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A Ultima Nau Teste

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A Última Nau

1 Levando a bordo El-Rei Dom Sebastião,


E erguendo, como um nome, alto, o pendão1
Do Império,
5 Foi-se a última nau, ao sol aziago2
Erma, e entre choros de ânsia e de pressago3
Mistério.
Não voltou mais. A que ilha indescoberta
Aportou? Volverá da sorte incerta
10
Que teve?
Deus guarda o corpo e a forma do futuro,
Mas Sua luz projeta-o, sonho escuro
E breve.

15
Ah, quanto mais ao povo a alma falta,
Mais a minh’alma atlântica se exalta
E entorna,
E em mim, num mar que não tem tempo ou espaço,
Vejo entre a cerração4 teu vulto baço
20 Que torna5.
Não sei a hora, mas sei que há a hora,
Demore-a Deus, chame-lhe a alma embora
Mistério.
Surges ao sol em mim, e a névoa finda:
A mesma, e trazes o pendão ainda
Do Império.
Fernando Pessoa, Mensagem, ed. Fernando Cabral Martins,
Assírio & Alvim, Lisboa, 1997.
________________________________________________________
1. bandeira, estandarte; 2. funesto, que traz desgraça; 3. que pressagia; 4. nevoeiro; 5. volta.

1. Explicite o sentido histórico e o significado simbólico de «a última nau», baseando-se em elementos das
duas primeiras estrofes do poema.

2. «Ah, quanto mais ao povo a alma falta, / Mais a minh’alma atlântica se exalta» (vv. 13-14).
• Considerando o estudo de Mensagem, e recordando o seu carácter épico-lírico, interprete estes
versos, relacionando-os com o conteúdo das estrofes anteriores.

3. Interprete a última estrofe do poema, integrando-a na temática do Sebastianismo presente na obra.


GRUPO II

Nas respostas aos itens de escolha múltipla, selecione a opção correta.

Leia o texto.
Portugal vale a pena

1 Eu conheço um país que em 30 anos passou de uma das piores taxas de mortalidade infantil (80 por
mil) para a quarta mais baixa taxa a nível mundial (3 por mil). Que em oito anos construiu o segundo mais
importante registo europeu de dadores de medula óssea, indispensável no combate às doenças
leucémicas. Que é líder mundial no transplante de fígado e está em segundo lugar no transplante de rins.
5 Que é líder mundial na aplicação de implantes imediatos e próteses dentárias fixas para desdentados
totais.
Eu conheço um país que tem uma empresa que desenvolveu um software para eliminação do papel
enquanto suporte do registo clínico nos hospitais (Alert), outra que é uma das maiores empresas ibéricas
na informatização de farmácias (Glint) e outra que inventou o primeiro antiepilético de raiz portuguesa
10 (Bial).
Eu conheço um país que é líder mundial no setor das energias renováveis e o quarto maior produtor
de energia eólica do mundo, e também está a construir o maior plano de barragens (dez) a nível europeu
(EDP).
Eu conheço um país que inventou e desenvolveu o primeiro sistema mundial de pagamentos pré-pagos
15
para telemóveis (PT), que é líder mundial em software de identificação (NDrive), que tem uma empresa
que corrige e deteta as falhas do sistema informático da NASA (Critical). Eu conheço um país que calça
cem milhões de pessoas em todo o mundo e que produz o segundo calçado mais caro a nível planetário,
logo a seguir ao italiano. E que fabrica lençóis inovadores, com diferentes odores e propriedades
20 antigermes, onde dormem, por exemplo, 30 milhões de americanos.
Eu conheço um país que é o «state of art» nos moldes de plástico e líder mundial de tecnologia de
transformadores de energia (Efacec) e que revolucionou o conceito do papel higiénico (Renova). Eu
conheço um país que tem um dos melhores sistemas de banca automática (Multibanco) a nível mundial e
que desenvolveu um sistema inovador de pagar nas portagens das autoestradas (Via Verde).
25 Eu conheço um país que revolucionou o setor da distribuição, que ganha prémios pela construção de
centros comerciais noutros países (Sonae Sierra) e que lidera destacadíssimo o setor do hard-discount na
Polónia (Jerónimo Martins).
Eu conheço um país que fabrica os fatos de banho que pulverizaram recordes nos Jogos Olímpicos de
Pequim, que vestiu dez das seleções hípicas presentes nesses jogos, que é o maior produtor mundial de
30
caiaques para desporto, que tem uma das melhores seleções de futebol do mundo, o melhor treinador do
planeta (José Mourinho) e um dos melhores jogadores (Cristiano Ronaldo).
Eu conheço um país que tem um Prémio Nobel da Literatura (José Saramago), uma das mais notáveis
intérpretes de Mozart (Maria João Pires) e vários pintores e escultores reconhecidos internacionalmente
(Paula Rego, Júlio Pomar, Maria Helena Vieira da Silva, João Cutileiro). O leitor, possivelmente, não
reconhece neste país aquele em que vive ou que se prepara para visitar. Este país é Portugal. Tem tudo o
que está escrito acima, mais um sol maravilhoso, uma luz deslumbrante, praias fabulosas, ótima
gastronomia. Bem-vindo a este país que não conhece: PORTUGAL.
Nicolau Santos, «Portugal Vale a Pena» in Portugal Vale a Pena, pp. 158-159, Oficina do Livro, Lisboa,
2012.
1. O tema deste texto de Nicolau Santos é
(A) o desenvolvimento de Portugal.
(B) o desenvolvimento setorial de Portugal.
(C) a apresentação de um país «desconhecido».
(D) a relação do autor com Portugal.

