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Abstract: The present work is a case study of individual psychotherapy carried out with a 25-
year-old girl in a school service in the interior of Rio Grande do Sul. Issues related to anxious
and depressive symptoms in remission are addressed, with the understanding of the cognitive –
behavioral theory. The study that will be developed is part of the Integrated Internship in
Psychology one, being referred to as theorical – analytical paper one. It has the purpose of
understanding how depression and anxiety appear from the theoretical and practical basis of
Cognitive-Behavioral Therapy.
INTRODUÇÃO
1
Acadêmica do curso de Psicologia. Universidade de Santa Cruz do Sul – UNISC.
2
Docente do curso de Psicologia da Universidade de Santa Cruz do Sul e orientadora de Estágio Curricular do
Serviço Integrado de Saúde (SIS) na Abordagem Cognitivo-Comportamental.
Ana está em atendimento num serviço escola desde o ano de 2017 encaminhada pelo
núcleo de apoio acadêmico, por apresentar sintomas depressivos e automutilação. Atualmente
faz uso de Fluoxetina 20 mg uma vez por dia.
Contexto familiar conflituoso, seus pais se separaram quando era adolescente, pois a mãe
sofria violência doméstica e tentou suicídio uma vez. Apresenta sentimento ambivalente em
relação ao pai de raiva e ódio e ao mesmo tempo a falta de algo que não teve por parte da figura
paterna (carinho, amor e atenção), não estabelece contato há anos como o pai, avós e irmãos
paternos. Traz em seu discurso, constantemente, que sente muita falta da avó materna, que
faleceu.
Em relação ao contexto universitário, apresenta incertezas quanto a escolha do curso,
apesar de estar no final, afirma que sua opção partiu da afinidade com a literatura e porque não
sabia o que cursar. Quando estava em estágio curricular relatava o quanto era bom exercer esta
profissão, mas ao mesmo tempo trazia inseguranças em relação a alguns conflitos que
emergiram no percurso, ativando crenças de incapacidade.
Ana demonstra baixa habilidade social, tem dificuldades de estabelecer contatos com
outras pessoas, preferindo o ambiente virtual. Relata que tem amigos apenas nas redes sociais,
pois é mais cômodo e evita possíveis situações de exposição ou ser ridicularizada. Numa sessão
traz a necessidade de ser o “centro das atenções” (sic) e se sente incomodada quando isso não
acontece, ativando as crenças de desamor que “não sou amada”, “ninguém gosta de mim” (sic).
Nas primeiras sessões deste semestre, Ana se demonstrava receosa enquanto a troca de
estagiária relatando que não é muito adepta às mudanças. Entretanto com o esclarecimento do
objetivo do trabalho, da proposta da abordagem e como se estruturariam as sessões, foi se
constituindo um vínculo terapêutico que possibilitou mais aderência ao tratamento e encontros
leves, apesar da demanda. Com a estruturação das sessões, Ana relata que se sente mais
confiante e produtiva, pois assim tem o “controle” (sic) do que vai acontecer na sessão e evita
possíveis surpresas.
A partir do histórico da paciente, das questões apresentadas durante os atendimentos
psicoterápicos, assim como o comportamento de Ana, podem-se citar como hipóteses
diagnósticas Transtorno Depressivo Maior (TDM) em remissão parcial e Transtorno de
Ansiedade Generalizada (TAG). De modo que, alguns sintomas são apresentados com menor
intensidade porque a paciente faz uso de medicação já referida.
Segundo o Manual Diagnóstico e Estatístico dos Transtornos Mentais em sua 5ª edição
(APA, 2014), para se caracterizar Transtorno Depressivo Maior o paciente deve apresentar pelo
menos cinco dos nove sintomas a seguir: humor deprimido, redução do interesse ou prazer em
todas ou quase todas as atividades, perda ou ganho de peso, insônia ou hipersonia, agitação ou
retardo psicomotor, fadiga ou perda de energia, sentimentos de desvalia ou culpa inapropriados,
redução da concentração e ideias de morte ou de suicídio. Para o diagnóstico, é necessário que
os sintomas durem pelo menos duas semanas e um deles seja, obrigatoriamente, humor
deprimido ou perda de interesse ou prazer.
Ao iniciar o tratamento psicoterápico, Ana confirmava diagnóstico pois apresentava
humor deprimido, sentimentos de desvalia, ideação suicida, insônia e redução de interesse nas
atividades cotidianas. Entretanto, com o processo terapêutico e o uso de medicação, atualmente,
alguns sintomas não são presentes e outros com menor intensidade se caracterizando em
Transtorno Depressivo Maior em remissão parcial.
