A Importância Do Corpo No Processo de Aprendizagem Tema 1
A Importância Do Corpo No Processo de Aprendizagem Tema 1
A Importância Do Corpo No Processo de Aprendizagem Tema 1
ensino e aprendizagem
Resumo: O presente artigo tem por objetivo abordar a questão do corpo e da corporei-
dade em sala de aula e como este pode “ser” e “estar” relacionado com a aprendizagem.
Buscaremos construir reflexões acerca da visão de corpo no contexto educacional, como
percebemos os valores e sentidos a ele atribuídos por nós professores e como auxílio no
processo de ensino e aprendizagem. Para a realização desta reflexão foi utilizado como
referencial teórico os estudos de Nóbrega (2005), Assmann (1998), Freire (1998), Mo-
reira(1993), Merleau-Ponty (1996), Morin (2011), dentre outros estudiosos da área de
corporeidade.
Abstract: This article aims to address the issue of body and corporeality in the classroom
and how this can “be” and “to be” related to learning. Seek to build a reflection on the
vision of the body in the educational context, we perceive the values and meanings attribu-
ted to it by us as teachers and aid in the teaching and learning process. For the realization
of this reflection was used as theoretical studies Nobrega (2005), Assmann (1998), Freire
(1998), Moreira (1993), Merleau-Ponty (1996), Morin (2011), among other scholars in
the field of corporeality.
Falar do corpo na Educação não é algo simples, justamente por ser um as-
sunto pouco discutido e difundido nos ambientes escolares e em nossa formação
acadêmica. Freire (1989) faz uma observação interessante defendendo a ideia de
que quando a criança entra na escola, seu corpo também deveria ser matriculado,
referindo-se aos preconceitos que a criança sofre ao entrar no ambiente escolar,
quando a mesma é obrigada a ficar sentada horas e horas.
O mesmo autor ainda afirma que
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Necessitamos pensar em uma escola, uma sala de aula em que nossos alu-
nos sejam vistos de forma integral, indissociável, como as experiências vivenciais
do corpo em consonância com a mente.
Sabemos que ao longo dos tempos, a visão de corpo passou por várias
concepções, muitas vezes até contraditórias, as quais se desenvolveram de acordo
com o contexto cultural de seus respectivos pensadores.
Percebemos a partir de nossos estudos que há uma grande diversidade de con-
cepções, levando-nos a considerar alguns autores e pensadores mais significativos.
Com os avanços das Ciências e a partir de bases, posteriormente forneci-
das por Descartes (1983) temos uma visão de corpo “dualista” e “cartesiana”. De
acordo com Sérgio (2003, p.12) Descartes lembra: “Eu sou um ser que pensa,
proclamou-se assim o divórcio entre o pensamento e o ser, a ruptura ontológica
do ser e a lógica do pensamento.”
Esta visão dualista e cartesiana em que é ignorada a ideia de homem
global e complexo, cujo corpo é separado da alma, fez com que o conhecimento
também se separasse da mente e dessa forma o homem não precisava de mais nada
além de saber pensar.
Nóbrega (2010) ressalta que as relações com a representação mecânica
do corpo são destaque entre os séculos XVI e XVIII, enquanto no século XIX, a
fisiologia divide com a anatomia as bases de compreensão do corpo, e que, segun-
do Merleau-Ponty (1996) para se ter o conhecimento do corpo, não basta apenas
dividi-lo em partes e funções.
Sabemos que no decorrer dos anos cada gesto, cada ação internalizada
pelo corpo são reflexos do contexto social ao qual ele está inserido e o objetivo da
sociedade e muitas vezes da própria escola é o de cuidado com o corpo, obedecen-
do uma ordem assim definida: instrução, saúde, comportamento, temperamento
e costumes sempre orientando as crianças e jovens para as tarefas da vida futura,
prevalecendo o saber sobre o corpo.
Observamos claramente na escola hoje que esta dominação do corpo está
presente em vários aspectos: no conteúdo das disciplinas, na forma como são apli-
cadas, na distribuição das carteiras, na postura corporal dos alunos e professores,
na distribuição do tempo de cada atividade, revelando assim uma repressão de
sentimentos espontâneos.
A aprendizagem hoje ainda é uma aprendizagem sem corpo, não somente
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Considerações finais
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SÉRGIO, M. et al. Alguns olhares sobre o corpo. Lisboa: Instituto Piaget, 2003.
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