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Cultura e Escola
Cultura e Escola
Cultura e Escola
Noção de cultura como um conceito histórico usado para compreender as tensões humanas. A
relação entre escola e cultura ao longo do tempo.
PROPÓSITO
Apresentar as diversas possibilidades de vínculo entre cultura e escola historicamente,
destacando o espaço escolar como palco de relações sociais, culturais e políticas complexas,
conhecimento essencial para os profissionais da educação.
OBJETIVOS
MÓDULO 1
MÓDULO 2
MÓDULO 3
INTRODUÇÃO
A escola, entendida como espaço onde professores ensinam conteúdos considerados obrigatórios
aos estudantes, é uma das instituições mais importantes do mundo ocidental, tendo se
transformado intensamente ao longo do tempo. Seja qual for o recorte histórico, ela sempre foi
muito mais do que um prédio no qual professores ensinam alunos. A escola é um conjunto de
relações sociais que dialoga com outros.
A escola na Atenas Clássica, por exemplo, era marcada pelos valores políticos da pólis
democrática, especialmente a isonomia, que afirmava a igualdade entre os cidadãos,
considerando os critérios excludentes que definiam a cidadania na época. Na Idade Média, o
ambiente escolar era atravessado pelas premissas teológicas e hegemônicas naquelas
sociedades. Na modernidade iluminista, a crença na razão e na Ciência orientou a cultura escolar.
Na contemporaneidade, é impossível discutir a instituição escolar sem levar em conta as ideias de
multiculturalidade, diversidade, representatividade, bem como a noção de flexibilização,
característica do vocabulário neoliberal.
Neste tema, exploraremos as diversas possibilidades de relações entre escola e cultura a fim de
explicitar a escola como um espaço social complexo, palco de conflitos, negociações e relações
de poder. Para isso, dividimos nossa reflexão em três módulos:
Faremos um breve histórico da instituição escolar no mundo ocidental, da antiguidade grega até a
modernidade iluminista.
Comentaremos as atuais discussões a respeito da cultura escolar, destacando as agendas do
multiculturalismo, da diversidade, da representatividade e da financeirização do mercado
educacional, que vêm provocando vigorosas disputas políticas no Brasil e no mundo.
POLISSEMIA
É um conceito da área da Linguística e tem origem no termo grego polysemos, que significa
"algo que tem muitos significados".
Fonte: Significados.
No seu sentido etimológico mais elementar, o termo cultura pertence aos assuntos do campo, pois
culta era a terra que acumulava em si o trabalho de muitas gerações e cultus significava o terreno
trabalhado e cultivado por gerações passadas. Cultura originalmente remete ao repertório de uma
sociedade, ao acúmulo das realizações coletivas. Esse sentido básico permaneceu, ainda que
outros significados tenham se somado ao longo do tempo.
Ainda está com dúvida? Polissemia significa que você precisa aumentar sua rede de informações
para compreender bem o conceito, uma só voz não basta. Prepare-se para, ao longo deste tema,
relacionar e conhecer muitas vozes a fim de estar mais preparado para elaborar a sua.
Na antiguidade grega, a partir dos escritos de Heródoto (485-425 a.C.), reconhecido como o pai
dos estudos históricos, outro significado foi agregado ao conceito de cultura. Heródoto teve a
preocupação de colocar lado a lado as narrativas gregas e não gregas em um exercício de
reconhecimento da alteridade até então incomum entre o seu povo.
GREGA
FRANÇOIS HARTOG
É diretor de pesquisas na École de Hautes Études en Sciences Sociales (Paris), onde ocupa
a cadeira de Historiografia Antiga e Moderna, desde 1987.
Fonte: IEAT
Heródoto desenvolveu uma retórica da alteridade, que ao atribuir ao não grego, ao bárbaro, o
estatuto de objeto digno de conhecimento, fundou a ideia de que cultura não é patrimônio
exclusivo de um povo que se entende superior, como era o caso dos gregos em relação aos
outros povos.
François Hartog (1946 - ), autor desconhecido. Fonte: UFMG/IEAT.
Ao narrar para os gregos os costumes e as crenças dos bárbaros, Heródoto ampliou o sentido
original do termo cultura, que passou a ser pensado também na perspectiva da pluralidade e da
diversidade, o que não exclui uma possível postura etnocêntrica no trato com sociedades
consideradas estranhas. François Hartog argumenta que:
O relato de Heródoto não está imune a julgamentos e, na verdade, funciona como uma espécie de
espelho narrativo. Isso porque, ao narrar sobre os bárbaros para os gregos, Heródoto o faz como
um grego, e não poderia ser diferente. Sua narrativa seria mais um espelho do pensamento grego
do que uma descrição literal dos bárbaros. Ainda assim, o texto de Heródoto é fundamental para
tradição ocidental e seu legado chegou à modernidade.
