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Helcio 2 Nutricao de Plantas PDF

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O manejo da adubação visando o equilíbrio e resistência das plantas

Hélcio de Abreu Junior

“Alimente seu solo que ele alimentará sua planta’’


Willian Albrecht

A teoria da trofobiose de Francis Chaboussou (trofo=alimento e biose=existência de vida)


quer dizer: Todo e qualquer ser vivo só sobrevive se houver alimento adequado disponível para ele.
Em outras palavras, a planta ou parte da planta cultivada só será atacada por insetos, ácaros,
nematóides, fungos e bactérias quando houver na seiva, exatamente o alimento que eles precisam.
Este alimento é constituído, principalmente, por aminoácidos, açucares redutores, esteróis,
vitaminas e outras susbtâncias simples livres e solúveis, pois os insetos e fungos possuem poucas
enzimas e estas apenas conseguem digerir substâncias simples presentes na seiva da planta. Os
teores e principalmente a proporção destas substâncias relacionados com os teores de nutrientes
minerais na seiva são determinantes na maior ou menor susceptibilidade das plantas aos parasitas.
Para que a planta tenha uma quantidade maior de aminoácidos (substâncias simples), basta tratá-la
de maneira errada: adubações desequilibradas, aplicações de agrotóxicos, estresses, podas etc.
Portanto, um vegetal bem alimentado e manejado considerando todas as suas necessidades e
equilíbrios, dificilmente será atacado por “pragas e “doenças”. As ditas pragas e doenças, morrem
de fome numa planta equilibrada. Podemos trocar o nome de pragas e doenças para indicadores de
mau manejo. Insetos, ácaros, nematóides, fungos, bactérias e vírus são a conseqüência e não a
causa do problema. Desta forma, em agricultura sustentável (orgânica) tratamos as causas para que
os resultados sejam os mais duradouros e equilibrados possíveis.
Existe por trás desta teoria, uma base bioquímica onde as enzimas responsáveis por
processos importantes da planta quando na ausência de alguns nutrientes (metais) e condições
ambientais, perdem sua capacidade de catalisar as reações, diminuindo sua eficiência. Desta forma
algumas substâncias ficam acumuladas na planta e servem de alimentos para os insetos.
Na agricultura orgânica, o simples fato de se buscar uma produção vegetal e animal mais
equilibrada e sadia, nos leva a pensar e agir diferentemente da agricultura convencional,
principalmente no manejo da fertilidade dos solos. A busca por um alimento com maior valor
biológico e com propriedades organolépticas melhores, nos levou a buscar outras formas de
fertilização dos solos mais equilibradas que levam em conta as proporções dos nutrientes no solo e
não só os teores totais. Sabe-se que o Cálcio e o Magnésio tem uma estreita relação com a
absorção do potássio e conseqüentemente com o ataque de pragas e doenças. Da mesma forma o
enxofre com o nitrogênio, o boro com o cálcio e potássio, o zinco com o fósforo, entre outras
relações que direta ou indiretamente afetam a produção e sanidade das culturas e criações
(ZIMMER, 2000, PRIMAVESI, 1986, ABREU JR. 1998).
A melhoria da fertilidade dos solo e o controle das pragas, doenças e ervas invasoras não
são feitos com produtos, como por exemplo um fertilizante NPK 4-14-8 ou alguns agrotóxicos como
2,4-D, benlate e malathion, mas sim por um processo, onde os conceitos citados acima são
aplicados racionalmente e de maneira conjunta, com o intuito de minimizar os efeitos destes
agentes biológicos. Entendendo assim, a agricultura passa a ter menos mistérios e os seus
profissionais responsáveis passam a ter um papel fundamental na orientação do controle de pragas
e doenças dos cultivos agrícolas. Para que não sejam entendidas como uma catástrofe enviado
pela natureza, mas um fator que pode ser manejado adequadamente quando se entende as
relações clima, solo, planta, praga/doença, organismos benéficos e ações do homem.
As práticas sustentáveis da agricultura se baseiam em conceitos ecológicos sólidos e
podem ser divididas em dois grandes grupos:
Medidas a serem tomadas antes do plantio
• Fazer o Manejo Integrado da Fertilidade do Solo e Nutrição da Planta, onde a queima de
qualquer resto de palhada e/ ou vegetação é a pior prática quando se deseja alcançar a
sustentabilidade agrícola. A compostagem de todo material disponível na propriedade é sempre
desejável.
• Preparo do solo, deve ser precedido da avaliação da compactação, dando sempre preferência
ao plantio direto e mecanização reduzida, mantendo a cobertura de palha e/ou matéria orgânica
na superfície do solo para que ocorra a decomposição aeróbica e desenvolvimento de
organismos benéficos.
Realizar a adubação no sentido amplo do termo, com muito critério pois como se sabe, o excesso
de um nutriente provoca a deficiência induzida de outro e quase sempre isto está associado ao
ataque de pragas e doenças. Há uma relação direta entre deficiências, excessos e aumento da
susceptibilidade das plantas a pragas e doencas. Veja tabela abaixo:

