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Teoria Gerativa e Aquisição Da Linguagem
Teoria Gerativa e Aquisição Da Linguagem
Teoria Gerativa e Aquisição Da Linguagem
RESUMO
No presente trabalho, abordaremos a questão da aquisição da linguagem e como está nos é inata,
segundo a perspectiva gerativista, desenvolvida pelo linguista Noam Chomsky. Com base nessa teoria,
buscaremos mostrar como o fator social presente no gerativismo age sobre o instinto da linguagem e
resulta no desenvolvimento da língua, e como este se diferencia das concepções estruturalista e
behaviorista; também será ressaltado o papel da gramática gerativa e normativa na contribuição do
processo de ensino/aprendizagem da língua portuguesa. A técnica utilizada para viabilizar esse estudo
é a de documentação indireta, que consiste numa pesquisa bibliográfica a respeito do processo de
aquisição da linguagem pelo ser humano e como se dá esse fenômeno, segundo a teoria gerativa.
Vimos neste trabalho que o fator social usado no gerativismo como responsável pelo amadurecimento
da língua contrapõe-se as concepções estruturalistas e behavioristas, já que, nestas duas, a língua
provém das relações sociais. Além disso, como possuímos uma gramática interna, procuramos
entender como está se aplica em sala de aula, contribuindo, junto com a gramática normativa, para o
ensino de língua portuguesa.
INTRODUÇÃO
1
Graduando do Curso de Letras Portugues da Universidade Federal da Paraíba - UFPB,
mvanessasoliveira@hotmail.com;
2
Mestrando do Curso de Química da Universidade Federal Rural de Pernabunco - UFRPE,
mario.alves_@hotmail.com;
instinto da língua; até o surgimento da gramática gerativa, que descreve as propriedades
linguísticas que possuímos internamente e nos faz aprender uma língua. Em um segundo
momento, discutiremos como o fator social se apresenta na teoria gerativa e como este se
diferencia, na aquisição da linguagem, das perspectivas estruturalista e behaviorista; também
como a gramática normativa, até então utilizada em sala de aula, e a gerativa contribuem para
o ensino/aprendizagem de língua portuguesa. E em terceiro, seguem as considerações acerca
do que concluímos com este trabalho.
A AQUISIÇÃO DA LINGUAGEM
Assim, mesmo sem estímulos suficientes do meio externo, conseguimos adquirir uma
língua porque nascemos com essa capacidade, com princípios gerais que contribuem para
organizar os estímulos verbais em estruturas complexas.
A GRAMÁTICA GERATIVA
(...) a criança, que é exposta normalmente a uma fala precária, fragmentada, cheia de
frases truncadas ou incompletas, é capaz de dominar um conjunto complexo de
regras ou princípios básicos que constituem a gramática internalizada do falante.
(...). Um mecanismo ou dispositivo inato de aquisição da linguagem (...), que
elabore hipóteses linguísticas sobre dados linguísticos primários (isto é, a língua a
que a criança está exposta), gera uma gramática especifica, que é a gramática da
língua nativa da criança, de maneira relativamente fácil e com um certo grau de
instantaneidade. Isto é, esse mecanismo inato faz “desabrochar” o que “já está lá”,
através da projeção, nos dados do ambiente, de um conhecimento linguístico prévio,
sintático por natureza (SCARPA, 2001. p. 4).
Diante dessas concepções de língua, são propostos diferentes modelos teóricos que
buscam descrever o sistema linguístico. Uma dessas gramáticas é denominada de normativa,
que é a priorizada nas escolas e nas aulas de línguas, a qual prescreve regras, segundo as
construções consideradas aceitas pela norma culta. Essa perspectiva, também conhecida como
prescritiva, impõem regras com o intuito de controle social (POSSENTI, 1997).
Um exemplo de gramática normativa em sala de aula é quando estudamos ortografia.
Na frase seguinte, por exemplo: “Gostou da carne?” “Comi duzentas gramas”. Pelas regras
de ortografia da norma culta do nosso português “a grama” equivale à relva, a capim; a
palavra “o grama” no masculino é que equivale à unidade de medida, de peso, então, nesse
caso o correto seria: “Comi duzentos gramas”.
Palavras como estas costumam causar muitas vezes ambiguidade e até incompreensão,
caso estas sentenças venham isoladas. Essas normas facilitam o entendimento das palavras,
ajudando na comunicação, já que é padrão para todos os falantes de uma mesma língua.
Também numa ocasião em que se exige formalidade, sempre se empregam as regras do falar
culto da gramática normativa. Portanto, esse tipo de gramática contribui de forma
significativa para nossa competência linguística.
No entanto, uma criança pode adquirir uma língua sem que saiba a gramática
normativa dessa língua, e mesmo assim, esta não deixa de se comunicar. Portanto, seria mais
adequado que em sala de aula houvesse uma maior contribuição para o desenvolvimento do
saber linguístico da criança, assim como sua criatividade verbal que lhe é inata, sem se deter
em regras que estabeleçam uma forma mais “certa” ou “bonita” de se escrever ou falar
(MAIA, 2006, pg. 36).
