5 Pilares para A Formação Do Obreiro Do Séc
5 Pilares para A Formação Do Obreiro Do Séc
5 Pilares para A Formação Do Obreiro Do Séc
XXI
INTRODUÇÃO
O Deus Obreiro (Gn.1:1; Is. 64:4; Jo. 5:17) chamou filhos não apenas
para a salvação, mas para o serviço no seu Reino (Mc. 3:14). Esse chamado
divino – ao serviço, está muito bem apresentado na Palavra de Deus, e deve
ser entendido como uma honra, visto que o Deus suficiente em si mesmo
decide incluir pessoas limitadas e falhas no seu fazer divino no meio de sua
criação.
Assim, podemos observar desde o livro dos Gênesis, com o chamado de
Adão, até o livro do Apocalipse com João, o discípulo amado, que por causa do
seu serviço ao Rei Jesus estava aprisionado naquela ilha-prisão Deus usa
homens e mulheres de todas idades, extratos sociais, língua e capacidades
para manifestar seu amor por suas obras poderosas.
“Assim resplandeça a vossa luz diante dos homens, para que vejam as
vossas boas obras e glorifiquem o vosso Pai, que está nos céus” Mt. 5:16.
“... Noé era homem justo e perfeito em suas gerações; Noé andava com
Deus” Gn. 6:9.
Todos nós que fomos separados por Deus como seus servos para sua
seara, devemos nos empenhar no serviço a que fomos convocados. Na carta
aos Romanos 12:7-8 o apóstolo Paulo diz que devemos nos empenhar em
exercer bem o dom que recebemos de Deus. O tom da recomendação sobe
em Jeremias 48:10a visto que se incorre em maldição quando decidimos fazer
a obra do Senhor, mas de maneira displicente e irresponsável. Porém, antes
mesmo da ação em seu nome, Deus nos chama para a comunhão consigo
mesmo.
E é na comunhão com Ele que as coisas devem começar e sempre
continuar. No texto destacado antes, depois de passar a noite em oração (Lc.
6:12) o Senhor Jesus separou dentre seus seguidores 12 homens a quem os
chamou de enviados ou missionários (que é o significado da palavra apóstolo).
Mas, antes mesmo de os constituir seus apóstolos, como o texto destaca e a
própria narrativa bíblica falam de cerca de 3 anos de preparo ministerial, Jesus
os chamou a si mesmo e antes de irem para outro lugar eles vieram a ele
para estarem com ele e só depois da comunhão estariam aptos para a
missão.
Ao olhar para a vida de Moisés o próprio Deus diz à Josué que ele era
com Moisés (Js. 1:5) e na vida desse libertador muito mais do que fazer
alguma coisa mandada pelo próprio Deus, a alegria e motivação estava na
comunhão com o próprio Deus:
“Mas se alguém não tem cuidado dos seus, e principalmente dos da sua
família, negou a fé, e é pior do que o infiel” 1Tm. 5:8.
O Deus bíblico é trino e família. Ele existe em três pessoas distintas que
se apresentam a nós por designações familiares: Deus Pai, Deus Filho e Deus
Espírito Santo. Esse mesmo Deus decidiu por sua sabedoria e soberania criar
seres vivos em pares complementares e dar a todos (animais e humanidade)
uma missão comum “multiplicar-se e encher a terra”, “ser fecundos e encher a
terra”. Assim, a família é essa instituição que existe desde a eternidade (na
realidade divina) e que é estendida a criação para dar alegria, proposito e
participação (no agir de Deus) para aqueles que se inserem nela.
A importância da família não é determinada por opinião pública, familiar
ou particular de qualquer pessoa, mas pelo próprio Deus, visto ser Ele mesmo
o autor dela e o fim para o qual ela foi criada (Rm. 11:36; Ef. 3:15). Deus criou
a família para ser uma realidade de: amor, respeito, companheirismo,
harmonia, segurança, refrigério, compreensão, aceitação. É no casamento e na
família que Deus quer prover à humanidade a comunhão necessária para que
juntos possam viver e superar as dificuldades inerentes a existência humana.