Tabela 1 : Doenças Vegetais ocasionadas por excesso e deficiência de nutrientes no solo e planta
Nutrientes Susceptibilidade a: Culturas
Adubação com Alternaria fumo, tomate
Excesso Botrytis videira, morango
Nitrogênio Erwinia Batata
Erysipha mildio cereais e frutas
Peronospora alface, videira
Puccinia Cereais
Pseudomonas fumo, feijão, pepino, couve
Verticillium tomate, algodão, cravos
Deficiência de Puccinia tritici Trigo
Boro Erysiphe cich Girassol
Erysiphe gram cevada, trigo
Phoma betae Beterraba
Botrytis couve-flor
Fusarium Tomate
Deficiência de Pullinia tritici, Ustilago tritici Trigo
Cobre Erwinia, Phytophtora, Streptomyces Batata
Pernospora alface, videira
Erysiphe cichor Fumo
Helminthosporium oryzae arroz, tomate, pepino
Piricularia oryzae Arroz
• Deve-se dar preferência a nutrientes quelatizados; aqueles ligados a moléculas de matéria
orgânica, pois possuem a qualidade de liberar paulatinamente as quantidades necessárias às
plantas, promover a vida benéfica no solo e de não se perder facilmente com as chuvas. Para
isso, acrescentar aos estercos, biofertilizantes e tortas, os elementos que são carentes no solo e
planta. A colocação de fertilizantes solúveis diretamente no solo, sem fazer adubação verde ou
acrescentar matéria orgânica compostada ou húmus de minhoca, não é sustentável a longo
prazo, pois os fertilizantes solúveis irão se perder por lixiviação e/ou fixação, não irão promover
uma vida ativa e benéfica ás plantas e vão predispô-las às pragas e doenças. É unânime entre
os agricultores mais experientes, a relação entre melhoria do solo em matéria orgânica e
diminuição de pragas e doenças (Seminário sobre novas tendências de manejo do solo Húmus e
Microrganismos - 1996).
• Após a instalação da cultura no campo, ao se fazer a adubação de cobertura, pode se utlilizar
compostos orgânicos mais solúveis e ricos em nutrientes, como o esterco de galinha, a torta de
mamona, Bokashi, biofertilizantes e nutrientes quelatizados.
• Rotação racional de culturas, com características diferentes de extração de nutrientes, evitando-
se sempre os afeitos alelopáticos;
• Consorciação de plantas companheiras (Ex. abóbora e milho, batata e alho) e/ou de plantas
repelentes às pragas (Ex. tomateiro e cravo de defunto, alho japonês);
• Plantio de cercas vivas, quebra-ventos e preservação de áreas de refúgio da fauna benéfica. A
orientação é utilizar-se diversas plantas nativas que produzam flores e frutos em abundância
para que os organismos benéficos tenham alimentos em períodos de “entressafra de pragas”.
• Escollha culturas adaptadas aos fatores limitantes (clima, solo, disponibilidade e água etc) bem
como de cultivares, variedades e espécies resistentes e/ou rústicas às doenças e pragas mais
comuns na região. Basear a escolha nas características do clima dos centros de origem das
espécies, por exemplo a batata nos Andes, o tomate no México e assim por diante.
• Plantio e cultivo de plantas inseticidas, nematicida, fungicidas e indutoras de resistência, como o
Nim (Azadirachta indica), Cravo-de-defunto (Tagetes erecta) Manjericão (Ocimum micranthum),
Primavera (Bougainvillea glaba), respectivamente, para utilização na preparação de extratos e
biopreparados que serão utilizados na proteção dos cultivos.
• Iniciar a preparação de caldas fermentadas e infusões que estimulam e promovem a melhor
nutrição e consequentemente uma melhor proteção das plantas, pois muitas vezes estes
preparados necessitam de alguns dias para a completa elaboração (Ex.: Biofertilizante, chorume)
• E todas as recomendações citadas, deve-se ressaltar que o agrotóxico não deve ser considerado
como medida preventiva.

