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Introdução Aos 4 Evangelhos

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Frei Diones Rafael Paganotto, oad Semana Bíblica (28/09 - 02/10/15)

Paróquia Papa São João XXIII (Colider – MT ) 1


Frei Diones Rafael Paganotto, oad Semana Bíblica (28/09 - 02/10/15)

CAPITOLO I.

INTRODUÇÃO AO EVANGELHO

1. O QUE É UM EVANGELHO

1.1 Definição de evangelho

- Primeira pergunta: tente responder o que significa a palavra “evangelho”...


o A palavra “evangelho” vem do termo grego (língua do NT) EUANGHÉLION
EU = BOM
ANGHÉLION = NOTÍCIA, ANÚNCIO, MENSAGEM
o Já era usada antes de Cristo para indicar “boas notícias” no Império Romano, no
Antigo Testamento e no dia a dia das pessoas.
o Evangelizar = dar boas notícias.
- Evangelho passa a indicar duas coisas:
o A mensagem de Jesus
o O próprio Jesus

Mc 1,1 Princípio do Evangelho de Jesus Cristo, Filho de Deus.

Mc 1,14 Depois que João foi preso, veio Jesus para a Galiléia proclamando o Evangelho de Deus:
“Cumpriu-se o tempo e o Reino de Deus está próximo. Arrependei-vos e credes no Evangelho”.

- Segunda pergunta: tente, agora, responder o qual é o evangelho que devemos anunciar...
o Jesus não mandou escrever, mas pregar:

Mt 10,7 Dirigindo- vos a elas, proclamai que o Reino dos Céus está próximo.
Mc 16,15 E disse-lhes: “Ide por todo o mundo, proclamai o Evangelho a toda criatura”.

- Pregar o resumo do evangelho é chamado KERIGMA:


o A morte e ressurreição de Cristo (1Cor 15,3-8)
o O convite à conversão e ao batismo (Lc 24,46-47)
o A parusia de Cristo (1Ts 4,15-17)
- Esta é a boa notícia: Cristo morreu e ressuscitou por nós, devemos nos converter e ser
batizados, pois Ele virá uma segunda vez no fim dos tempos!

1.2 Escrever um evangelho

- Para anunciar esta boa notícia, alguns discípulos escreveram um longo texto para:
o Transmitir várias informações sobre Jesus, porque com o tempo muita coisa poderia
ser perdida.
o Para que as pessoas conhecessem quem foi Jesus e o que Ele fez.
o Para que as pessoas se convertessem e recebes-sem o batismo.
o “Scripta manent, verba volant”

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- Esta boa notícia chegou até nós através destes textos escritos por Mateus, Marcos, Lucas e
João. Cada um transmitiu estas informações do seu jeito, com a sua história e cultura, com a
sua comunidade.

2. EVANGELHO ESCRITO

2.1 Tradição oral

- A cultura grega e judaica, na época de Cristo, valorizava muito a tradição oral.


- As informações se passavam de pai para filho ou entre as pessoas: RECEBER
TRANSMITIR
1Cor 15,1 Lembro-vos, irmãos, o evangelho que vos anunciei, que recebestes, no qual permaneceis
firmes, 3 Transmiti-vos, em primeiro lugar, aquilo que eu mesmo recebi: Cristo morreu por nossos
pecados, segundo as Escrituras. 4 Foi sepultado, ressuscitou ao terceiro dia, segundo as Escrituras.
5 Apareceu a Cefas, e depois aos Doze. 6Em seguida, apareceu a mais de quinhentos irmãos de
uma vez, a maioria dos quais ainda vive, enquanto alguns já adormeceram. 7 Posteriormente,
apareceu a Tiago, e, depois, a todos os apóstolos. 8 Em último lugar, apareceu também a mim
como a um abortivo. 9 Pois sou o menor dos apóstolos, nem sou digno de ser chamado apóstolo,
porque persegui a Igreja de Deus

- Com o tempo, porém, as testemunhas diretas e oculares morriam e muitas informações


distorcidas surgiam sobre Jesus.
- As principais comunidades decidem colocar as informações seguras por escrito, para ter uma
base canônica e sólida sobre a qual se basear.

2.2 Evangelho segundo...

- Na Missa ouvimos: Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo...


o “Jesus Cristo” é o único Evangelho, a única “boa notícia” da salvação para a
humanidade.
o “Segundo” é a visão que Mateus, Marcos, Lucas e João tiveram de Jesus.

2.3 Evangelho não é...

- A biografia de Jesus.
- A história de Jesus.
- Um livro de oração.
- Um livro de contos sobre Jesus.

2.4 Evangelho canônico

- CÂNON = bambu usado para medir medida


- CANÔNICO = livro considerado pela Igreja como inspirado por Deus.
o Um livro com origem apostólica,
o Um livro conhecido por todos.
o Desde o início da Igreja.
o Para transmitir a salvação.
- Irineu de Lião (180 d.C. – Adversus Haresis III, 1,8-9):
Em todos os lugares desde sempre, todas as igrejas lêem quatro textos que chamamos de
Evangelhos, e são segundo: Mateus, Marcos, Lucas e João.

Jo 20,30 Jesus fez ainda, diante de seus discípulos, muitos outros sinais, que não se acham
escritos neste livro. 31 Esses, porém, foram escritos para crerdes que Jesus é o Cristo, o Filho de
Deus, e para que, crendo, tenhais vida em seu nome.

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2.5 Evangelho apócrifo

- APÓ = afastar, à parte, tirar


- CRIFO = esconder
o Um livro lido por poucos (escondido).
o Um livro escrito por alguns com a intenção de transmitir apenas algumas informações.
o Pode ser um livro interessante, todos podem ler tais textos, mas eles nunca serão
canônicos inspirados por Deus.
- Apócrifo não é sinônimo de:
o Histórias ocultas da Bíblia,
o Verdades secretas do cristianismo,
o Textos proibidos e escondidos pelo Vaticano,
o Novos evangelhos.
- Atualmente se conhecem cerca de 60 textos apócrifos em relação ao NT (27 livros).
- O Evangelho de Tiago fala, por exemplo, de “Joaquim e Ana”, “apresentação de Maria”.

2.6 Evangelho sinótico

- SIN = junto
- ÓTICO = olho/ver
o Evangelhos sinóticos podem ser lidos em três colunas e batendo os olhos, percebemos
que são muito parecidos (visão simultânea):

Mt Mc Lc Jo

3. EVANGELHO NA HISTÓRIA

3.1 Evangelhos na história da Igreja

- O evangelho escrito que nós conhecemos é ponto final de um longo processo que várias
comunidades fizeram da sua experiência sobre Jesus e a salvação.
- Como sabemos que o evangelho de Mateus foi escrito por Mateus? O nome do evangelista
está no texto bíblico?
- Cada evangelista pertencia a uma comunidade apostólica.
o Mateus (apóstolo)
o João (apóstolo)
o Lucas ( Paulo)
o Marcos ( Pedro)
- É a tradição da Igreja que nos diz que foi Mateus que escreveu o evangelho segundo Mateus.
o Mateus
+ 130: Pápias, Bispo de Hierápolis (Ásia Menor):
Mateus, por sua parte, pôs em ordem os dizeres na língua hebraica, e cada um depois os traduziu
como pode” (Eusébio, História da Igreja III, 39,16).
+ 160 Irineu, Bispo de Lião (França):
Mateus compôs o Evangelho para os hebreus na sua língua, enquanto Pedro e Paulo em Roma
pregavam o Evangelho e fundavam a Igreja.” (Adv. Haereses II, 1,1).
o Marcos
+ 130: Pápias, Bispo de Hierápolis (Ásia Menor):
Marcos, intérprete de Pedro, escreveu com exatidão, mas sem ordem, tudo aquilo que recordava
das palavras e das ações do Senhor; não tinha ouvido nem seguido o Senhor, mas, mais tarde,
Pedro. Ora, como Pedro ensinava, adaptando-se às várias necessidades dos ouvintes, sem se
preocupar em oferecer composição ordenada das sentenças do Senhor, Marcos não nos enganou
escrevendo conforme recordava; tinha somente esta preocupação, nada negligenciar do que tinha
ouvido, e nada dizer de falso (Eusébio, História da Igreja, III, 39,15).

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3.2 Local dos evangelhos

- Cada evangelista
elista escreveu o seu texto em uma comunidade, em locais diferentes,
diferentes segundo a
tradição da Igreja:
o Mateus:: continuou na terra santa, Jerusalém ou Antioquia?
o Marcos: seguiu Pedro até Roma.
o Lucas: companheiro de Paulo, na Grécia.
Grécia
o João: passou o fim da vida eme Éfeso.

