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Anotações Do Texto Cultura e Representação - Hall
Anotações Do Texto Cultura e Representação - Hall
Anotações Do Texto Cultura e Representação - Hall
Obs.: Como a leitura está sendo realiza a partir de um pdf que não é permite copiar ou grifar,
as anotações serão superficiais, apenas o início e final dos parágrafos, com alguns
comentários próprios.
A leitura será dirigida para dois pontos específicos: a) destrinchar os principais conceitos do
texto e b) como o texto ajuda na minha pesquisa?
1. Introdução
O autor irá discutir sobre a ‘diferença’ e dará especial atenção às práticas representacionais, as
quais denominará de estereotipagem [p.139].
Hall irá debater a questão da diferença em quatro abordagens teóricas partindo de dois
enfoques, o primeiro buscará mostrar a importância da diferença ~considerando seu suposto
aspecto positivo; o segundo buscará mostrar alguns aspectos mais negativos da diferença. “A
união destes dois enfoques mostrará por que a “diferença” é necessária e perigosa” [p. 153].
Entre as páginas 153 e 154 o autor inicia a demonstração de como a significação está na
diferença. Nestas páginas o exemplo dado é de uma foto exposta anteriormente, nesta foto um
velocista negro está usando salto alto, ou seja, contrasta-se a masculinidade com a
feminilidade. Em outra foto exposta no primeiro capitulo e debatida aqui, o contraste é entre
preto e branco. Uma breve conclusão do autor depois de debater as fotos mencionadas:
“Dessa forma, o significado depende da diferença entre opostos” [p.154].
Hall irá argumentar ainda que embora não consigamos abandona-las, “as oposições binárias
podem ser acusadas de reducionistas e demasiadamente simplificadas – engolindo todas as
todas as distinções em sua estrutura binária e um tanto rígida” [p. 154]. Além disso Hall irá
trazer as reflexões de Jacques Derrida para argumentar que existem pouquíssimas oposições
binárias neutras, normalmente um dos polos é dominante e inclui o outro dentro do seu campo
de operações.
O lado negativo da teoria de Bakhtin é que, por ser relacional, não há como fixar o significado
e ele não pode ser inteiramente governado por um grupo. “O significado de ser “britânico”,
“russo” ou “jamaicano”, não pode ser inteiramente controlado pelos britânicos, russos ou
jamaicanos, mas está sempre disponível e sendo negociado no diálogo entre essas culturas
nacionais e seus ‘outros’”[p.156].
No entanto, o aparecimento de coisas na categoria errada ou quando não cabem nas categorias
existente perturba a ordem cultural, exemplo: pessoas que não são nem brancas nem negras,
mas mulatas ou mestiças.
“Culturas estáveis exigem que as coisas não saiam de seus lugares designados. Os limites
simbólicos mantêm as categorias “puras” e dão às culturas significados e identidades únicos.
O que desestabiliza a cultura é a “matéria fora do lugar” – a quebra de nossas regras e códigos
não escritos” [p.157].
No entanto, este modelo de como a diferença sexual começa a ser assumida já no início da
infância tem sido fortemente contestado. Jacques Lacan (1998) foi mais longe que Freud e
argumentou que a criança não possui qualquer senso de si mesma como sujeito separado da
mãe até que se veja em um espelho, ou como se refletida na forma como é vista pela mãe.
Assim, a criança irá desejar o objeto do desejo da mãe, centrado, dessa forma, sua líbido em si
mesma, na própria criança. “É esta reflexão de fora de si mesmo, ou o que Lacan chama de “o
olhar do outro”, durante a “fase do espelho”, que permite à criança reconhecer-se pela
primeira vez como um sujeito unificado, relacionar-se com o mundo exterior, ir em direção ao
“Outro”, desenvolver a linguagem e assumir uma identidade sexual” [p.159].
Já nas concepções de Melanie Klein a criança lida com o problema da falta de um self através
da divisão da imagem inconsciente da mãe e da identificação com a mãe em duas partes, uma
má e outra boa, internalizando alguns aspectos e projetando outros para o mundo exterior.
Na página 160 o autor diz que Fanon utilizou-se da teoria psicanalítica em sua explicação do
racismo “argumentando que a maioria da estereotipagem racial e a violência surgiram a partir
da recusa do “outro” branco em reconhecer “do ponto de vista do outro” a pessoa
negra”[p.160].
Hall diz que o capítulo irá se basear seletivamente em todas essas analises para realizar a sua
análise da representação racial. As perspectivas apresentadas são mutuamente exclusivas pois
se referem a diferentes níveis de análise – o linguístico, o social, o cultural e o psíquico,
respectivamente.
