Echinodermata
Echinodermata
Echinodermata
(echinos=espinhos; derma=pele)
Generalidades
As conhecidas estrelas do mar e os ouriços, comuns em águas marinhas rasas, são
representantes de um grupo de invertebrados totalmente marinho, os Equinodermas (E-R),
que estão situadas a parte de quase todos os demais grupos de invertebrados.
Possuem um esqueleto interno, mesodérmico, constituído por placas de calcita porosas, que
possuem espinhos e são cobertos por uma pele delgada. Normalmente, os esqueletos
apresentam uma simetria pentarradiada, ainda que em alguns grupos fósseis e em alguns
ouriços do mar modernos, tal simetria não existe, ou se superpõe a uma outra simetria bilateral
que mascara a radial. São fixos ou livres, de morfologia variada e em geral possuem
dimensões centimétricas. Mas há certos pedúnculos de espécies fósseis sésseis que atingiram
vários metros. O esqueleto pode ser muito reduzido ou ausente.
Outro importante caráter dos equinodermas é o sistema ambulacral, que forma um complexo
sistema de tubos internos, onde circula um fluido de composição análoga a da água do mar.
Este aparato possui extensões que emergem do esqueleto até o exterior, denominadas de pés
ambulacrais, que desempenham diversas funções, especialmente relacionadas com
locomoção, respiração e alimentação. Devem ser considerados primordialmente, como órgãos
utilizados por um animal para relacionar-se com o meio ambiente.
Devido seu esqueleto calcário, os equinodermas são muito abundantes no registro fóssil, e
freqüentemente seus restos tem contribuído para a formação de rochas carbonáticas. Os seus
restos são encontrados em sedimentos unicamente de origem marinha, mais comumente em
arenitos e calcários.
São animais estenohalinos e cosmopolitas, habitando desde profundidades litorais até
abissais, em todos os tipos de fundo. No entanto preferem águas claras, rasas e quentes,
onde vivem bentonicamente, sendo suas larvas planctônicas.
Ocorrendo desde os primórdios do Fanerozóico, são fósseis abundantes a partir do
Ordoviciano, formando grandes partes de alguns calcários. Entretanto, o seu uso em
bioestratigrafia é limitado pelo complexo arranjo de suas placas e braquíolos, sendo mais
utilizados em interpretações paleoecológicas.
xxxxxxxxxxxx
Segundo Souza-Lima & Manso (2011) os ofiuróides, conhecidos como serpentes-do-mar, com
cerca de 2000 espécies viventes, são equinodermas abundantes do bentos marinho, desde as
zonas intermarés até as regiões abissais, com estratégias alimentares variando entre
sedimentívoros, suspensívoros e necrófagos. A morfologia básica destes organismos inclui um
disco com cinco ou mais braços articulados, simples ou ramificados, celoma muito reduzido,
compostos por placas recobertas por tecido e madreporita localizada na superfície oral do
disco central, podendo ser reduzida a dois poros diminutos. Nos braços são encontrados os
pódios, pequenas estruturas que auxiliam na obtenção de alimento, locomoção e trocas
gasosas. A boca localiza-se no centro da região ventral, comunicando-se com o estômago que
não termina em ânus. Assim o estômago e as gônadas situam-se na cavidade celomática
periviceral, preenchida por fluídos. Estes animais usam seus braços articulados e flexíveis
primariamente para rastejar ou agarrar-se. O arranjo do esqueleto dos braços permite um
extenso movimento lateral em um plano perpendicular ao eixo do corpo, mas os braços quase
não possuem flexibilidade paralelamente ao eixo do corpo (BRUSCA; BRUSCA, 2007).
Seu arranjo sistemático em três ordens, duas subordens e cinco infraordens, está baseado nas
formas fósseis, principalmente na morfologia e ornamentação dos escudos radiais, braços,
placas laterais, espinhos braquiais e articulação vertebral (SOUZA-LIMA; MANSO, 2011;
BRUSCA; BRUSCA, 2007).
A extensa amplitude temporal destes invertebrados, cujos primeiros fósseis reconhecidos
datam do Ordoviciano, aliada às pequenas modificações dos seus aspectos morfoanatômicos
ao longo de sua história geológica, permitem supor que evoluíram no ritmo braditélico e por
isso podem ser considerados fósseis vivos. No entanto, até hoje apenas o gênero
Ophiocanops foi formalmente proposto como fóssil vivo por Fell (1962, 1963 in SOUZA-LIMA;
MANSO, 2011). O registro fóssil dos ofiuróides é esparso, devido a fragilidade do seu
esqueleto, rapidamente decomposto ou destruído por necrofagia após a morte,
desencadeando rápida desarticulação das suas placas.