3.3 Data dos evangelhos

- Os evangelhos não tem o nome do autor no texto, nem a data que foram escritos.
- Através de muitas comparações e hipóteses os estudiosos tentam definir uma data, mas nem
todos concordam sobre isso.
- Os evangelistas usaram varias
varias fontes escritas que circulavam sobre Jesus para escrever o
evangelho como conhecemos hoje:
Lc 1,1 Visto que muitos já tentaram compor uma narração dos fatos que se cumpriram entre nós —
2 conforme no-los
los transmitiram os que, desde o princípio, foram testemunhas
testemunhas oculares e ministros
da Palavra — 3 a mim também pareceu conveniente, após acurada investigação de tudo desde o
princípio, escrever-te
te de modo ordenado, ilustre Teófilo, 4 para que verifiques a solidez dos
ensinamentos que recebeste.
- 1ª CONCLUSÃO LUCAS NÃO PODE SER O EVANGELHO MAIS ANTIGO!

- Cada uma destas passagens se encontra em um único evangelho:


o Parábola do joio e do trigo. Mt
o Parábola dos operários da última hora. Mt
o As bem-aventuranças.
aventuranças. Mt
o Anunciação do anjo a Zacarias no Templo. Lc
o Parábola do filho pródigo. Lc
o Visita de Maria a Isabel. Lc
o Parábola do bom samaritano. Lc
o As bodas de Caná Jo
o O encontro com a samaritana no poço. Jo
o A morte de Lázaro e reanimação. Jo
o Jesus lava os pés aos discípulos. Jo
- 2ª CONCLUSÃO:
CLUSÃO: MARCOS NÃO TEM TEM PRATICAMENTE NENHUMANENH PASSAGEM
EXCLUSIVA, SOMENTE DELE! D PROVAVELMENTE, MARCOS MARCO É A BASE DE
MATEUS E LUCAS E É O MAIS ANTIGO!
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- Outras passagens estão presentes só em Mateus e Lucas.


o As tentações de Jesus no deserto. Mt – Lc
o A oração do Pai nosso. Mt – Lc
o Parábola dos talentos. Mt – Lc
o A parábola da casa construída sobre a rocha. Mt – Lc
- 3ª CONCLUSÃO: MATEUS E LUCAS TÊM PASSAGENS EM COMUM QUE
MARCOS E JOÃO NÃO CONHECEM.

- Deste modo foi desenvolvida a teoria das duas fontes:


o Mc = texto mais antigo (base de Mt e Lc)
o Mt = Mc + “Q”1 + ... [“Mt”]
o Lc = Mc + “Q” + ... [“Lc”]

1. MARCOS fonte Q 1. MARCOS

2. fonte Q 2. fonte Q
MARCOS
3. Fonte Mt 3. Fonte Lc
Evangelho Evangelho Evangelho
Evangelho
segundo segundo segundo
segundo
MATEUS MARCOS LUCAS
JOÃO

- Marcos foi o primeiro evangelho a ser escrito em Roma, pelo menos 30 anos após a ressur-
reição de Jesus + 60
- Mateus foi escrito na terra santa para os judeus depois de Marcos + 80
- Lucas foi escrito em uma comunidade paulina para os gregos depois de Marcos + 80
- João foi o último e utiliza uma linguagem muito diferente dos outros + 90

4. VOCABULÁRIO

4.1 Temas importantes

- Todos os evangelhos têm os seguintes temas:


o Batismo de Jesus
o Ministério de Jesus
Convite à conversão
Milagres
Parábolas
Confronto com as autoridades religiosas
o Paixão – Morte – Ressurreição em Jerusalém
o Missão dos discípulos

1
Este documento perdido que foi usado por Mateus e Lucas (sobretudo para os discursos de Jesus) é chamado de Fonte Q (alemão: Quelle
= fonte).
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4.2 Palavras importantes

- Parábola:
o PARA (junto) + BALLO (jogar, colocar)
o Parábola é comparação simples e prática.
o Já presente no AT (cf. Is 5,1-7) e largamente usada por Jesus no seu ministério.
o Jesus contou mais de 40 parábolas.
o Jesus conta parábolas agrícolas, já Paulo utiliza exemplos urbanos.
o
Mc 4,30 E dizia: “Com que compararemos o Reino de Deus? Ou com que parábola o
apresentaremos? 31 É como um grão de mostarda...”

- Milagre:
o É a intervenção direta de Deus sobre uma pessoa ou uma situação quebrando a ordem
natural ou sobrenatural das coisas.
o A ciência não consegue explicar o acontecimento consideramos um milagre!
o É sinônimo de cura:
o Reanimação de Lázaro, cego de nascença, homem da mão seca, Bodas de Caná, etc.
- Possessão demoníaca:
o Antigo Testamento utiliza muitas vezes a presença dos anjos e pouco dos demônios.
o Novo Testamento apresenta muito mais a presença demoníaca em possessões ou
tentações.
Homem = corpo + alma (Espírito Santo)
Possessão demoníaca é a dominação pelo espírito maligno que leva a pessoa a
fazer algo sobrenatural ou muito diferente do que está acostumada.
o Vocabulário
Satán (hebraico) = adversário.
Diábolos (grego) = divisor (≠ símbolos).
Dêmone (grego) = sobre-humano, sobrenatural.
Lúcifer, Belzebú, etc são simplesmente nomes.

4.3 Títulos e nomes de Jesus

- Jesus (heb.) = Deus salva


- Messias (heb.) = ungido
- Cristo (gr.) = ungido
- Filho do Homem (AT) = relação à humanidade – figura transcendente (cf. Dn 7).
- Filho de Deus (NT) = relação à Trindade

4.4 Idade de Jesus

- É costume dizer que Jesus morreu com 33 anos. Esta informação está nos evangelhos?
o Lucas diz que Jesus tinha 30 anos após o batismo:
Lc 3,23 Ao iniciar o ministério, Jesus tinha mais ou menos trinta anos e era, conforme se supunha,
filho de José.

o João diz que Jesus foi 3x para Jerusalém:


Jo 2,13 Estando próxima a Páscoa dos judeus, Jesus subiu a Jerusalém.
Jo 6,4 Estava próxima a Páscoa, a festa dos judeus.
Jo 11,55 Ora, a Páscoa dos judeus estava próxima.

- Como a Páscoa ocorria a cada ano, Jesus foi, segundo João, ao menos três vezes para
Jerusalém em três anos.
- 30 (Lc) + 3 (Jo) = 33

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o Mas Jesus tinha mais ou menos trinta anos...
o Além do mais, poderia ter ido três vezes para Jerusalém ao longo de vários anos.
- Resta hipotética a idade de Jesus com 33 anos no momento de sua morte e ressurreição.

4.5 Locais de Jesus

- Estamos acostumados
stumados a ouvir alguns nomes:
o Mar da Galiléia – local do ministério
o Jerusalém – visitas e morte/ressurreição
o Cafarnaum – principal cidade base do ministério
o Tiro e Sidônia – pagãos
o Decápole – pagãos
o Nazaré – cidade da infância
o Belém – cidade natal

4.6 Diferenças nos evangelhos

- Algumas diferenças claras:


o Sentar-se
se à direita e à esquerda de Jesus.
Mt 20,20 Então a mãe dos filhos de Zebedeu, juntamente com os seus filhos, dirigiu-se
dirigiu a ele,
prostrando-se, para fazer-lhe
lhe um pedido.
Mc 10,35 Tiago e João, os filhos
lhos de Zebedeu, foram até Ele e disseram-lhe:
disseram “Mestre,
Mestre, queremos que
nos faças o que vamos Te pedir”.
pedir

o Número de testemunhas da ressurreição


Mc 16,1 Passado o sábado, Maria Madalena e Maria, mãe de Tiago e Salomé compraram aromas
para ir ungir-lO. 2 De madrugada,
rugada, no primeiro da semana, elas foram ao túmulo ao nascer do sol.
Mt 28,1 Após o sábado, ao raiar do primeiro dia da semana, Maria Madalena e a outra Maria vieram
ver o sepulcro.
Jo 20,1 No primeiro dia da semana, Maria Madalena vai ao sepulcro, de madrugada,
madrugada, quando ainda
estava escuro, e vê que a pedra fora retirada do sepulcro.

o 1ª aparição aos discípulos após a ressurreição


Mc 16,7 Mas ide dizer aos seus discípulos e a Pedro que Ele vos precede na Galiléia. Lá o vereis,
como vos tinha dito.
Mt 28,10 Então Jesus disse: “Não
Não temais! Ide anunciar a meus irmãos que se dirijam para a Galiléia;
lá me verão”.
Jo 20,9 À tarde desse mesmo dia, o primeiro da semana, estando fechadas as portas onde se
achavam os discípulos, por medo dos judeus, Jesus veio e, pondo-se
pon se no meio deles, lhes disse: “A
paz esteja convosco!”