Tabela 2 : Medidas preventivas/curativas de pragas e doenças com o uso de nutrientes vegetais.


PRAGAS / DOENÇAS APLICAR OS NUTRIENTES
Brusone (Piricularia oryzae) Cobre + Manganês
Lagarta rosada algodão (Platyedria gossypiella) Molibidênio + Fósforo
Ferrugem (Hemileia vastatrix) de café Calda Viçosa
Bicho mineiro (Perileucoptera coffeella Skrill (Nutriente marinhos)+ Molibidênio
Vírus dourado em feijão Cálcio (concha moída) + Boro
Antracnose em feijão e uva(Glomerella lindem) Cálcio
Botrytis em uva Boro
Míldio em cereais e girassol Cobre + Boro
Pulgões (Aphideo) Potássio + Boro, em citrus + Cobre
Vaquinha (Diabrotica speciosa) Molibidênio
Lagarta elasmo (Elasmopalpus lignoselus) Zinco na semente
Lagarta do cartucho (Sspodoptera frugiperda): Boro no solo e semente
Serrador (Onicideres impluviata) Magnésio
Cochonilhas Elevar o nível de cálcio à 40 mmola/1000 mg
Ferrugem (pullinia tritici) Boro + Cobre
Lesmas(gastrópodes Rotação com aveia preta + Cobre na palha
Ferrugem em crisântemos Iodo
Saúvas (Atta sp.) Adubar as plantas e árvores com Molibidênio
Primavesi, (1997)

