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Introdução À Filosofia 1

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Introdução

à Filosofia
1. Introdução à Filosofia 4
Abordando a Matéria Filosofia 6

2. Métodos Didático-Pedagógicos 10
Origem da Filosofia 13

3. Mito a Primeira Explicação da Realidade 24


Mito na Atualidade 27

4. Filosofia e Senso Comum 31


O que é Ética 33

5. Referências Bibliográficas 40

02
03
INTRODUÇÃO À FILOSOFIA

1. Introdução à Filosofia

Fonte: Medium1

S egundo Battista Mondi (s/d,


p.1) objetivo constante da filo-
sofia foi, sempre, praticamente um
terceira à religião. Observa, porém,
o próprio Kant, que as três primeiras
podem ser reduzidas à última ques-
só: conhecer o homem, ou seja, co- tão, pois, tudo se fundamenta no
nhecer a si mesmo. Isso não foi afir- próprio homem: "No fundo, tudo
mado somente por Sócrates, Agosti- isto se poderia reduzir à antropolo-
nho ou Descartes, mas também por gia, porque as três primeiras per-
Kant. Este último, num famoso pa- guntas se referem à última".
rágrafo de sua lógica escreve, "O A história da filosofia nos
campo da filosofia pode ser delimi- ensina, além disso, que os principais
tado nas seguintes ques-tões:1ª) O pontos de vista no estudo do homem
que eu posso saber? 2ª) O que eu são quatro:
devo fazer?3ª) O que posso esper-  O ponto de vista da natureza,
ar?4ª) O que é o homem? (Wasist (que é o ponto de vista clás-
der Mensch)". sico) no qual o homem vem
A primeira pergunta se refere concebido como microcosmo.
 Ponto de vista de Deus, (que é
à metafísica, a segunda à moral, a
aquele dos Padres dos primei-

1 Retirado em https://medium.com/

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INTRODUÇÃO À FILOSOFIA

ros tempos da Igreja e dos quência inexorável de um processo


Escolásticos), por ele o homem que implica os momentos anterio-
vem concebido como Imago res e torna possível pensar os mo-
Dei; ponto de vista do Eu (que
mentos subsequentes.
é aquele da filosofia moderna),
no qual o homem é concebido Antes de falarmos da Filosofia
como subjetividade autocons- propriamente dita, cabe meditar um
ciente; pouco no sentido popular da filoso-
 O ponto de vista do Outro (que fia como um princípio orientador
é aquele da pós-modernida- dos indivíduos que lhes permite uni-
de), onde o homem é concebi- dade nas ações e na conduta. A
do como um ser dialógico. priori, a Filosofia se debruça sobre a
necessidade humana de compreen-
De fato, uma compreensão
der melhor a vida, meditar a própria
completa do homem deve levar em
vida para melhor poder viver. Por
consideração, além do Eu, também o
sua natureza intrínseca, induzido e
Outro, o Mundo, e Deus. O homem
conduzido por razões imanentes,
não é uma ilha dispersa no oceano,
como a dúvida, a incerteza e o deses-
nem uma mônada, fechada em si
pero o homem não consegue eximir-
mesma e sobre si mesma, mas, um
se de atitudes filosóficas, ou seja,
ser coexistente e comunicante, um
interroga-se sobre si mesmo e so-
ser excêntrico dotado de uma
breo sentido de sua existência, sua
Abertura infinita, graças à
razão de ser.(...)Em todos os tempos
qual se move constantemente em
a Filosofia tenta interpretar o mun-
três direções: em Direção ao mundo,
do e entender e transformar o ho-
à natureza, em direção aos outros, o
mem, isto é, todo tem a importante
próximo e em direção a Deus.
é assunto de preocupação filosófica
Nesse sentido, conforme ob-
à procura da verdade. A Filosofia é
serva Weschenfelder (s/d, s/p) as
um modo de pensar, é uma postura
diversas doutrinas filosóficas consti-
diante do mundo. A filosofia não é
tuem momentos sucessivos e abran-
um conjunto de conhecimentos
gentes de um processo único: com
prontos, um sistema acabado, fecha-
todas as conquistas filosóficas o ho-
do em si mesmo. Ela é, antes de mais
mem não para de abordar temas e
nada, uma prática de vida que pro-
problemas que sempre preocupa-
cura pensar os acontecimentos além
ram o espírito humano. As diversas
de sua pura aparência. Pode pensar
filosofias nas diferentes épocas
a ciência, seus valores, seus méto-
apresentam características comuns
dos, seus mitos; pode pensar a reli-
do pensamento humano. É uma se-

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INTRODUÇÃO À FILOSOFIA

gião; pode pensar a arte; pode pen- homens que produzem suas repre-
sar o próprio homem em sua vida sentações, suas ideias etc., mas os
cotidiana (WESCHENFEL-DER, homens reais, atuantes, tais como
s/d, s/p). são condicionados por um determi-
nado desenvolvimento de suas for-
Abordando a Matéria Filo- ças produtivas e das relações que a
sofia elas correspondem, inclusive as
mais amplas formas que estas
Segundo Souza (2009, p.8) a podem tomar. A consciência nunca
experiência no ensino de Filosofia pode ser mais que o ser consciente;
nos diferentes níveis de ensino tem e o ser dos homens é o seu processo
mostrado que uma das dificuldades de vida real. (MARX, ENGELS,
mais incisivas em relação à Filosofia 2002, p.18-19, apud SOUZA,2009,
e seu ensino é o distanciamento p.9).
entre teoria e prática, ou seja, uma
questão de conteúdo e método, de
práxis pedagógica que responda à
necessidade de uma metodologia de
ensino de filosofia mais próxima ao
concreto histórico. Esta questão foi
insistentemente discutida por Marx
e Engels, e pode ser sintetizada em
uma clássica e sempre atual passa-
gem: Indivíduos determinados co- Fonte: https://nypost.com/
matividadeprodutivasegundoummo
dodeterminadoentramemrelaçõesso Nas escolas os objetivos edu-
ciais e políticas determinadas. Em cacionais estabelecidos para o ensi-
cada caso isolado, a observação em- no de filosofia sempre procuraram
pírica deve mostrar nos fatos, e sem apresentá-la como uma disciplina
nenhuma especulação nem mistifi- com a qual o aluno não só aprende a
cação, a ligação entre a estrutura pensar, mas a pensar melhor, tor-
social e política e a produção.[...] A nando-se dessa forma um investi-
produção das ideias, das representa- gador de questões existenciais pro-
ções e da consciência está, a princí- blemáticas, capaz de assumir uma
pio, direta e intimamente ligada à postura crítica perante elas. No en-
atividade material e ao comércio tanto, voltando os olhos para o
material dos homens.[...] São os passado remoto e recente, o que se

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INTRODUÇÃO À FILOSOFIA

verifica na prática é que prevaleceu Abordagem histórica: Encarar


o ensino de um saber pronto, assi- a filosofia como uma manifestação
milado de maneira memorística e cultural que se apresenta ao longo
retórica. Assim, o educador de hoje do tempo, fruto da reação do pensa-
tem diante de si um grande desafio: mento humano perante os aconteci-
conciliar ambas as posturas. Ou seja, mentos presentes nos diferentes
compete a ele se apropriar desse momentos do processo histórico e
processo da reflexão filosófica me- social, que evolui e se transforma
diado pelo produto da tradição filo- continuamente. À medida que pro-
sófica. cura evidenciara maneira peculiar
Mas como fazer isso? Severino como cada homem foi enfrentando
(1989, apud, Souza,1995, p.10) suge- os problemas apresentados no de-
re algumas possibilidades de abor- curso de sua existência, essa aborda-
dagem da matéria filosofia com vis- gem incita o aluno a encarar o ato de
tas a essa conciliação entre produto filosofar como resposta criativa aos
e processo. São elas: problemas e situações novas.
Abordagem sistemática: Re- Abordagem temática: Apre-
pousa sobre uma concepção da filo- senta a filosofia como um esforço de
sofia enquanto um conjunto de co- reflexão sobre problemas que dessa-
nhecimentos previamente organi- fiam a consciência humana atual.
zados e estruturados que privilegia a Convida o aluno a fazer filosofia e
forma em detrimento do conteúdo. apreender o processo de filosofar,
Tal conjunto é apropriado pelo alu- tomando como ponto de partida os
no como um saber pronto e atempo- problemas que ele enfrenta em sua
ral, de maneira pouco criativa, experiência cotidiana. Dessa manei-
transformando-o em mero repeti- ra, parte-se de uma experiência
dor de teorias culturalmente com- concreta para se chegar à elaboração
solidadas. conceitual que se apresenta como
solução, como resposta aos desafios
lançados pela experiência.
Abordagem textual: Retoma e
acompanha o processo instaurador
da reflexão filosófica de um pensa-
dor, expresso em suas obras escritas.
Assim, o aluno aprende a filosofar
por meio da leitura e análise dessas
Fonte: https://www.flandersdc.be/ obras que lhe revelam o pensamento