François Hartog (1946 - ), autor desconhecido. Fonte: UFMG/IEAT.
A CULTURA NA MODERNIDADE
No século XVI, as grandes navegações intensificaram os contatos culturais, possibilitando o
encontro entre sociedades que até então não se conheciam. Os índios, como ficaram conhecidos
os habitantes nativos da América (o Novo Mundo), transformaram-se em personagens
constitutivos do imaginário dos europeus.
Como exemplo, podemos destacar dois dos mais importantes tratados da filosofia ocidental
moderna que têm o índio americano como personagem principal: A Utopia, de Thomas Morus,
publicada em 1516, e o Contrato Social, de Jean Jacques Rousseau, publicado em 1762 . Tanto
Morus como Rousseau idealizam o outro, representado pela figura do indígena:
Thomas Morus (1478-1535), Hans Holbein, 1527. Fonte: Eloquence.
A América é a utopia manifestada na Terra, onde as pessoas são livres e a vida é farta e próspera.
O índio americano é a manifestação mais genuína dos bons sentimentos humanos que foram
corrompidos pela sociedade civil.
Jean Jacques Rousseau (1712-1778), Maurice Quentin de La Tour, século XVIII. Fonte: MLWatts.
Se essa era a visão europeia, como a cultura popular sobreviveu até os dias atuais?
Nem só de idealização é feita a relação da Europa moderna com os outros. Houve também muita
violência e extermínio, o que não excluiu investimentos direcionados ao estudo da variedade das
culturas humanas. O que podemos genericamente chamar de cultura popular passou a ser
representado na Europa pelo termo folclore, do inglês folklore, que significava conhecimento do
povo. O primeiro a utilizar esse termo foi o escritor inglês William John Thoms.
Thoms tinha interesse em estudar o que ele chamava de antiguidades populares, ou seja, os
hábitos, os rituais religiosos, as festas e o vocabulário das comunidades europeias consideradas
arcaicas e estranhas ppor parte de uma elite letrada.
THOMAS MORUS
Thomas More, Thomas Morus ou Tomás Moro foi filósofo, homem de estado, diplomata,
escritor, advogado e homem de leis, ocupou vários cargos públicos e, em especial, de 1529
a 1532, o cargo de "Lord Chancellor" de Henrique VIII da Inglaterra.
Fonte: Wikipedia
Segundo o programa de estudos formulado por Thoms, popular era sinônimo de iletrado,
comportamento considerado genuíno, ou seja, característico das sociedades rurais e ritualizadas,
sem a distinção entre Estado e religião (tão cara à laicidade moderna).
Com o tempo, os estudos folcloristas ampliaram seu universo de interesse para os povos não
europeus, principalmente na África e na América. O termo folclore foi se transformando e passou a
ser entendido como o conjunto de hábitos considerados lúdicos, engraçados e fantasiosos, sendo
sempre associado às culturas não europeias.
Fonte: Shutterstock
SAIBA MAIS
A tradição judaico-cristã, por exemplo, repleta de profetas abrindo mares, virgens engravidando e
messias ressuscitando após a morte, não é considerada folclórica, ainda que seja atravessada por
narrativas que trazem elementos de magia e fantasia. Nessa perspectiva etnocêntrica, folclóricos
são o Saci-Pererê, a mula sem cabeça ou os orixás do candomblé. O folclore passou a ser uma
prática de disciplinarização de tradições não europeias que, ao serem rotuladas como folclóricas,
são relegadas a um lugar menor no inventário das manifestações culturais humanas.
A ANTROPOLOGIA ENTRA EM CENA
Na primeira metade do século XX, o esforço europeu em compreender outros sistemas culturais
ganhou a forma de uma ciência especializada, que passou a ser conhecida como Antropologia.
O escritor polonês Bronislaw Malinowski é reconhecido como um dos fundadores da ciência
antropológica, que nasce vocacionada aos estudos de culturas não ocidentais, ágrafas e de
comunicação basicamente oral.
O livro Argonautas do Pacífico Ocidental, escrito por Malinowski e publicado em 1922, é um dos
textos de fundação da Antropologia disciplinar, que se estabeleceu como uma ciência
especializada na alteridade cultural.
(MALINOWSKI, 1978)
Mas eu ouvi que Antropologia não é ciência. Como posso ter certeza que alguma coisa é ciência?
O antropólogo seria o cientista que vai ao campo, ao território da cultura estranha a ser analisada,
para observar o funcionamento daquela sociedade.
Com base na ideia de que os seres humanos são naturalmente produtores de cultura, a
Antropologia científica se insere em uma longa tradição de pensamento, que começa em Heródoto
e passa pelos folcloristas, na qual o mundo ocidental tenta disciplinar povos e culturas não
ocidentais, caracterizando-os de exóticos e estranhos.