Neste novo enfoque e visão se diz equilíbrio de bases do solo e não calagem e adubação,
onde os diferentes tipos de calcário e adubos são utilizados com mais critério e não apenas o
econômico.
Fazer cálculos de calagem e adubação conforme preconizados pela pesquisa técnica
convencional, nem sempre será sinônimo de sucesso e sanidade das culturas, pois os resultados
dos experimentos levou-se em conta apenas as quantidades de matéria seca produzidos pela
planta; ou seja usou-se a balança de medida de massa. Pouco se avaliou quanto uma calagem e
relação Ca/Mg afeta a vida do solo, microrganismos, colóides, lixiviação, perda de outros nutrientes,
resistência a pragas e doenças, resistência a seca e vento, promoção de saúde animal, valor
biológico, capacidade do alimento satisfazer os animais etc.
Plantas que foram cultivadas em solos que receberam adubação (orgânica+mineral) com
base no equilíbrio de bases, proporções dos nutrientes na CTC e não somente no conteúdo total
dos elementos, foram mais resistentes a pragas e doenças e os animais (porquinho da Índia e
galinhas) que as consumiram, ganharam mais peso consumindo menos; em relação às mesmas
plantas cultivadas sob adubação tradicional (calagem + adubação química), segundo experimentos
de Wiliam Albrecht citado por Zimmer (2000). Isso pode ser creditado ao maior valor biológico dos
alimentos cultivados em solos equilibrados.
No boletim Técnico 100 do IAC, consta: “A relação Ca/Mg não é um fator que precisa ser
levado em conta na calagem, desde que seja garantido um teor adequado de Mg. A importância do
equilíbrio de bases no solo para a produção das culturas tem sido muito discutida, nos últimos anos,
no País. Existem recomendações técnicas para ajustar a relação Ca/Mg para valores entre 3 e 4,
sem nenhuma sustentação experimental. Ao contrário, os resultados experimentais sobre este
assunto, tanto nacionais como internacionais, tem demonstrado que a relação Ca/Mg tem pouca
importância para a produção das culturas dentro de um intervalo amplo de 0,5:1 até 30:1, desde que
os teores desses nutrientes no solo não sejam próximos aos limites de deficiência”.
Para agricultura orgânica as proporções dos nutrientes tem muita importância, pois afeta
diretamente a saúde das plantas e vida do sistema vivo solo. Quanto aos resultados experimentais,
acho que os fertilistas brasileiros nunca leram Albrecht.
O excesso de magnésio presente em solos que receberam exclusivamente calcário
dolomitico provoca: perda de nitrogênio pela formação de nitrato dee magnésio, altamente lixiviavel
no solo, competição com o potássio na absorção pela planta, diminuição da floculação do solo,
compactação e maior pegajosidade do solo.
Segundo o boletim “O solo pode ser ate considerado um organismo vivo’’. Para os orgânicos
isso não há duvidas, pois o solo e um sistema vivo comparado ao rumem de uma vaca. Quando
alimentamos uma vaca com palhas, são os microrganismos presentes no rumem que o digerem e
transformam as celuloses e ligninas em substancias assimiláveis pelo animal, da mesma forma deve
ser encarado o solo.
Analisando sob este enfoque, formas de nutrientes que levam cloro em sua composição, afetam a
vida no solo, pois cloro é um poderoso bactericida. O cloro não se torna bonzinho ao se coloca-lo no
solo. Ele mata microbios onde quer que esteja
Por exemplo, o cloreto de potássio tem em sua composição além do potássio (55%), cloro (45%) e
por isso que seu uso na agricultura orgânica não é permitido, bem como de outros cloretos.
Os solos brasileiros possuem baixa quantidade de Matéria Orgânica (M.O.) e Boro.O
primeiro diminui a retenção e adsorção de nutrientes no solo, diminui vida e diversidade de
organismos no solo, ciclagem de nutrientes, bem como diminui aeração, a retenção de água e
penetração das raízes no solo, aumenta a compactação, ou seja, diminui o volume de solo
explorado pelas raízes e conseqüentemente aumentam as chances das plantas passarem fome e
sede. O boro, quando ausente ou em baixa quantidade, reduz crescimento das raízes e ocasiona
quase os mesmos efeitos na planta, descritos acima; alem de diminuir a translocacao ded
fotoassimilados, pegamento e enchimento de frutos.
O pH não é um parâmetro tão importante, mas conseqüência do atendimento dos demais
níveis. Se fosse tão importante ao se colocar uma planta em água com pH 7 ela se desenvolveria
bem sem precisar dos nutrientes.
Algumas regras importantes para aplicação prática do conceito de Equilíbrio de Bases:
• Não acrescentar mais de 2,5 t/ha de calcário por ano.
• Não colocar todos os nutrientes nas proporções ideais logo no primeiro ano, pois ao se
acrescentar adubos orgânicos e adubos verdes, os microrganismos passam por um período
de estresse para conseguirem agir no sentido de equilíbrio do solo.
• Fazer composição de calcários, cinzas, fosfatos naturais e pós de rocha, no sentido de se
atender as proporções sugeridas pela tabela.
• Acrescentar fosfato natural e pos de rocha sempre em conjunto com matéria orgânica, seja
composto, biofertilizante ou chorume.

