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Anotações Do Texto Cultura e Representação - Hall

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Anotações do texto: Cultura e Representação

Autor: Stuart Hall

Obs.: Como a leitura está sendo realiza a partir de um pdf que não é permite copiar ou grifar,
as anotações serão superficiais, apenas o início e final dos parágrafos, com alguns
comentários próprios.

A leitura será dirigida para dois pontos específicos: a) destrinchar os principais conceitos do
texto e b) como o texto ajuda na minha pesquisa?

Capítulo II – O espetáculo do “outro”

1. Introdução

O autor irá discutir sobre a ‘diferença’ e dará especial atenção às práticas representacionais, as
quais denominará de estereotipagem [p.139].

“Nosso objetivo é aprofundar a compreensão do significado da representação e de seu


funcionamento” [p.140].

Hall irá debater a questão da diferença em quatro abordagens teóricas partindo de dois
enfoques, o primeiro buscará mostrar a importância da diferença ~considerando seu suposto
aspecto positivo; o segundo buscará mostrar alguns aspectos mais negativos da diferença. “A
união destes dois enfoques mostrará por que a “diferença” é necessária e perigosa” [p. 153].

1) “A primeira abordagem vem da linguística das linhas teóricas associadas a Saussure e ao


uso da linguagem como um modelo do funcionamento da cultura [...]. Seu principal
argumento é que a “diferença” é importante porque é essencial ao significado; sem ela, o
significado não poderia existir” [p. 153].

Entre as páginas 153 e 154 o autor inicia a demonstração de como a significação está na
diferença. Nestas páginas o exemplo dado é de uma foto exposta anteriormente, nesta foto um
velocista negro está usando salto alto, ou seja, contrasta-se a masculinidade com a
feminilidade. Em outra foto exposta no primeiro capitulo e debatida aqui, o contraste é entre
preto e branco. Uma breve conclusão do autor depois de debater as fotos mencionadas:
“Dessa forma, o significado depende da diferença entre opostos” [p.154].
Hall irá argumentar ainda que embora não consigamos abandona-las, “as oposições binárias
podem ser acusadas de reducionistas e demasiadamente simplificadas – engolindo todas as
todas as distinções em sua estrutura binária e um tanto rígida” [p. 154]. Além disso Hall irá
trazer as reflexões de Jacques Derrida para argumentar que existem pouquíssimas oposições
binárias neutras, normalmente um dos polos é dominante e inclui o outro dentro do seu campo
de operações.

2) A segunda abordagem também vem da linguística, porém das reflexões do linguista e


crítico russo Mikhail Bakhtin. Seu principal argumento é: precisamos da diferença porque
somente podemos construir significado através de um diálogo com o “Outro”. Bakhtin
estudava a língua, não como um sistema objetivo (como os saussurianos) mas em termos de
como o significado é sustentado no diálogo entre dois ou mais falantes. “Para Bakhtin, o
significado é estabelecido por meio do diálogo – é fundamentalmente dialógico. O significado
surge através da “diferença” entre os participantes de qualquer diálogo. O “Outro”, em suma,
é essencial para o significado” [p.155].

O lado negativo da teoria de Bakhtin é que, por ser relacional, não há como fixar o significado
e ele não pode ser inteiramente governado por um grupo. “O significado de ser “britânico”,
“russo” ou “jamaicano”, não pode ser inteiramente controlado pelos britânicos, russos ou
jamaicanos, mas está sempre disponível e sendo negociado no diálogo entre essas culturas
nacionais e seus ‘outros’”[p.156].

3) O terceiro tipo de abordagem é antropológico, o argumento principal “é que a cultura


depende do significado que damos às coisas, isto é, a atribuição de diferentes posições dentro
de um sistema classificatório. A marcação da diferença é, portanto, a base da ordem simbólica
que chamamos de cultura” [p. 156].

