Noções de Texto e Textualidade
Noções de Texto e Textualidade
Noções de Texto e Textualidade
Texto
Textualidade
Coerência e coesão
Coerência: fator fundamental da textualidade, estabelece o sentido do texto. Abrange
aspectos lógicos, semânticos e cognitivos.
A aceitação de um discurso depende de sua coerência, ou seja, da apresentação
de conceitos compatíveis com o conhecimento de mundo do receptor. O emissor sabe
que não é o único a construir o sentido do texto, e deve elaborá-lo partindo desse
pressuposto. A coerência textual deve resultar tanto de sua lógica interna quanto da
relação entre o texto e o conhecimento de mundo do receptor.
Coesão: expressão lingüística da coerência, é responsável pela unidade formal do texto,
construída por mecanismos gramaticais (pronomes anafóricos, artigos, elipse,
concordância, correlação entre tempos verbais etc.) e lexicais (reiteração, substituição e
associação).
Coerência e coesão são responsáveis pela inter-relação semântica entre os
elementos do discurso, fazendo a primeira o nexo e a segunda a expressão lingüística
desse nexo. É possível, no entanto, que o nexo exista sem a presença de um elemento de
coesão gramatical. Vejamos:
A Priscila vai varrer a casa. O Carlos vai lavar a louça. O Daniel vai dar banho
nos cachorros. Hoje ninguém fica sem uma função aqui em casa.
Já a simples utilização de elementos coesivos ligando frases não seria suficiente
para termos um texto; seria necessário encontrarmos relações efetivas na estrutura
lógico-semântico-cognitiva do mesmo. Normalmente nossa consciência não permite que
façamos textos assim, mas observemos um exemplo:
No rádio toca um rock. O rock é um ritmo moderno. O coração também
tem ritmo. Ele é um músculo oco composto de duas aurículas e dois ventrículos.
Podemos dizer que, apesar de existirem casos em que o nexo do texto não se
apresente no campo sintático, mas apenas no semântico-cognitivo, os mecanismos de
coesão são valiosos para obtermos a eficiência, a economia e a praticidade de um
enunciado. Nos exemplos a seguir, você verá casos em que o sentido é facilmente
percebido pelo leitor, e outro em que este não é bem definido.
A máquina parou. Está faltando energia elétrica.
Choveu. O chão está molhado.
Paulo saiu. João chegou.
Concluímos rapidamente que a falta de energia elétrica é a explicação para a
máquina ter parado, bem como percebemos que choveu pelo chão estar molhado, mas
não temos certeza da interpretação do último enunciado. Há várias possibilidades:
Paulo saiu assim que João chegou.
Paulo saiu, mas João chegou.
Paulo saiu, porque João chegou.
Paulo saiu, apesar de João ter chegado.
Se Paulo saiu, João deve ter chegado.
Os fatores pragmáticos da textualidade
Intencionalidade: empenho do emissor em produzir um enunciado coerente, coeso e que
satisfaça os objetivos de determinada situação. A intenção do texto (informar,
convencer, pedir, ofender etc) é que o definirá (valor ilocutório do discurso).
Aceitabilidade: diz respeito à expectativa do receptor de que o texto seja uma
construção coerente, coesa, útil e relevante.
Podemos observar nesse fator a contribuição dos estudos de Grice (apud COSTA VAL,
1999) sobre o pacto de cooperação lingüística. Ele estabelece as máximas
conversacionais: quantidade (informatividade), qualidade (autenticidade), relação
(pertinência e relevância) e modo (precisão, clareza, concisão etc). Ainda que
inconscientemente, todos conhecemos essas máximas, e quando um texto desrespeita
alguma delas, preferimos pensar que houve alguma razão para justificar tal ato a achar
que o interlocutor tenha feito um discurso sem sentido.
Situacionalidade: analisa os elementos relacionados à pertinência e à relevância do texto
quanto ao contexto em que se insere. Um texto menos coeso e aparentemente menos
claro pode funcionar melhor do que outro mais completo, como é o caso das placas de
trânsito.
Informatividade: relaciona-se a quanto o conteúdo de um texto é esperado ou não,
conhecido ou não, formal e conceitualmente. Um texto deve buscar um nível mediano
de informatividade, pois pode ser desinteressante tanto se totalmente previsível como
se, de tão novo, não puder ser processado. Esse fator deve considerar ainda a suficiência
de dados.
Intertextualidade: faz a utilização de um texto dependente do conhecimento de outro
texto.
Como avaliar a textualidade