Norbert Elias (1897-1990), Rob Bogaerts, 1987. Fonte: Pauline-Lucia Walksinderl.
O sociólogo alemão Norbert Elias foi outro autor que criou um complexo sistema de interpretação
da sociedade baseado na polissemia do conceito de cultura.
Elias é autor do livro O processo civilizatório, publicado pela primeira vez em 1939, sendo
certamente um dos textos mais importantes escritos no século XX. O objetivo de Elias nesse livro
era examinar a construção das civilizações modernas, marcadas por um eficiente controle do
comportamento social.
Em sua análise, Elias tem o cuidado de explorar a polissemia dos conceitos de civilização e de
cultura, cujos significados estão sempre sendo disputados, a depender da dinâmica social em que
as palavras são usadas. No mundo europeu, civilização e cultura muitas vezes são palavras
usadas para afirmar a particularidade das nações europeias, definindo-as como superiores
em relação a outras sociedades.
Então toda a Europa possuía a mesma visão sobre o que era civilizado?
É GRANDE A DIFERENÇA ENTRE A FORMA COMO
INGLESES E FRANCESES EMPREGAM A PALAVRA
(CIVILIZAÇÃO), POR UM LADO, E OS ALEMÃES POR
OUTRO. PARA OS PRIMEIROS, O CONCEITO RESUME
EM UMA ÚNICA PALAVRA SEU ORGULHO PELA
IMPORTÂNCIA DE SUAS NAÇÕES PARA O PROGRESSO
DO OCIDENTE E DA HUMANIDADE. JÁ NO EMPREGO
EM QUE É DADO PELOS ALEMÃES (ZIVILLISATION),
SIGNIFICA ALGO DE FATO ÚTIL, MAS, APESAR DISSO,
APENAS UM VALOR DE SEGUNDA CLASSE,
COMPREENDENDO APENAS A APARÊNCIA EXTERNA
DE SERES HUMANOS, A SUPERFÍCIE DA EXISTÊNCIA
HUMANA. A PALAVRA PELA QUAL OS ALEMÃES SE
INTERPRETAM, QUE MAIS DO QUE QUALQUER OUTRA
EXPRESSA-LHES O ORGULHO EM SUAS PRÓPRIAS
REALIZAÇÕES E NO PRÓPRIO SER, É KULTUR.
(ELIAS, 1994)
A discussão proposta por Elias é fundamental porque mostra que a linguagem nunca é ingênua e
seu uso jamais é desinteressado. No uso comum que fazemos das palavras, termos como
civilização e cultura são acionados, muitas vezes inconscientemente, como ferramentas de
controle e disciplinarização de corpos e condutas.
O espaço da sala de aula costuma ser atravessado por esse uso da linguagem. Quantas vezes,
no cotidiano escolar, o comportamento de determinado aluno é censurado com as palavras
civilização e cultura? Vejamos alguns exemplos:
SOCIOLOGIA E A CULTURA COMO
PROBLEMA SOCIAL
Também Karl Marx (1818-1883) e Friedrich Engels (1820-1895) nos ajudam a entender como a
cultura pode ser utilizada para fortalecer relações de poder. Em 1846, Marx e Engels finalizaram o
primeiro texto que escreveram juntos: os manuscritos do que, posteriormente, seria o livro A
ideologia alemã. Por motivos que os biógrafos dos autores jamais esclareceram, o texto não foi
publicado na época, mas apenas em 1931, postumamente.
Fonte: К.Лаврентьев.
No prefácio do livro Contribuição à crítica da economia política, publicado em 1859, Marx comenta
a não publicação dos manuscritos de A ideologia alemã. Ele diz que:
Karl Marx (1818-1883), John Jabez Edwin Mayall, 1875. Fonte: Jacek Halicki.
“Abandonamos tanto mais prazerosamente o manuscrito à crítica roedora dos ratos, na medida
em que havíamos atingido nosso fim principal: ver claro em nós mesmos.” (MARX, 2015)
Para Marx, o trabalho em conjunto com Engels, ainda que não vindo a público, mesmo
“abandonado aos ratos”, havia sido fundamental para que os autores fossem capazes de elaborar
para si mesmos as diretrizes gerais do tipo de pensamento que formulariam a partir de então.
Fundamental no argumento dos autores é que o patrimônio coletivo é resultado direto do que
os autores denominam vida material, entendida como o esforço cotidiano de reprodução da
existência. Em outras palavras, são as táticas que adotamos todos os dias para conseguir
recursos que nos permitam viver, como comer, morar, vestir e beber. Segundo Marx e Engels,
nossos hábitos, valores, nossas percepções da realidade, ou − por que não? −, nossa cultura,
variam de acordo com a posição que ocupamos nesse ciclo produtivo social.