Seguindo Durkheim e Lévi-Strauss, Mary Douglas “argumenta que, ao ordenar e organizar as


coisas em sistemas classificatórios, os grupos sociais impõem significado ao seu mundo. As
oposições binárias são cruciais para toda classificação porque é preciso estabelecer uma
diferença clara entre as coisas a fim de classifica-las” [p. 156]. O exemplo de Lévi-Strauss é
alimentos cozidos e alimentos crus. Nesse sistema a diferença é fundamental para o
significado cultural.

No entanto, o aparecimento de coisas na categoria errada ou quando não cabem nas categorias
existente perturba a ordem cultural, exemplo: pessoas que não são nem brancas nem negras,
mas mulatas ou mestiças.
“Culturas estáveis exigem que as coisas não saiam de seus lugares designados. Os limites
simbólicos mantêm as categorias “puras” e dão às culturas significados e identidades únicos.
O que desestabiliza a cultura é a “matéria fora do lugar” – a quebra de nossas regras e códigos
não escritos” [p.157].

4) O quarto tipo de abordagem é psicanalítico e relaciona-se ao papel da “diferença” em nossa


vida psíquica. O principal argumento é que o “Outro” é fundamental para a constituição do
self dos sujeitos e para a identidade social. Aqui o autor apresenta as concepções de Freud
para a consolidação da nossa definição de self, estas dependem da maneira como somos
construídos como sujeitos, especialmente em relação ao estágio de desenvolvimento inicial, o
que Freud chamou de complexo de Édipo (a partir da mitologia grega).

O sentimento unificado de si mesmo como um sujeito e a identidade sexual,


Freud afirmou, não estão fixos na criança muito jovem. No entanto, de
acordo com a sua versão do mito de Édipo, a certa altura o menino
desenvolve uma atração erótica inconsciente pela mãe, mas encontra o pai
como obstáculo à sua “satisfação”. Entretanto, quando a criança descobre
que as mulheres não têm pênis, presume que sua mãe foi punida com a
castração, e que pode ser punida da mesma forma se persistir em seu desejo
inconsciente. Com medo, o menino transfere sua identificação para o seu
velho “rival”, o pai, iniciando, assim, os primórdios da assimilação de uma
identidade masculina. [p.158].

No entanto, este modelo de como a diferença sexual começa a ser assumida já no início da
infância tem sido fortemente contestado. Jacques Lacan (1998) foi mais longe que Freud e
argumentou que a criança não possui qualquer senso de si mesma como sujeito separado da
mãe até que se veja em um espelho, ou como se refletida na forma como é vista pela mãe.
Assim, a criança irá desejar o objeto do desejo da mãe, centrado, dessa forma, sua líbido em si
mesma, na própria criança. “É esta reflexão de fora de si mesmo, ou o que Lacan chama de “o
olhar do outro”, durante a “fase do espelho”, que permite à criança reconhecer-se pela
primeira vez como um sujeito unificado, relacionar-se com o mundo exterior, ir em direção ao
“Outro”, desenvolver a linguagem e assumir uma identidade sexual” [p.159].

Já nas concepções de Melanie Klein a criança lida com o problema da falta de um self através
da divisão da imagem inconsciente da mãe e da identificação com a mãe em duas partes, uma
má e outra boa, internalizando alguns aspectos e projetando outros para o mundo exterior.

Assim, em todas estas versões é comum o papel do “Outro” no desenvolvimento do sujeito. A


relação simbólica e inconsciente com o Outro forma a subjetividade da criança.
Para Hall, as implicações negativas das abordagens psicanalíticas é que estas pressupõem que
a identidade não possui um núcleo interno, estável e determinado. “Psiquicamente, nunca
seremos sujeitos totalmente unificados. Nossa subjetividade é formada por este diálogo
problemático, nunca concluído e inconsciente com o “Outro” – com a internalização do
“Outro’” [p.159].

Na página 160 o autor diz que Fanon utilizou-se da teoria psicanalítica em sua explicação do
racismo “argumentando que a maioria da estereotipagem racial e a violência surgiram a partir
da recusa do “outro” branco em reconhecer “do ponto de vista do outro” a pessoa
negra”[p.160].