5. EVANGELHO E LITURGIA

5.1 Evangelho na liturgia

- Com o 1º domingo do Avento inicia-se


inicia se o Ano litúrgico, centralizado na Páscoa e no Natal de
Jesus Cristo.
- Cada ano a Igreja dedica a atenção à leitura de um evangelho, de forma continuada todos os
domingos do ano.
o Ciclo dominical:
A = Mateus
B = Marcos
C = Lucas João = ocasiões especiais (narrações muito longas)

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o Ciclo semanal:
Ímpar
Par

5.2 Símbolos dos evangelistas

- Santo Ambrósio (†397) fez a relação das imagens dos animais com os evangelistas:
Ez 1,10 Quanto às suas faces, tinham forma semelhante à de um homem, mas os quatro
apresentavam face de leão do lado direito e todos os quatro apresentavam face de touro do lado
esquerdo. Ademais, todos os quatro tinham face de águia.
Ap 4,7 O primeiro Ser vivo é semelhante a um leão; o segundo Ser vivo, a um touro; o terceiro tem a
face como de homem; o quarto Ser vivo é semelhante a uma águia em vôo.

- O critério é o início de cada evangelho:


o Mateus – homem: inicia com a genealogia de Jesus, com uma série de homens (Mt
1,1-17).
o Marcos – Leão: inicia com Jesus e as tentações no deserto (Mc 1,12).
o Lucas – Touro: inicia com o sacrifício de animais no Templo com o sacerdote
Zacarias (Lc 1,5-8).
o João – Águia: inicia com uma visão do alto, Jesus o Verbo de Deus (Jo 1,1-2).

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CAPITOLO II.

EVANGELHO DE MARCOS

1. AMBIENTE DE MARCOS

1.1 Autor

- Antiga tradição da Igreja aponta Marcos como autor do evangelho, um jovem de Jerusalém.
At 12,12 [Depois de ser libertado, em Jerusalém, Pedro] dando-se conta da situação, dirigiu-se à
casa de Maria, a mãe de João, o que tem o cognome de Marcos. Ali se encontravam muitos,
reunidos em oração. 13 Batendo ele ao postigo do portão, veio uma criada, chamada Rode, para
ver quem era. 14 Tendo reconhecido a voz de Pedro, ficou tão alegre que não lhe abriu. Ao invés,
correndo para dentro, anunciou que Pedro estava ali, diante do portão.
At 12,25 Quanto a Barnabé e Saulo, depois de se terem desempenhado do seu ministério em
Jerusalém, regressaram, levando consigo João, cognominado Marcos.

- Marcos era primo de Barnabé, mas voltou para Jerusalém, depois da 1ª viagem missionária
com Paulo.
- Depois se tornou discípulo de Pedro em Roma.
Col 4,10 Saúdam-vos Aristarco, meu companheiro de prisão, e Marcos, primo de Barnabé, a
respeito de quem já vos dei instruções: se ele aparecer por aí, recebei-o.
1Pd 5,13 A que está em Babilônia, eleita como vós, vos saúda, como também Marcos, o meu filho.

- Marcos conhecia algumas pessoas que talvez, morassem em Roma.


Mc 15,21 Requisitaram um certo Simão Cireneu, que passava por ali vindo do campo, para que
carregasse a cruz. Era o pai de Alexandre e de Rufo.
Rm 15,13 Saudai a Rufo, este eleito do Senhor, e sua mãe, que é também minha.

- Marcos deveria ser jovem durante a prisão de Jesus.


Mc 15,51 Um jovem o seguia, e a sua roupa era só um lençol enrolado no corpo. E foram agarrá-lo.
52 Ele, porém, deixando o lençol, fugiu nu.

1.2 Lugar de origem

- Marcos escreve, provavelmente, em Roma.


o Era a capital do Império Romano.
o Aproximadamente 1 milhão de habitantes.
o Pequena comunidade cristã, mas muitos judeus.
- Suetônio, historiador romano, escreveu que Cláudio ordenou a expulsão dos judeus de Roma
(+ 49 d.C.) por causa de um tumulto dos judeus.
o Instigação de Chrestus: o conflito incitado pela pregação sobre Cristo.
o Entre os expulsos estavam os cristãos Priscila e Áquila (cf. At 18,2).
- Nero, após a morte de Cláudio (54 d.C.), permitiu que os judeus voltassem.
- Provavelmente, Marcos chega a Roma.

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1.3 Destinatários

- Marcos escreve em Roma.


o Uma comunidade que começa a ser perseguida por Nero que acusará os cristãos de
terem incendiado parte da cidade (64 d.C.).
o Cristãos de origem pagã e poucos judeus que se aceitaram Jesus como o Messias.
- Marcos explica, por exemplo, alguns ritos judaicos para os romanos que nunca tinham ido a
Jerusalém:
Mc 7,3 Os fariseus, com efeito, e todos os judeus, conforme a tradição dos antigos, não comem sem
lavar o braço até o cotovelo, 4 e, ao voltarem da praça pública, não comem sem antes se aspergir, e
muitos outros costumes que observam por tradição: lavagem de copos, de jarros, de vasos de
metal.

- Marcos usa termos que os romanos estavam acostumados:


Mc 12,42 Vindo uma pobre viúva, lançou duas moedinhas, isto é, um quadrante.
Mc 6,27 E logo o rei Herodes enviou um executor, com ordens de trazer a cabeça de João.
Mc 15,39 O centurião, que se achava bem defronte dEle, vendo que havia expirado desse modo,
disse: “Verdadeiramente este homem era Filho de Deus!”

1.4 Estilo

- Marcos narra os fatos com vivacidade:


Mc 3,9 E Ele disse a seus discípulos que deixassem um pequeno barco à sua disposição, para que
o povo não o apertasse.
Mc 3,20 E voltou para casa. E de novo a multidão se apinhou, de tal modo que eles não podiam
nem se alimentar.
Mc 5,25 Ora, certa mulher que havia doze anos tinha um fluxo de sangue 26 e que muito sofrera
nas mãos de vários médicos, tendo gasto tudo o que possuía sem nenhum resultado, mas cada vez
piorando mais.

- Marcos repete o termo “logo”:


Mc 1,21 Entraram em Cafarnaum e, logo no sábado, foram à sinagoga. 23 E logo, estava na
sinagoga deles um homem possuído de um espírito impuro, que gritava. 28 E logo a sua fama se
espalhou em todos o lugar, em toda a redondeza da Galiléia. 29 E logo ao sair da sinagoga, foi à
casa de Simão e de André, com Tiago e João. 30 A sogra de Simão estava de cama com febre, e
eles logo mencionaram a Jesus.

- Também repete “de novo” (cf. Mc 2,1.13; 3,1).


- Sublinha que os discípulos não entendem por causa da dureza do coração (cf. Mc 3,5; 6,52;
8,17).
- Usa termos em aramaico:
o Mc 3,17 Boanerges filhos do trovão
o Mc 5,41 Talita Kum Menina levanta-te
o Mc 7,11 Korbán oferta sacra
o Mc 7,34 Effatá abre-te
o Mc 10,51 Rabbuni meu mestre
o Mc 14,36 Abbá papai

- Marcos apresenta Jesus mais humano.


o Mc 3,5 sente compaixão
o Mc 4,38 dorme
o Mc 5,30-32; 9,16.21.33 pergunta para saber
o Mc 6,6 se espanta
o Mc 8,12 respira fundo
o Mc 10.16 abraça as crianças

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o Mc 10,21 olha com carinho
o Mc 11,12 tem fome

- Jesus tem poucos discursos:


o Mc 4 – parábolas
o Mc 13 – escatologia
o Jesus tem muitas ações, milagres e encontros com as pessoas (40% do evangelho).

- Marcos tem o estilo mais simples de todos os evangelistas.


o Como é o primeiro a escrever um evangelho, Marcos narra somente o essencial.
o O grego de Marcos tem erros gramaticais e muitas repetições (vocabulário pobre).