Na teoria formulada pelos autores, existem, basicamente, duas posições, ou seja, duas classes
sociais:
BURGUESIA
O modo como as pessoas pensam e agem, seus critérios de certo e errado, seus gostos e
hábitos, para Marx e Engels, não é o simples resultado de suas vontades. É, antes de tudo,
a projeção da vida material no plano do comportamento individual.
O materialismo histórico, que é como chamamos o sistema de pensamento formulado por Marx
e Engels, nos ajuda a compreender a dinâmica social de uma sala de aula.
Thomas Morus (1478-1535), Hans Holbein, 1527. Fonte: Eloquence.
Por que determinado professor age de uma forma e outro se comporta de maneira completamente
diferente?
Por que alguns alunos têm extrema dificuldade em compreender determinados conteúdos
enquanto têm grande facilidade de entender outros temas?
Jean Jacques Rousseau (1712-1778), Maurice Quentin de La Tour, século XVIII. Fonte: MLWatts.
CULTURA E CONTEMPORANEIDADE
Fonte: Shutterstock
Clifford Geertz é autor do livro A interpretação das culturas, publicado pela primeira vez em 1973.
Nesse texto, Geertz propôs um conceito de cultura que se tornou bastante influente e que também
nos ajuda a pensar o ambiente escolar.
A cultura para Geertz são redes de sentido dentro das quais homens e mulheres se movem. Se,
por um lado, essas redes são elásticas o suficiente para permitir alguma liberdade de movimento,
por outro, sua elasticidade tem limites, o que acaba constrangendo de alguma forma o
comportamento humano.
A partir dessa reflexão, podemos pensar novamente o ambiente escolar. O que acontece dentro
da escola tem relações diretas com a realidade externa, assim como a escola está enredada a
outras instituições e com elas dialogando o tempo inteiro. A disputa também é um tipo de diálogo.
CULTURA
Neste vídeo, conheceremos mais sobre o conceito e a evolução de cultura. Vamos assistir!
VERIFICANDO O APRENDIZADO
ATENÇÃO!
Para desbloquear o próximo módulo, é necessário que responda corretamente a uma das
seguintes questões.
A) Em seu sentido etimológico elementar, cultura significa arte erudita, sentido que sobrevive até
hoje, pois entendemos como cultura apenas as sofisticadas manifestações estéticas.
A) Para Heródoto, apenas as manifestações culturais gregas eram dignas de serem narradas,
premissa que fundou a postura etnocêntrica característica da colonização moderna.
B) Para Heródoto, apenas as manifestações religiosas dos bárbaros eram dignas de serem
narradas, justamente por serem semelhantes às manifestações cristãs.
C) Para Heródoto, interessava apenas os conflitos políticos travados entre cidades gregas, o que
fez com que seu texto tivesse clara dimensão etnocêntrica e preconceituosa.
D) Heródoto produziu uma retórica da alteridade. Seu interesse era colocar lado a lado os grandes
feitos de gregos e bárbaros, igualmente dignos de lembrança. Ganhou força, assim, a ideia de que
culturas diferentes também são dignas de serem estudadas.
GABARITO
1. Apesar da polissemia que caracteriza o termo cultura, seu sentido etimológico elementar
sobreviveu ao longo do tempo. Assinale, entre as opções a seguir, aquela que melhor
define esse sentido.
IDENTIFICAR AS CARACTERÍSTICAS DA
EDUCAÇÃO NO OCIDENTE EM DIFERENTES
PERÍODOS HISTÓRICOS
GRÉCIA CLÁSSICA
Começamos pelo que é considerado o início da história da escola no mundo ocidental: a Paideia
na Grécia Clássica, entendida como a formação intelectual necessária para o exercício da
cidadania. Entendemos por Grécia Clássica o período da história grega compreendido entre os
séculos VI e IV a.C., quando ocorreu a formação das pólis, que eram cidades-estados com
autonomia política.
ATENAS
A CONSOLIDAÇÃO DA EXPERIÊNCIA POLÍTICO-
DEMOCRÁTICA
Podemos situar a construção da democracia em Atenas entre os séculos VII e VI a.C., quando
uma série de transformações alterou as instituições políticas atenienses. Até esse momento, o
poder político ateniense era controlado pelos grandes proprietários de terra: os eupátridas, ou
bem-nascidos.
Fonte: Shutterstock
(FINLEY, 1963)
Enquanto o mito se fundamenta em uma concepção mágica de verdade, exigindo crença, que
sempre é, em última instância, uma escolha particular, o logos exige a possibilidade de
comprovação.
Por exemplo: acreditar em ressurreição significa crer em uma verdade mitológica, pois exige
crença, ou seja, a aceitação do mistério. Já o teorema de Pitágoras, relativo ao triângulo retângulo,
afirma que o quadrado da hipotenusa é igual à soma dos quadrados dos catetos, podendo ser
comprovado. Todo e qualquer triângulo retângulo comprova a verdade do teorema de Pitágoras.
