Este documento descreve um encontro entre dois grupos de patrimônio imaterial afro-brasileiro: o Maracatu Estrela Brilhante de Igarassu (PE) e o Maçambique de Osório (RS). O encontro ocorreu durante um festival cultural na cidade de Maquiné (RS) e incluiu oficinas, apresentações musicais e troca de experiências entre os mestres dos grupos.
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Este documento descreve um encontro entre dois grupos de patrimônio imaterial afro-brasileiro: o Maracatu Estrela Brilhante de Igarassu (PE) e o Maçambique de Osório (RS). O encontro ocorreu durante um festival cultural na cidade de Maquiné (RS) e incluiu oficinas, apresentações musicais e troca de experiências entre os mestres dos grupos.
Este documento descreve um encontro entre dois grupos de patrimônio imaterial afro-brasileiro: o Maracatu Estrela Brilhante de Igarassu (PE) e o Maçambique de Osório (RS). O encontro ocorreu durante um festival cultural na cidade de Maquiné (RS) e incluiu oficinas, apresentações musicais e troca de experiências entre os mestres dos grupos.
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Este documento descreve um encontro entre dois grupos de patrimônio imaterial afro-brasileiro: o Maracatu Estrela Brilhante de Igarassu (PE) e o Maçambique de Osório (RS). O encontro ocorreu durante um festival cultural na cidade de Maquiné (RS) e incluiu oficinas, apresentações musicais e troca de experiências entre os mestres dos grupos.
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Encontro entre Mestres de dois patrimônios imateriais afro-brasileiros: Maracatu
Estrela Brilhante de Igarassú (PE) e Maçambique de Osório (RS)
Aconteceu no último final de semana do mês de janeiro de 2011, no Grêmio
Esportivo Pinheiro, situado na Linha Pinheiro, no município de Maquiné, no Litoral Norte Gaúcho, a abertura do “Ecoltura 2011: II Festival Cultural da Natureza”. A atividade inicial, realizada entre os dias 28 e 30 de janeiro, foi a oficina de maracatu de baque virado promovida pelo grupo porto-alegrense Maracatu Truvão, sob a orientação do mestre-de-apito Gilmar Santana, do Maracatu Nação Estrela Brilhante de Igarassu, da cidade de Igarassu, do Estado de Pernambuco. Este maracatu, com mais de 180 anos de atividades, é um dos patrimônios vivos do estado de Pernambuco. Estiveram presentes no evento e oficinas, os “batuquêros” (forma como são chamadas as pessoas que tocam maracatu), vindos de Porto Alegre, São Leopoldo e Florianópolis, sendo que desta haviam jovens hoje lá residentes, porém naturais de São Paulo e Montevidéu, capital uruguaia. O Maracatu é uma manifestação da cultura popular pernambucana que tem suas origens no século XVII. O Maracatu era então designado como Nação, isso porque a escolha dos reis era feita de acordo com as diferentes etnias africanas trazidas ao Brasil. A cerimônia de coroação de reis e de rainhas acontecia no dia da Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos em frente às igrejas, sendo presidida por pároco indicado pela Coroa. É um universo extremamente rico em termos estéticos, rítmicos, históricos e comunitários. Envolvendo dança, música, canto, alegria, ritual e principalmente um envolvimento emocional-comunitário. O primeiro dia de oficina, resumido à noite de sexta-feira, foi o momento de recepção, boas vindas e confraternização entre os participantes do encontro. Todos os participantes ficaram hospedados nas dependências da pousada e sítio ecológico Recanto da Mata, apoiadora do festival. O Recanto da Mata destaca-se por estabelecer uma relação de troca e respeito com o espaço e toda a natureza ao seu redor, promovendo o desenvolvimento sustentável do local. Já neste primeiro momento, Mestre Gilmar cantava e ensinava para os presentes cirandas, cocos, maracatus e outras músicas tradicionais de sua região e estado. A manhã de sábado foi o ponto de partida oficial para o início das atividades. Logo cedo, os participantes foram acordados e lhes foi oferecido um saboroso café colonial, com alimentos (frutas, pães, sucos) produzidos por Marcelo Tcheli e Ivânia Kunzler - proprietários do Recanto da Mata - e seus vizinhos, tudo a base de ingredientes locais. Em seguida, enquanto o café ainda era servido, a outra principal atração do evento chegava: o Maçambique de Osório, a mais tradicional e conhecida congada gaúcha. Representando o município de Osório, o grupo religioso, representado pela rainha Ginga, Sra. Severina Dias, o Rei de Congo, Sr. Sebastião Antônio, Faustino Antônio (Chefe do Grupo Maçambique de Osório) e Jonatan Dias (jovem dançante e tamboreiro), além da presidente da Associação Religiosa e Cultural Maçambique de Osório, Sra. Francisca Dias, a Preta, e o antropólogo Iosvaldyr Bittencourt Junior. Já nos primeiros minutos, aconteceu o que formalmente só iria ocorrer no domingo após o almoço, o Encontro de Mestres. Apresentados, Gilmar e Faustino, assim como todos os outros integrantes do Maçambique, estabeleceram entre si uma empática e fraterna relação, por meio da qual a troca de vivências e experiências foi prática constante e construtiva. Com o café da manhã tomado, as atividades tiveram sequência no Grêmio Esportivo Pinheiro, com o início da oficina ministrada por Mestre Gilmar. Convidados à participar da atividade, Jonathan, Faustino e Preta interagiram com os presentes e demonstrara bastante interesse e dedicação. Eles, nos bombos – alfaias, tambores de maracatu -, enquanto ela dançava, acompanhando os passos e coreografias das catirinas (dançarinas) do Maracatu Truvão. Terminada a primeira parte da oficina e o almoço, todos se dirigiram novamente para o Recanto da Mata, onde puderam descansar e estabelecer novas conexões, com conversas sobre questões estruturais e organizacionais dos grupos, políticas públicas voltadas à valorização das tradições, reconhecimento pela população das cidades de origens dos grupos. Assim, o “Encontro de Mestres” já acontecia de maneira informal e por eles mesmos. As atividades de domingo começaram um pouco mais tarde do que o combinado, pois na noite anterior os participantes do evento - exceto o pessoal de Osório, que havia retornado para suas casas - estenderam as atividades lúdicas do Ecoltura até meados da madrugada com muita dança e música, em um ritual festivo entre pessoas de diversas origens e histórias. Com muita vontade e mesmos cansados (Jonatan passara a noite acordado trabalhando), os integrantes do Maçambique de Osório se fizeram novamente presentes no encontro, agraciando a todos com sua história, fé e tradição. O almoço se desenhou como último aquecimento para o Encontro de Mestres em sua forma programada, com o Mestre Gilmar sentado em uma mesma mesa que os maçambiqueiros da cidade de Osório. Novamente, partiu deles próprios e suas curiosidades o entrecho das conversas por eles elaboradas. Entre um pedaço de carne e outro, fotos de diversos momentos do Maçambique eram mostradas para Mestre Gilmar, que atentamente as olhava e tecia comentários. Quem prestava atenção e olhava ao redor já havia percebido que desde a manhã do dia de sábado o encontro de mestres acontecia em sua forma mais agradável e interessante possível: através dos próprios, tamanha a empatia entre eles e também entre Gilmar e os outros integrantes do grupo secular vindo da cidade de Osório. Quando do início formal do encontro, e ainda se apresentando, Mestre Gilmar deixou claro que estava muito mais interessado em ouvir o chefe-de-tambor do Maçambique de Osório, Faustino Antônio, do que falar. O pouco contato que haviam tido já servira para mostrar ao mestre pernambucano que as pessoas, ali presentes, conheciam muito mais sobre maracatu e sobre sua pessoa e sua nação do que da tradição destes negros gaúchos. Programado para durar apenas uma hora, o encontro aconteceu por quase o dobro do tempo, com praticamente todos os integrantes do Maçambique falando sobre suas experiências, históricos de vida e de grupo. Além de momentos emocionantes, tamanha importância e incentivo dados a eles pelo público ali presente, foi falado sobre a relação ambivalente entre o grupo e o poder público da cidade de Osório; o descomprometimento de segmentos da Igreja para com o grupo, sua tradição e a festa de Nossa Senhora do Rosário e, também, sobre os músicos e pesquisadores que ao longo dos últimos anos vem se aproveitando dos patrimônios imateriais gerados pelo grupo sem promover algum tipo de troca, contrapartida ou retribuição. Encerrando o encontro, o Maçambique de Osório presenteou Mestre Gilmar com um cd, no qual constam algumas de suas músicas, e também um livro em que constam informações sobre o grupo e sua história. O público presente, através de brincadeiras e sorteio, também foi presenteado com estes registros, incluindo o recente calendário impresso pela prefeitura da cidade de Osório, por meio da Secretaria de Turismo. Após a entrega dos presentes, o grupo apresentou em formato reduzido e simplificado, algumas de suas músicas, adaptando-as ao contexto e também agradecendo e homenageando Mestre Gilmar (Maracatu Nação Estrela Brilhante de Igarassu) e o grupo Maracatu Truvão de Porto Alegre.