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História Da Agricultura
História Da Agricultura
História Da Agricultura
Leitura complementar
História da Agricultura
Origem
Milhões de anos depois do alvorecer da vida, o homem iniciou sua longa trajetória pelos
caminhos da terra.
O sopro da vida - era primitiva - surgiu há cerca de 3,8 bilhões de anos. As primeiras
florestas pantanosas, plantas, insetos, peixes, répteis, anfíbios e fósseis de animais surgiram na
Era Primária, há 300 milhões de anos.
Na chamada Era Secundária, há 150 milhões de anos, surgiram plantas floridas e
frutíferas; plantas coníferas e as primeiras aves; os primeiros mamíferos; répteis gigantes (os
dinossauros).
Na Era Terciária, há 50 milhões de anos, ocorreu a formação de cadeias de montanhas
rochosas; o desenvolvimento dos primatas; o desenvolvimento dos símios (macacos). E, há 2,5
milhões a 2 milhões de anos, apareceram os homídeos (Australopithecus, Erethus, Neandertal,
entre outros).
Estudos antropológicos nos asseguram que, há 100.000 anos, o homem perdeu o pelo,
reafirmando-se como o “homo sapiens” de hoje.
Nesse espaço de tempo, infinitamente grande, o homem existia no seio da natureza
como um ser integrante, constituindo um todo harmonioso junto com os demais seres e
elementos da natureza, mas avança contínua e sincronizadamente no caminho da evolução.
Desde os primeiros antropoides até o homem de Neanderthal e até mesmo em eras
bem recentes, o homem vivia exclusivamente da “apreensão” de alimentos, seja de frutas
silvestres, seja da caça de animais. Eram os caçadores-coletores. As tribos viviam em ambientes
que suportavam sua necessidade de alimentos.
Migração
Grupos pequenos iam tomando mais espaços na natureza para sua sobrevivência. Havia
um perfeito equilíbrio ecológico. À medida que os anos passam, a humanidade torna-se mais
numerosa e seu espaço ambiental não supre mais sua necessidade de alimentos.
O ser pensante, fundado nesta necessidade, começa a buscar soluções para os
problemas. A primeira delas foi a migração para outros nichos ecológicos, para outras regiões,
com mais abundância de água e comida.
Os alimentos, no caso, frutas, raízes e pequenos vegetais, começavam a faltar, às vezes,
por causa de fatores climáticos, outras vezes, por causa do excesso de consumo, devido ao
aumento anual do número de pessoas, o acréscimo populacional.
Somente uma alternativa era clara: a saída para outras regiões onde a natureza mais
pródiga pudesse suprir as necessidades básicas. O homem empreende a primeira fuga –
abandona seu “habitat” antigo. Neste momento, também acontece a primeira ruptura entre
“aquele homem e o nicho ecológico”. É o marco histórico do primeiro desequilíbrio ecológico
provocado pelo homem.
Agricultura
Ciente da importância das sementes que se perdiam, o homem “rasgou” o solo para
ajudar a natureza a preparar um leito melhor para aquela vida que germinava. Surgia assim a
Agricultura, primitiva ainda, mas intensamente ligada à natureza. Além disso, era uma
oportunidade mais cômoda de sobreviver.
Outros historiadores relatam que os Egípcios, que ocupavam as margens do Rio Nilo, há
6.000 anos a.C., aproveitavam as cheias esporádicas para a prática da agricultura.
Não podemos esquecer os Babilônios que, com a primeira Lei criada pelo Rei Hamurabi,
já instituíam uma legislação que ajudava a controlar os abusos cometidos pelo homem contra a
natureza e contra a sociedade.
Os Jardins Suspensos e a Torre de Babel também foram criados por esses povos, nesta
mesma época.
Todos estes povos já praticavam uma agricultura com base em diversas técnicas. Às
vezes, surpreendente para seu tempo e difícil para o homem moderno entender como chegaram
a este nível.
Evolução
No início, era uma pedra ou um galho de árvore para rasgar o solo; depois a pedra foi
lascada de propósito para melhor cortar; e, mais tarde, sua lâmina foi aparada.
Bem mais tarde, surgiu o ferro, dando-se, novamente, um salto grande na evolução, pois
a ação do homem no solo tornou-se mais precisa, mais “racional”.
Durante todos esses milênios, o percurso do homem sobre a terra foi longo e difícil. Sua
ação junto à natureza foi marcante, quase sempre fundada num interesse primordial: a busca
do bem-estar, sendo o primeiro objetivo, a busca do alimento. Nesta trajetória, ficou uma marca
indelével: a agressão à natureza e aos ecossistemas. A modificação do meio ambiente, a marca
poderosa de um ser pensante, o homem, que parece não entender seu papel no seio do
Universo.