IMPORTANTE
Não podemos achar que a exclusão formal das mulheres do exercício da cidadania implicava sua
total irrelevância política. Há diversas formas de contornar as restrições formais. Há diversas
maneiras de interferir na vida política fora dos canais formais.
AS MULHERES NA ASSEMBLEIA
Parte da herança político-pedagógica da Paideia ateniense chegou a Roma, que durante séculos
foi o centro político e cultural do mundo ocidental. As relações entre as culturas grega e romana
são marcadas por diferenças e semelhanças.
Alguns valores são semelhantes, como, por exemplo, o princípio da soberania popular. Porém, a
democracia em Roma possuía outro funcionamento bastante distinto da democracia grega. Se as
pólis gregas eram caracterizadas pela autonomia das cidades-estados, a civitas romana era
caracterizada pela expansão imperial do centro do poder, que era localizado na Península Itálica.
Tanto para os gregos quanto para os romanos, a educação era uma atividade destinada a
preparar os homens para a vida política. Ou seja, saber ler, escrever, conhecer as regras da
matemática e as lições da história eram consideradas habilidades fundamentais para o exercício
da política. Não existia a separação entre pedagogia e política . Essa cultura pedagógica ecoa
até os nossos dias. Não é incomum ouvirmos dizer que um povo mal educado vota mal, sendo a
educação entendida como acesso ao ensino formal ministrado nos sistemas educacionais. A
educação e o ensino ainda são considerados requisitos fundamentais para o pleno exercício dos
direitos políticos.
PEDAGOGIA E POLÍTICA
No século II a.C., foram organizadas em Roma escolas segundo o modelo grego, destinadas
a dar uma formação gramatical e retórica, voltada à língua grega. No século I a.C. foi
fundada uma escola de retórica latina, que reconhecia total dignidade à literatura e à língua
dos romanos. Pouco tempo depois, o espírito prático, próprio da cultura romana, levou a uma
sistemática organização das escolas, divididas por graus e providas de instrumentos
didáticos específicos (manuais).
Entre todas a competências, a retórica, conhecida como a arte de convencimento por meio do uso
da palavra, era a mais valorizada no pensamento pedagógico romano. Um homem considerado
educado e culto dominava as técnicas do discurso público. Por isso, as escolas latinas adotavam
os tratados de retórica como material didático obrigatório.
Entre os principais tratados retóricos estavam o De oratore, e o De inventione, ambos escritos por
Cícero (106-43 a.C.), o Institutio Oratoria, de Quintiliano (35-96 d.C.), e o Ad Herenniun, cuja
autoria é desconhecida. Tanto Cícero como Quintiliano associam o estudo da retórica à vida
política. No pensamento pedagógico grego, o aluno típico era o futuro varão ilustre, o homem
público que ocuparia a tribuna do Senado ou qualquer outro cargo público para fazer política.
IDADE MÉDIA
Durante o período medieval na Europa, o ensino foi controlado pela Igreja Católica que, a partir do
século VI, tornou-se o único poder capaz de estabelecer uma dominação relativamente universal.
Mas o que queremos dizer exatamente quando usamos o conceito de Idade Média ?
O historiador brasileiro Hilário Franco Jr. mostra como Idade Média é um conceito que, em última
instância, não pertence à Idade Média, mas sim ao futuro da Idade Média, quando as pessoas se
esforçaram pra entender aquele período. Assim, procedem os estudos históricos, sempre por meio
de conceitos, que muitas vezes têm mais relação com o momento em que são criados do que com
a realidade que pretendem esclarecer.
(VEIGA, 2007)
A autora mostra que, durante a Idade Média, o ensino era controlado pela Igreja, possuindo a
seguinte estrutura:
IGREJA
ESCOLAS PAROQUIAIS
Destinadas à formação dos sacerdotes
ESCOLAS MONÁSTICAS
ESCOLAS PALATINAS
Surgiram no século XIII e eram caracterizadas por um currículo mais complexo (Direito, Medicina,
Retórica e Teologia)
ESCOLAS CATEDRAIS
Não pense que a educação medieval foi exclusivamente vinculada ao misticismo religioso. Nesse
período, observou-se uma abundante atividade intelectual. Por volta do século XII, ocorreu um
movimento de complexificação da educação medieval com o surgimento das universidades.
Foi nesse momento, segundo a autora, que começou um processo, ainda tímido, de laicização do
ensino, por meio do qual a Igreja Católica foi lentamente perdendo o controle sobre os
estabelecimentos de ensino.
