mar,
espumando suas próprias sujidades; estrelas errantes para as quais têm sido reservada a negridão
das trevas, para sempre” (Judas 12-13).
Nossa participação no projeto de Deus nos honra, mas exige de nós renúncia, sacrifício e
altruísmo. Nosso ministério é serviço prestado a Deus em favor dos homens. Somos ministros de
Deus, mas também, benfeitores da humanidade. Morremos para nós mesmos, a fim de que outros
vivam e vivam eternamente.
“Em verdade, em verdade vos digo: se o grão de trigo, caindo na terra, não morrer, fica ele
só; mas, se morrer, produz muito fruto. Quem ama a sua vida perdê-la-á, e quem, neste mundo,
aborrece a sua vida, guarda-la-á para a vida eterna” (Jo 12.24-25).
Portanto, as grandes ideias nascem de homens que têm grandes ideais.
O terceiro grande princípio que o profeta Isaías nos ensina é este:
O homem vocacionado por Deus tem um caminho e um propósito de vida. Ele sabe para onde
vai, porque tem grandes ideais e uma grande visão. Sonhos e visões são a linguagem do Espírito Santo
para o nosso tempo: “E acontecerá, nos últimos dias, diz o Senhor, que derramarei do meu Espírito
sobre toda a carne. Os vossos filhos e as vossas filhas profetizarão, os vossos jovens terão visões e os
vossos velhos sonharão sonhos” (At 2.17).
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3.1. Todo grande ministério é realizado por homens que têm visão.
O homem que Deus chama precisa ter três visões: primeiro, uma visão clara de quem o chama.
Segundo, uma visão clara do propósito de sua chamada. Terceiro, uma visão do serviço ao qual deverá
dedicar-se. O exemplo mais concreto disto é o apóstolo Paulo. Ele teve uma visão clara de quem o
chamara: “Eu sou Jesus a quem tu persegues”, foi o que ele ouviu quando foi chamado para o
ministério. O propósito de sua chamada ficou claro para ele quando Jesus lhe disse: “Eu te apareci por
isso, para te fazer ministro e testemunha...” Ele conheceu com clareza o que ia fazer e onde fazer, pois
Jesus lhe declarou: “Eu te livrarei deste povo e dos gentios aos quais te envio, para lhes abrir os olhos
e das trevas os converteres à luz e do poder de Satanás a Deus” (At 26.15-18). Todo obreiro sem
visão torna-se um ativista infrutífero que desenvolve um ministério medíocre, cujo fracasso é marcado
normalmente pela esterilidade ou pela deserção.
Caros concluintes, se alguém dentre vós é homem ou mulher sem visão, a hora de desertar é
antes de começar. “Quereis vós também retirar-vos?” foi a pergunta de Jesus aos doze escolhidos
diante da desistência dos milhares sem visão.
3.2. Todo ministério bem sucedido é fruto da perseverança de homens que têm visão.
Sem visão do futuro não há fé; sem fé não há esperança e sem esperança não há perseverança.
A glória é o troféu dos vencedores e a vitória é a recompensa dos que perseveram.
Quando Paulo chegou ao final do seu ministério fez um apelo a Timóteo: “Lembra-se de Jesus
Cristo, ressuscitado dentre os mortos...” (2Tm 2.8). Em outras palavras, o velho soldado de Cristo
pede: “Timóteo, sob hipótese nenhuma, não perca Jesus de vista”. Muitos companheiros de Paulo já
haviam desertado e o fizeram por terem perdido a visão ou por não havê-la concebido. Entre estes ele
menciona Himeneu, Alexandre, Fileto e Demas.
Ao testemunhar diante do rei Agripa sobre sua experiência de conversão e chamada para o
ministério, Paulo, no final de sua narrativa, concluiu dizendo: “Pelo que, ó rei Agripa, não fui
desobediente à visão celestial” (At 26.19). Paulo havia descoberto que o segredo para o sucesso no
ministério era não perder a visão.
