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Sociedade Tecnologica-Dialogos Cruzamentos e Entrecruzamentos CORRIGIDO
Sociedade Tecnologica-Dialogos Cruzamentos e Entrecruzamentos CORRIGIDO
Sociedade Tecnologica-Dialogos Cruzamentos e Entrecruzamentos CORRIGIDO
DIÁLOGOS, CRUZAMENTOS
E ENTRECRUZAMENTOS
Sumário
APRESENTAÇÃO 4
REFERÊNCIAS 39
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APRESENTAÇÃO
A temática deste e-book é o contexto das transformações
em curso no mundo contemporâneo, com o objetivo de apontar
os principais teóricos que analisam essas alterações e avaliar os
reflexos na educação.
De que mudanças estamos falando?
As mudanças foram impulsionadas, por um momento ím-
par, ocasionado pela crise sanitária sem precedentes, pelo me-
nos neste século, somado aos avanços da Indústria 4.0, junta-
mente com a perspectiva da Sociedade 5.0 e da Educação 5.0.
Nunca se falou tanto sobre as mudanças no modo de se fa-
zer educação. Há claramente um clamor por diversidade, pela
alteração de uma forma de conhecimento para a outra, em es-
pecial, na educação, pelo uso de atividades remotas chamadas
de interfaces digitais e pela necessidade de se compreender a
educação no coengendramento de espaços físicos e digitais.
É importante que compreendamos que muito antes de che-
gar a esse patamar, as novas tecnologias já impactavam a socieda-
de, com o advento, em especial, da internet. Desde que a ideia de
uma rede capaz de integrar todo o globo, por meio dos computa-
dores, tornou-se possível, muitos teóricos debruçaram-se sobre o
tema para entender como a sociedade lida com essas inovações.
Fonte: RawPixel/Freepik.com.
4
Sociedade da Informação, do Conhecimento, em Rede e ou-
tras formas de caracterização da sociedade são teorias impor-
tantes que analisam as interações e as possibilidades do relacio-
namento entre o homem e a tecnologia. Muitas dessas teorias
acertaram em termos de perspectivas em relação às tecnologias,
contudo, outras previsões não passaram de fantasias futurísti-
cas, como as de Hanna Barbera em Jetsons, que, pelo menos,
ainda não se cumpriram.
5
O post abaixo traz uma reflexão em relação ao
poder da tecnologia e os usos políticos da rede:
Fonte: Netflix.
6
CAPÍTULO I
OS ENLACES E DESENLACES NA
SOCIEDADE DA INFORMAÇÃO E DO
CONHECIMENTO
Vocês devem concordar que falar da importância da tecno-
logia e da informação na sociedade é lugar comum. Em tempos
de tanta divergência, um dos poucos consensos na sociedade
atual é que o avanço da tecnologia é um caminho sem volta e os
produtos dele é que moldarão essa e as próximas gerações em
praticamente todas as ações.
Desde que o homem começou a viver em grupos e se relacio-
nar, a transmissão de conhecimentos e de informações foi extre-
mamente necessária, assim como atualmente. A diferença, entre-
tanto, está na capacidade de difusão das informações e no diálogo
em que os seres humanos estabelecem com as tecnologias.
Desde o início da civilização o homem trabalha para aprimo-
rar a comunicabilidade: da linguagem oral para a escrita e che-
gando, atualmente, nos memes e emoctions; da disseminação da
informação por meio da invenção de Johann Gutemberg até os
meios de emissão modernos como rádio, TV e, principalmente,
a Internet.
Sabemos que a evolução na rede de computadores foi tan-
ta, nos últimos anos, que atualmente o homem se contata com,
praticamente, o mundo inteiro com apenas poucos cliques. Com
tanta facilidade, nunca houve tanta informação circulando ao
mesmo tempo e de tantas formas. Neste cenário, um dos gran-
des desafios não está na falta de informação, como já dito, mas
sim, em identificar as verdadeiras e mais relevantes.
O paper O que é falso sobre fake news do jornalista Otavio
Frias Filho, faz uma abordagem histórica sobre o tema e uma
reflexão pertinente sobre a extensa disseminação desta prática
permissiva. Vamos a ele!
7
O que é falso sobre fake news - Otavio Frias
Filho
8
Doutor em Sociologia pela Uni-
versidade de Paris, é professor nas
áreas de sociologia, comunicação
e planejamento urbano e regional
e pesquisador dos efeitos da infor-
mação sobre a economia, a cultura
e a sociedade em geral. Principal
analista da era da informação e das
sociedades conectadas em rede,
MANUEL CASTELLS sua obra virou referência obriga-
Sociólogo tória na discussão das transforma-
ções sociais do final do século XX.