2. ESTRUTURA DE MARCOS

- Os evangelhos não tem um índice, mas lendo o texto descobrimos algumas características que
mostram qual era a idéia de Marcos quando escreveu o seu texto.
- Marcos tem 16 capítulos, como eles estariam divididos?

2.1 Esquema geográfico

- Mc 1,1 – 7,23: Batismo e ministério na Galiléia


- Mc 7,24 – 10,52: Ministério entre os pagãos
- Mc 11,1 – 16,19: Ministério em Jerusalém

2.2 Esquema da revelação de Jesus

- Marcos apresenta Jesus com alguns títulos.


Mc 1,1 Princípio do Evangelho de Jesus Cristo, Filho de Deus.

- Pedro reconhece Jesus como o “Cristo”:


Mc 8,29 “E vós, perguntou Ele, quem dizeis que eu sou?” Pedro respondeu: “Tu és o Cristo”.

- Centurião reconhece Jesus como “Filho de Deus”


Mc 15,39 O centurião, que se achava bem defronte dEle, vendo que havia expirado desse modo,
disse: “Verdadeiramente este homem era Filho de Deus!”

- Um Apóstolo (povo de Israel) reconhece Jesus como o Messias, o Cristo que foi enviado por
Deus para salvar o povo escolhido.
- Um pagão (outros povos) reconhece Jesus como o Filho de Deus, enviado para salvar toda a
humanidade.

2.3 1ª parte: MESSIAS

- Realiza algumas curas


- Disputa com os fariseus
- As multidões começam a seguir Jesus
- Jesus conta parábolas para ensinar
- Manda os discípulos em missão
- Multiplicação dos pães

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2.4 2ª parte: FILHO DE DEUS

- Jesus anuncia a paixão e morte


- Transfiguração
- Ensina os discípulos que não entendem
- Jerusalém: disputa com os fariseus
- Discurso escatológico
- Paixão - Morte - Ressurreição
- Aparição - Ascenção

3. TEOLOGIA DE MARCOS

3.1 Os adversários de Jesus

- Jesus encontra durante o seu ministério na Galiléia e em Jerusalém as autoridades religiosas


da época:
o Saduceus – sacerdotes
Mc 12,18 Então foram até Ele alguns saduceus (os quais dizem não existir ressurreição) e o
interrogam: 19 “Mestre, Moisés deixou-nos escrito: Se alguém tiver irmão que morra deixando
mulher sem filhos, tomará ele a viúva e suscitará descendência para o seu irmão. 20 Havia sete
irmãos.

o Herodianos – políticos
Mc 12,13 Enviaram-lhe, então, alguns dos fariseus e dos herodianos para enredá-lo com alguma
palavra. 14 É lícito pagar imposto a César ou não? Pagamos ou não pagamos?”

o Fariseus – leigos escrupulosos


Mc 2,16 Os escribas dos fariseus, vendo-O comer com os pecadores e os publicanos, diziam aos
discípulos dele: “Quê? Ele come com os publicanos e pecadores?” 24 Os fariseus disseram-lhe:
“Vê! Como fazem eles o que não é permitido fazer no sábado?”

o Anciãos e Sumos sacerdotes (Jerusalém)


Mc 15,3 E os chefes dos sacerdotes acusavam-no de muitas coisas. 4 Pilatos o interrogou de novo:
“Nada respondes? Vê de quanto te acusam!”

o Escribas – estudiosos das Escrituras


Mc 3, 22 E os escribas que haviam decido de Jerusalém diziam: “Está possuído por Beelzebu”, e
também “É pelo príncipe dos demônios que Ele expulsa os demônios”.
Mc 11,18 Os chefes dos sacerdotes e os escribas ouviram isso e procuravam como O matariam;
eles O temiam, pois toda a multidão estava maravilhada com o seu ensinamento.

3.2 Os Discípulos de Jesus

- Desde o início Jesus arrasta multidões e escolhe dentre os discípulos: 12 apóstolos (enviados).
- No início, tanto os discípulos de dentro (apóstolos) como os discípulos de fora (povo em
geral) não entendem a missão de Jesus.
- Pedro reconhece Jesus como Messias, a partir de então Jesus se dedica ao grupo dos apóstolos
para prepará-los para a paixão morte e ressurreição com três anúncios.
Mc 8,31 E começou a ensinar-lhes: “O Filho do Homem deve sofrer muito, ser rejeitado pelos
anciãos, pelos chefes dos sacerdotes e pelos escribas, ser morto e, depois de três dias ressuscitar”.
32 Dizia isso abertamente. Pedro, chamando-O de lado, começou a recriminá-lo. 33Ele, porém,
voltando-se e vendo seus discípulos, recriminou a Pedro, dizendo: “Afasta-te de mim, Satanás,
porque não pensas as coisas de Deus, mas as dos homens!”
Mc 9,30-32
Mc 10,32-34

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3.3 O segredo messiânico

- Na 1ª parte do evangelho, Jesus não quer que saibam quem ele realmente é:
o As pessoas perguntam quem é Jesus,
o Jesus proíbe as pessoas e os demônios de falarem quem Ele seja.
Mc 1,34 E Ele curou muitos doentes de diversas enfermidades e expulsou muitos demônios. Não
consentia, porém, que os demônios falassem, pois sabiam quem era Ele.
Mc 7,36 Jesus os proibiu de contar o que acontecera [cura do surdo mudo]; quanto mais o proibia,
tanto mais eles o proclamavam.

3.4 A autoridade de Jesus

- Autoridade = Jesus realiza o que anuncia.


- Os milagres são prova de que Jesus é enviado por Deus: MESSIAS.

3.5 A fé em Jesus Cristo

- Marcos usa exemplos da vida de Jesus para chamar a atenção da sua comunidade:
Mc 4,40 Depois [da tempestade acalmada], Ele perguntou: “Por que tendes medo? Ainda não
tendes fé?”
Mc 5,18 Quando entrou no barco, aqueles que fora endemoninhado rogo-lhe que o deixasse focar
com Ele. 19 Ele não deixou, e disse-lhe: “Vai para tua casa e para os teus e anuncia-lhes tudo o que
fez por ti o Senhor na sua misericórdia”. 20 Então partiu e começou a proclamar na Decápole o
quanto Jesus fizera por ele. E todos ficaram espantados.
Mc 9,24 E logo, o pai do menino gritou: “Eu creio! ajuda a minha incredulidade!”

4. LEITURA DE MARCOS

- Mc 1: Jornada típica de Jesus


- Mc 2: Cura de um paralítico

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CAPITOLO III.

EVANGELHO DE MATEUS

1. AMBIENTE DE MATEUS

1.1 Autor

- Antiga tradição da Igreja aponta Mateus como autor do evangelho, um apóstolo de Jerusalém.
o + 130: Pápias, Bispo de Hierápolis (Ásia Menor):
Mateus, por sua parte, pôs em ordem os dizeres na língua hebraica, e cada um depois os traduziu
como pode” (Eusébio, História da Igreja III, 39,16).

o + 300: Eusébio, bispo de Cesaréia:


Assim eu aprendi da tradição a propósito dos quatro evangelhos, os únicos que na igreja de Deus
que é sobre a terra são admitidos sem controvérsia: o primeiro a ser escrito foi aquele de Mateus,
que foi coletor de impostos e se tornou apóstolo de Jesus Cristo, ele escreveu em hebraico para os
fiéis que provinham do judaísmo (História da Igreja VI, 25,4)

- O Evangelho usa o nome de Mateus, mas aponta a característica de um escriba:


Mt 9,9 Indo adiante, viu Jesus um homem chamado Mateus, sentado na coletoria de impostos, e
disse-lhe: "Segue-me". Este, levantando-se, o seguiu.
Mt 13,51 Entendestes todas essas coisas?" Responderam-lhe: "Sim". 52 Então lhes disse: "Por
isso, todo escriba que se tornou discípulo do Reino dos Céus é semelhante a um pai de família que
do seu tesouro tira coisas, novas e velhas".

1.2 Lugar de origem

- Mateus escreve, talvez, em Jerusalém.


o Principal cidade do judaísmo.
o Aproximadamente 30 mil habitantes.
o Foi destruída pelos romanos na “Guerra judaica” em 70 d.C.
- Uma comunidade cristã em dificuldade com as sinagogas dos judeus (muitas em Jerusalém):
Mt 4,23 Jesus percorria toda a Galiléia, ensinando nas sinagogas deles, pregando o Evangelho do
Reino e curando toda e qualquer doença ou enfermidade do povo.
Mt 10,17 Guardai-vos dos homens: eles vos entregarão aos sinédrios e vos flagelarão em
sinagogas deles.

