Gamay
Gamay
Gamay
O nome desse vinho deve-se à pequena província francesa de Beaujolais, ao norte de Lyon. E
pronuncia-se como se fosse “bul-jo-le”.Beaujolais oficialmente é parte da Borgonha, mas seu clima
tem características mais parecidas com a região do Vale do Rhône.
Entre a região de Mâcon e a cidade de Lyon vamos encontrar uma das mais belas regiões francesas
em cujas colinas – expostas ao sol no sentido leste-sudeste e protegidas dos ventos frios e cheios de
umidade do oeste – reina soberana a uva Gamay. Embora em termos administrativos faça parte da
Borgonha, o Beaujolais é uma região à parte, cheia de peculiaridades.
Os vinhos de Beaujolais são produzidos com a uva Gamay, de pele fina e poucos taninos. Mas essa
única cepa dá origem a diferentes vinhos. Beaujolais, denominação reconhecida desde 1937, seus
vinhos têm sabor frutado, cor brilhante e boca macia.
Beaujolais Village, somente metade dos 2.500 produtores da região estão autorizados a produzir os
vinhos dessa denominação, que apresentam uma cor intensa com reflexos cereja ou grená, com
aromas de frutas vermelhas onde dominam o cassis e o morango.
Crus de Beaujolais, esses são os melhores vinhos de Beaujolais, na opinião de alguns especialistas
no assunto. Ao todo, são dez terroirs diferentes: Saint Amour, Juliénas, Chénas, Moulin -à- Vent,
Fleurie, Chiroubles, Morgan, Régnié, Côte de Brouilly e Brouilly. Esses vinhos costumam ser
lançados um ou dois anos após a colheita, e ainda podem se desenvolver muito bem por alguns anos
na garrafa.
Os vinhos de Beaujolais têm a fama de serem extremamente versáteis na harmonização, e são tão
charmosos que podem fazer parte de uma refeição informal, ou de um jantar de gala.
Mas e o famoso Beaujolais Nouveau?
É um vinho extremamente leve, e decididamente, divertido. Fresco e frutado, não é um vinho que
exige, ou que espera, reflexão sobre ele. Ele não quer que você se debruce e sofra para tentar
decifrar seus aromas e suas notas. Ele só quer que você se divirta!
Uma uva tinta de pele escura, famosa por produzir vinhos de estilo leve. Assim é a Gamay. Como se
pronuncia? Para dizer Gamay, diga Gamê. Essa uva pode ser encontrada, também, pelos nomes
Gamay Beaujolais, Gamay Noir e Jurançon Noir, todos reconhecidos pela Organização
Internacional da Vinha e do Vinho.
A origem da Gamay é às vezes creditada à Alemanha, mas sua casa, é sem dúvida, em Beaujolais,
na França, onde chegou, provavelmente, no século 14. Na França, é também bastante cultivada no
Vale do Loire.
E, enquanto na França a Gamay é vinificada sozinha, já na Suíça, por exemplo, ela é cortada com a
Pinot Noir (com quem tem um parentesco, comprovado em testes de DNA). Outros países a
cultivarem essa cepa são Canadá, Estados Unidos, Itália, Nova Zelândia, Austrália, Croácia...
A videira da Gamay é vigorosa e muito produtiva, o que inclusive foi motivo de certa desconfiança
em relação à cepa, na Borgonha. E é também uma planta que brota e amadurece precocemente.
Os vinhos produzidos pela Gamay são reconhecidamente de caráter frutado. Os aromas comuns são
cerejas vermelhas e morangos, às vezes com notas de banana e até de chiclete. Quando cultivada em
solos de granito, a Gamay pode também remeter a framboesas e pimentas.
A uva Gamay, ao invés da Pinot Noir, é apenas uma das diferenças entre as duas regiões. O clima do
Beaujolais, embora também temperado, é mais suave; seu solo (nas melhores zonas) é granítico e
xistoso; sua topografia é diversa; e seus vinhos mais leves e menos estruturados.
Essa uva, quando plantada em terrenos inadequados, dá origem a vinhos medíocres. Esse fato já
havia sido percebido em 1395 por Phillipe II, Le Hardi (“O Corajoso”), duque de Borgonha, que
expulsou a cepa das terras borgonhesas, chamando a variedade de “cépage vil”. Dessa forma, a
Borgonha tornou-se quase que exclusivamente a terra da Pinot Noir, utilizando apenas a Gamay na
AOC Passetoutgrain, onde as duas uvas aparecem mescladas.
A boa estrutura de ácidos e a baixa quantidade de taninos faz com que esses sejam vinhos ideais
para serem consumidos jovens. Mas existem exceções. Os Crus de Beaujolais, por exemplo, podem
envelhecer bem por até uma década.
A uva Gamay, em si, na realidade tem alta concentração de taninos. Por isso, algumas versões desse
vinho podem, sim, ser bastante robustas, mesmo que essa não seja a “tradição”.
Quer uma boa dica de harmonização para degustar um vinho produzido com a Gamay? Peru assado,
ou então, salmão grelhado. Aliás, para quem não abre mão de vinhos tintos, com peixe, Gamay é
sempre uma boa opção!