É autor de dezenas de livros traduzidos para di-
versos idiomas, com destaque para a trilogia A era da
informação, composta por A sociedade em rede, O po-
der da identidade e Fim de milênio. Seu livro Redes de
indignação e esperança relaciona as novas formas de
comunicação da sociedade em rede, apontando cami-
nhos para que a autonomia comunicacional das telas
se expanda à realidade social como um todo
Fonte: Fronteiras do Pensamento.
9
O economista Fritz Machlup (1902-1983) também já usava
esse conceito, nos meados da década de 1960, a partir da reali-
dade norte-americana. Este autor referia-se à crescente presen-
ça da informação e dos usos tecnológicos em um novo cenário
histórico e definiu o conceito de indústria do conhecimento, a
infosfera. Mesmo muito criticado, com seus estudos, inicia-se a
divulgação do mito programático da sociedade da informação e
da nova economia.
Outro teórico, Peter Drucker (1909-2005), também foi um
dos primeiros a discorrer sobre uma sociedade pós-industrial
e popularizou a denominação Economia do Conhecimento afir-
mando que “[...] as atividades que ocupam o lugar central das
organizações não são mais aquelas que visam a produzir ou dis-
tribuir objetos, mas aquelas que produzem e distribuem infor-
mação e conhecimento.” (DRUCKER apud LEAL, 2005, p. 110).
Já no século XXI, outros autores, impressionados com as
tecnologias que começam a surgir debatem o tema. Contudo, as
teorias de Manuel Castells, são as mais populares na literatura
da área já que o autor se aprofunda na problematização e exalta
as novas tecnologias de informação e conhecimento (TICs), co-
locando-as como fator determinante da sociedade, já que são
capazes de modificar os paradigmas que persistiam desde a re-
volução industrial.
Para Werthein (2000, p. 71) existe uma grande mudança em
relação ao que se era pensado desde a Revolução Industrial, já
que há uma quebra da relação entre desenvolvimento científico
e econômico quando o fator chave já não está mais na busca e
criação de insumos mais baratos de energia para a melhoria na
sociedade, mas em insumos mais baratos de informação, alavan-
cados pelos avanços nas telecomunicações e microeletrônica.
Essa quebra de paradigma facilitou processos de desregu-
lamentação, privatização e ruptura do modelo de contrato social
entre capital e trabalho, característicos do capitalismo industrial,
mudança importante no sistema econômico, estabelecido desde
o século XIX.
10
Obviamente as mudanças se estendem a outros setores,
entre eles a educação (o que será abordado mais além), saúde,
política e transformação social. São justamente as transforma-
ções e a influências da TICs na sociedade, impulsionadas pela
globalização, que fazem com que alguns autores apontem dife-
renciações entre Sociedade da Informação e do Conhecimento.
11
Pelo exemplo acima, percebe-se o entrecruzamento entre
informação, conhecimento e tecnologia, como aspectos que
compõem a sociedade.
Borges (2008) é um dos autores que não vê distinção entre
sociedade da informação e do conhecimento porque são catego-
rias que se entrelaçam.
12
Nota-se, já há algumas décadas, a preocupação de entida-
des e agências internacionais, como a UNESCO, com temas re-
lacionados à Sociedade da Informação e do Conhecimento e às
Tecnologias Digitais de Informação e do Conhecimento (TDICs).
Na década de 1990, discutiu-se o tema nas reuniões do G8, em
fóruns da Comunidade Europeia e da Organização para a Coope-
ração e Desenvolvimento Econômico/ OCDE, no Banco Mundial e
nos países desenvolvidos, como Estados Unidos.
Em 2003 e 2005 a Cúpula Mundial da ONU foi nomeada
como Cúpula Mundial sobre Sociedade da Informação/CMSI de-
batendo esses assuntos e se tornando um marco para os temas
da produção do conhecimento e do acesso e uso de tecnologias.
Para Ambrosi, Pimenta e Peugeot (2005) apud Burch (2005) o
que ressaltava naqueles eventos era a preocupação com as desigual-
dades sociais e a exclusão digital de países periféricos. Mas os even-
tos também enfatizavam questões econômicas relacionadas aos im-
pactos das tecnologias da informação no sistema de produção.
Posteriormente novos documentos foram divulgados pela
UNESCO por meio da CMSI, a exemplo da publicação lançada em
2013, cujo título é: Renovando a visão das Sociedades do Conheci-
mento para a paz e o desenvolvimento sustentável.
