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Sujeito e Predicado

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Sujeito e predicado: os dois constituintes

básicos da oração
O primeiro par que conseguimos separar dentro de uma oração é: o sujeito e o
predicado.
Tomemos a oração abaixo.
As chuvas provocaram inundações.
Podemos dividi-la em duas partes fundamentais:

• Sujeito: é o termo ao qual o predicado se refere para fazer alguma afirmação.


Ou, numa definição mais sucinta, sujeito é o elemento ao qual o predicado atribui algo.
• Predicado: é o termo que faz alguma afirmação sobre o sujeito. É o termo que
projeta alguma atribuição sobre o sujeito.
Apesar de redundante, essa definição tem a vantagem de pôr em evidência o dado
de que, na frase, o sujeito é o tema ou o assunto ao qual o predicado agrega afirmações
ou comentários.

MARCAS TÍPICAS DO SUJEITO


O sujeito possui marcas típicas, o que facilita a sua identificação entre outras
palavras do enunciado.
Analiticamente, podemos dizer que o sujeito da oração é facilmente reconhecível
por meio dessas quatro propriedades:
• na grande maioria dos casos é a palavra (ou expressão) que responde à pergunta
quem é que (ou que é que), feita antes do verbo da oração;
• é o termo com o qual o verbo concorda em pessoa e número;
• sua posição usual é antes do verbo (ou à esquerda dele, na escrita);
• quando formado por substantivo, é permutável pelos pronomes do caso reto (ele,
ela, eles, elas).
Exemplo: Ganharam cada vez mais prestígio entre os consumidores produtos
agrícolas sem adubo.
• Que é que ganhou cada vez mais prestígio? – produtos agrícolas sem adubo.
• Produtos agrícolas sem adubo ganharam cada vez mais prestígio entre os
consumidores.
• Ganharam (3º pessoa do plural) está concordando com produtos (3º pessoa do
plural).
• Eles ganharam cada vez mais prestígio entre os consumidores.
Então, nessa oração:
• Sujeito produtos agrícolas sem adubo
• Predicado ganharam cada vez mais prestígio entre os consumidores

Sujeito simples e composto


Além dessa classificação em três tipos, que acabamos de ver, costuma-se dividir
o sujeito em: simples e composto.
Vejamos cada um deles:
I)
As neves frias descem dos montes.
sujeito simples predicado
II)
A lua e as estrelas brilham no céu.
sujeito composto predicado

Na oração I, o sujeito tem um só núcleo (neves); na


oração II, tem mais de um núcleo (lua, estrelas). Então, concluímos o seguinte.
Sujeito simples: é aquele que tem um só núcleo.
Sujeito composto: é aquele que tem mais de um núcleo.
Núcleo do sujeito: é o elemento central do sujeito, quando o isolamos de todos
os seus determinantes.
Morfologicamente, o núcleo do sujeito é sempre constituído de substantivos ou
pronomes substantivos, não precedidos de preposição.

TIPOS DE SUJEITO
Nossa gramática classifica o sujeito em: determinado; indeterminado; inexistente.
Vejamos cada um desses tipos. Observe as seguintes orações.

I)
As alunas chegaram tarde.
sujeito predicado
II)

? Chegou-se tarde.
sujeito indeterminado predicado
III)
Choveu ontem.
sujeito inexistente predicado

Considera-se como determinado o sujeito que venha representado por qualquer


palavra da oração (caso I) ou que possa ser identificado pelo contexto e/ou pela forma
do verbo. É sujeito que se pode identificar com precisão a partir da concordância
verbal. Observe as orações:
Faltou-me coragem coragem naquele momento.
sujeito

Música e literatura Fazem bem à alma.


sujeito

O sujeito é indeterminado quando não vem representado por nenhuma palavra e


o contexto não permite identificar a quem o predicado se refere. Sabe-se que existe um
sujeito, mas não há pistas no texto para identificar quem é, nem quantos são (caso II).
a. O verbo é colocado na terceira pessoa do plural, sem que se refira a nenhum
termo identificado anteriormente (nem em outra oração).
Procuraram você ontem à noite. Estão pedindo sua presença lá fora.
b. O verbo surge acompanhado do pronome se, que atua como índice de
indeterminação do sujeito.
Essa construção ocorre com verbos que não apresentam complemento direto
(verbos intransitivos, transitivos indiretos e de ligação). O verbo obrigatoriamente fica
na terceira pessoa do singular:
Vire-se melhor fora das grandes cidades. Trata-se e casos delicadíssimos.
Precisa-se de professores de português. É-se muito pretensioso na adolescência.
O sujeito é inexistente quando a oração é constituída de um predicado puro, isto
é, um predicado que não é endereçado a sujeito algum, aparecem os verbos impessoais.
(caso III).
Quando o sujeito é inexistente, diz-se que o verbo é impessoal.
a. verbos que exprime fenômeno da natureza:
Anoiteceu docemente sobre a cidade.
Está amanhecendo.
Choveu pouco no último mês de março.