E é produzido por um método chamado maceração carbônica, no qual uvas inteiras (que não são
prensadas ou esmagadas) são submetidas a ambiente rico em gás carbônico e quase sem oxigênio, o
que torna o vinho fresco e frutado.
Beaujolais Nouveau é produzido em menos de 10 semanas, e é um vinho próprio para ser bebido
jovem. E esse é mais um de seus charmes.
Outro charme é sua história. Originalmente, esse era um vinho feito rapidamente, com a finalidade
de abastecer a população local, logo após a colheita, enquanto o “melhor” Beaujolais não ficava
pronto. Em 1951, o Beaujolais Nouveau foi oficialmente reconhecido na legislação. Com o tempo,
o que era apenas uma tradição local dos arredores de Lyon, ganhou tanta popularidade que chegou a
Paris. Nasceu, então, uma lendária corrida, para ver quem conseguia chegar primeiro até os
consumidores parisienses.
Essa é uma experiência que todo enófilo deveria ter, pelo menos uma vez. Degustar um Beaujolais
Nouveau.
O Beaujolais novo
Criado em 1951, tinha por objetivo capitalizar os vinhateiros rapidamente, uma vez que o vinho era
comercializado no mesmo ano da colheita. Dessa forma, as uvas eram colhidas entre os meses de
setembro e outubro e o vinho, novíssimo, era liberado para venda na terceira quinta-feira de
novembro do mesmo ano. O vinho novo ganhou espaço nos bistrôs de Lyon e depois de toda a
França, e chegando a todo o mundo nos anos de 1980.
O vinho é elaborado pela chamada “maceração carbônica”, que consiste em colocar os cachos
inteiros nas cubas fechadas, sem desengaçamento nem prensagem, com a posterior adição de gás
carbônico, que fará com que as cascas se rompam e se inicie a fermentação alcoólica. O objetivo é
obter um vinho bastante fresco e com muita fruta.
A chegada do Beaujolais é anunciada mundialmente pela célebre frase “Le Beaujolais Nouveau est
arrivé” (o Beaujolais Nouveau chegou), e se transformou num fenômeno de marketing de grande
sucesso. Esse vinho despretensioso e de poucas virtudes, mais ligado à festa e ao consumo
hedonístico do que à degustação, caracteriza-se por seu peculiar aroma de banana mesclado à
cereja. É refrescante, simples, tem corpo leve e deve ser bebido tão resfriado quanto um branco
encorpado. Lembra bastante um suco de uvas e teve muitos anos de glória comercial, vivendo
atualmente uma grave crise motivada pela drástica queda de seu consumo. Pior do que isso, acabou
emprestando sua fama duvidosa a outros bons vinhos da região, principalmente os Beaujolais
Village e os Cru de Beaujolais, que lutam atualmente por reconhecimento.
São apenas 10 os Cru de Beaujolais, que chegaram a se equivaler aos grand Crus da Borgonha em
outra época Nem tudo é Noveau
Os outros tipos de Beaujolais são o Beaujolais básico, que representa metade de toda a produção.
Seu teor alcoólico não ultrapassa os 10%. Acima dele temos o Beaujolais Supérieur, com um
mínimo de 10,5% de álcool. São vinhos muito simples e desinteressantes, elaborados com uvas
cultivadas no Bas Beaujolais, perto de Belleville, onde o solo é argilo-calcário e não granítico,
como nas melhores regiões, e os rendimentos de produção são altos.
O Beaujolais-Villages, que representa 25% do total produzido na zona, é feito nas colinas da parte
mais setentrional da região, próximas ao maciço central francês, onde se situam as 39 comunas
autorizadas a produzi-lo. Aqui já se pode encontrar vinhos bem mais interessantes, capazes de aliar
o frescor a uma melhor estrutura. Vinhos que, mediante uma seleção de bons produtores, valem a
pena ser bebidos e são aptos a acompanhar um grande número de pratos.
Os 10 Cru
Os dez crus do
Beaujolais estão
situados ao Norte
da região, na
fronteira da
famosa região de
Bourgogne.
Os vinhos
elaborados nessa
área são
habitualmente
mais robustos e
estruturados do
que aqueles
elaborados no Sul
da região.
8 vinícolas se
juntaram em
2017 para
constituir o Club
crus do
Beaujolais, com o
objetivo de
promover a
qualidade dos
vinhos que
produzem.
Essas vinícolas
são autênticas e
de pequeno
tamanho, os
vinhos desses 8 viticultores refl etem o trabalho árduo de várias gerações.
Juliénas (550ha) : Vigorosos e de forte personalidade, os vinhos de cor rubi intenso oferecem
amplos aromas de pêssego, frutas vermelhas, flores e especiarias. Caracterizada pela diversidade de
solos, a denominação é principalmente constituída de xisto e granito.
Chénas (230ha) : Plantados em areia granítica, os Chénas são raros, típicos e generosos. A sua cor é
rubi com reflexos granados e seus aromas florais e de madeiras enriquecem após alguns anos na
adega.