O fato de o ensino formal ser dominado pela Igreja não implicava o controle da circulação de
conhecimento no período medieval por essa instituição. Por mais forte que seja, nenhum poder é
capaz de exercer dominação total. Por isso, como explica Hilário Franco Jr. (2001), se é verdade
que a Igreja exercia grande controle sobre o pensamento pedagógico medieval, por meio de suas
instituições e do quase monopólio sobre o ensino formal, é também verdade que aquelas
sociedades encontravam outros espaços para fazer circular seus saberes: as festas populares, as
oficinas de artesanato, as feiras, a rua e tudo o que podemos chamar de cultura popular.
Fonte: Anagoria
RUMO À MODERNIDADE
A modernidade trouxe mudanças estruturais no mundo, incluindo, obviamente, as práticas de
transmissão de conhecimento, às quais chamamos genericamente de Educação.
O historiador alemão Hans Ulrich Gumbrecht (2015) nos ajuda a entender esse longo período da
história humana, compreendido entre os séculos XVI e XXI. O autor argumenta que:
Hans Ulrich Gumbrecht, 2015. Fonte: Uliandr.
Toda e qualquer limitação para a capacidade humana de conhecer o mundo não é atribuída à
Deus, mas sim à insuficiência do método. A autoridade do conhecimento não é exatamente
subjetiva, pois não é atributo pessoal do cientista. É no método que está a autoridade. Nas
palavras do autor:
DURANTE A IDADE MÉDIA, AO CONTRÁRIO, A
AUTOIMAGEM PREDOMINANTE DO HOMEM O TERIA
APRESENTADO COMO PARTE DE UMA CRIAÇÃO
DIVINA, CUJA VERDADE OU ESTAVA ALÉM DA
COMPREENSÃO HUMANA, OU, NO MELHOR DOS
CASOS, ERA DADA A CONHECER PELA REVELAÇÃO
DE DEUS. MAIS DO QUE PRODUZIR CONHECIMENTO
NOVO, A TAREFA DA SABEDORIA HUMANA ERA
PROTEGER DO ESQUECIMENTO TODO SABER QUE
TIVESSE SIDO REVELADO – E TORNAR PRESENTE
ESSA VERDADE REVELADA PELA PREGAÇÃO, E,
SOBRETUDO, PELA CELEBRAÇÃO DOS
SACRAMENTOS. O DESLOCAMENTO CENTRAL RUMO À
MODERNIDADE, POR CONSEGUINTE, ESTÁ NO FATO DE
O HOMEM VER A SI MESMO OCUPANDO O PAPEL DO
SUJEITO DA PRODUÇÃO DO SABER (O QUAL, NA
TEOLOGIA PROTESTANTE, MUDA O STATUS DOS
SACRAMENTOS PARA O DE MEROS ATOS DE
COMEMORAÇÃO).
(GUMBRECHT, 2010)
René Descartes (1596-1650), autor desconhecido, Séc. XIX. Fonte: MRNurkova.
O filósofo que mais incorporou esses valores epistemológicos foi René Descartes (1596-1650),
autor do Discurso do Método, publicado pela primeira vez em 1650.
No texto, o autor delimita aqueles que, na sua perspectiva, seriam os quatro elementos
fundamentais do método científico:
1º: jamais acolher alguma coisa como verdadeira que eu não conhecesse evidentemente como tal,
isto é, evitar cuidadosamente a precipitação e a prevenção;
2º: dividir cada uma das dificuldades que eu tenha e examinar em tantas parcelas quantas
possíveis e quantas necessárias fossem para melhor resolvê-las;
3º: conduzir por ordem meus pensamentos, começando pelos objetos mais simples e mais fáceis
de conhecer, para subir, pouco a pouco, como por degraus, até o conhecimento dos mais
compostos (...);
4º: fazer em toda parte enumerações tão completas e revisões tão gerais que eu tivesse a certeza
de nada omitir. (DESCARTES, 1979)
O que deveria ser ensinado era justamente esse método, pois a modernidade, especialmente
depois do iluminismo no século XVIII, alçou o conhecimento científico à posição de força motora
do progresso. Assim, a educação moderna está baseada na ideia de que os estudos
científicos devem ser ensinados visando o progresso do aluno e o da sociedade. Essa
maneira de pensar o objetivo da educação foi radicalmente transformada a partir do final do século
XX, como veremos a seguir.
René Descartes (1596-1650) , Frans Hals, séc XV. Fonte: Dedden.
ESCOLAS GREGAS
ESCOLAS ROMANAS
ESCOLAS ECLESIÁSTICAS
Valorizada com as elites, em especial burguesas, tentando incorporar e fomentar-se com seus
valores
Em cada uma dessas escolas estavam presentes a cultura social e seus anseios. Nosso desafio é
aprender a analisar a cultura e dinamizá-la com esses prédios – no caso da contemporaneidade,
os clássicos prédios das escolas.