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INTRODUÇÃO À FILOSOFIA

do autor. Este passa a servir de guia da Filosofia na sua genuína acepção,


para o aluno repensar os seus pró- como uma forma de conhecimento
prios problemas sob uma nova luz. “crítica, radical e de conjunto” (SA-
Essas formas de abordagem da VIANI,1986,p. 15), que pode ser
matéria filosofia não são excluden- apropriada por todos os seres huma-
tes; ao contrário, se articulam entre nos, pois “todos os homens são filó-
si es e complementam (SOU- sofos”(GRAMSCI,1995, p. 18), que
ZA,1995, p.10). propicie ao ser social a condição de
Compete então ao professor conhecer, de ter ciência do real e de,
desenvolver uma Filosofia da Práxis portanto, de orientar os rumos da
e desenvolver um processo didático- história individual e coletiva, de in-
pedagógico que permita aos educan- tervir e transformar o mundo de for-
dos Experimentar o potencial crítico ma livre, criativa, consciente, res-
e criativo do pensar, levando a críti- ponsável.
ca a seu termo, ou seja, o de permitir
a construção de um novo mundo de
ações e significados. Para isso, é
necessária uma Filosofia que propi-
cie ao educando a possibilidade de
um novo olhar, de indignação, de in-
cômodo, de problematização, sobre
suas circunstâncias pessoais e so-
ciais, como condição de superação
da acomodação, do indiferentismo,
expresso por asserções de que “o
mundo é assim mesmo, sempre foi
assim”, “tudo está bem” ou “tudo
está mal”, “nada muda”, que tudo
está determinado. (SOUZA, 2009,
p.13).
Segundo SOUZA(2009,p.14-
15) cabe também ao professor con-
tribuir para que Filosofia não perca
seu estatuto próprio, não como co-
mumente é vista e tratada, como
misteriosa, fechada, especulativa,
sectarista, própria de iniciados, mas

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INTRODUÇÃO À FILOSOFIA

2. Métodos Didático-Pedagógicos

Fonte: Ariana School2

S egundo Aspis (2004,p.306)é


bastante possível que aquele
que se dedicar a dar aulas de filo-
de esse não ser um ensino obriga-
tório, com limites explícitos embora
já previsto em lei, torna-se mais um
sofia para jovens no Brasil, hoje, fator problematizável. Talvez aquela
sentirá a necessidade de pensar se- prévia reflexão do professor se im-
riamente no que isso significa antes ponha de forma tão vigorosa justa-
de sentir-se em condições de decidir mente pela diversidade de enfoques
o que fazer em suas aulas e como que podemos ter para esse ensino, a
fazê-lo. O contexto que envolve o diversidade de maneiras de en-
ensino de filosofia para jovens, na tendê-lo.
escola, é complexo já que há tantos É possível que esse professor
possíveis objetivos educacionais pense: para que defendo a filosofia
que podemos atribuir à filosofia, na escola? O que há de específico na
tantos fins filosóficos e as possíveis filosofia que a faz necessária no
formas de alcançá-los. Também há a currículo dos jovens? Qual filosofia
heterogeneidade de realidades da ensinar? Como fazê-lo? Damos
escola a ser levada em conta, e o fato aulas de filosofia ou de filosofar? O

2 Retirado em https://ariana.school/

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INTRODUÇÃO À FILOSOFIA

que é a filosofia? O que é o filosofar? sofia é filosofar e filosofar é filosofia.


É possível essa separação das duas (ASPIS, 2004, p.308)
coisas? Ora, assim aquele professor Entretanto há métodos didá-
terá começado a pensar filosófica- tico-pedagógicos específicos para o
mente o ensino de filosofia e só isso ensino de filosofia? Como resposta,
já pode ser um bom começo. segundo Souza (1995, p.12) pode-se
Entendemos, então, que não é afirmar que o educador interessado
possível desunir filosofia de filoso- no processo de ensino e aprendiza-
far, pois os dois são uma mesma gem tem ao seu alcance uma gama
coisa. O filosofar é uma disciplina no variada de métodos elencados e
pensamento que ao ser operada vai consagrados pela literatura espe-
produzindo filosofia e a filosofia é a cializada em didática, que podem
própria matéria que gera o filosofar. ser usados diretivamente para a
São indissociáveis. A matéria filoso- aprendizagem filosófica.
fia separada do ato de filosofar é Os métodos didático pedagó-
matéria morta, recheio de livro de gicos à disposição daqueles que se
estante. Para ser filosofia ela tem dedicam ao ensino de filosofia são:
que ser reativada, recuperada, assim  Exposição;
reaparecendo a cada vez. Como a  Interrogação;
malha tricotada que só aparece se  Exposição dialogada (método
houver o ato do tricotar. O leigo de- socrático); Leitura e análise de
savisado não vê o tricotar na malha textos;
 Análise linguística; Estudo
e não saberia refazer seu caminho. A
dirigido.
tricoteira sabe cada passo dos pon-
tos e ao ver o tricô pode ver o tricô- Método expositivo: Consiste
tar, pode, a partir do tricô, reativar o na apresentação oral, sistemática e
tricotar que vai produzir tricô e as- dosada de um tema ou assunto, feita
sim sucessivamente. O movimento pelo professor para um grupo de
da razão a que chamamos filosofar alunos.
se dá por intermédio de conceitos
 Propicia uma apresentação
filosóficos e estes só são criado se unitária sistemática e logica-
recriados por meio do filosofar. Não mente ordenada de um tema
há como ficar comum a coisa e dis- ou assunto;
pensarão outra já que não são duas  Permite ao professora escolha
Coisa se simultânea só. Não há o e desenvolvimento de temas
dilema filosofia ou filosofar. Filo- adaptados à sua capacidade de
acordo com os conhecimentos,

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INTRODUÇÃO À FILOSOFIA

interesse e necessidades dos rador de reflexão filosófica de um


alunos; pensador, expresso em suas obras
 Favorece a interpretação rápi- escritas.
da de informações necessá- Assim, o ensino de filosofia
rias à compreensão de proble-
por meio de tal método tem três
mas futuros, viabilizando o
cumprimento de um programa finalidades: A compreensão global
estabelecido; do pensamento de um autor, bem
 Adapta-se, sem dificuldades, a como de uma escola ou corrente
classes de diferentes tama- filosófica de um determinado perío-
nhos. do do qual o filósofo é um represen-
tante:
Método interrogativo: Pergun-  O acesso à filosofia através de
tas são utilizadas em situações didá- um pensamento;
ticas para incitar o aluno a fazer uso  A aquisição de uma técnica
de suas habilidades de pensamento. intelectual e de análise filosó-
Método de exposição dialoga- fica.
da: Do ponto de vista de muitos edu-
cadores, tal método é o mais ade- Método de análise linguística:
quado para o processo de ensino e É um método complementar que
aprendizagem da filosofia. A apren- auxilia a leitura e a análise dos textos
dizagem se desenvolve por meio de filosóficos. Tem como finalidades:
um encadeamento de perguntas e  Determinar o significado das
respostas, através do qual o pensa- palavras e outras expressões
desconhecidas, presentes no
mento do aluno é incorporado no
texto a ser analisado;
processo dialético da reflexão filo-
 Reconstruir a etimologia de
sófica. uma palavra;
Método de leitura e análise de  Reduzir frases, proposições e
textos: É usado quando sequer ler e encadeamento discursivos a
comentar em classe, total ou parcial- seus elementos primitivos,
mente, obras de filósofos, com a fi- tendo em vista evidenciar o
nalidade de exercitar o aluno na sentido próprio da expressão,
ou mesmo a ausência de senti-
compreensão do conteúdo teórico-
do;
filosófico presente nessas obras. O  Descobrir e evidenciar formas
uso da leitura e a análise de textos se sistematicamente viciadas do
fundamentam e se justificam quan- uso da linguagem e reconstruir
do o aluno aprende a filosofar ao to- a conexão forma dos enuncia-
mar contato com o processo instau- dos, articulá-los com lógica, de
modo que seja possível derivar