Moulin-à-Vent (640 ha) : Nascidos num solo granítico com veias de manganês, esses vinhos de
guarda são potentes e estruturados. Intensos e tânicos, eles têm uma cor rubi escuro e aromas de íris,
rosa murcha, especiarias e frutas maduras. Emblemático, o moinho domina e identifica esta
denominação.
Fleurie (810 ha) : Há nomes mágicos para designar o tom carmim, a sutileza da violeta, a
feminilidade da íris e o sabor "gourmand" das frutas vermelhas. O granito rosa da denominação lhe
confere toda sua elegância.
Chiroubles (310ha) : Tenro, frutado, saboroso, o Chiroubles com sua cor luminosa e seus aromas
florais (peônia, lírio do vale) é o mais “gourmand” dos crus. Suas encostas íngremes formam as
mais grandiosas paisagens do vinhedo.
Morgon (1130 ha) : Seu terroir, composto de granitos e de xistos intercalados, é a assinatura desses
vinhos carnudos e potentes, de forte personalidade. A cor granada intensa, os perfumes de frutas
maduras e de caroços de frutas são as marcas desta denominação, uma das maiores do vinhedo.
Régnié (430 ha) : Pouco tânicos, redondos, equilibrados, assim são os Régnié com sua cor cereja de
reflexos violáceos e seus aromas de frutas vermelhas. A denominação é plantada sobre solos
graníticos arenosos.
Côte de Brouilly (320ha) : Nas encostas do cume do Monte Brouilly nascem vinhos elegantes,
minerais, de cor púrpura, com aromas de frutas frescas e de íris. A geologia do terroir, de granito
andesito, sela a elegância desses vinhos.
Brouilly (1260 ha) : Símbolo do vinhedo, o Monte Brouilly produz vinhos carnudos e de cor forte.
No nariz, os Brouilly exalam aromas de frutas vermelhas, e oferecem notas minerais no paladar. Os
solos são graníticos e ácidos. É a maior denominação dos crus do Beaujolais.
Os Cru de Beaujolais ocupam o topo de toda a gama. São em número de 10 e apresentam sutis
diferenças organolépticas entre si. Produzidos nos melhores terroirs da região norte, ostentam no
rótulo a denominação específica de sua comuna (village) sem menção ao nome Beaujolais. Assim,
quando se bebe um AOC Moulin-à-Vin ou Fleurie, está-se bebendo um Beaujolais.
Rumando do norte para o sul, são essas as 10 comunas: Saint-Amour, Julienas, Chenas, Moulin-à-
Vent (o mais renomado), Fleurie, Chiroubles (tido como o mais elegante), Morgon (o mais
encorpado), Regnié, Broully e Côte de Broully.
São vinhos deliciosos e bastante gastronômicos que já gozaram de reputação muito maior do que a
que têm hoje. Para se ter uma ideia, nos anos de 1950 seus preços equivaliam aos dos Grand Crus
da Borgonha. Atualmente, custam um décimo do valor desses vinhos, o que muitos experts
consideram injusto.
Vale lembrar que existe uma pequena parcela de produção de vinho branco na região. Na sua
elaboração utiliza-se a consagrada Chardonnay, que chega dos vinhedos próximos a Saint-Veran.
São vinhos de pouca expressão e prestígio.
Vários produtores merecem ser citados pela sua qualidade. Georges Duboeuf, Joseph Drouhin,
Labrouyère, Louis Jadot, Dominique Piron. Tivemos uma agradabilíssima surpresa quando
visitamos este produtor, em 2002. Depois de provar uma série de seus ótimos vinhos, o vinhateiro,
cheio de orgulho, trouxe uma garrafa de seu Morgon 1989. E o vinho, rico, complexo de aromas,
estava delicioso. É bem verdade que se tratava de um vinho de safra excepcional de um ótimo
produtor, mas era um Beaujolais de 13 anos!
O verão brasileiro – e também o francês – é um grande desafio a ser vencido pelos vinhos tintos,
principalmente aqueles mais robustos e alcoólicos, como a maioria dos produzidos no Novo
Mundo. O calor pede também pratos mais leves e vinhos que ganhem quando servidos a
temperaturas mais baixas. A opção por um bom Beaujolais-Villages ou um Cru de Beaujolais
merece estar presente na mente do aficionado do vinho e da gastronomia.
Harmonização
Carnes vermelhas, carnes brancas e queijos.
Temperatura de serviço
15 °C
Potencial de guarda
6 anos
Harmonização
Trança de lombo suíno com amêndoas, queijo Asiago, steak tartare, pamonha recheada com queijo
Canastra, cogumelos ao vinho com polenta cremosa e escalope de mignon ao molho rôti.
2013 Domaine des Vieilles Caves Saint-
Amour
Region/Appellation Moulin-a-Vent
Country Hierarchy Beaujolais, France
Grape/Blend Gamay
Food Suggestion Chicken and Turkey
Wine Style Red - Light and Perfumed
CHATEAU DE NERVES