Você reviu uma ideia de cultura que vem da interpretação humana e de sua capacidade de
emprestar sentido às opções e à dinâmica das relações humanas. Cultura e escola sempre
estiveram relacionadas e vivenciadas.
Uma vez conceituadas cultura e escola, passaremos a relacionar esses conceitos, concentrados
nas dinâmicas contemporâneas.
Fonte: Shutterstock
ESCOLA
Neste vídeo, conheceremos mais sobre o conceito de escola, sua origem, evolução e seu lugar na
contemporaneidade. Vamos assistir!
VERIFICANDO O APRENDIZADO
ATENÇÃO!
Para desbloquear o próximo módulo, é necessário que responda corretamente a uma das
seguintes questões.
A) Entre os gregos, já existia o projeto de inclusão geral e irrestrita, o que garantia às mulheres e
aos estrangeiros o mesmo acesso à educação e à atividade política.
B) Entre os gregos, a Educação, chamada de Paideia, era restrita ao espaço rural, uma vez que
era destinada ao ensino de técnicas agrícolas, fundamentais para a sobrevivência material
daquela sociedade.
C) Entre os gregos, a Educação, chamada de Paideia, era considerada como o preparo para o
exercício da cidadania na pólis democrática, sendo, por isso, condicionada aos mesmos critérios
de exclusão da cidadania: restrita a homens nascidos em Atenas.
D) Entre os gregos, a Educação, chamada de Paideia, era restrita aos iniciados nos mistérios
religiosos, sendo voltada, por isso, à formação dos oráculos, que naquela sociedade atuavam com
conselheiros dos governantes.
C) A modernidade deslocou o centro da autoridade do método para a figura divina, o que foi
incorporado por Tomás de Aquino e Santo Agostinho em seus tratados teológicos.
GABARITO
A Paideia grega era vista como o preparo para o exercício da cidadania, atendendo aos mesmos
critérios de exclusão da democracia, contemplando apenas homens nascidos em Atenas.
Precisamos lembrar que a sociedade ocidental se considera herdeira da sociedade greco-romana.
Nesse sentido, o papel da Paideia é central na percepção dos conceitos que construímos.
As escolas são representantes do palco de disputa social. Se uma sociedade é marcada pelo
racismo, a escola poderá reproduzi-lo. Se a sociedade está imersa em uma crise ou no auge de
processos de produção, a escola possivelmente reproduzirá esses elementos.
CAMPANHA
ÁRVORES NA PRAÇA
Participe!
Agora que já entendemos o que é cultura e como a escola ocidental foi criada e repensada pelas
influências de sua sociedade chegamos ao desafio final:
Perceber de maneira complexa o contexto em que vivemos, a nossa cultura e, com isso, entender
melhor a escola que nós vivemos.
Uma vez fundamentado, queremos que você reconheça esse processo: cultura e escola no seu
próprio mundo.
A razão neoliberal não é apenas um modelo de desenvolvimento econômico, tampouco pode ser
resumida apenas à máxima do Estado mínimo, como muitas vezes acontece no debate público. A
razão neoliberal prevê a intervenção do Estado na vida social, mas numa perspectiva distinta
daquelas que caracterizaram o keynesianismo e o socialismo, que possuíam algum horizonte de
justiça social.
Segundo a razão neoliberal, o Estado deve criar condições para a livre competição entre
indivíduos, alterando radicalmente o projeto iluminista de educação forjado entre os séculos XVI e
XVIII. A educação não é mais vista como um projeto de difusão das luzes do conhecimento
científico, visando o progresso coletivo, mas sim como a aquisição de competências que
qualifiquem o sujeito para a disputa.
Stephen Ball, Ivor Goodson e Meg Maguire escreveram um livro sobre os efeitos dessa
racionalidade neoliberal na educação escolar e universitária.
A EDUCAÇÃO ILUMINISTA DEMANDAVA O TEMPO
LONGO, POIS O DESENVOLVIMENTO INDIVIDUAL E
COLETIVO NAS LUZES DA RACIONALIDADE CIENTÍFICA
ERA PROGRESSIVO, ERA UM TEMPO PEDAGÓGICO DE
ESPERA. NO CAPITALISMO GLOBALIZADO E
NEOLIBERAL, A CULTURA PEDAGÓGICA PASSA A
ESTAR CONDICIONADA A OUTRO TIPO DE
TEMPORALIDADE. É O TEMPO CURTO DO CONSUMO,
COM O OBJETIVO DE PREPARAR O INDIVÍDUO PARA A
COMPETIÇÃO SOCIAL E MATERIAL.
A educação deixou de ser vista como um patrimônio coletivo para ser tratada como um produto,
que deve ser estrategicamente produzido em função do consumo. Isso explica, segundo os
autores, o uso do vocabulário empresarial no trato dos assuntos pedagógicos: gestão,
flexibilização, racionalidade, custos e lucro são termos comuns na rotina das empresas que se
especializaram no comércio de serviços educacionais.
