Moçambique
Moçambique
Moçambique
A semente lançada, germinou, produziu bons frutos, e alguns deles podem ser vistos
ainda hoje na região Sul do país, tais como: escolas evangélicas, igrejas, bíblias
traduzidas para línguas nativas e muito mais. Com a guerra pela libertação do
colonialismo entre 1965-1975, a instauração do comunismo e subsequentemente a
guerra civil, que durou de 1976-1992, as mais de 100 escolas fundadas pelos
missionários protestantes foram desabilitadas, igrejas destruídas, pastores
perseguidos e mortos e muitos crentes dispersos. Como resultado o evangelho quase
desapareceu do país.
Sincretismo religioso
Relações de dependência
Além disso, por causa da pobreza absoluta, ao invés de criar meios de ajudar o povo a
produzir recursos e rendas, parece mais cômodo aos missionários escrever para suas
igrejas e pedir que enviem ajuda de seus países de origem. É verdade que as
necessidades são gritantes, é não há problemas em oferecer ajudas pontuais em
momentos específicos de calamidade, por exemplo. O problema é que em muitos
casos, o missionário começou a ajudar e não conseguiu mais parar, criando assim um
elo de dependência que dificilmente será quebrado sem transtornos.
Outro problema sério é que parte da população já consolidou a idéia de que a igreja
está vinculada a ajuda humanitária, e a história explica um pouco disso. A vida em
Moçambique, como na maioria dos países da África, não é nada fácil. Guerras e uma
série de catástrofes naturais dizimaram os poucos recursos existentes no país e
desfizeram estruturas básicas de subsitência do povo. Para dirimir os problemas sociais
decorrentes das guerras e catástrofes e amenizar os sofrimento de famílias vivendo em
pobreza absoluta, organizações internacionais cristãs e não-cristãs chegaram no país
com ajuda humanitária, especialmente comida, roupa e medicamentos, e decidiram
usar a estrutura das igrejas locais para fazer a distribuição.
O papel das igrejas seria o de cadastrar os necessitados e fazer com que a ajuda
chegasse às mãos das pessoas certas. Ao invés de cadastrar os necessitados, muitos
pastores e líderes começaram a impor a “conversão” às suas igrejas como condição
para receber a ajuda internacional. Muitas pessoas que estavam refugiadas em países
vizinhos como Zimbábue e Maláui ao ouvirem a respeito da ajuda, retornaram aos
seus locais de origem com a intenção de também serem beneficiadas. Pastores locais
contam que falsos pastores reuniram grupos de pessoas e começaram a cantar e ler a
Bíblia juntos com o objetivo de serem cadastradas. Eram pessoas que nem sequer
haviam passado por uma experiência de conversão, mas se reuniram como “igreja” por
causa da necessidade. Pela misericórdia de Deus muitos foram conduzidos à salvação
mais tarde, incluindo alguns dos falsos pastores.
Modificação e transformação
Além disso, não se pode desmerecer o trabalho sério e árduo que inúmeras agências
missionárias, missionários individuais e igrejas locais estão fazendo pela expansão do
reino de Deus em Moçambique, estabelecendo a cultura do Reino sem aniquilar a
cultura do povo. Na verdade, são estes a esperança para a redenção da cultura do
povo moçambicano para o louvor da glória do Rei das nações.
Antonio dos Passos Pereira, pastor presbiteriano e missionário em parceria com WEC Brasil. Casado com
Mirtes Áurea e pai de Vinícius de 5 anos. Trabalhou entre os anos de 2007-2009 em Moçambique na
área de treinamento de líderes e cuidado da igreja.
REFERÊNCIAS:
GARCIA, Francisco Miguel Gouveia Pinto Proença - Análise global de uma guerra (moçambique 1964-
1974). Porto, Outubro de 2001, 3º capítulo.
http://www.triplov.com/miguel_garcia/mocambique/capitulo3/protestantes.htm
Bureau of Democracy, Human Rights, and Labor of the USA. International Religious Freedom Report
2007. Mozambique. http://www.state.gov/g/drl/rls/irf/2007/90111.htm