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INTRODUÇÃO À FILOSOFIA

uns dos outros, estabelecer en- Em parte, ela depende do conheci-


tre eles as relações de funda- mento e do domínio desses métodos
mentação e provar sua cons- para serem usados deforma ade-
ciência sistemática.
quada; em parte, ela é fruto de sua
criatividade, reflexão e experiência
Estudo dirigido: Fundamenta-
pessoal. (SOUZA, 1995, p.12-16).
se na ideia de que os melhores
resultados do processo de ensino e
aprendizagem são obtidos quando o Origem da Filosofia
aluno, motivado pelos Seus próprios
A filosofia se originou no sé-
interesses, se empenha na elabora-
culo VII a.C. em colônias gregas lo-
ção e execução de um plano de estu-
calizadas na cidade de Mileto quan-
do sob a orientação de um professor,
do alguns homens perceberam que
que se mantém a distância, porém
tudo podia ser conhecido através da
assistindo o aluno continuamente. É
razão humana e que o conhecimento
um método centrado no processo de
não se limitava apenas para deuses.
autoinstrução do aluno, segundo seu
Pitágoras foi quem criou o termo
próprio ritmo, realizado em uma
filosofia que significa “amizade pela
situação socializada, que é a sala de
sabedoria”. O termo foi criado quan-
aula, sob a assistência pessoal de um
do Pitágoras viu que os deuses pos-
professor, que assume uma postura
suíam todo o conhecimento e sabe-
de menor evidência, mas não menos
doria que existia, passando assim a
importante e ativa.
perceber que o homem poderia de-
Esse método pressupõe:
sejar e buscar tal sabedoria plena
 A elaboração reflexiva e pes-
soal do aluno de um tema por meio da filosofia.
designado pelo professor; Esta é caracterizada por:
 O planejamento cuidadoso das  Inclinação à racionalidade;
tarefas dosadas quanto ao  Explicações variáveis segundo
grau de dificuldade que o alu- os acontecimentos, banindo
no deve realizar, de forma que assim justificativas pré - mol-
elas atendam aos seus interes- dadas;
ses e motivação;  Questionamentos e argumen-
 A orientação metódica dessas tos relacionados a um deter-
tarefas pelo professor encarre- minado caso, de modo que seja
gado da classe. apresentadas soluções e/ou
respostas concretas;
Não há receitas prontas para  Difusão de pensamentos;
orientar o professor nessa escolha.  Diferenciação do que é

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INTRODUÇÃO À FILOSOFIA

semelhante por meio do pen- voltada para o mundo exterior, jul-


samento e da razão. gando se encontrar aí também o
princípio unitário de todas as coisas;
O primeiro filósofo que se tem e toma, outrossim, a denominação
conhecimento foi Tales de Mileto, cronológica de período pré-socráti-
fundador da Escola Jônica e um dos co, porque precede Sócrates e os so-
sete sábios da Grécia Antiga. Deci- fistas, que marcam uma mudança e
frou o eclipse solar, designou à água um desenvolvimento e, por conse-
a função de ser a iniciadora de todas guinte, o começo de um novo perío-
as coisas, buscava entender as con- do na história do pensamento grego.
dições climáticas através das carac- Esse primeiro período tem início no
terísticas do céu. alvor do VII século a.C., e termina
É dividida em quatro grandes dois séculos depois, mais ou menos,
períodos, a saber: nos fins do século V.
 Período pré-socrático: Tam- Surge e floresce fora da Grécia
bém conhecido como período propriamente dita, nas prósperas
cosmológico, ocorreu entre os
colônias gregas da Ásia Menor, do
séculos VII e V a.C.
 Período socrático: Também Egeu (Jônia) e da Itália meridional,
conhecido como período na- da Sicília, favorecido sem dúvida na
tropológico, ocorreu entre os sua obra crítica e especulativa pelas
séculos V e IV a.C. liberdades democráticas e pelo bem-
 Período sistemático: Ocorreu estar econômico. Os filósofos deste
entre os séculos IV e III a.C. período preocuparam-se quase ex-
 Período helenístico: Também clusivamente com os problemas cos-
conhecido como período gre-
mológicos. Estudar o mundo exte-
co-romano, ocorreu entre os
séculos III a.C. e VI d.C. rior nos elementos que o consti-
(MUNDO DA EDUCAÇÃO, tuem, na sua origem e nas contínuas
s/d, s/p). mudanças a que está sujeito, é a
grande questão que dá a este pe-
De acordo com Ferreira (s/d, ríodo seu caráter de unidade. Pelo
s/p) no período pré-socrático, o in- modo de encará-la e resolver, classi-
teresse filosófico é voltado para o ficam-se os filósofos que nele flores-
mundo da natureza. Esse período do ceram em quatro escolas: Escola Jô-
pensamento grego toma a denomi- nica; Escola Itálica; Escola Eleática;
nação substancial de período natu- Escola Atomística. (FER-REIRA,
ralista, porque a nascente especula- s/d, s/p)
ção dos filósofos é instintivamente

14
INTRODUÇÃO À FILOSOFIA

De acordo com Carneiro (s/d, e suas relações. Protágoras, um so-


s/p) por volta do século V a.C. co- fista dirá que "o homem é a medida
meça o que podemos considerar co- de todas as coisas; daquelas que são
mo um novo período na história da enquanto são; daquelas que não são,
filosofia, ao qual podemos chamar enquanto não são". E Górgias, outro
de período Socrático ou antropo- sofista, preocupado com o discurso,
lógico. Esse também é chamado de fará a seguinte afirmação: "o bom
período clássico da filosofia. orador é capaz de convencer qual-
Podemos marcar o início desse quer pessoa sobre qualquer coisa".
período com a atuação dos Sofistas A postura dos sofistas, de-
que estavam preocupados mais com monstrando pouca preocupação
a linguagem e a erudição do que com com a verdade e muito mais com o
a explicação do mundo. Para os so- argumento, levou Platão a colocar
fistas o importante era o bem falar e na boca de Sócrates a afirmação de
a arte de convencer o interlocutor. que "Ele supõe saber alguma coisa e
As contendas políticas e os conflitos não sabe, enquanto eu, se não sei,
de opiniões favoreceram a ação des- tampouco suponho saber. Parece
ses professores ambulantes que con- que sou um pouco mais sábio que ele
sideravam não haver uma verdade exatamente por não supor que saiba
única. o que não sei". Vê-se, portanto que a
Alguns comentadores da his- preocupação dos sofistas é a argu-
tória da filosofia viram com maus mentação e a de Sócrates/Platão é a
olhos a atuação dos sofistas, princi- verdade daquilo que se sabe ou do
palmente devido a escritos de Platão que se pode saber.
que os considerava não filósofos, O período antropológico que
mas manipuladores do raciocínio também é chamado o período Clás-
sem amor pela verdade. Essa visão, sico da Filosofia recebe essa deno-
entretanto, começa a ser revista, minação por que nessa época flores-
pois se percebe que os sofistas não ceu não só a filosofia como também
eram os aproveitadores menciona- as artes e o começo da organização
dos em alguns manuais, mas pes- de todo o saber. Principalmente pela
soas que se utilizaram, de forma atuação de Aristóteles e seus discí-
pragmática, da filosofia. pulos do Liceu (nome de sua escola,
O fato é que o centro das aten- em homenagem ao deus Apolo Lí-
ções tanto dos sofistas como de Só- cio) floresceu o processo de aqui-
crates, Platão e Aristóteles (e dos sição e sistematização de vários as-
posteriores) volta-se para o homem beres. A filosofia chegou ao seu apo-