Classis HOLOTHUROIDEA (O-R) (pepinos do mar)
São equinodermas fusiformes ou cilíndricos, que geralmente descansam sobre o fundo do
mar, ou escavam este fundo com seu eixo maior. A boca e o ânus localizam-se em extremos
opostos. A pele é rugosa, e o seu esqueleto é constituído por numerosos corpúsculos
incrustados (ossículos microscópicos) que é a única parte do animal normalmente fossilizada.
Na maioria dos casos estas placas calcíticas estão reduzidas a pequenos escleritos,
elementos morfológicos que são utilizados para a classificação sistemática dos gêneros
fósseis. As cinco séries longitudinais de pés tubulares constituem a característica que inclui
estes bizarros animais dentro do filo ECHINODERMATA.
Apesar dos restos mais antigos do grupo serem reconhecidos já no Ordoviciano, os autênticos
fósseis desta classe se encontram no Devoniano. A redução das placas a escleritos, que dão
ao corpo da holotúria sua flexibilidade característica, parece ter sido quase universal, pois um
reduzido número de gêneros tem seu corpo coberto por placas.
Dentro dos holoturóideos tem-se formas bentônicas vágeis (que se arrastam através de pés
ambulacrais) e planctônicas (como as medusas). Atualmente são abundantes nos mares rasos
e quentes, apesar de também viverem em zonas abissais.
xxxxxxxxxxxx
A classe Holothuroidea abrange 1150 espécies viventes e difere muito na aparência em
relação aos demais equinodermas, já que seu corpo alongado no eixo oral-aboral é envolvido
por um tecido coriáceo ou macio e seu exoesqueleto é reduzido a inúmeros ossículos
microscópicos. A morfologia básica dos pepinos-do-mar compreende a um corpo cilíndrico
pentarradiado, cujos raios percorrem toda a sua extensão, boca e ânus ocorrem em posições
excêntricas. Os pódios bucais estão modificados para tentáculos alimentares retráteis
dispostos em padrão anelar, mais comuns na região ventral (trívio) do que na dorsal (bívio).
Algumas espécies não apresentam pódios, o sulco ambulacral é fechado e a madreporita é
interna e abre-se no celoma (SOUZA-LIMA; MANSO, 2011; BRUSCA; BRUSCA, 2007).
Este grupo de equinodermas tem ampla distribuição batimétrica no ambiente marinho,
chegando a perfazer 90% da associação faunística dos ecossistemas de mares profundos,
com estratégia alimentar sedimentívora ou suspensívora. Devido aos ossículos corporais
consistirem nas partes morfológicas mais frequentemente preservadas, o arranjo sistemático
das formas fósseis tem sido baseado nestas microestruturas, perfazendo seis ordens, com
grande distribuição temporal (SOUZA-LIMA; MANSO, 2011).
O registro fossilífero dos holoturóides no Brasil restringe-se ao reconhecimento de diversos
escleritos na Formação Pirabas, ainda não descritos, identificados ou ilustrados.
Ocorrência no Brasil
CYSTOIDEA - Fm. Santa Rosa - D - Bacia do Paraná
CRINOIDEA - Fm. Cabeças - D - Bacia do Parnaíba
Fm. Maecuru e Fm.Ererê - D - Bacia do Amazonas
Fm. Santa Rosa - D - Bacia do Paraná
Fm. Itaituba - Cb - Bacia do Amazonas
OPHIUROIDEA Fm. Santa Rosa - D - Bacia do Paraná
ECHINOIDEA Fm. Itaituba Rosa - Cb - Bacia do Amazonas
Fm. Santana - K - Bacia do Araripe
Fm. Jandaíra - K - Bacia Potiguar
Fm. Algodões - K - Bacia do Recôncavo
Fm. Gramame - K - Bacia de Pernambuco/Paraíba
Fm. Beberibe - K - Bacia de Pernambuco/Paraíba
Fm. Riachuelo - K - Bacia de Sergipe/Alagoas
Fm. Cotinguiba - K - Sergipe/Alagoas
Fm. Maria Farinha - Paleoc - Bacia de Pernambuco/Paraíba
Fm. Pirabas - Mioc.
Bacia de Pelotas