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Fichamento Durkheim

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Universidade Federal do Paraná

Curso: Ciências Econômicas


Disciplina: Introdução às Ciências Sociais
Docente: Cauê Gomes Flor
Discente: Jakeline Silva, Jean Nassif, João Gabriel Farias Nascimento, João Pedro
Corá Canto
Turma: N 1º período

- DURKHEIM, Émile. “As Regras do Método Sociológico”

Houve o período de 1871 a 1914, denominado de “Belle Époque”, conhecido


por ser um intervalo de tempo na Europa de relativa paz, desencadeou uma procura
de informação intelectual incessante, após diversos movimentos revolucionários da
França, período no qual o sociólogo francês estabelece suas principais obras. Assim
sendo, para entender Durkheim é necessário avaliar o contexto no qual a sociedade
da época estava inserida.
Desse modo, o autor buscou desenvolver uma inédita metodologia única para
o novo campo da ciência chamado sociologia. A essência de seu primeiro passo foi
de que a ciência da sociedade deveria procurar nas entrelinhas, ir além da opinião
do senso comum, dos preconceitos tradicionais, “pois o objeto de toda ciência é
fazer descobertas e toda descoberta desconcerta mais ou menos as opiniões
aceitas”.
Conforme a ideia desenvolve-se, advém uma elementar norma e percepção:
o cientista social não pode se deixar intimidar pelo desfecho de sua pesquisa,
contanto que ela seja conduzida metodicamente, tendo sempre em consideração
que “maneiras de pensar mais costumeiras são antes contrárias do que favoráveis
ao estudo científico dos fenômenos sociais”. Durkheim expõe que o indivíduo é fruto
da sociedade e está preso a essa mesma sociedade, isto é, o indivíduo como um
todo é definido pela sociedade, assim como seus pensamentos, ideias, concepções,
padrões e valores.
No prefácio da primeira edição, o autor elucida, ainda, que seu objetivo é
ampliar o racionalismo científico à conduta humana, já na segunda edição, utiliza o
prefácio para defender-se da resistência dos leitores. O autor reconhece o
conservadorismo de seu método, “considera os fatos sociais como coisas cuja
natureza (...) não é modificável à vontade”, rebatendo, assim, críticas de pensadores
que se utilizam das revoluções para “transformar” o mundo. Para a sua força
coercitiva, o fato social emprega duas formas: a força jurídica e a força moral, as
quais não são leis, no entanto, a sociedade acaba adotando essas regras a um
costume, a um padrão cultural ou a uma questão religiosa. Isto posto, a sociedade
impõe sobre o indivíduo, a partir desses elementos, um padrão de comportamento.
Para Durkheim, uma sociedade sempre carrega fatos que são designados.
Todo indivíduo executa suas funções básicas (comer, beber, dormir), e a sociedade
se interessa que essas atividades sejam realizadas regularmente. Cada indivíduo
quando nasce, já está exposto a uma força já pré-existente, fazendo com que
cumpra os deveres de seu papel na sociedade que já foram pré-definidos por essas
forças que agem sobre o indivíduo, resultando na reprodução de uma forma de
pensar que foi disponibilizada pelo o convívio coletivo.
O conceito de fato social é apresentado no primeiro capítulo do livro por meio
de exemplos, como “toda maneira de fazer sentir, fixada ou não, suscetível de
exercer sobre o indivíduo uma coerção exterior, ou ainda toda maneira de fazer que
é geral na extensão de uma sociedade dada e, ao mesmo tempo, possui uma
existência própria, independentemente de suas manifestações individuais”. O
sociólogo chegou a esse entendimento observando a dificuldade de resistência e
superação de um fato social e a coercitiva influência da consciência pública,
causada pela repressão, e define um ambiente de investigação para a sociologia
único, visto que o fato social se situa fora do indivíduo.
O autor elabora a análise de como a educação é um dos fatores importantes
para a coerção do indivíduo com uma função de transformação social se difundindo
na consciência coletiva. Adverte, porém, que “um fenômeno só pode ser coletivo se
for (...) geral”. Ser geral, segundo Durkheim é ser “comum a maior parte dos
membros da sociedade”. Ainda, o autor evidencia que a ação individual no processo
social tem espaço em sua teoria.
Deste modo, o sociólogo coloca a sociedade como antecessora ao individuo,
ou seja, reforça o ideal de que a sociedade é mais que a soma das consciências
individuais de seus pertencentes, pois a consciência coletiva herdada de gerações
passadas e a interação com outros indivíduos, propicia o estado de consciência
coletiva presente, que de determinada maneira é acordado inconscientemente pelos
indivíduos.
Outro aspecto fundamental para transformação social apontado por
Durkheim, concentra-se no estado patológico de uma determinada sociedade, assim
postulando o crime como algo inerente a evolução da moral e justiça. Portanto este
fenômeno corrobora a coercitividade do cidadão, utilizando-se de ações punitivas
para construir caminhos morais e evoluindo a consciência coletiva.
Após a afirmação do fato social, o sociólogo define regras relativas à sua
observação. Os fatos sociais devem ser considerados como coisa, conforme a
primeira e essencial regra de Durkheim, tendo em vista que assim a ciência seja
objetiva e direta. “Jamais tomar por objeto de pesquisas senão um grupo de
fenômenos previamente definidos por certos caracteres exteriores que lhe são
comuns, e compreender na mesma pesquisa todos os que correspondem a essa
definição”.
Na pretensão da caracterização da conduta correta do cientista social, o autor
realiza duas considerações fundamentais: “as partes variáveis do senso moral não
são menos fundadas na natureza das coisas do que as partes imutáveis; as
variáveis pelas quais as primeiras passaram testemunham apenas que as próprias
coisas variavam” e que a concepção do senso comum não é inutilizável à ciência,
conquanto, sirva somente como indicador da existência de um fenômeno social.
Segundo a definição do próprio autor, “quando, portanto, o sociológico
empreende a exploração uma ordem qualquer de fatos sociais, ele deve esforçar-se
em considerá-los por um lado em que estes se apresentam isolados de suas
manifestações individuais”.
Onde o mesmo utiliza como exemplo comparativo, a própria natureza para
estabelecer seu pensamento sociológico. Representando preceitos das ciências
biológicas para construir um pilar de individualidade social, pois assim como não é
possível mensurar os mesmos resultados para espécies distintas, o aspecto social
também deve ser estudado levando em consideração as singularidades
pertencentes a cada um, “Qualquer fenômeno sociológico, como, aliás, qualquer
fenômeno biológico, é susceptível de revestir formas diferentes segundo os casos”.
Concluindo, é evidente que, independente da filosofia, há a necessidade de a
sociologia existir. “Independentemente da filosofia. (...) tudo que ela pede que lhe
concedam é que o princípio de causalidade se aplique aos fenômenos sociais. (...) A
sociologia, portanto, não é o anexo de nenhuma outra ciência; ela própria é uma
ciência distinta e autônoma, mesmo que venha a se tornar menos popular, e o
sentimento a especificidade da realidade social é inclusive tão necessário ao
sociólogo, que somente uma cultura especificamente sociológica é capaz de
prepará-lo para a compreensão dos fatos sociais”.
Émile Durkheim anteviu que sua metodologia seria superada em pouco
tempo. Supunha que ele ficou encarregado de conceber as regras iniciais para a
percepção da sociedade por uma ciência recém-criada. No momento, “As regras do
método sociológico” ainda se mantém como uma das mais importante às ciências
sociais contemporâneas.

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