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Ética e Formação Docente)
Ética e Formação Docente)
Ética e Formação Docente)
A ética busca refletir sobre os sistemas morais elaborados pelos homens, que
norteiam o comportamento do mesmo em sociedade, tentando compreender a
fundamentação das normas e das interdições peculiares de cada sistema social e
cultural. No entanto, a moral refere-se aos costumes, regras e convenções
determinadas para cada sociedade, é o conjunto de normas que orientam o
comportamento humano com base em valores próprios, tendo em vista certa
sociedade e esta varia no espaço e no tempo e constrói a moralidade bem como a sua
cultura e identidade.
Do ponto de vista etimológico, ética vem do grego ethos e tem relação mútua
no latim morale com o mesmo significado de conduta ou relativo aos costumes.
Portanto, etimologicamente, ética e moral são palavras sinônimas. Afirma Lalande
(1993, p. 348) que “historicamente a palavra ética foi aplicada à moral sob todas as
suas formas, quer como ciência, quer como arte de dirigir a conduta”. os problemas
teóricos não se identificam com os problemas práticos, ainda que estejam
estreitamente relacionados, da mesma forma não podemos confundir a ética e a
moral.
A ética não cria a moral, no entanto é correto afirmar que toda moral
conjectura determinados princípios, normas ou regras de comportamento, a ética não
os estabelece numa determinada comunidade social, ela se depara com uma serie de
práticas morais já existentes. A grande generalidade da ética é afirmada por Kant
quando ele instiga o ser humano a agir de maneira que este possa querer que o motivo
que o levou a agir se torne uma lei 4 universal. O mesmo autor, estabelece como
morais os acontecimentos que dizem respeito à conduta individual e como éticos
aqueles ligados à moralidade reunidas nas práticas e instituições que especifica a
comunidade, proporcionando normas de julgamento consensuais para que qualquer
pessoa possa distinguir o erro da verdade, o bem do mal, o justo do injusto, o certo do
errado. Para Kant, por outro lado, uma norma moral pode ser generalizada e alcançar
a condição de norma ética, quando ela pode ser aplicada a todos os seres racionais.
ÉTICA E EDUCAÇÃO
REFERÊNCIAS
GOMES, Emiliano. Liderança e ética; tradução Magda Lopes. _ 2. Ed. _ são Paulo:
Editora Academia de Inteligência, 2008. LUCKESI, C. C. Filosofia da educação. São
Paulo: Cortez, 1994.
VÁSQUEZ, A. S. Ética. 28ª ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2007. 304p.
Cada um com seus interesses, suas aspirações, seus desejos, suas paixões e
suas razões. Há, desse modo, a necessidade de mecanismos de orientação e regulação
da forma de os sujeitos estarem em sociedade no intuito de contribuir com uma
convivência respeitosa e pacífica. “A ética se instaura no âmbito dessa ambigüidade,
reconhecendo, por um lado, a fragilidade do humano com suas paixões e, por outro, a
tentativa permanente de construir normas que regulem a convivência humana para
além da particularidade [...]” (HERMANN, 2001, p.11).
Conciliar motivações e interesses que movem as ações humanas não se
constitui uma tarefa simples. Criar critérios éticos é um esforço que se observa desde
os gregos antigos até os mais contemporâneos dos homens com a finalidade de
promover o bem viver na coletividade. No entanto, há quem possa compreender que a
ética se reduz a um conjunto de regras que determinam o comportamento dos
homens em sociedade, entretanto, ela não se subjuga a um mero receituário do agir
social. Hermann (2001, p. 15) afirma que “o esforço da ética surge da necessidade de
explicitar, organizar e justificar criticamente a racionalidade implícita no ethos”, ou
seja, no 9481 espaço de materialização de nossas vivências concretas, no âmbito do
social. Assim, entendemos a relevância de estarmos preocupados não só com as
teorias nas quais acreditamos, se faz preciso, além disso, que se analise a
correspondência entre as crenças e as práticas.
Não pode, sob pena de destruição de seu campo de estudo, ser reduzida a um
conjunto de preceitos que qualificam o agir humano em certo ou errado, bom ou mau.
Ela não cria a moral, mas nela interfere como ciência que se debruça sobre as variadas
formas em que 9482 se manifesta o comportamento humano elegendo-o como objeto
de estudo e de reflexão sistemática (VÁZQUEZ, 2006; SEVERINO, 2005). Em linhas
gerais, a ética é aqui entendida como uma reflexão intencional e crítica sobre o agir
social dos indivíduos no intuito de orientá-los para o bem viver (VÁZQUEZ, 2006). A
partir dessas considerações, pode-se entender que o professor, em sua prática
profissional, lida com um público coletivizado, imerso em relações complexas,
permeadas por situações conflituosas, cujo entendimento solicita que se promova uma
interface com a ética. Ética, prática educativa e formação docente A complexidade da
tarefa educacional instiga à discussão, à reflexão sobre os fundamentos e valores que
dão norte à educação escolar nos tempos atuais. E, apesar de não se ter a pretensão
de esgotar o assunto, mas tão somente evidenciar algumas relações entre ética e
educação, considera-se importante destacar o imbricamento entre ambas.