Quando usamos de forma figurada, esses verbos podem ter sujeito determinado:

Choveram pontapés durante a partida.


sujeito

Observação
Numa oração como “Chegaste tarde”, por exemplo, o sujeito é determinado, mas
não aparece explicitamente na oração. Tal sujeito costuma ser classificado como sujeito
oculto, elíptico ou como sujeito determinado implícito na desinência verbal
((desinencial) ou seja, que pode ser identificado pela conjugação do verbo).

SUJEITO COM VERBO ACOMPANHADO DO PRONOME SE


Quando o verbo vem acompanhado do pronome se, há contextos em que o
reconhecimento do sujeito fica dificultado por causa da diferença que existe, no
português atual, entre a variante culta escrita e a variante popular.
Na variante popular, trata-se como idêntica a estrutura dos dois enunciados a
seguir.
I) Duvidou-se do professor.
II) Elogiou-se o professor.
Segundo a intuição da grande maioria dos falantes do português moderno, o
sujeito dos dois enunciados é indeterminado. Prova disso é que, na grande maioria dos
casos, não se faz mais a concordância do verbo com o sujeito em ambos os casos.
Mesmo que se coloque professores no plural, o verbo dos dois enunciados
ficaria no singular (na variante popular do português moderno, bem entendido).
Na variante culta escrita, porém, sobretudo na escrita mais formal, trata-se de
maneira diferente cada um desses enunciados.
Se colocarmos a palavra professores (no plural), no português culto escrito, o
comportamento dos dois enunciados será o seguinte.
I) Duvidou-se dos professores.
II) Elogiaram-se os professores.

Essa diferença de comportamento das duas frases tem como pressuposto o dado
de que, na variante culta escrita, ainda se tem noção de que, em II, professores está
funcionando como sujeito da oração, caso contrário não se faria a concordância do
verbo com essa palavra.
Ainda se preserva a noção de que a oração “Elogiou-se o professor” é uma
estrutura equivalente a “O professor foi elogiado”. Como essa percepção não é mais
intuitiva para a grande maioria dos falantes, vamos então comentar enunciados como
esses e observá-los com outro olhar.
É preciso saber distinguir duas funções típicas do pronome se:
• partícula apassivadora;
• índice de indeterminação do sujeito.
Em outros termos, o pronome se pode agregar-se ao verbo:
• ou para apassivá-lo, caso em que ele funciona como partícula apassivadora;
• ou para impedir que se determine o sujeito do verbo, caso em que funciona como
índice de indeterminação do sujeito.
Partícula Apassivadora = pronome apassivador "se" + verbo transitivo direto ou
verbo transitivo direto e indireto.
Como distinguir um desses dois papéis do outro?
Seguramente não vamos conseguir distingui-los por intuição, já que, como
vimos, na variante popular, a tendência é igualar duas funções que, na variante culta
escrita, não se igualam.
Procede-se então por meio de uma análise monitorada por certos princípios:
• quando o pronome se funciona como partícula apassivadora, sempre haverá na
frase um sujeito com o qual o verbo deve concordar;
• quando o pronome se funciona como índice de indeterminação do sujeito, o
sujeito – obviamente – é indeterminado e o verbo ficará sempre no singular.
Vejamos isso mais detidamente.
Duas formas de se indeterminar o sujeito
Do que ficou exposto, podemos concluir que há duas formas de se indeterminar
o sujeito em português:
a. por meio do pronome se índice de indeterminação do sujeito (no caso,
associado a verbos intransitivos ou transitivos seguidos de preposição);
Exemplos:
Vive-se bem na praia.
Discordou-se do projeto apresentado.
b. por meio de um verbo na 3ª pessoa do plural, sem referência a nenhum
antecedente que possa estar elíptico antes do verbo.
Exemplo:
Falam muito pouco do Brasil na Europa.
Mas é preciso notar que, havendo um antecedente a quem o predicado se refira,
o sujeito será determinado elíptico.
Exemplo:
Os conferencistas convidados para falar sobre política
internacional decepcionaram a plateia brasileira. Falaram muito pouco do Brasil.
Nesse caso, o contexto permite depreender que o sujeito de falaram está
elíptico, ou seja, foi omitido, mas existe (eles, os conferencistas).

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