Neste documento, Mansell e Tremblay (2015) acentuam a
denominação Sociedades da Informação, no plural, para que se
compreenda as diversas formas de organização das sociedades
e enfatizam que as pessoas precisam ser preparadas para adqui-
rir informações, transformá-las em conhecimentos e, atuarem
ativamente nos aspectos econômicos e sociais de seus países.
Tal postura, defendida pela UNESCO, traduz-se na seguinte
premissa:
13
Novamente em 2017, a UNESCO lança um relatório intitu-
lado As pedras angulares para a promoção de sociedades do co-
nhecimento inclusivas, que apresenta uma constatação e faz uma
provocação:
14
Quadro 1 - As quatro pedras angulares e seus componentes e bases
15
Para aprofundar mais sobre o tema acesse:
16
Imagem 3 - Referência a globalização
Fonte: pixy.org.
17
CAPÍTULO II
18
Imagem 4 – Redes Sociais
Fonte: Pexels.com.
19
Nesse mundo, as perspectivas e possibilidades da conecti-
vidade ligadas à internet são muitas. Emergiram também várias
formas de comunicação, de socialização de culturas e saberes.
Essas conexões são clarificadas no seguinte diagrama:
Fonte: Sedestic.blogspot.com.
20
A sociedade em rede permite que novas práticas,
novas formas de se fazer, novas formas de ler, e
tantas outras novidades se desenvolvam, permi-
tindo que as informações não sejam mais sim-
plesmente produzidas para serem consumidas,
mas os processos agora acontecem de muitos
para muitos. Se antes tinha-se grandes produto-
res que geravam conteúdo que era repassado a
um interlocutor tido como ‘passivo’, hoje esses
processos produtivos se dão de forma cada vez
mais coletiva, participativa, com um mediador
mais participante do que avaliador. Quase ine-
xiste, então, o agente principal, pois todos pas-
sam a produzir informação, conhecimento, e
facilmente expressá-los e compartilhá-los com
seus pares (RICKLI, 2016, p. 108.)
21
VÍDEO
Fonte: Wertambiental.com.br.
22
No caso da Indústria, a base existente de auto-
mação informatizada e uma visão de negócios
voltada à transformação digital faz nascer o
conceito de Indústria 4.0, cujo nome vem de pro-
jeto da indústria alemã, denominado Plattform
Industrie 4.0 (Plataforma Indústria 4.0) lançado
em 2001, na Feria de Hannover (SACOMANO et
al., 2018, p. 28).
23
Figura 2 - Elementos formadores da indústria 4.0
Indústria 4.0
Elementos Complementares
Elementos Estruturantes
Comunicação
Inteligência
Máquina a Análise de Computação Integração Segurança
Automação Artificial
Máquina Big Data em Nuvem de Sistemas Cibernética
(AI)
(M2M)
Internet das Coisas (IoT) Sistemas Ciber Físicos (CPS) Internet de Serviços (IoS)
24
Na indústria 4.0 o motor é a informação. E ela vem na in-
teração com a rede de computadores e se projeta para o que
se denomina de Web 4.0, que coloca, como tendência, a internet
das coisas, o avanço da inteligência artificial, novas relações de
compra e venda (e-commerce), integração de serviços, entre ou-
tras coisas.
Uma das respostas à Indústria 4.0 veio com a Sociedade 5.0,
um conceito desenvolvido no Japão (2016) que, ao contrário do
ideal alemão, coloca o homem no centro do processo, numa pro-
posta em que o econômico incorpora o social e a tecnologia da
quarta revolução industrial.
A proposição é de que os avanços tecnológicos sejam dire-
cionados em prol da sociedade, para áreas ou questões com pro-
blemática social e que, de alguma forma, ajude a desenvolver a
humanidade e a sociedade
25
Com isso os produtos dessa indústria têm também uma
função social e são primordiais para a sociedade, sem servir ape-
nas de ferramenta comercial capaz de gerar riquezas e aumen-
tar ainda mais as desigualdades sociais.