O manejo da fertilidade do solo inicia-se pela amostragem correta e analise química, física e
biológica do solo realizado em laboratórios confiáveis.
Com o resultado de analise, poderemos inferir algumas características como:
Magnésio acima de 15% da CTC – plantas amareladas e solo pegajoso e com lentidão na infiltração
de água
Potássio (K) alem de 7% da CTC – presença de caruru como principal planta espontânea
Enxofre (S), solos pobres promovem aparecimento de ácaros em plantas e carrapatos em animais;
Boro abaixo de 0,5 ppm – problemas sérios de pragas em brotações e pegamento de frutos
Cálcio abaixo de 30% da CTC – alta incidência e predominância de capins como plantas
espontâneas e problemas de ataque de cochonilhas em arvores.
Cobre abaixo de 1 ppm – problemas sérios de doenças

Todas estas informações são correlacionadas nos trazem informações para aferirmos o resultado da
análise de solo, pois se no solo amostrado apresentar bastante caruru (Amaranthus) como planta
espontânea e na análise o potássio estiver abaixo de 5% da CTC, deve-se duvidar deste resultado,
do laboratório ou da amostragem realizada.
Com a proliferação e facilidade de uso de extratos vegetais e caldas fertiprotetoras com relativo
sucesso no controle de pragas e doenças tanto no orgânico como no sistema convencional de
produção agrícola, há uma negligência na questão equilíbrio do solo e nutrição das plantas, base de
todo controle e prevenção de parasitas.
Willian Albrecht teve uma questão que na década de 50 o incomodava: O que é um solo
equilibrado?
Estudando matéria orgânica e a resposta das plantas ao seu acréscimo ao solo, estabeleceu que a
resposta estaria ai. Estabeleceu as proporções dos nutrientes na matéria orgânica e testou esta
proporção em solos lavados (areia), acrescentando os nutrientes nas quantidades relativas
semelhantes a matéria orgânica humificada. Escreveu cerca de 600 trabalhos científicos publicados
nas mais importantes revistas da época. Várioa podem ser encontrados em www.soilandhealth.com
; na www.acresusa.com e outros sites realcionados
Com relação as proporções dos nutrientes no solo, Albrecht citado por Zimmer (2000) sugere:
Tabela 3: Proporções, teores e relações entre nutrientes do solo, para agricultura orgânica
Níveis desejados de nutrientes no solo equilibrado
Segundo Albrecht, W., citado por Zimmer, G. (2000)
(2002000
Matéria Orgânica: ideal é elevar para 5% quando está abaixo de 2,5% ,
microrganismos famintos
Proporções ideais dos nutrientes
Porcentagem na C.T.C. (capacidade de troca de cátions)

Cálcio (Ca): 55 a 65%


Magnésio (Mg): 10 a 15%
Potássio (K): 3 a 5%
Hidrogênio (H): 5 a 15%, o pH é consequência : ideal 5,8 a
6,8 Relação Ca/Mg: 5:1 a 7:1
Relação Mg/K: 2:1
Potássio: solos leves: 3,5%
solos médios: 3,0%
solos pesados: 3,0%
Fósforo: mínimo 25 ppm com 3% de M.O. ideal: 50 ppm solúvel
Relação fósforo disponível / fixado: 1/2
Enxofre: 25 ppm Relação S:N ideal 1:10
Boro (B): 1 ppm ou mg/dm3
Cobre (Cu): 2 ppm
Ferro (Fe): 20 ppm
Micronutriente Manganês (Mn): 20 ppm
s Zinco: (Zn): 5 ppm
Molibidênio, Cobalto, Silício, Selênio, Lítio, Cloro, Iodo etc
pós de rochas magmáticas (basalto, diabásio, granito)paramagéticas
Para a maioria das plantas estas proporções e teores satisfazem tanto a vegetação como a
produção; porem para plantas lenhosas (arvores frutíferas), palmáceas, banana a proporção do
potássio deve ser de 5,5 a 7% da C.T.C..
Uma forma de se interpretar uma analise de solo e calcular as necessidades e realizar uma
recomendação técnica de construção da fertilidade do solo será apresentado na pratica.