Marcel Mazoyer e Laurence Roudart, em seu livro, Histórias das agriculturas no mundo
- Editora UNESP, 2010, p. 41, tecem o seguinte comentário:
Domesticação
Durante a evolução da agricultura muito se mudou, mas talvez nada tão impressionante
quanto as alterações nas características de plantas e animais, obtido por meio da domesticação,
processo pelo qual as plantas e os animais são geneticamente alterados ao longo do tempo por
seres humanos para as características que são mais vantajosas ou desejáveis.
Por exemplo, se um ser humano notar que uma planta particular no campo é mais alta,
e se as plantas mais altas forem consideradas mais valiosas, ele/ela poderá escolher sementes
daquela planta a partir da qual fará um novo plantio. Uma vez que as plantas individuais
selecionadas provavelmente contêm o gene para o traço para o qual foram selecionadas, sua
progênie (filhos) tem maior probabilidade de herdar esse traço. Uma planta alta é mais provável
ter progênie mais alta. Ao longo do tempo, se apenas plantas altas forem escolhidas como
progenitoras, mais e mais plantas serão altas.
Uma vez que as características selecionadas são vantajosas para os seres humanos, mas
não necessariamente vantajosas para as plantas, estas plantas recentemente desenvolvidas têm
frequentemente perdido a capacidade de sobreviver na natureza sem seres humanos.
Por exemplo, os grandes grãos das espigas de milho contemporâneas não são facilmente
dispersos pelo vento ou pássaros. Se fossem deixados sozinhos na natureza, eles simplesmente
cairão no chão, onde brotarão muito próximos uns dos outros para poderem crescer e dar
origem em grandes plantas saudáveis.
Sucesso(?)
O sucesso do novo modelo de obtenção de alimentos pelo homem foi tanto que de 8
mil ac a 5.000 a.C., no período neolítico, o crescimento populacional foi tão intensivo que a
população mundial se elevou em uma magnitude de 100 vezes. Posteriormente, entre 5.000 a.C.
até a revolução industrial no século XIX a população cresceu 10 vezes, atingindo o seu primeiro
bilhão de pessoas.
E foi neste período que a visão de um brilhante economista inglês, Thomas Malthus,
ganhou força. A visão de Malthus sobre a vida social de seu tempo era bem pessimista: para ele,
a humanidade sempre iria se defrontar com a escassez de alimentos. É nesse contexto, em 1798,
ele publica um artigo que teria um impacto tremendo no cenário mundial. Em "Um ensaio sobre
o princípio da população", ele defendia a tese de que a população cresce em progressão
geométrica enquanto a produção de alimentos cresce em progressão aritmética, um
descompasso que provoca a fome e estimula a disputa entre os homens.
Em seu ensaio sobre a população, Malthus destacava que o crescimento das populações
é limitado pelos recursos alimentares disponíveis. Seus argumentos podem ser resumidos de
forma simples:
Após a Segunda Guerra Mundial (1939-1945) quando a fome era um problema real em
países da África subsaariana e da Ásia meridional.
O temor de que a humanidade havia atingindo seu limite e que uma fome global se
aproximava assombrava a humanidade. Entretanto, nos anos vindouros, um conjunto de
descobertas cientificas e avanços tecnológicos afastaram este temor. A agricultura ainda
baseada nos princípios desenvolvidos pelos nossos ancestrais e ainda de produção modesta
estava prestes a ser substituída por um novo modelo.
Desequilíbrio
a agricultura convencional moderna é potencialmente prejudicial ao meio ambiente e à
saúde humana, vejamos:
- O desmatamento constitui talvez o primeiro impacto da produção agrícola. O terreno a ser
cultivado precisa estar limpo para que se possa fazer a preparação do solo e o plantio das
sementes e mudas. Área extensas de matas e florestas já foram e continuam sendo devastadas
para disponibilizar solo para a agricultura e pecuária;
- A mecanização da agricultura trouxe agilidade à produção, além de diminuir muito a
necessidade de mão de obra. Todavia, para a utilização desses maquinários agrícolas, é preciso
queimar combustíveis fósseis, como o óleo diesel, o que prejudica a qualidade do ar, ampliando
a poluição atmosférica;
- Poluição dos solos e da água em virtude da utilização de insumos agrícolas, como adubos
químicos, corretores do solo, pesticidas (os chamados agrotóxicos) etc. Quando a lavoura recebe
a chuva ou é irrigada, esses insumos podem escoar para os rios, contaminar os solos e o lençol
freático;
Chegamos ao século XXI com um novo desafio: como produzir alimentos saudáveis, para
uma população crescente, de forma economicamente viável, minimizando os impactos
ambientais e garantindo a sustentabilidade ao médio e longo prazo. Ou seja, não basta produzir,
está produção deverá ser constante ao longo do tempo para gerações futuras.