Qual o segredo da perseverança? O que fazer para não perdermos a visão? Em Fp 3.13-14,
Paulo dá a resposta: “Irmãos, quanto a mim, não julgo havê-lo alcançado; mas uma coisa faço:
esquecendo-me das coisas que para trás ficam e avançando para as que diante de mim estão, prossigo
para o alvo, para o prêmio da soberana vocação de Deus em Cristo Jesus”.
Com base nestas palavras de Paulo, podemos afirmar que há três condições para que se
mantenha a visão do ministério:
1ª condição: Sepultar as lembranças do passado. Devemos esquecer o passado, primeiro,
porque os que se lembram do que devem esquecer sempre se esquecem do que devem lembrar;
segundo, porque os que vivem de recordações não planejam seu futuro.
2ª condição: Enfrentar no presente os grandes desafios. Os que fogem dos desafios eternizam
seu fracasso e perdem seu galardão. O Pr. Oliveira de Araújo disse: “As nossas dificuldades não são
maiores do que as possibilidades de Deus”.
3ª condição: Marchar na direção do alvo de Deus, porque os projetos humanos se acabam, mas
o de Deus é eterno.
Homens que têm grandes ideais são homens que têm grande visão.
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Conclusão
Diletos concluintes, atentem para as palavras de Isaías: “O nobre projeta coisas nobres e na
sua nobreza perseverará”. Os homens de grandes realizações são homens que têm grandes ideias. Os
homens que têm grandes ideias têm também grandes ideais. Os homens que têm grandes ideais têm
também uma grande visão; e os homens que têm uma grande visão são capazes de chegar ao seu porto
destino, para receberem de Deus o seu precioso galardão. Que assim seja. A graça e a paz de nosso
Senhor Jesus Cristo sejam com todos vocês. Amém.
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A PALHA NO PÚLPITO
(Jr 23.23-32)
INTRODUÇÃO
Jeremias foi um homem extraordinário. Foi um dos poucos na sua época que seguiu com
fidelidade a vontade de Deus. A maioria daqueles que pregavam era dum grupo moralmente corrupto,
sem escrúpulos e longe de ser digno da vocação que fingiam ter recebido de Deus. Neste texto, Deus
denunciou os falsos profetas, comparando o conteúdo das suas mensagens à palha que não alimentava
ninguém.
A linguagem é forte e serve para mostrar a revolta que Deus tinha, e ainda tem, contra aqueles
que pregavam mentiras como se fossem verdades. Esses falsos profetas pretendiam saciar a fome
espiritual do povo com fabricações da sua própria imaginação. Mas a palha da imaginação humana
não pode saciar a fome em lugar da verdadeira comida espiritual. Mesmo não chegando ao extremo
dos falsos profetas, creio que, de uma forma ou de outra, há ainda muita palha nos púlpitos dos nossos
dias.
CONCLUSÃO
A alimentação que os nossos rebanhos devem receber é aquela que é buscada exclusivamente
na Palavra de Deus. O resto é palha. Pode ser poético e dramático, popular e agradável aos ouvintes,
mas, sem base bíblica, é palha que não é digna da tribuna sagrada.
Dizem que dois terços da população do mundo hoje vive desnutrida. Há falta de proteínas na
dieta. Mas, há alguns anos atrás, foi descoberta uma farinha que contém a quantidade de proteínas
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necessárias à saúde normal, e o seu preço é baratíssimo. É feita de peixe, mas só presta se incluir todo
o peixe: cabeça e ossos.
Espiritualmente falando, há muita gente também no mundo que vive desnutrida. A solução
está na Bíblia. Mas o que é necessário não é apenas uma dose da Bíblia diluída com alguma
imaginação humana, mas, antes, a Bíblia completa em toda a sua beleza.
Paulo assim disse, em 2Tm 3.16: “Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino,
para a repreensão, para a correção, para a educação na justiça, a fim de que o homem de Deus seja
perfeito e perfeitamente habilitado para toda boa obra”.
Seguindo esta sábia orientação, meus irmãos pregadores, os nossos ouvintes receberão o trigo
que alimenta a alma: uma substanciosa mensagem de Deus. Que Deus nos ajude a pregar tais
mensagens quando ocuparmos a tribuna sagrada.
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