15
INTRODUÇÃO À FILOSOFIA

geu comesses três pensadores que fística. O interesse dos filósofos gira,
foram uma das maiores marcas da de preferência, não em torno da na-
história do saber. Ainda hoje a cul- tureza, mas em torno do homem e
tura e o saber ocidental são tributá- do espírito; da metafísica passa-se à
rios à mentalidade e à filosofia gre- gnosiologia e à moral. Daí ser dado a
ga, do período clássico: quando fala- esse segundo período do pensamen-
mos em corpo-alma estamos nos re- to grego também o nome de antro-
ferindo a conceitos originários de pológico, pela importância e o lugar
Platão. Quando pretendemos maior central destinado ao homem e ao
clareza de nosso interlocutor, e para espírito no sistema do mundo, até
isso lhe fazemos uma série de ques- então limitado à natureza exterior.
tionamentos, estamos nos repor- Esse período esplêndido do
tando a Sócrates. Quando falamos pensamento grego-depois do qual
em lógica, organização e sistemati- começa a decadência-teve duração
zação de conhecimentos, estamos bastante curta. Abraça, substancial-
aplicando uma metodologia aristo- mente, o século IV a. C., e compreen-
télica. de um número relativamente peque-
Outra consequência da ação no de grandes pensadores: os sofis-
desses três pilares da filosofia grega tas e Sócrates, daí derivando as cha-
foi o fato de, após suas mortes, a madas escolhas socráticas menores,
filosofia ter entrado em um período sendo principais a cínica e a cire-
de declínio. Não por ter perdido naica, precursoras, respectivamen-
qualidade ou preocupação com o te, do estoicismo e do epicurismo do
saber, mas pelo fato de, por um período seguinte; Platão e Aristóte-
longo período, não terem aparecido les, deles procedendo a Academia e
grandes nomes, propondo novos o Liceu, que sobreviverão também
sistemas. (CARNEIRO, s/d, s/p). no período seguinte e além ainda,
Para Madjarofe (s/d, s/p) o especialmente a Academia por mo-
período seguinte da história do pen- tivos éticos e religiosos, e em seus
samento grego é o chamado período desenvolvimentos neoplatônicos em
sistemático. Com efeito, nesse perío- especial - apesar de o aristotelismo
do realiza-se a sua grande e lógica ter superado logicamente o platô-
sistematização, culminando em nismo.(MADJAROFE, s/d, s/p).
Aristóteles, através de Sócrates e É certo, não obstante, que as
Platão, que fixam o conceito de ciên- obras completas de Demócrito (que
cia e de inteligível, e através também incluem as obras de Leucipo e ou-
da precedente crise cética da so- tros, bem como as de Demócrito)

16
INTRODUÇÃO À FILOSOFIA

continuaram a existir, porquanto a quando Anaxágoras era velho, ele


escola as conservou em Abdera e era jovem, e a partir daí concluiu-se
Teos ao longo dos tempos helenís- que nasceu em 460a.C. Parece,
ticos. Por isso, foi possível para entretanto, cedo demais, visto estar
Trasilo, sob o reinado de Tibério, fa- baseado na hipótese de que tinha
zer uma edição das obras de Demó- quarenta anos quando se encontrou
crito, organizada em tetralogias, com Anaxágoras, e a expressão "jo-
exatamente como sua edição dos vem" sugere menos que esta idade.
diálogos de Platão. Mesmo isso não Demais, cumpre-nos encontrar um
foi suficiente para preservá-las. Os espaço para Leucipo entre eles [De-
epicuristas, que tinham a obrigação mócrito] e Zenão. Se Demócrito
de ter estudado o homem a quem morreu, como se diz, com a idade de
deviam tanto, detestavam qualquer noventa ou cem anos, de qualquer
tipo de estudo, e provávelmente nem maneira ainda vivia quando Platão
se preocuparam em Multiplicar os fundara a Academia. Mesmo a partir
exemplares de um escritor cujas de fundamentos meramente crono-
obras teriam sido um testemunho lógicos, é falso classificar Demócrito
permanente para a carência de ori- entre os predecessores de Sócrates, e
ginalidade que caracterizou o pró- obscurece o fato de que, como Só-
prio sistema deles. crates, ele tentou responder ao seu
Sabemos extremamente pouco distinto concidadão Protágoras.
sobre a vida de Demócrito. Como (MADJA-ROFE, s/d, s/p).
Protágoras, era natural de Abdera na A verdadeira grandeza de De-
Trácia, uma cidade que nem merece- mócrito não está na teoria dos áto-
ria a reputação proverbial de embo- mos e do vazio, que ele parece ter ex-
tamento, considerando que pode dar posto bem conforme a tinha rece-
origem a dois homens de tanta bido de Leucipo. Menos ainda está
envergadura. Quanto à data do seu no seu sistema cosmológico, que de-
nascimento, temos apenas conjetu- riva, mormente de Anaxágoras.
ras para nos orientar. Em uma das Pertence inteiramente a uma outra
principais obras, afirmou que elas geração que a desses homens, e não
foram escritas 730 anos a pós a está preocupado de modo especial
queda de Tróia; não sabemos; po- em encontrar uma resposta a Par-
rém, quando, segundo a suposição mênides. A questão à qual tinha que
dele, isto ocorrera. Havia nessa épo- se dedicar era a de sua própria épo-
ca e posteriormente diversas eras ca. A possibilidade de ciência havia
em uso. Disse também algures que, sido negada, bem como todo o pro-

17
INTRODUÇÃO À FILOSOFIA

blema do conhecimento levantado Roma, cada um desses reinos será


por Protágoras, e era isto que exigia absorvido pela nova potência roma-
uma solução. Ademais, o problema na, dando espaço ao que histórica-
do comportamento tornara-se pre- mente se demarca como o final da
mente. A originalidade de Demócri- Antiguidade. Antes disso, porém, os
to, portanto, está precisamente na próprios romanos foram dominados
mesma linha que a de Sócrates. pelos gregos, submetidos ao Hele-
(MADJA-ROFE,s/d,s/p). nismo, daí a cultura grega ser depois
Para Santana (s/d, s/p) o perpetuada pelo Império Romano.
período conhecido como helenístico Agora não havia mais limites
foi um marco entre o domínio da entre os diferentes territórios, as
cultura grega e o advento da civili- diversas culturas e religiões. Antiga-
zação romana. Os próprios inspi- mente cada povo cultuava seus pró-
radores da Grécia se disseminaram, prios deuses, mas coma difusão da
nesta época, perto da uma região cultura grega tudo se transforma em
exterior Conquistada por Alexandre um grande caldeirão sincrético, no
Magno, rei da Macedônia. Com suas qual se misturam as mais variadas
investidas bélicas ele incorporou ao visões religiosas, filosóficas e cientí-
universo grego o Egito, a Pérsia e ficas. Alexandria era o grande centro
parte do território oriental, incluin- da cultura helenística, especialmen-
do a Índia. Neste momento despon- te no campo das artes e da literatura.
ta algo novo no cenário mundial, (SANTANA, s/d, s/p).
uma cultura de dimensão interna- Entre os alexandrinos flores-
cional, na qual se destacam a cultura ceram as mais significativas edifica-
e o idioma grego. Esta era tem a du- ções culturais deste período–o Um-
ração de pelo menos trezentos anos, seu, que englobava o Jardim Botâni-
encontrando seu fim em 30 a.C., co, o Zoológico e o Observatório
com a invasão do Egito pelos ro- Astronômico; e a famosa biblioteca
manos. de Alexandria, que abrigava pelo
O período helenístico é carac- menos 200.000livros, salas nas
terizado principalmente por uma quais os copistas trabalhavam ativa-
ascensão da ciência e do conheci- mente e oficinas direcionadas para a
mento. A cultura essencialmente confecção de papiros. Outro núcleo
grega se torna dominante nas três cultural importante foi o de Antio-
grandes esferas atingidas pelo Hele- quia, capital da Síria, localizado pró-
nismo, a Macedônia, a Síria e o Egi- ximo à foz do rio Orontes, em ple-
to. Mais tarde, com a expansão de no Mediterrâneo.