Todavia, dois aspectos gerais destas teorias são importantes. Primeiro, o papel significativo
desempenhado pela questão da “diferença” e da “alteridade”. Segundo, a diferença é
ambivalente.
2. Racializando o “Outro”
“[...] vamos agora explorar outros exemplos do repertório de representação e suas práticas que
foram utilizadas para marcar a diferença racial e significar o “Outro” racializado na cultura
popular ocidental” [p.161].
Hall explica que durante a Idade Média a imagem que a Europa tinha da África era ambígua –
um lugar misterioso, mas muitas vezes de modo positivo. Essa imagem positiva era construída
pela Igreja Copta, sobretudo pela imagem de santos negros na iconografia cristã medieval,
como o lendário “Preste João”. No entanto, o autor explica que essa imagem se altera, os
africanos passam a ser chamados de descendentes do personagem bíblico Cam, amaldiçoados,
assim como o filho deste, Canaã, que era punido a ser perpetuamente “servo dos servos a seus
irmãos”. O africano passa a simbolizar o primitivo em contraste com o europeu que representa
o civilizado.
Desta forma, depois de 1890, com o surgimento da imprensa popular, as imagens da produção
em massa de bens entraram no mundo das classes trabalhadoras por meio do “espetáculo” da
publicidade. Entre as imagens que mais me chamaram atenção está a figura 8, na página 165;
a imagem é o anúncio de um sabão e representa claramente um bebe negro que embranquece
ao tomar banho. Segue o comentário do autor sobre a figura 8:
Neste tópico o autor se propôs a debater os efeitos do encontro entre “ocidentes” e os negros
no século XVI, sendo mais especifico, o autor refere-se ao encontro dos comerciantes
europeus e os reinos da África ocidental. Para Hall, os efeitos podem ser encontrados na
escravidão e nas sociedades pós-escravistas do Novo Mundo, para isso o autor utilizará como
exemplo o período da escravidão nas grandes plantações dos Estados Unidos e suas
consequências.
No exemplo dado pelo autor, quando a classe proprietária de escravos (e seus simpatizantes
na Europa), se viu seriamente ameaçada pelos abolicionistas no século XIX surgiu a ideologia
racializada de pleno direito. Surge então um conjunto de crenças acerca da diferença racial.
Assim, Hall conclui o tópico argumentando que os negros foram reduzidos aos significantes
das suas diferenças físicas, lábios grossos, cabelo crespo, rosto e nariz largos e assim por
diante.
No início deste tópico o autor apresenta cinco imagens estereotipadas dos negros no cinema
norte americano e como a representação pouco se transformou ao longo dos anos, mantendo o
negro em posição de subserviência.
Aqui o autor debate a atuação do Paul Robeson, um ator e cantor negro norte americano que
consegui fugir de alguns estereótipos da representação do negro mas não conseguiu escapar
inteiramente do regime representacional da diferença entre raças.
O terceiro ponto apresentado pelo autor é que a estereotipagem tende a ocorrer onde existem
enormes desigualdades de poder. O estereotipo geralmente é dirigido contra um grupo
subordinado ou excluído e um dos aspectos é a aplicação de normas da “minha” cultura para a
cultura dos “outros”.
Aqui me parece que o autor está interessado no exercício do poder simbólico através das práticas
representacionais e a estereotipagem, o que culmina em uma violência simbólica.
Depois de debater as concepções de poder para Said e a utilização que o autor faz de Gramsci e
Foucault, logo as teorias de poder desses últimos. Hall apresenta algumas discordâncias entre os
autores, em relação ao sujeito desse poder, enquanto Gramsci indicaria as classes sociais, Foucault não
posiciona um sujeito, Hall também aponta algumas concordâncias:
Assim, partindo desses autores Hall vai entender que o poder circula, não é apenas imposto
por um grupo que possui o monopólio e simplesmente o irradia para baixo:
Aqui o autor debate a estereotipagem do homem negro que oras é representado como infantil,
infantilizado e oras é representado como agressivo, selvagem. Partindo da figura do homem
negro o autor demonstra que nessa perspectiva binária não há saída para o homem negro, de
uma forma ou de outra ele é enquadrado no estereotipo. Diz o autor:
Aqui o autor debate o caso da Vênus Hotentote. Caso em que, a naturalização da diferença é
representada sobretudo por sua sexualidade. Sobre esse processo diz o autor:
Ela foi reduzida a seu corpo e este, por sua vez, resumido a seus órgãos
sexuais, que passaram a ser os significantes essenciais de seu lugar no
esquema universal das coisas. Nela, natureza e cultura coincidiam e,
portanto, poderiam ser substituídas uma pela outra, ser lidas uma contra a
outra. O que era apetite sexual “primitivo” e vice-versa [p.205].