CRUVINEL - I ENECIM - Encontro Nacional de Ensino Coletivo de Instrumento...
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Introdução
Pressupostos Filosóficos
1
Apoios imprescindíveis da Escola de Música e Artes Cênicas da Universidade Federal de Goiás, da
AGEPEL - Agência Cultural Pedro Ludovico Teixeira do Governo do Estado de Goiás, do ICBC – Instituto
Centro-Brasileiro de Cultura, do Projeto GURI da Secretaria de Cultura do Governo do Estado de São Paulo.
E Patrocínios da Weril e Roriz – Instrumentos Musicais.
2
Demiurgo é a criatura intermediária entre a natureza divina e a humana (Vide Platão).
Acreditava-se que uma pessoa “culta” era uma pessoa “civilizada”. O conceito clássico de
cultura possui referencial no cultivo de uma “alta” cultura, privilegiando alguns trabalhos e
valores em relação aos outros: indivíduos mais cultos, segundo a tradição
clássica/positivista, são enobrecidos de mente e espírito. Nota-se que, no contexto
contemporâneo, a concepção clássica de cultura ainda é muito utilizada.
A época que o pensamento cartesiano estava se consolidando, o seu reflexo no
campo música foi o reducionismo técnico-mecanista, na super-valorização da técnica em
detrimento do sensível, do musical, culminando na figura do virtuosi.
A partir desta visão tradicional e tecnicista, busca-se prioritariamente, a formação
do virtuosi, ou seja, do instrumentista de habilidade técnica excepcional. E por muitas
vezes, essa habilidade excepcional é considerada, erroneamente, fruto de um dom ou
talento natural. Observa-se que os Conservatórios e Escolas de Música ainda estão presos à
formação de um instrumentista de alta capacitação técnica, limitando o acesso ao ensino
instrumental.
Na contramão destes conceitos, por meio de entrevistas3, constatou-se que os
educadores que atuam no campo do ensino coletivo estão comprometidos com uma
formação musical de qualidade, mas também com a formação humanística e social do seu
aluno.
Acredita-se na Música como um conhecimento fundamental para formação de todo
ser humano. Perdemos espaços de atuação profissional pela crença de que o aluno tem que
ter um dom ou tornar-se um virtuosi, antes mesmo de buscar conhecer sua realidade: quem
é este ser humano? O quê ele deseja das aulas de música e de instrumento?
Pensa-se que primeiramente deva vir o lúdico, o prazeroso. A música é importante
para o ser humano e sociedade independe da profissão que ele seguirá. Não devemos olhar
uma criança ou um iniciante como um futuro profissional.
Da mesma forma, não devemos ter um modelo único de ensino que “sirva” a todos
alunos. Devemos enxergar a individualidade de cada aluno, sua realidade humana, no
contexto cultural e social. Nesse sentido, nota-se que alguns educadores musicais ainda
permanecem distantes do contexto social em que vivem, repassando e perpetuando as
antigas fórmulas metodológicas como “verdades” (quase) absolutas, imutáveis (Cruvinel,
3
Entrevistas com educadores musicais que atuam por meio do Ensino Coletivo de Instrumentos Musicais
(vide Referências Bibliográficas Cruvinel,2003 e Cruvinel,2005).
2005). Daí, arrisca-se o fundamento da resistência sentida dos educadores musicais em
relação ao ensino coletivo de instrumento musical.
A postura do educador musical crítico e reflexivo é aquela que tem uma escuta
sensível aos anseios dos educando, em um estado de permanente diálogo, além de ser um
investigador reflexivo e atuante no sentido de estar sempre atento aos processos de ensino-
aprendizagem, considerando a realidade de cada educando em seus diversos aspectos
sócio-culturais, tendo em vista a complexidade em que se vive o mundo e se constrói o
conhecimento.
Considerações Finais