O alerta é urgente e grave, a família está sob forte, sistemático e
constante ataques vis, e em especial as famílias dos servos e servas de Deus.
Esses ataques vêm de fora, do diabo e todas as artimanhas que ele usa para
realizar seus planos: poderes das trevas, ideologias, leis civis e criminais,
mídia, cultura secular, religião, heresias, etc. Mas resta ainda um perigo que se
esconde dentro “de casa” e que é tão nocivo quanto as setas do diabo contra
nossa família – o descaso com a família em nome de Deus.
Isso mesmo, não é incomum, infelizmente, tomarmos conhecimento de
casamentos que se acabam, famílias que são afastadas e outros tipos de
relacionamentos familiares que se destroem e a justificativa é que esses
homens e mulheres, tementes a Deus, estavam ocupados com as coisas do
Reino de Deus. E segundo essa lógica de entendimento, não seria equivoco
dizer que foi a Obra de Deus que acabou com tal relacionamento. Mas será
isso verdade? Ou, será que era essa mesma a vontade de Deus para esse
relacionamento? Pelas escrituras podemos crer que sejam poucas as chances
de ser assim, é da vontade de Deus que vivamos em família e de maneira feliz.
O problema começa com as prioridades que elegemos em nossa vida.
Se for possível elencar realidades prioritárias na vida do cristão,
inequivocamente, Deus tem primazia – Dt. 6:5; Mc. 12:30 pela simples, mas
intrínseca razão de Ele ser a fonte da vida, a verdadeira vida. Logo, depois, é
bastante comum entre aqueles que já descobriram em Deus ou estão
buscando entender nele a vocação que receberam dele colocarem como
segunda prioridade a vocação ou ministério, vindo depois a família e outras
realidades relacionais que precisamos para viver. Mas segundo a Palavra de
Deus, essa ordem de prioridades está incorreta.
O apóstolo Paulo, quando escreve a igreja de Corinto sobre a vida de
serviço ao Senhor em sua primeira carta, ele faz várias recomendações para
aqueles que são solteiros e para os que estão casados, e para esse último
grupo, ele diz de maneira bastante taxativa que os casados devem cuidar das
coisas desse mundo a fim de gradarem seus conjugues (v.33 e 34). O que a
princípio pode parecer uma contradição em relação a instrução de Jesus
advertindo que qualquer que amar mais a seu parente do que a Jesus não
seria digno dele, ou ainda a recomendação do Espírito através de João para
que não amemos o mundo nem as coisas inerentes a ele na verdade em nada
se contrariam com a adoração exclusiva e verdadeira que devemos à Deus.
O texto de Paulo a Timóteo, em destaque no começo do tópico é
singular em sua advertência – aqueles que na igreja de Éfeso afirmassem não
dar assistência (fosse emocional, relacional, financeira ou de qualquer outra
espécie) aos seus familiares por causa de quaisquer motivos, incluindo os
religiosos, eles eram considerados reprovados diante de Deus, como tendo
negado a fé (fides qua creditur / fides quae creditur) e se tornando pior que o
incrédulo (o ateu está em melhor posição?). Quão grande falta contra Deus é o
negligenciar a família e mais ainda, fazer tal coisa tendo como motivação um
pretenso serviço ao Reino de Deus?!
Como bem lembra o pastor Elinaldo Renovato a família é,
acertadamente, considerada a primeira instituição criada por Deus, isso antes
mesmo da igreja (organismo e organização). Ela é na verdade a célula base a
partir da qual se forma a igreja universal e local. E por essa razão ela, a família,
é a nossa primeira igreja pela qual devemos zelar amorosamente. Entendendo
que essa instituição é tão importante diante de Deus, que Ele a criou antes de
outras instituições (como a Igreja, o Estado, etc) e por meio de uma Ele decidiu
abençoar todas as famílias da terra (Gn. 12:3). E é tão serio o assunto que
Paulo diz a seu filho na fé que uma das recomendações de um pastor local é a
boa governação de sua casa 1Tm. 3:1-5.