18
INTRODUÇÃO À FILOSOFIA

A era helenística conheceu o A Filosofia patrística (do séc-


incrível progresso da história, com ulo I ao século VII) inicia-se com as
destaque para Polibius; a ascensão Epístolas de São Paulo e o Evan-
da matemática e da física, campos gelho de São João e termina no
nos quais surgem Euclides e Arqui- século VIII, quando teve início a Fi-
medes; o desenvolvimento da astro- losofia medieval. A patrística resul-
nomia, da medicina, da geografia e tou do esforço feito pelos dois após-
da gramática. A literatura conhece o tolos intelectuais (Paulo e João) e
apogeu com o poeta Teocritus, que pelos primeiros Padres da Igreja
prepondera especialmente na poesia para conciliar a nova religião– o
idílica e bucólica. Cristianismo como pensamento filo-
Na filosofia despontaram qua- sófico dos gregos e romanos, pois
tro correntes filosóficas voltadas pa- somente com tal conciliação seria
ra a descoberta da fórmula da feli- possível convencer os pagãos da
cidade: os cínicos, que cultivavam a nova verdade e convertê-los a ela. A
ideia de que ser feliz dependia de se Filosofia patrística liga-se, portanto,
liberar das coisas transitórias, até à tarefa religiosa da evangelização e
mesmo das inquietações com a saú- à defesa da religião cristã contra os
de; os estoicos e os epicuristas, que ataques teóricos e morais que
acreditavam em um individualismo recebia dos antigos.
moral; e o neoplatonismo, movi- Divide-se em patrística grega
mento mais significativo desta épo- (ligada à Igreja de Bizâncio) e patrís-
ca, inspirado pelos pré-socráticos tica atina (ligada à Igreja de Roma) e
Demócrito e Heráclito. seus nomes mais importantes fo-
Nas artes sobressaíram alguns ram: Justino, Tertuliano, Atená-go-
clássicos da Era Antiga, como a ras, Orígenes, Clemente, Eusébio,
Vênus de Milo, Vitória de Samotrá- Santo Ambrósio, São Gregório Na-
cia e o grupo do Laoconte. Religiosa- zianzo, São João Crisóstomo, Isi-
mente pode-se dizer que o Helenis- doro de Sevilha, Santo Agostinho,
mo era a contraposição pagã à nova Beda e Boécio.
religião que dominaria o cenário A patrística foi obrigada a
histórico a partir da preponderância introduzir ideias desconhecidas pa-
de Roma, o Cristianismo. (SANTA- ra os filósofos greco-romanos: a
NA, s/d, s/p). ideia de criação do mundo, de peca-
As outras escolas da Filosofia do original, de Deus como trindade
são: una, de encarnação e morte de Deus,

19
INTRODUÇÃO À FILOSOFIA

de juízo final ou de fim dos tempos e navam a razão à fé (diziam


ressurreição dos mortos, etc. Preci- eles: “Creio para compreen-
sou também explicar como o mal der”).
pode existir no mundo, já que tudo  Os que julgavam razão e fé ir-
reconciliáveis, mas afirmavam
foi criado por Deus, que é pura per-
que cada uma delas tem seu
feição e bondade. Introduziu, sobre- campo próprio de conheci-
tudo com Santo Agostinho e Boécio, mento e não devem misturar-
a ideia de “homem interior”, isto é, se (a razão se refere a tudo o
da consciência moral e do livre- que concerne à vida temporal
arbítrio, pelo qual o homem se torna dos homens no mundo; a fé, a
responsável pela Existência do mal tudo o que se refere à salvação
da alma e à vida eterna futura).
no mundo. (CHAUÍ, 2000, p.53-54).
Para impor as ideias cristãs, os
Padres da Igreja as transformaram A Filosofia medieval (do sécul-
em verdades reveladas por Deus o VIII ao século XIV) abrange pen-
(através da Bíblia e dos santos) que, sadores europeus, árabes e judeus. É
por serem decretos divinos, seriam o período em que a Igreja Romana
dogmas, isto é, irrefutáveis e inques- dominava a Europa, ungia e coroava
tionáveis. Com isso, surge uma dis- reis, organizava Cruzadas à Terra
tinção, desconhecida pelos antigos, Santa e criava, à volta das catedrais,
entre verdades reveladas ou da fé e as primeiras universidades ou esco-
verdades da razão ou humanas, isto las. E, a partir do século XII, por ter
é, entre verdades sobrenaturais e sido ensinada nas escolas, a Filoso-
verdades naturais, as primeiras in- fia medieval também é conhecida
troduzindo a noção de conhecimen- como nome de Escolástica. A Filo-
to recebido por uma graça divina, sofia medieval teve como influências
superior ao simples conhecimento principais Platão e Aristóteles.
racional. Dessa forma, o grande Os teólogos medievais mais
tema de toda a Filosofia patrística é importantes foram: Abelardo, Duns
o da possibilidade de conciliar razão Escoto, Escoto Erígena, Santo An-
e fé, e, a esse respeito, havia três po- selmo, Santo Tomás de Aquino,
sições principais: Santo Alberto Magno, Guilherme de
 Os que julgavam fé e razão Ockham, Roger Bacon, São Boa
irreconciliáveis e a fé superior ventura. Do lado árabe: Avicena,
à razão (diziam eles:
Averróis, Alfarabie Algazáli. Do lado
 “Creio porque absurdo”).
judaico: Maimônides, Nahmanides,
 Os que julgavam fé e razão
conciliáveis, mas subordi-

20
INTRODUÇÃO À FILOSOFIA

Yeudah bem Levi. (CHAUÍ,2000, melhor regime político e como


p.54-55) mantê-lo racionalmente.
A Filosofia da Renascença (do Nunca mais, na história da
século XIV ao século XVI) é marcada Filosofia, haverá igual confiança nas
pela descoberta de obras de Platão capacidades e nos poderes da razão
desconhecidas na Idade Média, de humana como houve no Grande
novas obras de Aristóteles, bem Racionalismo Clássico. Os princi-
como pela recuperação das obras pais pensadores desse período fo-
dos grandes autores e artistas gregos ram: Francis Bacon, Descartes, Gali-
e romanos. Os nomes mais impor- leu, Pascal, Hobbes, Espinosa, Leib-
tantes desse período são: Dante, niz, Malebranche, Locke, Berkeley,
Marcílio Ficino, Giordano Bruno, Newton, Gassendi. (CHAUÍ,200,
Campannella, Maquiavel, Montaig- p.56-57).
ne, Erasmo, Tomás Morus, Jean A Filosofia da Ilustração ou
Bodin, Kepler e Nicolau de Cusa. Iluminismo (meados do século XV
(CHAUÍ,2000, p.55). III ao começo do século XIX). Esse
A Filosofia moderna (do sé- período também crê nos poderes da
culo XVII a meados do século XVIII) razão, chamada de As Luzes (por
é o período, conhecido como o Gran- isso, o nome Iluminismo). O Ilumi-
de Racionalismo Clássico. Predomi- nismo afirma que:
na, nesse período, a ideia de con-  Pela razão, o homem pode
quista científica e técnica de toda a conquistar a liberdade e a fe-
realidade, a partir da explicação me- licidade social e política (a
cânica e matemática do Universo e Filosofia da Ilustração foi de-
cisiva para as ideias da Re-
da invenção das máquinas, graças às
volução Francesa de1789);
experiências físicas e químicas.  A razão é capaz de evolução e
Existe também a convicção de que a progresso, e o homem é um ser
razão humana é capaz de conhecer a perfectível. A perfectibilidade
origem, as causas e os efeitos das consiste em liberar-se dos pre-
paixões e das emoções e, pela von- conceitos religiosos, sociais e
tade orientada pelo intelecto, é ca- morais, em libertar-se da
superstição e do medo, graças
paz de governá-las e dominá-las, de
as conhecimento, às ciências,
sorte que a vida ética pode ser plena- às artes e à moral;
mente racional. A mesma convicção  O aperfeiçoamento da razão se
orienta o racionalismo político, isto realiza pelo progresso das civi-
é, a ideia de que a razão é capaz de lizações, que vão das Mais
definir para cada sociedade qual o atrasadas (também chamadas