Em relação ao TAG os critérios de diagnóstico conforme a APA (2014) se caracterizam
pela preocupação excessiva ou expectativa apreensiva, persistente e de difícil controle, que
perdura por seis meses no mínimo e vem acompanhado por três ou mais dos seguintes sintomas:
inquietação ou sensação de estar com os nervos à flor da pele, fadiga, dificuldade de
concentração, irritabilidade, tensão muscular e perturbação do sono. O nível de ansiedade é
desproporcional aos acontecimentos geradores do transtorno, causa muito sofrimento e interfere
na qualidade de vida e no desempenho familiar, social e profissional dos pacientes.
Crenças centrais:
Desamparo: Sou incapaz, sou burra
Desamor: Sou indesejável, as pessoas não gostam de mim.
Crenças-Regras:
Se os meus trabalhos estiverem bons, então não fui eu que fiz.
Se eu não for notada pelos outros, então sou indesejável.
Se meu trabalho não tiver estiver totalmente certo, então sou burra.
Estratégias compensatórias:
Isolamento;
Procrastinação;
Evitação.
Além destes métodos, a técnica de manejo do tempo foi proposta à paciente como tarefa
de casa. Com o propósito de reduzir a ansiedade diária, visto que ao construir um cronograma
dos afazeres do dia, Ana estabelecia as atividades prioritárias mantendo assim a sensação de
domínio em relação ao seu dia-a-dia e seus compromissos.
Ao decorrer do semestre, a utilização das técnicas cognitivas e comportamentais facilitou
a compreensão do caso de Ana. A manifestação de sintomas depressivos e ansiosos provocam
prejuízos à qualidade de vida tanto para a pessoa que apresenta os transtornos, quanto para os
familiares e entes queridos, justificando a importância de identificar os sintomas precocemente.
De modo que, a depressão e a ansiedade tornaram-se um dos problemas de saúde mental de
maior prevalência no mundo (RODRIGUES; HORTA, 2011).
Em meados dos anos 70, a partir de suas pesquisas e da insatisfação com as formulações
psicodinâmicas acerca da depressão, Aaron Beck concluiu que este transtorno podia ser
compreendido como sendo decorrente das próprias cognições e esquemas cognitivos
disfuncionais, pois os pacientes acometidos com a depressão acreditam e agem como se as
coisas fossem piores do que realmente são. Assim, com o perpassar dos anos e os avanços da
teoria a TCC se torna efetiva no tratamento da depressão independentemente do nível de
gravidade (BECK, 2013).
O modelo cognitivo da depressão para Beck pressupõe dois elementos básicos: a tríade
cognitiva e as distorções cognitivas. A tríade cognitiva se caracteriza pela visão negativa de si
mesmo, com a tendência de se ver como inadequada ou inapta (por exemplo: no decorrer do
processo terapêutico Ana apresenta pensamentos como: “Sou um ser chato”, “Sou
desinteressante”, “Sou inadequada”, “Não faço nada direito”), a pessoa deprimida também
tende a se culpar excessivamente, mesmo que não existam razões claras para isso. A visão
negativa dos outros (mundo) contemplando relações, trabalho e atividades (por exemplo: “As
pessoas não apreciam meu trabalho”). E a visão negativa do futuro, o que parece estar
cognitivamente vinculada ao grau de desesperança (por exemplo: “Nunca vou servir para nada”
ou “Nunca serei feliz”). Este modo de compreender os acontecimentos e as possibilidades
funcionam como uma espécie de propulsor de comportamentos depressivos que reafirmam,
após nova interpretação, os sentimentos pessoais de inadequação, baixa autoestima e
desesperança (POWELL et al, 2008).
As distorções cognitivas são modos errôneos na percepção e no processamento de
informações. As distorções mais recorrentes dos pacientes deprimidos são geralmente a
inferência arbitrária (conclusão antecipada e com poucas evidências), abstração seletiva
(tendência da pessoa a escolher evidências de seu mau desempenho), supergeneralização
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
BECK, Judith S. Terapia cognitiva: teoria e prática. 2. ed. Porto Alegre: Artmed, 2013.
RIBEIRO, Jorge Ponciano. Psicoterapia: Teorias e técnicas psicoterápicas. 2 ed. São Paulo.
Summus Editorial, 2013.