Hall diz que o capítulo irá se basear seletivamente em todas essas analises para realizar a sua
análise da representação racial. As perspectivas apresentadas são mutuamente exclusivas pois
se referem a diferentes níveis de análise – o linguístico, o social, o cultural e o psíquico,
respectivamente.

Todavia, dois aspectos gerais destas teorias são importantes. Primeiro, o papel significativo
desempenhado pela questão da “diferença” e da “alteridade”. Segundo, a diferença é
ambivalente.

2. Racializando o “Outro”

“[...] vamos agora explorar outros exemplos do repertório de representação e suas práticas que
foram utilizadas para marcar a diferença racial e significar o “Outro” racializado na cultura
popular ocidental” [p.161].

Existem três momentos importantes de encontro entre o “Ocidente” e os negros. “O


primeiro teve início com o contato, no século XVI, entre comerciantes europeus e os reinos da
África Ocidental, fonte de escravos negros durante três séculos. Seus efeitos podem ser
encontrados na escravidão e nas sociedades pós-escravistas do Novo Mundo. [...]. O segundo
momento ocorreu com a colonização da África e sua “partilha” [...]. O terceiro momento
ocorreu com as migrações pós-Segunda Guerra Mundial do “Terceiro Mundo” para a Europa
e América do Norte” [p.161].

2.1) O racismo como bem comercial: o império e o mundo doméstico

Aqui o autor tratara do segundo momento, colonização e partilha da África. Neste, a


exploração e colonização da África vai produzir um exemplo de representações populares, o
autor demonstra isso a partir da difusão de imagens e temas imperiais na Grã-Bretanha, por
meio da publicidade de mercadorias nas décadas finais do século XIX.

Hall explica que durante a Idade Média a imagem que a Europa tinha da África era ambígua –
um lugar misterioso, mas muitas vezes de modo positivo. Essa imagem positiva era construída
pela Igreja Copta, sobretudo pela imagem de santos negros na iconografia cristã medieval,
como o lendário “Preste João”. No entanto, o autor explica que essa imagem se altera, os
africanos passam a ser chamados de descendentes do personagem bíblico Cam, amaldiçoados,
assim como o filho deste, Canaã, que era punido a ser perpetuamente “servo dos servos a seus
irmãos”. O africano passa a simbolizar o primitivo em contraste com o europeu que representa
o civilizado.

Desta forma, depois de 1890, com o surgimento da imprensa popular, as imagens da produção
em massa de bens entraram no mundo das classes trabalhadoras por meio do “espetáculo” da
publicidade. Entre as imagens que mais me chamaram atenção está a figura 8, na página 165;
a imagem é o anúncio de um sabão e representa claramente um bebe negro que embranquece
ao tomar banho. Segue o comentário do autor sobre a figura 8:

O sabão simbolizava esta “racialização” do mundo interno e a


“domesticação” do mundo colonial. Por sua capacidade de limpar e
purificar, o sabão adquiriu, no mundo de fantasia da publicidade imperial, a
qualidade de um objeto de fetiche. Aparentemente, ele tinha o poder de
tornar branca a pele negra e eliminar de casa a fuligem, a sujeira e o pó das
favelas industriai e seus habitantes – os pobres sujos. Ao mesmo tempo,
conseguiu manter limpo e puro o corpo britânico nas zonas de contato
racialmente poluídas “lá” no Império. No processo, entretanto, o trabalho
doméstico das mulheres era muitas vezes silenciosamente apagado [p. 166].

2.2) Enquanto isso, lá nas grandes plantações

Neste tópico o autor se propôs a debater os efeitos do encontro entre “ocidentes” e os negros
no século XVI, sendo mais especifico, o autor refere-se ao encontro dos comerciantes
europeus e os reinos da África ocidental. Para Hall, os efeitos podem ser encontrados na
escravidão e nas sociedades pós-escravistas do Novo Mundo, para isso o autor utilizará como
exemplo o período da escravidão nas grandes plantações dos Estados Unidos e suas
consequências.
No exemplo dado pelo autor, quando a classe proprietária de escravos (e seus simpatizantes
na Europa), se viu seriamente ameaçada pelos abolicionistas no século XIX surgiu a ideologia
racializada de pleno direito. Surge então um conjunto de crenças acerca da diferença racial.