1.3 Destinatários

- Mateus escreve para uma comunidade que era de maioria de origem judaica (≠ Mc).
- Uma comunidade que deve discutir com os judeus e que procura ser a Igreja de Deus após a
destruição de Jerusalém.
- Mateus não explica os costumes judaicos (≠ Mc).
- Mateus usa muito o Antigo Testamento.
- Apresenta a genealogia de Jesus (livro do Gênesis)
- Linguagem judaica:

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o Ligar – desligar = permitir/proibir
o Peso da Lei = autoridade da Lei
o Cidade santa = Jerusalém
o Condenar à Geena = perdição no inferno
o Lei e Profetas = Antigo Testamento
o Carne e sangue = aspecto humano
o Cão e porco = pagãos
o Reino dos céus = Igreja celeste

1.4 Estilo

1.4.1 Cumprir as Escrituras


- Cumprir as escrituras (40 citações), Mateus exagera no uso do Antigo Testamento:
MASSACRE DOS INOCENTES: Mt 2,17 Então cumpriu-se o que fora dito pelo profeta Jeremias: 18
Ouviu-se uma voz em Ramá, choro e grande lamentação: Raquel chora seus filhos e não quer
consolação, porque eles já não existem.
MUDANÇA PARA NAZARÉ: Mt 2,23 Jesus foi morar numa cidade chamada Nazaré, para que se
cumprisse o que foi dito pelos profetas: Ele será chamado Nazareu.
- Mateus apresenta Jesus como o Messias que cumpre as Escrituras:
o Sentido dos milagres,
o Início da pregação,
o Rejeição dos judeus,
o Aclamação na entrada de Jerusalém,
o Traição de Judas.

1.4.2 Igreja
- Mateus usa o termo “Igreja” (ekklesia):
Mt 16,18 Também eu te digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei minha Igreja, e as portas
do Inferno nunca prevalecerão contra ela.
Mt 18,17 Caso não lhes der ouvido, dize-o à Igreja. Se nem mesmo à Igreja der ouvido, trata-o
como o gentio ou o publicano.
- Uma nova comunidade de Deus escolhida e protegida, mas que tem responsabilidade sobre os
seus membros.

1.4.3 Discípulos
- Mateus encoraja o discípulo:
Mt 28,18 Jesus, aproximando-se deles, falou: “Toda a autoridade sobre o céu e sobre a terra me foi
entregue. 19 Ide, portanto, e fazei que todas as nações se tornem discípulos, batizando-as em
nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo 20 e ensinando-as a observar tudo quanto vos ordenei. E
eis que eu estou convosco todos os dias, até a consumação dos séculos!”

1.4.4 Língua
- Não apresenta um estilo vivaz de Jesus, mas usa um grego culto para escrever.
- É um escritor que organiza bem o material.

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2. ESTRUTURA DE MATEUS

2.1 Dois inícios

- Frases que mostram o início de uma parte:


o BATISMO - TENTAÇÕES - VOLTA À GALILÉIA
Mt 4,17 A partir desse momento, Jesus começou a pregar e a dizer: "Arrependei-vos, porque está
próximo o Reino dos Céus".
o PEDRO RECONHECE JESUS COMO MESSIAS
Mt 16,21 A partir desse momento, Jesus começou a mostrar aos seus discípulos que era necessário
que fosse a Jerusalém e sofresse muito por parte dos anciãos, dos chefes dos sacerdotes e dos
escribas.

2.2 Cinco finais

- Frases que mostram o fim de uma parte:


Mt 7,28–8,1 Aconteceu que quando Jesus terminou essas PALAVRAS.
Mt 11,11 Aconteceu que quando Jesus terminou de dar INSTRUÇÕES a seus doze discípulos,
partiu dali para ensinar e pregar nas cidades deles.
Mt 13,53 Aconteceu que quando Jesus terminou estas PARÁBOLAS distanciou-se dali.
Mt 19,1 Aconteceu que quando Jesus terminou estas PALAVRAS deixou a Galiléia.
Mt 26,1 Aconteceu que quando Jesus terminou todos estes DISCURSOS.

- Mateus usa o esquema de Marcos e divide o ministério de Jesus geograficamente: Galiléia e


Jerusalém (dois inícios).
- Mateus, porém, organiza o material em cinco discursos de Jesus com fatos que antecedem.
o As parábolas em um bloco.
o Os milagres em um bloco, etc.

1-2 NASCIMENTO

3-4 fato = início do ministério


5-7 discurso = montanha

8-9 fato = milagres


10 discurso = missão

11-12 fato = perseguição


13 discurso = parábolas

14-17 fato = formação discípulos


18 discurso = igreja

19-23 fato = confronto com Israel


24-25 discurso = escatológico

26-28 MORTE - RESSURREIÇÃO

- Obviamente Mateus não procura fazer a “história” de Jesus, pois Ele sempre contou parábolas
e fez milagres (nunca separou).
- Mateus quer ensinar quem é Jesus e fortalecer a Igreja.

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3. TEOLOGIA DE MATEUS

3.1 Mesmos temas de Marcos

- Como Marcos, também Mateus coloca Jesus:


o Disputando com “adversários”,
o Formando discípulos e anunciando 3x a sua morte e ressurreição,
o Fazendo as coisas com “autoridade”.

3.2 O Emanuel

- No início do Evangelho:
Mt 1,22 Tudo isso aconteceu para que se cumprisse o que o Senhor havia dito pelo profeta: 23 Eis
que a virgem conceberá e dará à luz um filho e o chamarão com o nome de Emanuel, o que
traduzido significa: Deus está conosco.

- E no fim:
Mt 28,20 E eis que eu estou convosco todos os dias, até a consumação dos séculos!

3.3 Partes de Mateus

3.3.1 Infância
- Jesus é o Messias esperado por Israel (genealogia)
- José é o protagonista (sonho, fuga, aceitação)

3.3.2 1º FATO: INÍCIO DO MINISTÉRIO


- João Batista: Batismo
- Tentações no deserto
- Retorno à Galiléia e primeiros discípulos

3.3.3 1º DISCURSO: MONTANHA


- Bem-aventuranças e muitos ensinamentos (falados)
- Oração, justiça, confiança em Deus, discipulado.

3.3.4 2º FATO: MILAGRES


- 10 milagres: judeu, pagão, natureza, morte,
- Tudo demonstra a autoridade e o poder de Deus.
- Perdão dos pecados.

3.3.5 2º DISCURSO: MISSÃO


- Jesus prepara e manda em missão
- Perseguição – falar sem medo – renúncia pessoal

3.3.6 3º FATO: PERSEGUIÇÃO


- Confronto com as autoridades religiosas
- Pedem sinais – julgam Jesus
- Dificuldade com os familiares

3.3.7 3º DISCURSO: PARÁBOLAS


- 7 parábolas

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3.3.8 4º FATO: FORMAÇÃO DOS DISCÍPULOS
- Multiplicações (12-7) – caminhar sobre as águas
- Curas e afastamento das autoridades religiosas
- Anúncio da ressurreição (transfiguração)

3.3.9 4º DISCURSO: IGREJA


- Servir, corrigir e perdoar na comunidade

3.3.10 5º FATO: CONFRONTO COM ISRAEL


- Parte de Israel não aceitou Jesus.
- Jerusalém discussão com as autoridades
- Parábolas sobre a morte de Jesus

3.3.11 5º DISCURSO: ESCATOLOGIA


- Julgamento final
- Fim dos tempos

3.3.12 PAIXÃO – MORTE – RESSURREIÇÃO


- Conspiração – traição
- Última ceia
- Sinédrio (judeus) – Pilatos (romanos)
- Morte – ressurreição (judeus enganam)
- Aparição

3.4 Resumo da teologia de Mateus

- Jesus é filho de Davi (AT)


- Jesus apresenta o Reino de Deus (Igreja)
- Poder e obras (milagres)
- Ensinado (parábolas)
- Formando (discípulos)
- Jesus é o “Deus conosco”

4. LEITURA DE MATEUS

- Mt 5: As bem-aventuranças
- Mt 13: As parábolas

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CAPITOLO IV.