Saiba mais:
26
SMART CITIES
TOP 10
A ideia de uma Smart City é justamente usar
a tecnologia para trazer melhorias e mais
BRASILEIRAS
SMART qualidade de vida para quem ali mora e a
C
CITIES sustentabilidade é outro ponto fundamental
A
nesse ecossistema. Em uma Smart City, por
As 10 melhores smart cities do mundo de
acordo com a Smart Cities Awards UNESCO- exemplo, as novas tecnologias conectadas M
Netexplo 2020
umas às outras podem trazer dados sobre
P
o tráfego de veículos nas ruas da cidade
I
AUSTIN (EUA)
N
1
DAKAR (SENEGAL)
2
mesmo tempo esse mesmo sistema pode
S
direcionar todo o trânsito e até controlar
3 ESPOO (FINLÂNDIA)
sinaleiros para liberarem espaço para
4 MEDELLÍN (COLÔMBIA) carros de emergência.
conectada pode dar. de vida para quem ali mora e a sustentabilidade é outro ponto fundamental nesse ecossistema. Em
uma Smart City,por exemplo, as novas tecnologias conectadas umas às outras podem trazer dados
sobre o tráfego de veículos nas ruas da cidade e sugerir aos motoristas novas rotas. Ao mesmo
27 tempo esse mesmo sistema pode direcionar todo o trânsito e até controlar sinaleiros para
Por esta definição entende-se os três elementos que com-
põem o ecossistema: a parte humana com ofertantes, deman-
dantes, estudiosos, investidores, entre outros que estão em um
ambiente com interesses em comum (educação, saúde, econo-
mia, empreendedorismo) e com meios tecnológicos criam rela-
ções de colaboração e inovação que transformam e impactam
todo o ambiente.
Empresas, escolas, universidades e organizações de todo o
mundo incentivam a criação desses ecossistemas nos seus es-
paços. Funciona assim: profissionais ou pessoas de várias áreas
ou com perfis diferentes se reúnem para pensar o que com as
tecnologias atuais (ou até mesmo a criação de outra tecnologia)
para impactar positivamente o ambiente em que eles estão.
Incubadoras e parques tecnológicos, startups são exemplos
de ecossistemas de inovação, alinhados com qualquer área da
esfera pública ou privada. E neste sentido, surge o conceito de
ecossistema de educação na sociedade tecnológica.
28
CAPÍTULO III
SOCIEDADE TECNOLÓGICA E
EDUCAÇÃO
Qual o papel da educação na sociedade tecnológica? Como
os avanços tecnológicos impactaram e impactam os processos
de ensino e de aprendizagem? Como se percebe as redes digi-
tais nos processos educacionais?
29
O ano de 2020 e 2021 trouxe desafios incomensuráveis para
a educação. Com as escolas e universidades fechadas, as ativida-
des pedagógicas se tornaram mais abrangentes e, por vezes, mais
difíceis, como as relacionadas ao acesso à internet, à falta de fami-
liaridade dos professores e alunos com plataformas de aprendi-
zagem, entre outros dispositivos, aumentando as desigualdades
educacionais. Mas, ao mesmo tempo, ocorreram oportunidades
por meio da aplicação de processos pedagógicos mais flexíveis.
Há reflexões, que continuarão, no que tange ao futuro da
educação, pois muitas estratégias são alavancadas para pensar
e ressignificar processos educativos em consonância com a rea-
lidade social e com as demandas relacionadas à alta conectivida-
de e à interação pelo meio digital.
Somam-se a isso as mutações disruptivas que promoveram
entre outras coisas, o conceito do Mundo VUCA, volátil, incerto,
complexo e ambíguo, utilizado em várias áreas como gestão em-
presarial, marketing, educação, entre outras, há mais de 40 anos,
para descrever as mudanças econômicas e sociais pós-guerra
fria. Contudo, com a pandemia o acrônimo VUCA mudou para
BANI ou, em português, FANI, formada das iniciais dos adjetivos
frágil, ansioso, não linear e incompreensível.
30
Mesmo com todas as preocupações em relação a estas de-
nominações, o certo é que com a pandemia, o Mundo Bani, mos-
tra que há um processo de mudanças frente a uma nova reali-
dade, pois há muitas coisas incompreensíveis, que perderam a
objetividade e racionalidade, o que conduz à percepção de que
mudou completamente a relação com a vida, com a sociedade,
com o trabalho, com as experiências cotidianas, com uma nova
realidade, sem volta. Modificou-se a forma da interação entre o
físico e o virtual, o modo de ver as tecnologias, entre outros pon-
tos, que afetam a todos e descrevem a situação atual.
Neste cenário, ganhou ainda mais relevância o Manifesto
Onlife - The Onlife Manifesto: Being Human in a Hyperconnected
Era, ou o que se denomina Paradigma Onlife, ou na visão de La-
tour (2016) Cosmograma Onlife.
Tal manifesto organizado pelo pesquisador Luciano Floridi
(2015) reúne contribuições de muitos pesquisadores que anali-
sam os desafios que as tecnologias trazem para as mais diversas
estruturas da vida, em especial, nas políticas públicas e questio-
nam a dualidade on-line e off-line, tendo como questão de fundo:
O que significa ser humano em uma época hiperconectada?