Hall demonstra como um discurso racializado, estruturado em um conjunto de oposições


binárias, associa o negro à selvageria e o branco à civilização; o negro à natureza (no sentido
de falta de humanidade) e o branco à cultura (no sentido da razão). Nas palavras do autor:

A teoria racial aplicava a distinção cultura/natureza de forma diferente para


os dois grupos racializados. Entre brancos, “cultura” oponha-se à “natureza”.
Entre os negros, aceitou-se que “cultura” coincidia com “natureza”.
Enquanto os brancos desenvolveram a “cultura” para subjugar e superar a
“natureza”, para os negros, “cultura” e “natureza” eram permutáveis. [...].
[Após a análise de David Green, Hal afirma]: O próprio corpo e suas
diferenças estavam visíveis para todos e, assim, ofereciam “a evidência
incontestável” para a naturalização da diferença racial. A representação da
“diferença” através do corpo tornou-se o campo discursivo através do qual
muito deste “conhecimento racializado” foi produzido e divulgado
[p.168/169].

2.3) Significando a “diferença” racial


Neste tópico o autor se propôs a debater o encontro entre Ocidente e os “negros” partindo das
migrações pós-Segunda Guerra Mundial do “Terceiro Mundo” para a Europa e América do
Norte.

Hall começa argumentando que durante a escravidão a “diferença” racial aglomerava-se em


torno de dois temas principais. O primeiro era o status de subordinado e a “preguiça inata”
como se os negros fossem “naturalmente” dados a servidão. O segundo era o inato
“primitivismo”, a falta de cultura que torna os negros incapazes de “refinamentos
civilizados”. Sobre essa prática de reduzir as culturas do povo negro à natureza, Hall diz:

A prática de reduzir as culturas do povo negro à natureza, ou naturalizar a


“diferença” foi típica dessas políticas racializadas da representação [o autor
está se referindo a forma que os negros representavam os brancos]. A lógica
por trás da representação é simples. Se as diferenças entre negros e brancos
são “culturais” então elas podem ser modificadas e alteradas. No entanto, se
elas são “naturais” – como acreditavam os proprietários de escravos -, estão
além da história, são fixas e permanentes. A “naturalização” é portanto, uma
estratégia representacional que visava fixar a diferença e assim ancora-la
para sempre. É uma tentativa de deter o inevitável “deslizar” do significado
para assegurar o fechamento discursivo ou ideológico [p.171].
A questão da naturalização da “diferença” que fixa a representação do negro é sabiamente
sintetizada por Hall na seguinte passagem: “Para os negros, ‘primitivismo’ (cultura) e
‘negritude’ (natureza) tornaram-se intercambiáveis. Esta era sua ‘natureza’ e eles não
poderiam escapar. ” [p.172].

Assim, Hall conclui o tópico argumentando que os negros foram reduzidos aos significantes
das suas diferenças físicas, lábios grossos, cabelo crespo, rosto e nariz largos e assim por
diante.

3. A encenação da “diferença” racial: “e a melodia demorou-se...”

No início deste tópico o autor apresenta cinco imagens estereotipadas dos negros no cinema
norte americano e como a representação pouco se transformou ao longo dos anos, mantendo o
negro em posição de subserviência.

3.1 Corpos celestiais

Aqui o autor debate a atuação do Paul Robeson, um ator e cantor negro norte americano que
consegui fugir de alguns estereótipos da representação do negro mas não conseguiu escapar
inteiramente do regime representacional da diferença entre raças.

4) A estereotipagem como prática de produção de significados

O autor irá examinar agora 4 características do regime de representação, são elas: a) a


construção da “alteridade” e exclusão; b) estereótipos e poder; c) o papel da fantasia; e d) o
fetichismo.