Os gerativistas procuram compreender como a intuição, sobre as estruturas sintáticas
de uma língua, ocorre na mente dos falantes. E buscam constituir um modelo teórico capaz de
descrever e explicar a natureza e o funcionamento dessa faculdade. A partir daí, foram
construindo-se os modelos teóricos chomskyanos do gerativismo: a gramática
transformacional e a gramática universal.
Como já possuímos uma gramática interna, a GU, conseguimos distinguir frases
gramaticais e agramaticais da língua específica a qual adquirimos, mesmo sem utilizar os
conhecimentos da gramática normativa. Por exemplo, na nossa língua portuguesa
conseguimos entender frases do tipo: “Nossa Senhora do Rosário está me guiando nessa
caminhada”, mas se esta frase estiver escrita dessa forma: “Está caminhada nessa Nossa
Senhora do Rosário me guiando”, todo falante da língua portuguesa, independente de
conhecer regras gramaticais ou não, entende que há aqui uma inadequação. Esse
conhecimento inconsciente que o falante possui e que é comum a todas as línguas, portanto,
não varia, é chamado por Chomsky de competência linguística.
Ao adquirirmos uma língua específica, os dados da língua particular a que somos
expostos é acionado e o resultado é um complexo de parâmetros, isto é, especificações
particulares dos princípios gerais. Dessa forma, a gramática universal é formada por regras
(princípios) invariáveis que são aplicáveis do mesmo modo para todas as línguas, e também
possui parâmetros de variação, responsáveis por especificar propriedades variáveis de línguas
particulares (MAIA, 2006). Esses princípios invariáveis da GU nos permitem criar novas
combinações para uma oração, a partir do Princípio de Encaixe ou de Recuo. Por exemplo:
1 - Vanessa quer comer pipoca
2 - Suêdia falou que Vanessa quer comer pipoca
3 - Uelda disse a Isabel para perguntar se Vanessa quer comer pipoca
4 - Isabel confirmou a Suêdia e Uelda que realmente Vanessa quer comer pipoca
Usando esse encaixamento de orações em outras e com nossa competência linguística,
podemos criar ilimitadas sentenças gramaticais, no entanto, o desempenho, que é o
responsável pela realização efetiva da linguagem, consegue formar um número limitado de
sentenças, numa base de meia dúzia (MAIA, 2006, pg. 34).
Em sua teoria, Chomsky defende que todo ser humano possui uma gramática
internalizada. Com isso, ele quis dizer que em nossa mente possuímos mecanismos que
comportam estruturas de todas as línguas e os fonemas também, cabendo ao indivíduo, ao
adquirir a linguagem, selecionar o que será usado e excluir o que não lhe servirá. Ou seja,
para uma criança falar, ninguém precisa lhe ensinar; como ela já possui todas as estruturas
essenciais para a aquisição da linguagem, ela consegue adquirir uma língua apenas
observando algum falante dessa língua. Portanto, quando uma criança observa a fala de um
adulto, ela está observando as regras que este utiliza na sua comunicação, logo, então, ela
assimila e internaliza esses dados e cria as próprias regras ao falar em repetição ao que foi
observado. Mas essa internalização simultânea só lhe é possível durante o seu período crítico,
ou seja, antes da puberdade, período em que nosso cérebro está propício para aprender
(MAIA, 2006; VASCONCELLO, 2015).
Na aquisição de cada língua, é necessária a identificação de seu sistema fonológico,
sua morfologia, seu léxico, sua sintaxe e o conhecimento de suas relações semânticas. A
sintaxe vai estar no centro de estudo do gerativismo, pois como o ser humano carrega uma
gramática internalizada, quando as crianças passam a formar frases de duas palavras, ela está
pondo em prática as regras da sintaxe: a capacidade de combinar palavras para formar frases.
A sintaxe gerativa busca explicar a estrutura da linguagem, estabelecendo de que
forma os elementos se juntam para formar os constituintes (unidades significativas). Esta se
constitui de duas partes: uma que define as estruturas fundamentais – a base, e a que permite
passar das estruturas profundas, geradas por essa base, para as estruturas de superfície das
frases – as transformações. Ou seja, a sintaxe é um mecanismo gerativo no qual se situa as
informações pertencentes aos princípios e aos parâmetros, estas que irão reger o processo de
construção das estruturas linguísticas. Portanto a gramática transformacional nos permite
conhecer a base que rege uma sequência linguística. Por exemplo, na frase:
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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Christina. (Orgs.). Introdução à linguística: domínios e fronteiras, v.2. São Paulo: Cortez,
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Minas: www.pucminas.br/destaques/index_interna.php?pagina=2519. Acessado em
22/08/2015.