EVANGELHO DE LUCAS
1. AMBIENTE DE LUCAS

1.1 Autor

- A tradição da Igreja sempre considerou Lucas como o autor de um evangelho:


o Irineu de Lião (+ 180 d.C. – Adv. Haresis III):
Lucas, companheiro de Paulo, anotou em um livro o evangelho que ele pregava (1,1).
Este Lucas era inseparável de Paulo e seu colaborador no Evangelho. (14,1)

o Jerônimo (+ 400 d.C. – Carta 20, ao papa Damaso, 4,4)


Entre todos os evangelistas, Lucas foi o que mais conhecia a língua grega.

o Prólogo anti-marcionista em Latim:


Lucas é um sírio de Antioquia, médico de profissão, discípulo dos apóstolos, depois seguiu Paulo
até o seu martírio, servindo Deus de modo irreparável: não teve mulher, nem filhos, aos 84 anos
morreu em Beozia cheio do Espírito Santo. Quando já tinham sido escritos os evangelhos (de
Mateus na Judeia, de Marcos na Itália) movido pelo Espírito Santo escreveu na Grécia este
evangelho.

- Lucas também é considerado o autor dos Atos:


Lc 1,1 Visto que muitos já tentaram compor uma narração dos fatos que se cumpriram entre nós, 3
a mim também pareceu conveniente, após acurada investigação de tudo desde o princípio,
escrever-te de modo ordenado, ilustre Teófilo, 4 para que verifiques a solidez dos ensinamentos que
recebeste.

At 1,1 Compus meu primeiro relato, ó Teófilo, a respeito de todas as coisas que Jesus fez e ensinou
desde o início, 2 até o dia em que foi arrebatado, depois de ter dado instruções aos apóstolos que
escolhera sob a ação do Espírito Santo.

- Vários textos paulinos mencionam Lucas:


Cl 4,14 Saúdam-vos Lucas, o médico amado, e Demas.
2Tm 4,11 Somente Lucas está comigo. Toma contigo a Marcos, e traze-o, pois me é útil no
ministério.
Fm 23 Saudações de Epafras, meu companheiro de prisão em Cristo Jesus, 24 de Marcos,
Aristarco, Demas e Lucas, meus colaboradores.
- É o autor do evangelho?

1.2 Lugar de origem

- A região da Grécia.
o Dividida em duas províncias romanas: Macedônia (N) e Acaia (S).
o Região com várias comunidades paulinas e que era o berço do helenismo.
o Região rica e próspera.
o Muitos cultos pagãos.

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1.3 Destinatários

- Lucas escreve para comunidades fundadas por Paulo, com a maioria de origem pagã.
- Ele mesmo era um cristão da diáspora (fora da Palestina) que talvez nunca esteve lá.
o Marcos = popular
o Mateus = liturgia/Antigo Testamento
o Lucas = histórico

1.4 Estilo

- Lucas não conhece muito bem a geografia da Galiléia:


o Nazaré não está sobre um monte:
Lc 4,29 E, levantando-se, expulsaram-no para fora da cidade e o conduziram até um cimo da colina
sobre a qual a cidade estava construída, com a intenção de precipitá-lo de lá. 30 Ele, porém,
passando pelo meio deles, prosseguia seu caminho...
o Gerasa não está à beira do lago (50km):
Lc 8,26 Navegaram em direção à região dos gerasenos, que está do lado contrário da Galiléia. 33
Os demônios então saíram do homem, entraram nos porcos e a manada se arrojou pelo precipício,
dentro do lago, e se afogou.

- Lucas não conhece muito bem os costumes da Galiléia:


o As casas não tinham telhas, como na Grécia:
Lc 5,19 E como não encontravam um jeito de introduzi-lo, por causa da multidão, subiram ao terraço
e, através das telhas, desceram-no com a maca no meio dos assistentes, diante de Jesus.

- Lucas compara Jesus e João Batista:


o Lc 1,5-25 || 1,26-56: duas anunciações
o Lc 1,57-80 || 2,1-21: dois nascimentos
o Lc 1,59-66 || 2,21: duas conclusões
o Lc 1,80 || 2,51-52 duas vidas ocultas

- Dedica atenção às mulheres no texto:


o Lc 9,51-55: Apóstolos rejeitados na Samaria
o Lc 1,57-66: Isabel, mãe de Zacarias.
o Lc 2,36-38: profetisa Ana (84 anos)
o Lc 7,11-17: viúva de Naim
o Lc 7,36-50: pecadora pública
o Lc 13,10-17: mulher encurvada
o Lc 8,40-56: a filha de Jairo e a Mulher hemorroíssa

- Dedica atenção aos samaritanos no texto:


o Lc 1,26-56: Maria, mãe de Jesus
o Lc 10,29-37: Parábola do bom samaritano
o Lc 17,11-19: Samaritano entre 10 leprosos

- Lucas escreve muito bem.


o Melhora o texto de Marcos.
Mc 9,5 Então Pedro diz a Jesus: “Rabi, é bom estarmos aqui”.
Lc 9,33 Pedro disse a Jesus: "Mestre, é bom estarmos aqui”.

Mc 4,25 Pois ao que tem será dado, e ao que não tem,


mesmo o que tem será tirado.
Lc 8,18 Pois ao que tem, será dado, e ao que não tem,
mesmo o que pensa ter será tirado.
- Constrói bem as frases.

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- Uma pessoa culta e preocupada em fundamentar na história a presença de Jesus.
Lc 2,1 Naqueles dias, apareceu um edito de César Augusto, ordenando o recenseamento de todo o
mundo habitado. 2 Esse recenseamento foi o primeiro enquanto Quirino era governador da Síria.
Lc 3,1 No ano 15º do império de Tibério César, quando Pôncio Pilatos era governador da Judéia,
Herodes tetrarca da Galiléia, seu irmão Filipe tetrarca da Ituréia e da Traconítide, Lisânias tetrarca
de Abilene, 2 sendo Sumo Sacerdote Anás, e Caifás, a palavra de Deus foi dirigida a João, filho de
Zacarias, no deserto.

2. ESTRUTURA DE LUCAS

2.1 Critério geográfico

- Lucas organiza o evangelho geograficamente (=Marcos):


o Lc 1-9: Galiléia
o Lc 9-19: Viagem para Jerusalém
o Lc 19-24: Atividade em Jerusalém

2.2 Viagem para Jerusalém

- Jerusalém aparece 139x no NT 90x em Lc


- Lucas insere 8 capítulos para narrar a viagem para Jerusalém é a meta de Jesus:
Lc 9,51 Quando se completaram os dias de sua assunção, ele tomou resolutamente o caminho de
Jerusalém.
Lc 9,57 Enquanto prosseguiam viagem...
Lc 10,38 Estando em viagem, entrou num povoado, e certa mulher, chamada Marta, recebeu-o em
sua casa.
Lc 13,22 Jesus atravessava cidades encaminhando-se para Jerusalém.
Lc 17,11 Como ele se encaminhasse para Jerusalém, passava através da Samaria e da Galiléia.

- Os sinóticos apresentam somente uma viagem de Jesus para Jerusalém = ministério 1 ANO.
- João apresenta três viagens para Jerusalém = ministério 3 ANOS.

- Como Jesus “viaja” para Jerusalém, os discí-pulos devem sair de Jerusalém e viajar pelo
mundo inteiro.
At 1,8 Receberei uma força, a do Espírito Santo que descerá sobre vós, e serei minhas testemunha
em Jerusalém, em toda a Judéia e Samaria e até os confins da terra.
- Lucas = evangelho do “viajante”

3. TEOLOGIA DE LUCAS

3.1 Infância de Jesus

- Deus escolhe duas famílias [herança]:


o Anciãos: Isabel e Zacarias (sacerdote)
o Jovens: Maria e Isabel (descendentes de Davi)
- Dois filhos nascem
o João Batista – precursor – prega a conversão
o Jesus – Messias – alguém maior que João Batista
- Maria e Isabel:
o São denominadas parentes, não primas.
o João Batista e Jesus são assim parentes (?).
Lc 1,36 Também Isabel, tua parenta, concebeu um filho na velhice, e este é o sexto mês para
aquela que chamavam de estéril.

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- Maria Madalena:
Sete demônios saíram dela e depois vendeu seus bens, com outras mulheres, e seguiu Jesus (Lc
8,1-3) até Jerusalém (Mt 27,55-56).
Estava aos pés da cruz (Jo 19,25) e foi ao túmulo para embalsamar o corpo de Jesus (Mc 16,1-2).
Viu Jesus ressuscitado e foi anunciar (Jo 20,13-18).