GLOSSÁRIO:
31
Atrelado a este pensamento e ao habitat em redes, o Ma-
nifesto aponta que as tecnologias não são encaradas como fer-
ramentas porque são forças ambientais e, nesta dimensão, mu-
dam a concepção da realidade e de interação com ela.
Já em 1990, Lévy, apontava a internet como uma inteligência
coletiva, contudo na sociedade tecnológica ela é vista como um
ambiente complexo e dinâmico no qual as pessoas interagem
com diversos programas, trocando informações e conteúdos,
numa relação intrínseca. Neste espaço virtual há o que se deno-
mina ecologias na qual há uma interação e uma interdependên-
cia entre agentes humanos e não humanos (DI FELICE (2017).
Neste cenário, a forma como são vistos os processos de
comunicação trazem uma nova arquitetura comunicativa e in-
formativa, definida por Schlemmer, Moreira e Serra (2020, s/p),
como “[...] o conjunto de mundos de dados que somos: orgâni-
co, inorgânico, animal, vegetal, racional, robótico, algorítmico” e,
assim, esta arquitetura amplia o que se conhece como emissor,
receptor, mensagem, código, canal e referente, para redes com-
plexas e conectivas, num novo modo de produzir informações,
por meio de instigantes e amplas formas de interação.
Conforme Schlemmer; Di Felice, Serra (2020) the internet
everything é um conceito que surge neste engendramento da in-
ternet social (web 2.0), a internet das coisas (IOT) e a internet dos
dados (Big Data), num processo ecossistêmico em que o digital
é uma rede formada por agentes humanos, tecnologias, objetos
etc., que transformam os agentes humanos e não humanos em
redes de dados.
Saiba mais:
32
Mais uma vez o questionamento: qual o papel da educação
nesta sociedade hiperconectada?
Esta é uma pergunta aberta, com muitas possibilidades de
interpretação e com muitos argumentos e contra-argumentos.
Há a necessidade de se pensar para além de uma pedago-
gia ativa, que traz processos e metodologias ativas, que são im-
portantes, mas que gradativamente se correlacionam às práticas
mais coerentes com este tempo por meio, por exemplo, do con-
ceito de ato conectivo defendido por Di Felice (2017)
33
Saiba mais
34
Os relatórios sublinham que, frente às questões sociais, eco-
nômicas e educacionais da contemporaneidade, as pessoas ne-
cessitam e necessitarão de oportunidades de estudos em qual-
quer tempo e local, por meio de práticas pedagógicas inventivas,
diferenciadas, reticulares, conectivas e destacam a urgência de
se avançar em aprendizagem autêntica, aprendizagem colabora-
tiva, entre outros aspectos, aliados a currículos inovadores.
O hibridismo no contexto da educação digital oferece a es-
tudantes, que já fazem uso de tecnologias e das redes sociais em
espaços informais, a participação mais acentuada em ambientes
de aprendizagem colaborativos. Assim, nas atividades síncronas
ou em encontros presenciais consolidam e ampliam determina-
dos projetos de aprendizagem, aproveitando o coengendramen-
to dos espaços geográficos e digitais, por meio da integração
das tecnologias analógicas e digitais, em contextos multimodais
que favoreçam o estudo de culturas plurais.
Nestes contextos, a educação híbrida nunca fez tanto senti-
do como faz agora.
Saiba mais
35
acoplamento, de coengendramento entre o humano, diferentes
entidades, incluindo as TD e a lógica das redes, o qual possibilita
transformar significativamente a forma de pensar e fazer educa-
ção, provocando a sua transformação. (SCHLEMMER; MOREIRA;-
SERRA; 2020, s/p).“
GLOSSÁRIO
36
PARA REFLEXÃO
continua...
37
conclusão.
38
REFERÊNCIAS
Ambrosi, A.; Peugeot, V.; Pimenta, D. Desafios das palavras.
Enfoques multiculturais sobre as Sociedades da
Informação. Caien: C & F Éditions, 2005.
39
GUIMARÃES, D.C. et al. Produção científica sobre a Sociedade
5.0. International Symposium on Technological Innovation,
2019. Disponível em: http://www.api.org.br/conferences/
index.php/ISTI2019/ISTI2019/paper/viewFile/918/585.
Acesso em 25 abr. 2021.
40
RICKLI, A. D. Convergência, Conexão, Interação, Inteligência
Coletiva: reflexões sobre a contemporaneidade e o
contexto educacional. In: FRASSON, A. et al. (org.) Formação
de professores a distância: fundamentos e práticas. 1. ed.
Curitiba, 2016,
41