21
INTRODUÇÃO À FILOSOFIA

de “primitivas” ou “selvage- cio é a fonte principal da riqueza das


ns”) às mais Adiantadas e per- nações).
feitas (as da Europa Ociden- Os principais pensadores do
tal);
período foram: Hume, Voltaire, D’A-
 Há diferença entre Natureza e
lembert, Diderot, Rousseau, Kant,
civilização, isto é, a Natureza é
o reino das relações neces- Fichte e Schelling (embora este últi-
sárias de causa e efeito ou das mo costume ser colocado como filó-
leis naturais universais e imu- sofo do Romantismo). (CHAUÍ, 20-
táveis, enquanto a civilização é 00, p.57-58).
o reino da liberdade e da A Filosofia contemporânea
finalidade proposta pela von- abrange o pensamento filosófico que
tade livre dos próprios ho-
mens, em seu aperfeiçoamen- vai de meados do século XIX e chega
to moral, técnico e político. aos nossos dias. Esse período, por
ser o mais próximo de nós, parece
Nesse período há grande inte- ser o mais complexo e o mais difícil
resse pelas ciências que se relacio- de definir, pois as diferenças entre
nam com a ideia de evolução e, por as várias filosofias ou posições filo-
isso, a biologia terá um lugar central sóficas nos parecem muito grandes
no pensamento ilustrado, perten- porque as estamos vendo surgir
cendo ao campo da filosofia da vida. diante de nós. (CHAUÍ,2000, p.58).
Há igualmente grande interesse e
preocupação com as artes, na medi-
da em que elas são as expressões por
excelência do grau de progresso de
uma civilização. Data também desse
período o interesse pela compreen-
são das bases econômicas da vida so-
cial e política, surgindo uma reflexão
sobre a origem e a forma das rique-
zas das nações, com uma contro-
vérsia sobre a importância maior ou
menor da agricultura e do comércio,
controvérsia que se exprime em
duas correntes do pensamento eco-
nômico: a corrente fisiocrata (a agri-
cultura é a fonte principal das ri-
quezas) e a mercantilista (o comer-

22
INTRODUÇÃO À FILOSOFIA

3. Mito a Primeira Explicação da Realidade

Fonte: Inova Publico3

C omo observa Seleprin (s/-d,


p.3) entre os gregos, o mito
sobressai-se como uma forma autô-
função social, ou seja, determinado
grupo de pessoas une-se e tem no
mito o principal ponto de união. A
noma de pensamento e de vida. O função do mito não é, primordial-
mito possui vida própria, ele não mente, explicar a realidade, mas
precisa de uma validação por parte acomodar e tranquilizar o homem
do intelecto, o que não faz com que em um mundo assustador.
ele deixe de ter o seu grau e validade O mito é para quem o vive,
entre os homens, principalmente uma forma de realidade, é para o
entre o grupo de pessoas no qual mundo inteligível que dele nasce,
nasceu. Omito desempenha uma uma totalidade indefinível. Confi-

3 Retirado em http://www.inovapublico.com.br/

24
INTRODUÇÃO À FILOSOFIA

gura o mundo em seus momentos De acordo com Souza (1995, p.


primordiais, relata uma história 42) além dos mitos, os povos primi-
sagrada; propõe modelos e paradig- tivos encontraram na religião outra
mas de comportamento; projeta o forma de tentar explicar o mundo
homem num tempo que precede o em que viviam e os fenômenos e fa-
tempo; situa a história e os empre- tos que nele presenciavam, por meio
endimentos humanos num espaço da crença em entidades divinas ou
indimensionável, define os limites em um deus pessoal, inteligente e
intransponíveis da consciência e as criador capaz de impor ordem Go-
significações que instalam a exis- vernabilidade ao universo ainda
tência humana no mundo. O mito é confuso e incompreensível. É muito
uma forma de narrativa. Os mitos difícil traçar o limite que determina
apresentam-se como possível expli- o fim do mito e o início da religião.
cação ou interpretação da realidade De um modo geral, a religião e o
e dos acontecimentos. mito permanecem indissolúvelmen-
Para quem vive o mito, ele é a te ligados na tentativa de oferecer
única história verdadeira, proposta explicações para o mundo que cir-
numa linguagem acessível à gênese cunda o homem, quer seja o mundo
do mundo, das coisas e do homem. físico, quer seja o mundo social.
Os mitos reproduzem ou repropõem Embora dotadas de certa capa-
gestos criadores e significativos, que cidade para apaziguar a mente in-
permanecem sustentando a realida- quieta do homem diante dos desa-
de constituída. A realidade mítica é fios que lhe eram lançados pela na-
sempre cósmica, porque todas as tureza física e social circundante,
coisas propostas constituem um cos- por meio de explicações plausíveis,
mos. Não são objetos perdidos num mas nem sempre racionalmente
todo desordenado. O cosmos mítico convincentes, a consciência mítica e
não é opaco e fixo em sua realidade a religiosa são tidas como pré-filo-
ontológica. É um mundo ordenado e sóficas.
vivo. Transparente, harmonioso, Conforme Chauí (2000, p.34-
festivo, mas, acima de tudo, pro- 35) as diferenças entre Filosofia e
fundamente coeso em sua unidade. mito são:
O mundo real apresenta-se sempre 1. O mito pretendia narrar como
como uma totalidade. A realidade é as coisas eram ou tinham sido
uma só, em sua consistência final. no passado imemorial, lon-
(SELEPRIN, s/d, p.2). gínquo e fabuloso, voltando-se

25
INTRODUÇÃO À FILOSOFIA

para o que era antes que tudo autoridade religiosa do narra-


existisse tal como existe no dor. A Filosofia, ao contrário,
presente. A Filosofia, ao com- não admite contradições, fa-
trário, se preocupa em explicar bulação e coisas incompre-
como e por que, no passado, ensíveis, mas exige que a ex-
no presente e no futuro (isto é, plicação seja coerente, lógica e
na totalidade do tempo), as racional; além disso, a autori-
coisas são como são; dade da explicação não vem da
2. O mito narrava a origem atra- pessoa do filósofo, mas dá ra-
vés de genealogias e rivalida- zão, que é a mesma em todos
des ou alianças entre forças di- os seres humanos. (CHAUÍ, 20
vinas sobrenaturais e persona- 00, p.33-34).
lizadas, enquanto a Filosofia,
ao contrário, explica a pro- De acordo com Monfardini
dução natural das coisas por (2005, p.50) Jean-Pierre Vernant
elementos e causas naturais e (1992, p.174), abordando a questão
impessoais. O mito falava em do mito e a sua relação com a so-
Urano, Ponto e Gaia; a Filoso- ciedade em que está inserido, parte
fia fala em céu, mar et erra. O da distinção entre mythos e logos.
mito narra a origem dos seres Segundo o autor, inicialmente, my-
celestes (os astros), terrestres thos e logos não se opunham; o dis-
(plantas, animais, homens) e tanciamento entre o pensamento
marinhos pelos casamentos de mítico e o pensamento lógico só se
Gaia com Urano e Ponto. A estabeleceu entre os séculos oitavo e
Filosofia explica o surgimento quarto a.C. Para esse distanciamen-
desses seres por composição, to contribuiu o surgimento da pala-
combinação e separação dos vra escrita, que inaugura uma nova
quatro elementos-úmido, se- forma de pensamento. A escrita
co, quente e frio, ou água, ter- marca, conforme o autor, um estágio
ra, fogo e ar. mais avançado do pensamento, pois,
3. O mito não se importava com a organização do discurso escrito é
contradições, como fabuloso e paralela a uma análise mais cerrada,
o incompreensível, não só por- um ordenamento mais estrito da
que esses eram traços próprios matéria conceitual, pressupondo,
da narrativa mítica, como dessa forma, um processo de racio-
também porque a confiança e nalização do real: na e pela literatura
a crença no mito vinham da escrita instaura-se esse tipo de