Cuidar e dar a devida prioridade à família é uma maneira correta de
honrar a Deus visto que Ele mesmo é que a dá ou forma:
- Para as Esposas - Pv. 19:14 “A casa e os bens são herança do pais; porém
do Senhor vem a esposa prudente”;
- Para os Maridos - Ef. 5:28 “Da mesma forma os maridos devem amar cada
um a sua mulher como a seu próprio corpo. Quem ama a sua mulher ama a si
mesmo”;
- Para o casal – Pv. 5:18-20 “Seja bendita a sua fonte! Alegre-se coma esposa
da sua juventude. Gazela amorosa, corça graciosa; que os seios de sua
esposa sempre o fartem de prazer, e sempre o embriaguem os carinhos dela.
Por que, meu filho, ser desencaminhado pela mulher imoral? Por que abraçar o
seio de uma leviana?”;
- Para os filhos – Sl. 127:3 “Eis que os filhos são herança do Senhor, e o fruto
do ventre o seu galardão”;
- Para pais e filhos – “Vós, filhos, sede obedientes a vossos pais no Senhor,
porque isto é justo. Honra a teu pai e tua mãe, que é o primeiro mandamento
com promessa; para que te vá bem, e vivas muito tempo sobre a terra. E vós,
pais, não provoqueis à ira a vossos filhos, mas criai-os na doutrina e na
admoestação do Senhor”.
3 - TREINAMENTO TEOLÓGICO CONSISTENTE
O texto acima é a parte final de uma longa carta de cunho pastoral que
John Wesley escreveu para seu “amigo” John Trembath para o confortar,
aconselhar e repreender no que era necessário para que ele se torna-se na
pessoa que Deus o chamou para ser, e podemos perceber que nessa parte
final da carta, Wesley entende que o problema de má fama e da fraqueza
ministerial e espiritual de seu interlocutor está diretamente associado com sua
pouca ou quase nenhuma dedicação ao estudo. Isso em 1760, 259 anos atrás!
Quanto mais para nós que vivemos em uma era também chamada de era da
informação?
Ao olharmos para a vida dos homens que elegemos no começo do
nosso estudo como nossos modelos de analise – Moisés, Paulo e Jesus,
podemos perceber que uma das características que tinham de distintivos era
seu preparo educacional para a tarefa que Deus lhes confiou. Moisés educado
em todas as ciências do Egito; Paulo treinado segundo a escola rabínica de
Gamaliel e com bons conhecimentos (inferindo de algumas passagens do livro
de Atos dos Apóstolos) das escolas filosóficas de sua época; e Jesus era
claramente bom conhecedor da Lei mosaica e da tradição dos anciãos
segundo as escolas dos fariseus, dos saduceus e dos essênios. Resumindo, os
três eram homens que tinham um bom preparo teológico.
Infelizmente em nossas igrejas (de corrente pentecostal) ainda existem
muitas resistências quanto ao estudo e preparo teológico dos obreiros das
nossas igrejas. Argumentos como: estudar teologia mata a fé; a teologia apaga
o fogo; a teologia faz confiar apenas na razão e silenciar a voz do Espírito; a
letra mata e o espírito vivifica; etc. têm sido ainda usados como razões válidas
para não encorajar os crentes e em especial os Obreiros a dedicação no
estudo teológico. Mas se considerarmos que a teologia no seu nível mais
básico é o falar sobre Deus, então todos os cristãos falam teologicamente.
Logo se vamos falar de teologia, falemos acertadamente, para a glória de
Deus.