Há, hoje, um pequeno programa de computador construído pelo técnico da CATI, Paulo César
Montalvao que traz de maneira simples um cálculo de Equilíbrio de Bases, sem no entanto, trazer
uma recomendação fechada que substitua o agrônomo ou o profissional da ciência agrária. O
resultado final aparece as carências de óxidos de cálcio, magnésio e quantidade dos elementos
potássio, fósforo, enxofre, boro, ferro, manganês, cobre e zinco, deixando a formulação e decisão
da escolha do melhor adubo, insumo a cargo do agrônomo.

Ca 2,3 mEq/100mL
Mg 0,5 mEq/100mL
K 0,2 mEq/100mL

C.T.C. = 6,0 mEq/100mL


M.O. = 2,1 %

P = 6 mg/dm3
S = 5 mg/dm3
B = 0,2 mg/dm3
Cu = 1,2 mg/dm3
Fe = 34 mg/dm3
Mn = 12 mg/dm3
Zn = 3 mg/dm3

Colocando os valores no programa, obtem-se as quantidade necessárias dos nutrientes:

Um exemplo de cálculo de recomendação:

Calcário Calcítico com 60% de CaO, 1,0% de MgO e PRNT 80%:


391 / 60% = 651 / 80% = 814 Kg/ha , ou seja 81 gramas / m 2
o magnésio = 651 * 0,5% = 65 Kg/ha.

O potássio pode ser colocado via cinzas: 7,82 / 3% = 260 Kg/ha

Os micronutrientes:
Ex. Boro , falta 1,6 Kg/ha, se colocarmos bórax (11% de B)
1,6 / 11% = 14,5 Kg/ha
Deve-se colocar esta quantidade dividido em pelo menos 3 vezes no ano, espalhado em área total,
misturado com biofertilizante diluído.

Temos tido algumas experiências positivas com a utilização destes conceitos na


recomendação de adubação em frutíferas e hortaliças. Um exemplo positivo foi a cultura de acerola
do Sr. Klaus Bouillon em Indaiatuba. Já no primeiro ano de adubação segundo equilíbrio de bases,
a produção foi 20% maior e atualmente já conseguiu o selo orgânico, ou seja no período de
conversão da produção de convencional para orgânico, houve aumento na produção. Com equilíbrio
de bases isso é possível. A pulverização de Nim foi mais eficiente e se utilizou menos vezes no
período, em comparação com o ano anterior.
O Nim, embora venha sendo utilizado em agricultura orgânica e convencional, os resultados
melhores vem sendo obtido na razão direta do equilíbrio do solo. Por exemplo, em cultivo
convencional de tomate o Nim não conseguiu controlar a broca do ponteiro. O agricultor havia feito
calagem com calcário dolomítico na dosagem 3 vezes maior que a recomendação tradicional. Nem
mesmo o agrotóxico utilizado por ele na área convencional, controlou o ataque da praga. Da mesma
forma, um cultivo orgânico teve o mesmo problema, porém em análise de solo, constatou o teor
baixo de Boro, embora o de Cálcio estivesse alto. A baixa quantidade de Boro no solo afeta a
absorção e transporte de K, Ca e fotoassimilados, deixando as brotações frágeis e tenras, sem
resistência às pragas.
Assim como os agrotóxicos, os extratos vegetais têm limitações quanto à eficiência no
controle de parasitas e são altamente dependente do estado de equilíbrio dos nutrientes do solo e
da planta.
A trofobiose não é novidade, mas é fundamental ressaltar a sua importância na expressão
da resistência das plantas e ressaltar a sua dependência no nível de eficiência dos extratos
utilizados pela agricultura orgânica.