26
INTRODUÇÃO À FILOSOFIA

discurso onde o logos não é mais o seu total desaparecimento. (MON-


somente palavra [como o mythos], FARDINI, 2005-, p.53).
onde ele assumiu o valor de raciona- Para Souza (1995, p.44) é im-
lidade demonstrativa e se contrapõe, portante ressaltar que a consciência
nesse plano, tanto pela forma quan- filosófica não surge “ao acaso”, como
to pelo fundo, à palavra mythos. num passe de mágica. O ser huma-
De acordo com Monfardini no, na sua busca incessante de com-
(2005, p.52) Cassirer salienta, no preensão e inteligibilidade da rea-
início tudo estava unido: a arte, a lidade que o cerca, no contexto em
religião, a ciência, e o mito pode que vive, insatisfeito com as explica-
mesmo ser considerado uma primei- ções míticas e religiosas, movido
ra tentativa de racionalização sobre pela admiração que o universo pro-
as coisas. Com a evolução do espí- voca dentro de si mesmo, reelabora
rito, esses campos, antes interliga- racional e Logicamente os conheci-
dos, vão se individualizando e afas- mentos adquiridos pelo mito e pela
tando progressivamente. À medida religião ao longo do tempo e cria
que o pensamento lógico-científico uma nova forma de abordar e in-
vai-se desenvolvendo e conquistan- vestigar o mundo e os seres vivos
do sua supremacia sobreo pensa- que nele existem: a filosofia.
mento mítico, estevai se restrin- O surgimento da filosofia é
gindo cada vez mais ao campo da resultado de um longo processo per-
imaginação e do devaneio, ou seja, ceptivo e cognoscitivo que foi ama-
ao campo da arte. durecendo aos poucos, permeado
Claude Lévi-Strauss(1993), pelas contribuições da consciência
tratando da questão da morte dos mítica e religiosa e originária da for-
mitos, analisa as alterações que eles ça persuasiva da razão no seu en-
vão sofrendo ao longo do tempo, frentamento com a realidade até
detectando duas formas degenera- então opaca, caótica e desconhecida.
tivas do mito: a lenda e a elaboração (SOUZA, 1995, p.44).
romanesca. Em ambas as formas o
mito perde o estatuto de narrativa Mito na Atualidade
fundadora, assumindo outras fun-
ções, como, por exemplo, no caso da Segundo Aranha, Martins (20
lenda, a função de legitimação his- 03, p.75) do mito à razão, veremos
tórica. Percebe-se, em qualquer um que a passagem para o pensamento
dos casos, a extenuação da formação crítico reflexivo quebra a unidade do
mítica, sem, no entanto, verificar-se mito. A nova forma de compreensão

27
INTRODUÇÃO À FILOSOFIA

do mundo dessa-craliza o pensa- mos e queremos se situa inicial-


mento e a ação, isto é, retira dele o mente no horizonte da imaginação,
caráter de sobrenaturalidade, fa- nos pressupostos míticos, cujo senti-
zendo a filosofia, a ciência e a téc- do existencial serve de base para
nica. Perguntamos então: o desen- todo trabalho posterior da razão.
volvimento do pensamento reflexivo Como o mito é a nossa primei-
decretou a morte da consciência ra leitura do mundo, o advento de
mítica? outras interpretações da realidade
Augusto Comte, filósofo fran- não exclui o fato de ele ser raiz da
cês do século XIX e fundador do inteligibilidade. A função fabuladora
positivismo, responde pela afirmati- persiste não só nos contos popula-
va: ao explicar a evolução da huma- res, no folclore, como também na
nidade, define a maturidade do vida diária, quando proferimos cer-
espírito humano pelo abandono de tas palavras ricas de ressonâncias
todas as formas míticas e religiosas. míticas: casa, lar, pai, mãe, paz, li-
Dessa maneira, opõe radicalmente berdade, morte, cuja definição ob-
mito e razão, ao mesmo tempo em jetiva não esgota os significados que
que inferioriza o mito como tenta- ultrapassam os limites da própria
tiva fracassada de explicação da subjetividade. Essas palavras nos re-
realidade. metem a valores arquétipos, mode-
Ao criticar o mito e exaltar a los universais existentes na natureza
ciência, contraditoriamente o positi- inconsciente e primitiva de todos
vismo o faz nascer o mito do cientifi- nós. (...) O mesmo sucede com per-
cismo, ou seja, a crença na ciência sonalidades como artistas, políticos,
como única forma de saber possível, esportistas que os meios de comu-
de onde surgem os mitos do progres- nicação se incumbem de transfor-
so, da objetividade e da neutralidade mar em imagens exemplares, e
científicas. Além disso, o positivis- que, no imaginário das pessoas, re-
mo mostra-se reducionista, empo- presentam todo tipo de anseios: su-
brecendo as possibilidades de abor- cesso, poder, liderança, atração
dagens do mundo, porque a ciência sexual, etc. (ARANHA, MARTINS,
não é a única interpretação válida do 2003, p.76).
real nem é suficiente, já que o mito é Para Barthes (1982, p.131-132,
uma forma fundamental do viver apud Souza,1995, p.51) o que é um
humano. O mito é o ponto departida mito hoje? Darei desde já uma pri-
para a compreensão do ser. Em meira resposta, muito simples, que
outras palavras, tudo o que pensa-

28
INTRODUÇÃO À FILOSOFIA

concorda com a etimologia: o mito é sagem. Pode, portanto, não ser oral;
uma fala. pode ser formada por escritas ou por
Naturalmente, não é uma fala representações: o discurso escrito,
qualquer. São necessárias condições assim como a fotografia, o cinema, a
especiais para que a linguagem se reportagem, o esporte, os espetácu-
transforme em mito(...). Mas o que los, a publicidade, tudo isso pode
deve estabelecer solidamente desde servir de suporte à fala mítica.
o início é que o mito é um sistema de (BARTHES, 1982, p.131-132, apud,
comunicação, é uma mensagem. Eis Souza, 1995, p.51).
porque não poderia ser um objeto,
um conceito, ou uma ideia: ele é um
modo de significação, uma forma.
Será necessário(...)impor a esta for-
ma limites históricos, condições de
funcionamento, reinvestir nela a
sociedade: isso não impede que seja
necessário descrevê-la de início
como uma forma.
Seria, portanto ilusório pre-
tender fazer uma discriminação
substancial entre os objetos míticos:
já que o mito é uma fala, tudo pode
constituir em mito, desde que seja
suscetível de ser julgado por um
discurso. O mito não se define pelo
objeto da sua mensagem, mas pela
maneira como a profere: o mito tem
limites formais, mas não substan-
ciais. Logo tudo pode ser mito? Sim,
julgo que sim, pois o universo é
infinitamente sugestivo. Cada objeto
do mundo pode passar de uma exis-
tência fechada, muda, para um es-
tado oral, aberto à apropriação da
sociedade, pois nenhuma lei, natural
ou não, pode impedir-nos de falar
das coisas. (...) Essa fala é uma men-

29
30
INTRODUÇÃO À FILOSOFIA

4. Filosofia e Senso Comum

Fonte: Novo Idestudos4

D e acordo com Silva (s/d, s/p) as


questões de conteúdo filosófico
não são exclusividades apenas de
explicações aceitas por um determi-
nado grupo de pessoas, sem que elas
passem por um exame detalhado
uma forma de conhecimento chama- que as problematizem ou questio-
do filosofia. De certa maneira, seja nem.
através de mitos ou de teorias ingê- Fatores como crenças, desejos,
nuas, cada um desenvolve sua pró- apego à tradição histórica ou in-
pria explicação sobre o mundo, os fluências sociais fazem com que,
temas propostos pela metafísica e mesmo depois do advento da filoso-
pela ética também são abordados fia, ainda persista na maior parte
por um tipo de interpretação carac- dos seres humanos uma aceitação
terizada como senso comum. Por das coisas tais como elas são, quan-
senso comum, entendem-se aquelas do não se cai em superstições. Longe

4 Retirado em http://novo.idestudos.com.br/

31
INTRODUÇÃO À FILOSOFIA

de ser uma posição comodista, o obtidos em qualquer planejamento


apego ao senso comum decorre da rigoroso, no entanto capaz de guiá-
falta de motivos fortes para a fomen- lo na busca de elementos indispen-
tação de dúvidas sobre as noções do- sáveis para sua sobrevivência. Ao
minantes que a maioria das pessoas contrário do que se pensa, esse co-
tem como certas. De fato, só quando nhecimento não é incorreto ou er-
ocorre uma sucessão de fenômenos rado. Muitas vezes, é conhecimento
contrários às teses da maioria é que autêntico, embora não verificado,
se passa a duvidar da eficácia de não dotado de certeza. É conheci-
uma determinada opinião genera- mento fortuito, casual e assistemá-
lizada. Neste instante, é que se tenta tico, geralmente obtido pelas obser-
encontrar outras explicações que vações efetivadas pelos sentidos.
acomodem aquilo que está fora da (SOUZA,1995, p.58).
ordem ao conjunto de crenças e de- As razões que fazem com que
sejos partilhados pelo grupo social. os filósofos critiquem o senso co-
(SILVA, s/d, s/p). mum estão, portanto, relacionadas
O senso comum ou o bom com a falta de tolerância e critérios
senso é o guiado homem na solução rigorosos para fundamentação de
de suas dificuldades diárias. É o qualquer tipo de conhecimento. O
discurso com o qual está habituado, senso comum constrói suas teses a
orienta-o em seu dia - a- dia. O bom partir de um método indutivo, pelo
senso é simplesmente o depósito qual a regularidade da ocorrência de
intelectual indiferenciado resultante certos fenômenos na natureza gera
da série de experiências fecundas da um hábito de se acreditar que se
espécie, do grupo social e do indi- determinadas condições estão pre-
víduo, que se transmite em forma sentes, logos e seguirá um evento a
não sistemática, por herança racio- elas relacionado. Desse modo, é pela
nal, e não em caráter de conheci- persistência de um hábito e não pela
mento refletido (VIEIRAPIN-TO, validação de um conhecimento se-
1979, p.359, apud, SOUZA, 1995, guro que o senso comum gera seus
p.58). enunciados. Esse hábito faz parte da
O conhecimento ingênuo tem constituição de cada um, assim
origem no enfrentamento diário dos como os sentidos pelos quais as
problemas que afligem o homem. Do informações do meio ambiente che-
confronto com a realidade, o homem gam ao sistema nervoso central. Por
produz um “saber de direção”, ou conta disso, às vezes, as informações
seja, um saber não sistematizado, que entram na mente humana são