3.2 Espírito Santo

- Evangelista que mais cita o Espírito (36x):


- Jesus continua protagonista.
o Lc 3,21-22 Jesus
o Lc 4,1 conduz Jesus para o deserto
o Lc 4,14-18 conduz Jesus para a Galiléia
o Lc 4,18 leitura de Isaías Espírito me ungiu
- Mas o Espírito age sobre Ele e as pessoas.
o Lc 1,35 Maria
o Lc 1,41.67 Isabel e Zacarias
o Lc 2,26-27 Simeão
o At 2,1-36 Pentecostes

3.3 Teologia da história

- Obra de Lucas (evangelho e atos) desenvolve uma visão histórica bem definida
o Lc 1-3 1º PERÍODO ISRAEL João Batista
o Lc 4 – At 1 2º PERÍODO Jesus
o At 2 - ... 3º PERÍODO IGREJA parusia
- A intenção de Lucas não é escrever uma história, mas interpretar a história: o evangelho é
uma leitura teológica do tempo.

3.4 Misericórdia

- Lc 15: três parábolas da misericórdia:


o Ovelha perdida
o Moeda perdida
o Filho perdido
- Lucas apresenta grandes conversões:
o Pecadora pública
o Zaqueu
o Bom ladrão
- Lucas apresenta o pobre e o rico:
Lc 1,52 Derrubou do trono os poderosos e exaltou os humildes. 53 Saciou de bem os famintos e
despediu de mãos vazias os ricos.
o Parábola do rico insensato
o Parábola do rico opulento e de Lázaro

3.5 Protege os discípulos

- Lucas tenta desculpar os erros dos discípulos que não compreendiam o que Jesus pedia ou
fazia:
Mc 14,39-40 Ao voltar, encontra-os dormindo e diz a Pedro: Simão, estás dormindo? Não foste
capaz de vigiar por uma hora? Ao voltar, de novo encontrou-os dormindo... E, vindo pela terceira
vez, disse-lhes: Dormi agora e repousai. Basta! A hora chegou!
Lc 22,45 Erguendo-se após a oração, veio para junto dos discípulos e encontrou-os adormecidos de
tristeza.

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Mc 3,33 Ele perguntou: “Quem é minha mãe e meus irmãos?” 34 E, repassando com o olhar os que
estavam sentados ao seu redor, disse: “Eis a minha mãe e os meus irmãos. 35 Quem fizer a
vontade de Deus, esse é meu irmão, irmã e mãe”.
Lc 8,21 Mas ele respondeu: "Minha mãe e meus irmãos são aqueles que ouvem a palavra de Deus
e a põem em prática".

4. LEITURA DE LUCAS

- Lc 22-23: Ceia pascal, prisão, julgamento, morte e ressurreição de Jesus

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CAPITOLO V.

EVANGELHO DE JOÃO
1. AMBIENTE DE JOÃO

1.1 Autor

1.1.1 Dados externos


- A tradição da Igreja considerou João como o autor de quarto evangelho:
o Irineu de Lião (+ 180 d.C. – Adversus Haresis):
O evangelho e todos os anciãos que viveram na Ásia com João, o discípulo do Senhor, atestam que
estas coisas foram transmitidas por João, o qual viveu até os tempos de Traiano [98-117] (II, 22,5).
João, o discípulo do Senhor, aquele que deitou a cabeça no seu peito, publicou o evangelho
enquanto morava em Éfeso na Ásia (III, 1,1)

1.1.2 Dados internos


- 1. TESTEMUNHA
o Autor do evangelho a testemunha (ELE sozinho):
Jo 19,35 Aquele que viu dá testemunho e seu testemunho é verdadeiro; e ele sabe que diz a
verdade, para que também vós creiais.
- 1. TESTEMUNHA 2. DISCÍPULO
o Testemunha o discípulo (NÓS comunidade):
Jo 21,24 Este é o discípulo que dá testemunho dessas coisas e foi quem as escreveu; e nós
sabemos que o seu testemunho é verdadeiro.
o O discípulo (conhece pequenos detalhes):
Jo 18,15 Ora, Simão Pedro, junto com outro discípulo, seguia Jesus. Esse discípulo era conhecido
do Sumo Sacerdote e entrou com Jesus no pátio do Sumo Sacerdote. 16 Pedro, entretanto, ficou
junto a porta,de fora. Então, o outro discípulo, conhecido do Sumo Sacerdote, saiu, falou com a
porteira e introduziu Pedro.
- 1. TESTEMUNHA 2. DISCÍPULO 3. AMADO
o Última ceia:
Jo 13,23 Estava à mesa, ao lado de Jesus, o discípulo que Jesus amava.
o Aos pés da cruz:
Jo 19,26 Jesus, então, vendo sua mãe e, perto dela, o discípulo a quem amava, disse à sua mãe:
"Mulher, eis o teu filho!“
o Sepulcro vazio:
Jo 20,2 [Maria Madalena] corre então e vai a Simão Pedro e ao outro discípulo, que Jesus amava.
o Aparição no lago:
Jo 21,7 Aquele discípulo que Jesus amava disse então a Pedro: "É o Senhor!"

- A comunidade, desde o início, assimilou o autor do evangelho como a testemunha.


- A testemunha era também conhecida como o discípulo amado, ou seja, o discípulo que
presenciou os maiores gestos de amor do Mestre (ceia, cruz, sepulcro, aparição).
- Estamos acostumados a ligar João ao discípulo amado, mas o autor do evangelho não faz esta
ligação, pois a leitura é simbólica.

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1.2 Lugar de origem

- A região da Ásia (Éfeso).


o Segunda maior cidade: 300.000 habitantes.
o Paulo passou alguns anos em Éfeso (54-57) e João permanece na comunidade até sua
morte (70-100?).
o Região sincretista.
o Abalada por catástrofes naturais.

1.3 Destinatários

- João deve ter saído de Jerusalém após a sua destruição (70 d.C.) e se transferido par Éfeso:
- O evangelho é um texto que amadureceu na comunidade ao longo de muito tempo.
- João é o responsável de uma comunidade que não passa por uma crise ou forte perseguição,
mas dedica tempo ao estudo é a releitura de Jesus Cristo numa ótica diferente dos sinóticos.
o Mc = catecumenos Mt/Lc = formação Jo = contemplação

1.4 Estilo

- João não se fixou em detalhes históricos ou físicos, mas no significado do evento Jesus Cristo,
por isso foi chamado de “evangelho espiritual” (Clemente de Alexandria).
- Mesmo assim, é o evangelho com a maior precisão histórica:
o Três viagens para Jerusalém,
o Última ceia um dia antes, etc.
- O vocabulário de João é:
o Pobre e repetitivo:
O evangelho tem + 15.000 palavras.
São usadas + 1.000!
o Exclusivo:
o Usa palavras que os sinóticos não usam:
o verdade, vida, luz, pai, mundo, os Judeu, Eu sou, conhecer, testemunhar, permanecer
- A comunidade (nós) ajudou a escrever a obra:
o Quem batizava: Jesus ou os discípulos?
Jo 3,22 Depois disso, Jesus veio com os seus discípulos para o território da Judéia e permaneceu
ali com eles e batizava.
Jo 4,1 Quando Jesus soube que os fariseus tinham ouvido dizer que ele fazia mais discípulos e
batizava mais que João (2 ainda que, de fato, Jesus mesmo não batizasse, mas os seus discípulos).
o Galileus recebem ou não Jesus?
Jo 4,43 Depois daqueles dois dias, ele partiu de lá para a Galiléia. 44 O próprio Jesus havia
testemunhado que um profeta não é honrado em sua própria pátria. 45 Quando, pois, ele chegou à
Galiléia, os galileus o receberam, tendo visto tudo o que ele fizera em Jerusalém, por ocasião da
festa: pois também eles tinham ido à festa.
o Maria ungiu os pés duas vezes?
Jo 11,2 Maria era aquela que ungiu o Senhor com bálsamo e lhe enxugara os pés com seus
cabelos.
Jo 12,3 Então Maria, tendo tomado uma libra de um perfume de nardo puro, muito caro, ungiu os
pés de Jesus e os enxugou com seus cabelos; e a casa inteira ficou cheia do perfume do bálsamo.
o Na última ceia vai, mas permanece?
Jo 14,31 Mas o mundo saberá que amo o Pai e faço como o Pai me ordenou. Levantai-vos!
Partamos daqui!
....
Jo 18,1 Tendo dito isso, Jesus foi com seus discípulos para o outro lado da torrente do Cedron.