Plantio Ecológico de Árvores


Os plantios de árvores atualmente tem tido insucessos ou alta porcentagem de falha no pegamento
das mudas, isso se deve ao fato das pessoas ainda plantarem em covas.
Esperiencias práticas mostram que plantios em berços, o índice de pegamento é de quase
100%, muito diferente dos plantio em covas onde se trabalham com índices de no máximo
92%.

Cabe-nos diferenciar cova e berço:

Aspectos
Caracteríticas
Cova
Local onde se coloca Organismos mortos, cadáveres
 Berço 
Vida nova, frágil, em crescimento
Dimensões do buraco
Do tamanho do morto  Bem maior que o organismo 
Quase sempre 40 x 40 x 40 cm Mínimo 80 x 80 x 80 cm
Estrutura do solo Fofo, aerado, sem compactação
Solo compacto, duro 

Abertura do buraco Horizontes do solo Horizontes separados, e adubados
separadamente
misturados 
Adubos Químicos solúveis (sais), Pós de rochas, minerais e cinzas de
geralmente 10-10-10 solubilidade lenta
Matéria Orgânica
(composto, esterco, Misturada com todo o solo  Misturada somente com o solo da

húmus de minhoca) camada superficial – até 20 cm 


Proteção do solo Sem cobertura, solo exposto Com cobertura morta e viva, solo
protegido
Micronutrientes Não se acrescenta Coloca-se sempre acompanhado de
biofertilizante
Tempo entre preparo Separado de pelo menos 2 meses Pode ser executado ao mesmo
da terra e plantio tempo.
Máquina de abertura Broca, cavadeira, deixando as As mesmas, porém as paredes e
do buraco paredes lisas e compactas fundo trincadas e afofadas com pá
Plantas ao redor Eliminadas qualquer vegetação Semeadas adubos verdes e plantas
com capina e herbicidas. Muda companheiras para proteger a muda
fica solitária, desacompanhada. na época chuvosa. Cortar e formar
palha na época seca

Acompanhe no esquema abaixo as fases do plantio ecológico de árvores. Abertura, adubação do