O primeiro aspecto da estereotipagem como produtora de significados, que foi debatido


anteriormente é que os estereótipos “se apossam das poucas características ‘simples, vívidas,
memoráveis, facilmente compreendidas e amplamente reconhecidas’ sobre uma pessoa; tudo
sobre ela é reduzido a esses traços que são, depois, exagerados e simplificados. Este é o
processo que descrevemos anteriormente. Então o primeiro ponto é que a estereotipagem
reduz, essencializa, naturaliza, e fixa a ‘diferença’” [p. 191].
O segundo ponto é que a estereotipagem implementa uma cisão, dividindo o normal e
aceitável do anormal e inaceitável. “Então, outra característica da estereotipagem é a sua
prática de fechamento e exclusão. Simbolicamente, ela fixa os limites e exclui tudo o que não
lhe pertence” [p.192].

O terceiro ponto apresentado pelo autor é que a estereotipagem tende a ocorrer onde existem
enormes desigualdades de poder. O estereotipo geralmente é dirigido contra um grupo
subordinado ou excluído e um dos aspectos é a aplicação de normas da “minha” cultura para a
cultura dos “outros”.

Em suma, a estereotipagem é aquilo que Foucault chamou de uma espécie de


“poder/conhecimento” do jogo. Por meio deles, classificamos as pessoas
segundo uma norma e definimos os excluídos como o “outro”. Curiosamente
isso é também o que Gramsci considera um aspecto de luta pela hegemonia
[p.192/193].

4.1 Representação, diferença e poder

Aqui me parece que o autor está interessado no exercício do poder simbólico através das práticas
representacionais e a estereotipagem, o que culmina em uma violência simbólica.

Depois de debater as concepções de poder para Said e a utilização que o autor faz de Gramsci e
Foucault, logo as teorias de poder desses últimos. Hall apresenta algumas discordâncias entre os
autores, em relação ao sujeito desse poder, enquanto Gramsci indicaria as classes sociais, Foucault não
posiciona um sujeito, Hall também aponta algumas concordâncias:

Para Gramsci e para Foucault, o poder também envolve o conhecimento, a


representação, as ideias, a liderança e autoridade cultural, bem como a
restrição econômica e restrição física. Ambos teriam concordado que o poder
não pode ser capturado ao pensarmos exclusivamente em termos de força ou
coerção: o poder também seduz, solicita, induz, ganha o consentimento.

Assim, partindo desses autores Hall vai entender que o poder circula, não é apenas imposto
por um grupo que possui o monopólio e simplesmente o irradia para baixo:

A circulação do poder é especialmente importante no contexto da


representação. O argumento é que todos – os poderosos e os sem poder –
estão presos, embora não de forma igual, na circulação do poder. Ninguém –
nem suas vítimas aparentes, nem seus agentes – consegue ficar
completamente fora do seu campo de operação (pense, aqui, no exemplo de
Paul Robenson).
4.2 Poder e Fantasia

Aqui o autor debate a estereotipagem do homem negro que oras é representado como infantil,
infantilizado e oras é representado como agressivo, selvagem. Partindo da figura do homem
negro o autor demonstra que nessa perspectiva binária não há saída para o homem negro, de
uma forma ou de outra ele é enquadrado no estereotipo. Diz o autor:

O ponto importante é que os estereótipos referem-se tanto ao que é


imaginado, fantasiado, quanto ao que é percebido como “real”, e as
reproduções visuais das práticas de representação são apenas metade da
história. A outra metade – o significado mais profundo – encontra-se no que
não está sendo dito, mas está sendo fantasiado, o que está implícito, mas
não pode ser mostrado. [p.200].

4.3 Fetichismo e Rejeição

Aqui o autor debate o caso da Vênus Hotentote. Caso em que, a naturalização da diferença é
representada sobretudo por sua sexualidade. Sobre esse processo diz o autor:

Ela foi reduzida a seu corpo e este, por sua vez, resumido a seus órgãos
sexuais, que passaram a ser os significantes essenciais de seu lugar no
esquema universal das coisas. Nela, natureza e cultura coincidiam e,
portanto, poderiam ser substituídas uma pela outra, ser lidas uma contra a
outra. O que era apetite sexual “primitivo” e vice-versa [p.205].

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