Paulo descreve para Timóteo no capítulo 3 da sua segunda carta, o perfil
reprovado por Deus, e para o santo ministério, de alguns homens, e insiste
com ele que permaneça na doutrina que aprendeu dele. Essa doutrina que ele,
Timóteo, aprendeu de Paulo associado com o ensinamento na Palavra de Deus
que Lóide e Eunice lhe deram quando ainda era criança iriam contribuir para
seu bom desempenho enquanto ministro do Evangelho e principalmente para a
sua própria salvação – 1Tm. 4:16. Aprender a doutrina da fé que professamos
é uma clara maneira de honrar a Deus, visto que poderemos prestar então um
culto com entendimento ao Deus que servimos – Rm. 12:1.
No que se refere a teologia, a dificuldade vai além da resistência que
alguns têm com a ciência ou com as pessoas formadas na área, mas um
cuidado do qual não se deve descorar, nessa era da informação, é que a
quantidade não é sinónimo de qualidade e em especial de um preparo que nos
leve para mais perto de Deus e sua glorificação. Entender, ainda que de
maneira introdutória, as várias nuanças da teologia cristã é uma tarefa
necessária para todo o cristão
Tomando em consideração a vida de Moisés, Paulo, Jesus, as
recomendações de Paulo à Timóteo e a carta de John Wesley a John
Trembath, então devemos considerar que não se trata apenas de se dedicar ao
estudo teológico, mas de um preparo teológico que seja: bíblico, cristocêntrico,
espiritual, contextual, aplicável e coerente teologicamente (com o Reino de
Deus e a igreja local). Existem muitas opções de formação teológica, porém
várias dessas opções não atendem os requisitos básicos daquilo que é o
padrão divino segundo aparece na Palavra de Deus. Não podemos confundir a
postura missionária de Paulo em não fazer recurso aos seus conhecimentos
teológicos e filosóficos (1Co. 2:1-5) como uma reprovação a tais, mas sim que
para aquele momento de seu serviço tais ferramentas não eram necessárias.
Não seria exagero dizer que Paulo conseguia ser bastante fecundo em
seu trabalho de evangelista entre os gentios fossem quaisquer o seu grau de
instrução por causa da sua familiarização com os temas e abordagens das
escolas filosóficas de seus dias, desde sua cidade natal, mesmo em Jerusalém
até a capital do império, Roma. Ele advoga contra as vãs sutilezas dos
pensamentos humanos, usando suas próprias estruturas para demonstrar que
a loucura de Deus sempre vai se mostrar incomparavelmente mais sábia que
toda a sabedoria humana acumulada. Quanto mais em nossos dias de uma
sociedade que se acredita esclarecida, madura e cada vez mais pulverizadada
de pretensas verdades que querem reformar, reformular e até mesmo substituir
o genuíno Evangelho da graça a partir da lógica ou razão?
Um outro aspecto que nós leva a enfatizar a necessidade de um preparo
teológico o mínimo consistente está na necessidade da apologética da fé de
maneira melhor preparada o possível, uma vez que toda vez que nos
propomos a explicar a fé (os pilares doutrinários de nossa crença) estamos nos
engajando num exercício de apologia, e dependendo do nosso preparo,
poderemos plantar uma semente que vai crescer e florescer ou poderemos
simplesmente reproduzir mais religião e confusão. William Lane Craig e James
Porter Moreland são dois cristãos filósofos que têm se destacado para além
das fronteiras dos Estados Unidos das Américas (de onde são naturais), seja
em debates públicos como através de inúmeras e consistente publicações no
campo da apologética. Juntos eles escreveram um livro que é celebre nessa
área: Filosofia e Cosmovisão cristã, onde apresentam, entre outras tantas, 7
motivos do porque a filosofia é importante para uma vida cristã e
principalmente de testemunho, mais pujante e eficaz.
4 - TREINAMENTO FILOSÓFICO ESCLARECEDOR
BIBLIOGRAFIA
“E falava o Senhor a Moisés face a face, como qualquer fala com o seu
amigo; depois tornava-se ao arraial; mas o seu servidor, o jovem Josué,
filho de Num, nunca se apartava do meio da tenda” Êx. 33:11.