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1.5 Relação com os sinóticos

1.5.1 João = sinóticos


- História de Jesus (batismo, ministério, morte-ressurreição)
- Viagem para Jerusalém
- Disputa com as autoridades
- Formar discípulos

1.5.2 João ≠ sinóticos:


- 1 3 anos de ministério
- Milagres sinais (7)
- Ensinamentos e discursos muito longos
- Anúncio
o Sinóticos = reino de Deus
o João = pão da vida
- Porque João escreveu um “novo” evangelho, muito diferente dos sinóticos?
o Para completar o que faltava...
o Para interpretar o que foi superficial...
o Para superar e dar sentido espiritual...
o Para substituir por causa da pobreza...
o João segue outra tradição (fontes) e tem como objetivo apresentar Jesus Cristo sob
outro ponto de vista.

2. ESTRUTURA DE JOÃO

2.1 Narração em três partes

- João organiza o seu evangelho em 3 partes:


o Jo 1-12 Ministério de Jesus
. Todos os sinais e viagens de Jesus
o Jo 13-17 Discurso da última ceia
Jo 13,1 Antes da festa da Páscoa, sabendo Jesus que chegara a sua hora de passar deste mundo
para o Pai, tendo amado os seus que estavam no mundo, amou-os até o fim.
o Jo 18-21 Paixão – Morte – Ressurreição
Jo 18,1 Tendo dito isso, Jesus foi com seus discípulos para o outro lado da torrente do Cedron.

2.2 Outros nomes

- Alguns chamam esta divisão de:


o Jo 1-12 Livro dos sinais
o Jo 13-21 Livro da glória

3. TEOLOGIA DE JOÃO

3.1 Motivo da obra

- João procura interpretar a figura de Jesus Cristo e infundir a fé na comunidade:


Jo 20,30 Jesus fez ainda, diante de seus discípulos, muitos outros sinais, que não se acham
escritos neste livro. 31 Esses, porém, foram escritos para crerdes que Jesus é o Cristo, o Filho de
Deus, e para que, crendo, tenhais vida em seu nome.

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3.2 Importância dos personagens

- João apresenta vários personagens:


o Discípulo amado
o João Batista
o Mãe de Jesus
o Simão Pedro
o Tomás, o dídimo
o Judas Iscariotes
o Samaritana
o Maria Madalena
o Marta, Maria e Lázaro
o Mulher adúltera
o Nicodemos
o Cego de nascença

3.3 Importância dos sinais

- João chama os milagres de SINAIS.


o 1º Bodas de Caná Jo 2,1-11
Jo 2,11 Esse princípio dos sinais, Jesus o fez em Caná da Galiléia e manifestou a sua glória e os
seus discípulos creram nele.
o 2º Cura do filho de um funcionário real Jo 4,46-54
Jo 4,54 Foi esse o 2º sinal que Jesus fez, ao voltar da Judéia para a Galiléia
o 3º Cura de um enfermo na piscina Jo 5,1-18
o 4º Multiplicação dos pães Jo 6,1-15
o 5º Caminha sobre o mar Jo 6,16-21
o 6º Cura do cego de nascença Jo 9,1-41
o 7º Reanimação de Lazaro Jo 11,1-44

3.4 Importância das festas

- Os judeus possuíam muitas festas litúrgicas, as 3 principais eram:


o Festa da Páscoa
o Festa de Pentecostes
o Festa das Tendas
- Era tradição participar da festa da Páscoa em Jerusalém, todos os anos.

- Festa da Páscoa (2,13; 6,4; 11,55)


o Jesus purifica o Templo (discurso nascer de novo)
o Jesus multiplica os pães (discurso eucarístico)
o Unção de Betânia – última ceia (discurso sacerdotal)
- Festa ... (5,1)
o Cura do enfermo na piscina Revelação (Filho)
- Festa das tendas (7,2)
o Água viva Revelação (Messias)
- Festa da dedicação (10,22)
o Revelação (Filho + Messias) matar Jesus

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3.5 O “dia” e a “hora” de Jesus

- João apresenta uma semana inicial de Jesus:


Jo 1,19 Este foi o testemunho de João, quando os judeus...
Jo 1,29 No dia seguinte, João vê e diz: "Eis o Cordeiro de Deus...
Jo 1,35 No dia seguinte, João se achava lá de novo...
Jo 1,43 No dia seguinte, Jesus resolveu partir para a Galiléia...
Jo 2,1 No terceiro dia, houve um casamento em Caná da Galiléia...
- João apresenta a obra de Jesus como uma nova criação: tudo ocorre no 6º dia.
o Dia da criação do homem nova criação!
- Durante o ministério de Jesus, várias vezes se diz que sua hora ainda não tinha chegado.
Jo 2,4 Minha hora ainda não chegou.
Jo 4,21 Jesus lhe disse: “Crê, mulher, vem a hora em que nem sobre esta montanha nem em
Jerusalém adorareis o Pai”.
Jo 7,30 Procuravam, então, prendê-lo, mas ninguém lhe pôs a mão, porque não chegara a sua
hora.
Jo 8,20 E ninguém o prendeu, porque sua hora ainda não havia chegado.

Jo 12,23 É chegada a hora em que será glorificado o Filho do Homem.


Jo 13,1 Antes da festa da Páscoa, sabendo Jesus que chegou a sua hora...
Jo 17,1 Pai chegou a hora...

3.6 Os judeus

- João sempre chama o grupo hostil a Jesus de “os judeus” (70x):


o João é anti-semita e quer se afastar do judaísmo.
Jo 2,18 Os judeus interpelaram-no, então, dizendo: “Que sinal nos mostras para agires assim?”
Jo 5,10 Os judeus, por isso, disseram ao homem curado: “É sábado e não te é permitido carregar
teu leito”.
o Quando alguém é bom = israelita
Jo 1,47 Jesus viu Natanael vindo até ele e disse a seu respeito: “Eis um verdadeiro israelita, em
quem não há fraude”.

3.7 Prólogo

- João utiliza um hino como introdução do evangelho.


Jo 1, 1No princípio era o Verbo e o Verbo estava com Deus e o Verbo era Deus. 2 No princípio, ele
estava com Deus. 3 Tudo foi feito por meio dele e sem ele nada foi feito.
o Parecido com o Gênesis
o Apresenta Jesus como o “Verbo” feito “carne”
o Princípio da criação – da salvação
o João Batista mediador / mundo que recusa
o Promessa da Graça de Deus

3.8 Superar as instituições

- Através de algumas passagens, João propõe a superação das instituições do Antigo


Testamento em Jesus:
o Caná = VINHO nova aliança
o Vendedores = TEMPLO novo templo
o Nicodemos = ESPÍRITO nova lei
o Samaritana = LUGAR novo culto

4. LEITURA DE JOÃO

- Jo 2: Bodas de Caná e Jo 21: Aparição e pesca milagrosa


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ÍNDICE

CAPITOLO I.
INTRODUÇÃO AO EVANGELHO .................................................................................. 2
1. O QUE É UM EVANGELHO ................................................................................................................... 2
2. EVANGELHO ESCRITO.......................................................................................................................... 3
3. EVANGELHO NA HISTÓRIA .................................................................................................................. 4
4. VOCABULÁRIO ....................................................................................................................................... 6
5. EVANGELHO E LITURGIA .................................................................................................................... 8

CAPITOLO II.
EVANGELHO DE MARCOS .......................................................................................... 10
1. AMBIENTE DE MARCOS...................................................................................................................... 10
2. ESTRUTURA DE MARCOS ................................................................................................................... 12
3. TEOLOGIA DE MARCOS...................................................................................................................... 13
4. LEITURA DE MARCOS ......................................................................................................................... 14

CAPITOLO III.
EVANGELHO DE MATEUS ......................................................................................... 15
1. AMBIENTE DE MATEUS ...................................................................................................................... 15
2. ESTRUTURA DE MATEUS ................................................................................................................... 17
3. TEOLOGIA DE MATEUS ...................................................................................................................... 18
4. LEITURA DE MATEUS ......................................................................................................................... 19

CAPITOLO IV.
EVANGELHO DE LUCAS .............................................................................................. 20
1. AMBIENTE DE LUCAS ......................................................................................................................... 20
2. ESTRUTURA DE LUCAS ...................................................................................................................... 22
3. TEOLOGIA DE LUCAS ......................................................................................................................... 22
4. LEITURA DE LUCAS ............................................................................................................................ 24

CAPITOLO V.
EVANGELHO DE JOÃO ................................................................................................ 25
1. AMBIENTE DE JOÃO ........................................................................................................................... 25
2. ESTRUTURA DE JOÃO......................................................................................................................... 27
3. TEOLOGIA DE JOÃO ........................................................................................................................... 27
4. LEITURA DE JOÃO............................................................................................................................... 29

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