REFERÊNCIAS
FARIAS, Isabel Maria. Sabino de. Inovação, mudança e cultura docente. Brasília:
Líberlivro, 2006.
MORIN, Edgar. Os sete saberes necessários à educação do futuro. 4 ed. São Paulo:
Cortez; Brasília: UNESCO, 2001. PARO, Vitor Henrique. Escritos sobre educação. São
Paulo: Xamã, 2001.
RIOS, Terezinha Azerêdo. Ética e competência. 7a ed., São Paulo. Cortez, 1999.
(Coleção questões da nossa época, v.16).
Infelizmente hoje ser ético parece estar fora de moda, pois as pessoas
valorizam mais a hipocrisia e a falsidade”. Diante do que ressalta Goergen (2005, p. 71)
quando diz que “[...] antiético é tudo o que prejudica este sentido essencial de nossa
vida de tornarmo-nos o que somos, isto é, seres humanos sociais”, nos reportamos a
fala do professor G quando explicitou seguindo a 5 coerência do que designa ser
antiético, e o quanto este comportamento, o qual o professor propôs exemplos, tem
prejudicado a vida em sociedade, quando disse: “As pessoas em sociedade caminham
na contramão de suas humanizações. [...] valorizam a ética do “farinha pouca, meu
pirão primeiro!”; a lei do mais esperto com o menor esforço… Isso tá nas filas dos
bancos, no recebimento do troco para mais (do que se deveria), na corrida pelo
assento no ônibus, no melhor lugar em um auditório, na escolha acelerada dos item do
prato no coffee break, avançar o sinal vermelho em prol de uns segundos a mais em
meu favor, vender o voto em “único momento em quatro anos que se pode ser
diretamente beneficiado”, estacionar na vaga de idosos, sentar em lugares para
prioridades, usar a fila das prioridades, nepotismo, [...]
O professor A disse: “Acredito que há sim uma relação entre ética e educação.
Porque a educação deve contribuir para a construção da formação integral do ser
humano, tanto moral quanto intelectual. [...]”. O professor B disse: “Acho que a ética
se coaduna com a educação quando nos importamos com o caminho e a direção que a
mesma caminha.
Logo, há sim relação entre ética e educação, pois nos preocupamos, muito
embora ainda não tenhamos alcançado a educação de qualidade, está não deixa de ser
nossa meta”. O professor C disse: “Essa vinculação é natural, pois não se pratica uma
boa educação se não há preocupação com o bem coletivo, isto é, com o bem e a boa
convivência junto aos educandos”. O professor F e G com respostas bem parecidas
responderam com ênfase, que existe entre ética e educação “toda” uma relação. O
professor F disse: “Toda, pois não posso ensinar algo que não acredito ou não pratico.
O educador deve antes de tudo ter uma postura 6 ética e agir dentro dessa postura
para poder passar para seus alunos tal princípio, para poder exigir deles igual postura.
O professor G disse: “Toda! Absolutamente toda! A ética está posta para a vida
em equilíbrio consigo mesmo, com os outros e para com o orbe em que vivemos. A
Educação é o pressuposto de formação para este princípio”. Constatamos, portanto,
que os demais professores inseridos nesta pesquisa, respondendo também de forma
semelhante a esta questão, veem que a educação tem uma dimensão ética, e que esta
deve abranger todos os seus princípios, para que haja uma transformação reflexiva nas
ações dos sujeitos nos aspetos sociais, políticos, intelectuais e morais.
Dessa maneira, Rios (2010 p. 667) corrobora ressaltando que “A educação deve
ser um gesto de emancipação. Se assim é, não se pode esquecer a dimensão ética no
trabalho educativo, de quem ensina ou aprende”, nos mostrando o quanto através da
educação, os sujeitos podem se apropriarem da construção ética, de que pode a
educação subsidiar. Portanto, não há ética que possa ser construída, sem que perto
esteja a educação. Com relação à questão: “Em sua opinião, a universidade pode
contribuir para construção da ética? como? em que sentido? Comente sua reposta”.
Isto nos remete a Almeida (2002, p. 11) quando diz que “[...] ética não se
ensina, dá-se como exemplo e constrói-se na relação”, mostrando que é a partir de um
processo de construção que a mesma se faz presente nas relações. Portanto, a
universidade como lócus de um trabalho ético, e a prática docente, como diz Freire
(1996, 27), que é “[...] especificamente humana, [...] profundamente formadora, por
isso ética”, pode desenvolver constantemente, seja no espaço da sala de aula, ou na
promoção de eventos acadêmicos a construção da ética, pautada no desenvolvimento
de um ser crítico e autônomo, capaz de refletir e agir, diante do que contribui esse
espaço para isso.
O professor B ressaltou que pode contribuir: “Quando pensa na melhor
formação profissional, e para isso seleciona os melhores profissionais para isto”. O
professor E também respondeu positivamente, quando disse: “Sim, no sentido de
discutir os princípios éticos, contribuindo para a apropriação desses valores”.