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Resenha Crítica Filme Menino Que Descobriu o Vento

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RESENHA CRÍTICA

O Menino que Descobriu o Vento

Inspirado por um livro de ciências, um garoto constrói uma turbina eólica para
salvar seu vilarejo da fome. Baseado em uma história real.

Diretor: Chiwetel Ejiofor

Roteiro: Chiwetel Ejiofor (com base no livro escrito por William Kamkwamba e

Bryan Mealer)

Elenco: Chiwetel Ejiofor, Maxwell Simba, Lily Banda, Aïssa Maïga, Lemogang

Tsipa

Duração: 1h 53min;

Classificação etária: 12 anos;

Ano de lançamento: 2019;

Gênero: Baseado em fatos;


Resenha critica
William Kamkwamba (Maxwell Simba) é um menino alegre, sonhador e com sede de
conhecimento que vive em Malawi, na África, com sua família. Ele está prestes a começar
a fazer seu ensino médio e a felicidade dele é enorme. Sua irmã mais velha, Annie (Lily
Banda) já é formada e está a espera de que sobre algum dinheiro, para poder ir para a
faculdade. Seus pais, que lutam para colocar comida na mesa da família, fazem questão
de garantir também os estudos dos filhos, um luxo que eles não tiveram a oportunidade
de ter quando jovens.

Mas Deus, o universo, o clima ou o que quer que seja, têm outros planos para os
habitantes das terras secas de Malawi. Todos ali vivem da plantação de tabaco e tanto a
seca, quanto a abundância de chuva são terríveis para as colheitas. E, assim, começa o
inferno de todos, quando a chuva chega sem cessar, inundando a plantação e os fazendo
perder boa parte do trabalho deles. Com essa enorme perda, Trywell (Chiwetel Ejiofor) e
Agnes (Aïssa Maïga), pais de William, não conseguem mais pagar a escola e ele é
obrigada a parar os estudos.

Logo depois da chuva, que acaba com as plantações, vem a seca, que impede a todos
que plantem novamente. Afinal, sem água, é impossível plantar. E, assim, o desespero só
aumenta para os habitantes de Malawi. A fome cresce e eles precisam cada vez mais,
diminuir a quantidade de comida, até que chega uma hora que eles só podem fazer uma
refeição por dia. É triste, é agonizante, é desesperador, ver a família fazendo tudo que
pode para sobreviver e nada ser o suficiente.

Por isso, William começa a ter uma ideia. Ele descobre através de uma bicicleta que o
vento é capaz de gerar energia e, assim, ele imaginou que, com essa energia gerada pelo
vento, eles poderiam ligar uma bomba de água e ‘fazer chover’ durante a seca. Parece
ser a solução de todos os problemas e, por isso, ele começa a ir para escola escondido,
ler os livros sobre eletricidade e energia eólica na biblioteca para aprender a criar um
moinho de vento e ajudar todos que ali viviam. Tudo que ele usa para a construção desse
moinho vem do lixo, ele vai no lixão e vê nas sucatas descartadas ali uma utilidade para o
seu projeto. A garra, a coragem e a força que esse menino tem é inspirador.

“Mesmo rezando pra chover, os ancestrais sobreviveram porque permaneceram juntos.


Quando estivemos juntos, Sr. Diretor?”

De fundo a toda essa história, temos a situação política de Malawi. Eles acabaram de
entrar numa democracia, mas nada funciona como o esperado. O governo fecha os olhos
para a situação deles e eles lutam para conseguir comida e uma vida digna. Tudo que
interessa aos governantes é comprar suas terras, cortar suas árvores e pegar suas
produções por preços ridiculamente baixos. No decorrer do filme, vemos o resultado do
descaso do governo para com essas pessoas e esse lugar. É muito triste e a revolta
também está garantida.
O filme é mais focado no William e sua família. A questão da hierarquia familiar é bem
pontuada e o motivo do maior conflito no filme. William terá que mostrar para o pai que ele
está certo em determinada situação, e isso não é nada fácil. Mas a ligação, o amor e a
luta que mantém a família tentando tudo que podem para sobreviver é lindo de ver. Assim
como as perdas são tristes de presenciar. Pessoas que vão embora para fugir da fome,
pessoas e animais que morrem de fome. Por mais simplista e intimista que o filme seja,
ele não deixa de marcar e emocionar quem assiste.

“- Não temos comida!

– E daí? Acha que eu vou te deixar morrer de fome? Quando eu cortar meu próprio braço
pra te alimentar, então vai saber que é minha filha.”

Além de uma ótima atuação como pai de William – o que não surpreende depois do seu
sucesso no filme 12 Anos de Escravidão -, preciso dar um grande destaque para Chiwetel
Ejiofor pelo seu primeiro trabalho como diretor. A fotografia do filme é linda e incrível.
Podemos ver claramente a mudança da natureza ao redor e das pessoas que lá vivem,
conforme o tempo passa. O verde que vai diminuindo, o amarelo terroso que vai tomando
conta de tudo por conta da seca, os animais que vão emagrecendo sem ter o que comer.
Eu fui completamente absorvida por tudo ali e a produção teve tudo a ver com isso. Com
aproximadamente duas horas de filme, a Netflix mais vez arrasou em nos trazer um
trabalho tão rico.

Além do filme, essa incrível história já foi contada através de um livro de mesmo nome,
lançado em 2011 aqui no Brasil pela Editora Objetiva, e escrito pelo próprio William (saiba
mais aqui). Já a a história real, na qual ambos são baseados, aconteceu em 2001, o que
nos traz um choque por ver que, numa época tão próxima ainda existiam pessoas em
situações como a que foi retratada no filme. E, pior ainda, é ter a certeza que hoje em dia,
ainda existem lugares assim.

Mas aqui, podemos mais uma vez, ver que nos momentos mais difíceis, o ser humano
encontra uma forma de fazer acontecer e encontra uma maneira para tudo dar certo.
William, o verdadeiro mesmo, é um grande exemplo de superação. Dá pra imaginar que
ele, um menino de 14 anos, simplesmente transformou a vida de todos que moravam
perto dele? Enquanto, todos fugiam e pereciam sobre a seca, ele realmente fez chover,
como ele mesmo fala no filme, e isso é mágico. É claro pra mim que a história de William
Kamkwamba é grande e inspiradora!

“Depois de deixar a escola, fui pra biblioteca e li um livro chamado Usando a Energia,
onde consegui as informações sobre o moinho.

Tentei e consegui construí-lo”


Conclusão

O Menino que Descobriu o Vento é um grande drama, bem arquitetado e que consegue
fugir, sempre que possível, dos clichês do gênero. Evidentemente, este é um filme de
redenção. A gente sabe como vai terminar. No entanto, a jornada é que é interessante:
acompanhamos com apreensão o desenvolvimento social e político de Malawi, que são
mostrados de forma tímida no começo, para depois aparecer com mais força –
encontrando o clímax em uma cena de comício que se torna uma briga sangrenta.

Esse filme me trouxe uma grande lição de vida, me inspirou e me deixou emocionada em
vários momentos. A luta, a garra, a força e a coragem de William e seus pais me deixou
profundamente tocada e envio a eles todas as minhas orações para que eles nunca
precisem passar por esse inferno novamente. E, assim, termino essa crítica indicando
esse filme para todos que amam um bom drama, daqueles que nos torna pessoas
melhores depois de assistir. Vocês não vão se arrepender. Grande beijo e até a próxima!

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