berço, plantio e condução inicial da muda

Sistema BERÇO ESPLÊNDIDO



Desenhos e esquemas no arquivo Berço 2

  
No plantio de mudas fazer berços e não covas, separar as 2 camadas de solo e colocar o
material orgânico (composto, esterco, resto de culturas) na superfície para que possa sofrer
decomposição aeróbia. Se for colocada abaixo de 20 cm haverá fermentação anaeróbia, produzindo
gases tóxicos como o sulfídrico, metano, monóxido de carbono e substâncias fétidas e igualmente
tóxicas como putrefacina e cadaverina, causando intoxicação das mudas, e conseqüente
amarelecimento e morte ou vulnerabilização de seu sistema de defesa, aparecendo pragas e
doenças(Figura 1).
O tempo entre o preparo do berço e plantio não precisa ser de 2 meses, como para as
covas, pois você não está misturando o composto em todo o solo, mas apenas na superfície. Pode-
se realizar o plantio no mesmo momento da abertura e preparo do berço.
Mudas de árvores plantadas em covas com esterco misturado em todo o solo amarelecem e
sofrem diminuição do desenvolvimento no inicio, isto já não acontece quando se planta em berço.
Desta forma se ganha 2 meses na estação chuvosa, tendo como resultado uma planta mais bem
pega e desenvolvida com maiores chances de sobrevivência no período seco, diminuindo a
dependência da irrigação.
Na adubação de manutenção e produção das árvores frutíferas, deve-se espalhar em toda a
área e não só na projeção da copa, a fim de promover o desenvolvimento de raízes em todo o solo,
fazendo a planta explorar mais nutrientes e água . O mato e outras plantas entre as árvores será
adubado sim, mas periodicamente roçado e pulverizado biofertilizante para acelerar a
decomposição. Não haverá competição, mas uma reciclagem contínua dos nutrientes, contribuindo
para o aumento do teor de matéria orgânica e vida do solo, aumentando a sustentabilidade do
sistema.
Para implantação de pomares em grandes áreas, realizar o plantio de espécies de adubos
verdes 1 mês antes do plantio das mudas. Protege a muda do sol forte e mantém o solo coberto. Ao
final da estação chuvosa, cortar as ramas dos adubos verdes e deixar sobre o solo, protegendo-o
Para implantação de matas ciliares, fazer o berço e semear guandu + crotalária pelo menos
1 mês antes do plantio das mudas. Retirar algumas plantas de adubo verde do centro do berço e
plantar a muda.
Deve-se abolir o uso de herbicidas, pois além de matar a vida do solo afeta o sistema de
defesa da planta e contamina o ambiente. Roçar o mato entre as linhas e colocar cobertura morta
embaixo das saias das árvores afim de abafar o crescimento das plantas espontâneas. Deve-se dar
preferência a instalação de adubação verde permanente como Arachis pintoi (amendoim forrageiro),
uma leguminosa nativa do Brasil central, que além de fixar nitrogênio, suprime o crescimento do
mato e protege o solo da erosão e excesso de calor.
É recomendável a aplicação de pós de rocha magmáticas e paramagnéticas em todo o
pomar, plantas e solo a fim de promover maior atividade e microvida no agroecossistema
Para controle de doenças fazer uso de biofertilizantes e extrato de húmus que promovem o
aumento de microrganismos benéficos, que quando são pulverizados sobre as plantas, ocupam os
sítios de entrada da planta e competem por alimentos com os patógenos, diminuindo as chances de
desenvolvimento de doenças nas plantas.
Quanto ao controle de pragas, faz-se o uso de extrato de Nim, alho, tagetes, timbó, calda
sulfocálcica, viçosa, bordalesa, entomopatógenos (Beauveria bassiana, Metharizium anisopleae,
Bacillus thurigiensis), extrato pirolenhoso, armadilhas com feromônio e/ou alimentícias,
ensacamento de frutos etc.
Consulte um agrônomo que tenha conhecimentos de agricultura sustentável e observe mais
a natureza, esta sempre nos ensina sem esconder nada.
Recuperação de árvores e pomares

Adubação em equilíbrio de bases em área total, ou em área de 45º com o solo:

45º 45º

Área a ser adubada

Fazer sempre adubação no sentido de encorajar as raízes a explorar maior volume de terra e
consequentemente água. Desta forma a árvore dependerá menos de adubos e irrigação.
Dependerá menos dos humanos para sobreviver.
Adubação de projeção de copa limita as raízes a uma certa distância e volume de solo, aumentando
os desequilíbrios nutricionais e a vulnerabilidade a falta de água.
Adubação de projeção de copa é como temperar a carne de churrasco fazendo um montinho de sal
em uma das pontas da peça. Em um dos lados fica salgado demais e outro sem sal algum, apenas
uma faixa em torno do montinho é possível se apreciar.
__________________________________

1 - Helcio Abreu Jr. - Nim do Brasil , produtos e tecnologia de Nim (sementes, mudas, óleo,
extratos, vídeos, livros) R. Clóvis Bevilacqua, 550; D-32 // Campinas - CEP: 13075-040] tel: (019)
3212-0906 / cel:9723-4789 / e-mail: nim.br@uol.com.br
Referências:
ABREU JUNIOR, H. et alli. Práticas alternativas de Controle de Pragas e Doenças na
Agricultura, Campinas, Gráfica Editora EMOPI, 115pp., 1998.
AMBROSANO, J.A. ; ABREU JUNIOR, H; OSTERROHT, von M. & D’ANDREA, P.A. , Processos
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