2. Os principais destinatários deste texto são


(A) os turistas que visitam Portugal pela primeira vez.
(B) os turistas dos países asiáticos.
(C) os portugueses e, eventualmente, alguns turistas.
(D) os estrangeiros que vêm viver para Portugal.

3. «(tem) um sol maravilhoso, uma luz deslumbrante, praias fabulosas, ótima gastronomia.» Estes aspetos
de Portugal foram deixados para o final do texto por serem
(A) os mais relevantes.
(B) o cartão de visita habitual do país.
(C) irrelevantes.
(D) propositadamente exagerados.

4. A intencionalidade deste texto é


(A) mostrar a desvalorização ou desconhecimento de aspetos que prestigiam Portugal.
(B) dar a conhecer aspetos em que Portugal continua a destacar-se.
(C) valorizar o pouco de que o Portugal de hoje se pode orgulhar.
(D) transmitir informações importantes sobre Portugal.

5. A utilização de vários parágrafos, ao longo do texto,


(A) torna a leitura mais acessível.
(B) permite organizar a informação por setores que vão desde a saúde à cultura.
(C) não obedece a nenhum critério específico.
(D) permite organizar a informação, seguindo uma ordem cronológica.

6. A repetição, no início de cada parágrafo, de «Eu conheço» contribui para


(A) dar ao texto um caráter poético.
(B) o reforço da valorização de tudo o que é português.
(C) a expressividade do texto bem como para a sua coesão.
(D) para reforçar a falta de objetividade do texto.

7. Classifique estas palavras quanto ao seu processo de formação:


software (l. 6); EDP (l. 12); líder (l. 14); recordes (l. 26)

8. «Bem-vindo a este país que não conhece: PORTUGAL.» (l. 35)


8.1 Reescreva a primeira oração desta frase, inserindo-lhe o verbo que está subentendido.
8.2 Classifique a oração iniciada por «que».

9. «O leitor, possivelmente, não reconhece neste país aquele em que vive ou que se prepara para visitar.»
(ll. 32-33)
Refira a modalidade desta frase e o recurso utilizado para o exprimir.

GRUPO III

«Minha pátria é a língua portuguesa»


Bernardo Soares, Livro do Desassossego

Partindo da citação, redija um texto de opinião bem estruturado, com um mínimo de 200 e um máximo
de 300 palavras, no qual defenda um ponto de vista pessoal sobre a importância da língua portuguesa
como fator de identidade pessoal e nacional e como elemento de unidade e afirmação internacional.
Fundamente o seu ponto de vista recorrendo, no mínimo, a dois argumentos e ilustre cada um deles com,
pelo menos, um exemplo significativo.
SOLUÇÕES
(«Deus guarda o corpo e a forma do futuro, / Sua
GRUPO I
luz projeta-o, sonho escuro / E breve»).
A 2. A «última nau» partiu e não voltou ainda.
1. Do ponto de vista histórico, a «última nau» é Então, o sujeito poético, consciente da hora
aquela que levou D. Sebastião e o seu exército apagada que a pátria vive no presente, deseja ser
para o norte de África onde seriam derrotados, na o impulsionador de uma nova energia que a faça
batalha de Alcácer Quibir. renascer das cinzas. Por isso, «quanto mais ao
A nau partiu numa atmosfera de otimismo e povo a alma falta», quanto menos energia a pátria
orgulho imperialista, «Levando a bordo El-Rei tem, mais o sujeito poético sente a exaltação da
Dom Sebastião, / E erguendo, como um nome, sua missão inspiradora do sonho que quer
alto, o pendão / Do Império». Mas a partida foi transmitir à pátria: o sonho utópico de uma nova
também marcada pelo sentimento de desolação, era.
tristeza, ânsia e presságios de desgraça. Repare- É assim que o sujeito poético conjuga a epopeia
se na expressão «sol aziago» e considere-se que o da memória dos heróis e dos mitos com o lirismo
sol remete para energia, força, ação, ideias da sua própria ânsia e do seu próprio sonho
contrariadas pelo adjetivo «aziago», anunciador inspirador, de onde decorre o carácter épico-lírico
de morte, de «pressago mistério». Os adjetivos da obra.
usados na primeira estrofe – última, aziago, erma, 3. Imbuído, como anteriormente se afirmou, do
pressago – são determinantes na criação dessa desígnio de construção de uma nova era, o sujeito
atmosfera de desgraça pressentida e confirmada poético afirma não saber o momento, mas ter a
na expressão «Não voltou mais», que inicia a 2.ª certeza da chegada do momento misterioso e
estrofe. desejado. Configurado como a chegada do sol (a
Ao nível simbólico, «a última nau» representa o luz) que afasta o nevoeiro, é a era do
fim do Império. No entanto, as interrogações renascimento do império, agora espiritual, logo,
colocadas na 2.ª estrofe abrem um rasgo de mais duradouro do que o império terreno que
esperança, conferindo a Deus o papel de guardião acabou. É a desejada luz – D. Sebastião – que
e inspiração do sonho restaurador do futuro regressa do nevoeiro, afastando as sombras e
fazendo reerguer o pendão – o símbolo – o sonho
5
do Quinto Império. Assim se expressa, neste
poema e, particularmente, nesta estrofe, a
temática do Sebastianismo presente na
Mensagem.

GRUPO II
1. (C)
2. (C)
3. (B)
4. (A)
5. (B)
6. (C)
7. Software – empréstimo (não adaptado), EDP –
sigla, líder – empréstimo (adaptado), recordes −
empréstimo (adaptado).
8.1 Seja bem-vindo a este país.
8.2 Oração subordinada adjetiva relativa
restritiva.
9. Modalidade epistémica com valor de
probabilidade. O recurso que lhe confere este
valor modal é o advérbio «possivelmente».

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