Para os estudiosos, isso significa a perda de autonomia do trabalho pedagógico, que agora
atende, em primeiro plano, aos interesses do mercado e não aos seus próprios objetivos.
Fonte: Shutterstock
MULTICULTURALISMO E AS RUPTURAS
CONTEMPORÂNEAS
Desde meados do século XX, a agenda do multiculturalismo está posta no debate pedagógico
internacional. O trauma das duas guerras mundiais, marcadas pela radicalização do nacionalismo
e pela atuação bélica dos regimes autoritários de matriz fascista, despertou o interesse pela
defesa das diferenças culturais, preocupação que foi institucionalizada na fundação da
Organização das Nações Unidas em 1945.
O consenso global na época era de que um mundo estável e pacífico dependia diretamente da
capacidade das nações de conviverem umas com as outras, em um ambiente de respeito às
diversidades. Ainda que nas últimas décadas esse consenso global não tenha sido tão consensual
assim, o que explica a ocorrência de inúmeros conflitos, a agenda do multiculturalismo se tornou
canônica nos manuais pedagógicos ocidentais.
A partir da década de 1990, aconteceu uma sensível transformação nessa agenda pedagógica, e
o elogio à diversidade deu lugar à busca por outras formas de ensinar, a partir de conhecimentos
locais, periféricos no mundo hegemonizado pelo ocidentocentrismo. Essas perspectivas
pedagógicas passam a ser chamadas de pós-colonial, quando se referem às culturas asiáticas e
africanas, e decolonial, quando se referem às culturas nativas americanas.
Por que as aulas de Ciência também não abordam conteúdos não ocidentais?
SAIBA MAIS
Como mulher mestiça, chicana, Anzaldúa não se via representada naquele conteúdo escolar, que,
na sua percepção, não tinha nada de universal.
O erro do sistema educacional chancelado pelo Estado seria tratar certos conteúdos pedagógicos
como derivados de uma cientificidade universalmente válida, independente da realidade e das
vivências dos estudantes.
Freire ganhou notoriedade ao criar um método de alfabetização para jovens e adultos segundo o
qual o conteúdo a ser ensinado deveria ser idealizado a partir das experiências culturais dos
alunos. Ou seja, o aluno não deveria ser o objeto de uma intervenção pedagógica originada de um
lugar hierarquicamente superior. É a intervenção pedagógica que deve ser pensada a partir das
experiências e do cotidiano do próprio aluno.
A escola, apesar de muitas vezes ser pensada como o espaço que alinha, direciona e coloca
todos no mesmo discurso hegemônico é, na prática, ícone da diversidade cultural presente em
qualquer sociedade. Reproduz em seu cotidiano e é palco de importantes disputas que se
materializam sobre o estudo da cultura.
SAIBA MAIS
(FOUCAULT, 2006)
Neste vídeo, o professor nos apresenta a evolução histórica da relação entre cultura e escola,
alcançando sua visão contemporânea. Vamos assistir!
VERIFICANDO O APRENDIZADO
ATENÇÃO!
Para desbloquear o próximo módulo, é necessário que responda corretamente a uma das
seguintes questões.
D) No plano da Educação, a razão neoliberal esvaziou a razão iluminista, à medida que passou a
tratar a Educação como um projeto coletivo de emancipação por meio do conhecimento científico .
GABARITO
Conclusão
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Neste tema, percebemos a relação entre cultura e escola em experiências distintas ao longo da
história ocidental. Na antiguidade grega, a educação era considerada como o preparo para a vida
política, porque a democracia era o principal valor daquela sociedade. Na Idade Média, a
educação era atravessada por valores teológicos porque, naquelas sociedades, Deus era
considerado a potência organizadora do mundo. Logo, estudar significava interpretar os sinais
divinos.
Na modernidade, a educação foi marcada pelo princípio do método científico porque a Ciência é o
valor moderno mais importante, ocupando o lugar que já foi da política e da religião. Na
contemporaneidade, a flexibilização neoliberal e o horizonte da representatividade pautam as
discussões relativas à cultura escolar.
AVALIAÇÃO DO TEMA:
REFERÊNCIAS
BOSI, A. Colo-Cultus-Cultura. In: BOSI, A.; MONTEIRO, P. M. Colony, cult and culture.
Dartmouth: University of Massachusetts Press, 2008.
DARDOT, P.; LAVAL, C. A nova razão do mundo: ensaio sobre a sociedade neoliberal. São
Paulo: Boitempo, 2016.
FINLEY, M. I. Os gregos Antigos. Coleção: Lugar da História, Lisboa: Edições 70, 1963.
MARX, K. Contribuição à crítica da economia política. São Paulo: Expressão Popular, 2015.
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CONTEUDISTA
CURRÍCULO LATTES