32
INTRODUÇÃO À FILOSOFIA

tão complexas que provocam um deve-se privilegiar o valor “vida”


conflito de interpretações por parte (salvar alguém da morte) ou o valor
do indivíduo. (SILVA, s/d, s/p). “propriedade privada” (não rou-
Ainda segundo Silva cabe à bar)? Seria um erro pensar que, des-
filosofia fazer a crítica dos modelos de sempre, os homens têm as mes-
padrões do senso comum, permitin- mas respostas para questões desse
do que uma investigação mais apro- tipo. Como passar do tempo, as so-
priada proporcione um conheci- ciedades mudam e também mudam
mento mais fidedigno e que permi- os homens que as compõem. Na
ta fazer previsões mais precisas. Grécia antiga, por exemplo, a exis-
Quanto ao conhecimento da nature- tência de escravos era perfeitamente
za, as experiências exaustivas e as legítima: as pessoas não eram consi-
contraprovas são práticas que forne- deradas iguais entre si, e o fato de
cem elementos para constatação da umas não terem liberdade era consi-
verdade ou falsidade de uma propo- derado normal. Hoje em dia, ainda
sição, ainda que provisória. Quanto que nem sempre respeitados, os Di-
ao conhecimento da melhor forma reitos Humanos impedem que al-
de ação, a filosofia exige do senso guém ouse defender, explicitamen-
comum à sustentação da validade de te, a escravidão como algo legítimo.
suas normas, de acordo com parâ- (ABREU, et al, s/d, p.45).
metros de universalização de aplica-
ção da norma. Nesse sentido, o co-
nhecimento deve avançar da sim-
ples aceitação de práticas estabele-
cidas pela tradição, até a formula-
ção de regras de conduta que pos-
sam ser avaliadas a partir de um
ponto de vista moral, do qual os in-
Fonte: https://sonria.com/
teresses de todos concernidos sejam
levados em conta. (SILVA, s/d, s/p).
A ética é daquelas coisas que
todo mundo sabe o que são, mas que
O que é Ética não são fáceis de explicar, quando
alguém pergunta. (VALLS,1993, p.
É ou não ético roubar um
7, apud ROSAS, s/d, s/p). Segundo o
remédio, cujo preço é inacessível,
Dicionário Aurélio Buarque de
para salvar alguém que, sem ele,
Holanda, ÉTICA é "o estudo dos juí-
morreria? Colocado de outra forma:
zos de apreciação que se referem à

33
INTRODUÇÃO À FILOSOFIA

conduta humana susceptível de qua- coisas estão em Deus. Essa é uma


lificação do ponto de vista do bem e noção panteísta. E Deus é perfeito.
do mal, seja relativamente à deter- Conhece a si e a tudo objetivamente.
minada sociedade, seja de modo As coisas só têm essências na me-
absoluto". dida e são atributos de Deus. Spi-
Alguns diferenciam ética e noza desenvolverá isto no Ética. A
moral de vários modos: parte divina do ser é a essência. A
 Ética é princípio, moral são essência, a potência, a existência e a
aspectos de condutas especí- ideia só se diferenciam, nas coisas
ficas; criadas. A existência e a essência,
 Ética é permanente, moral é nas criaturas humanas, diferem uma
temporal;
da outra por causada razão. Spinoza
 Ética é universal, moral é cul-
chama de afecções aquilo que Des-
tural;
 Ética é regra, moral é conduta- cartes chama de atributos. Os entes
da regra; são afecções de Deus. Dependem
 Ética é teoria, moral é prática. dele. Spinoza queria que víssemos as
coisas sob o ponto de vista da eter-
Etimologicamente falando, nidade. Devemos considerar o mun-
ética vem do grego ethos, e tem seu do objetivo em si, fora das noções
correlato no latim morale, com o subjetivas. Eternidade é o atributo
mesmo significado: Conduta, ou re- sob o qual concebemos a existên-
lativo aos costumes. Podemos con- cia de Deus, como diz nos Pensa-
cluir que etimologicamente ética e mentos metafísicos. Eternidade é a
moral são palavras sinônimas. Vá- junção de essência e existência. O
rios pensadores em diferentes épo- tempo pertence à razão, é um modo
cas abordaram especificamente as- de pensar a pluralidade também,
suntos sobre a ÉTICA: Os pré-so- pois tudo é Deus, e ele é Uno.
cráticos, Aristóteles, os Estoicos, os (DUCLÓS, s/d, s/p).
pensadores Cristãos (patrióticos, es- A ética para Nietzsche: Nietzs-
colásticos e nominalistas), Kant, che critica a moral tradicional,
Spinoza, Nietzsche, Paul Tillich, etc. derivada da religião judaico-cristã,
(ROSAS, s/d, s/p). pelo fato de subjugar os instintos e
A ética para Spinoza: Para as paixões à razão. Essa é a "moral
Spinoza Deus é o único ser em que a dos escravos", que nega os valores
essência coincide com a existência. vitais e promove a passividade e o
Isso não acontece com os outros conformismo, resultando no ressen-
seres. É a causa última de tudo, e as timento. Em oposição a ela, propõe

34
INTRODUÇÃO À FILOSOFIA

a "transvaloração de todos os va- definido cientificamente, mas que


lores", que funda a" moral dos se- tem de ser postulado sempre, sob
nhores", preconizando a capacidade pena de o homem se rebaixar a um
de criação, de invenção, de potência. simples ser da natureza. Kant tam-
O ser humano que assim consegue bém reflete, é claro, sobre a felici-
superar-se é o super-homem, o que dade e sobre a virtude, mas sempre
transpõe os limites do humano. em função do conceito de dever. É
(ALGOSOBRE, s/d, s/p). famosa, na obra de Kant, sua formu-
A ética para Platão e Sócrates: lação do chamado “imperativo cate-
Platão, como Sócrates combate o górico”, nas palavras: “Age de tal
relativismo moral dos sofistas. Só- modo que a máxima da tua vontade
crates estava convencido que os possa valer sempre ao mesmo tempo
conceitos morais se podiam estabe- como princípio de uma legislação
lecer racionalmente mediante defi- universal”. Kant reconhece que esta
nições rigorosas. Estas definições é apenas uma fórmula, porém ele,
seriam depois assumidas como valo- que gostava tanto das ciências e que
res morais de validade universal. não tinha a intenção de criar uma
Platão atribuía estes conceitos ético- nova moral, estava apenas preocu-
políticos o estatuto de Ideias (Jus- pado em fornecer-nos uma forma
tiça, Bondade, Bem, Beleza, etc), segura de agir. Sua ética é, pois,
pressupondo destes logo que os formal, alguns até dirão formalista.
mesmos são eternos e estão inscritos A moral kantiana, de certo modo,
na alma de todos os homens. A sua também pressupõe um conceito de
validade é independente das opini- homem, como um ser racional que
ões que cada um tenha dos mesmos. não é simplesmente racional. Por-
Para Platão, a Justiça consiste no tanto, um ser livre, mas ao mesmo
perfeito ordenamento das três almas tempo atrapalhado por inclinações
E das respectivas virtudes que lhe sensíveis, que ocasionam que o agir
são próprias, guiadas sempre pela bom se apresente a ele como uma
razão. A Felicidade consiste neste obrigação, como uma certa coação,
equilíbrio. (FONTES, s/d,s/p). que a sua parte racional terá de
A ética para Kant: Segundo exercer sobre sua parte sensível.
Valls (s/d, s/p) aética kantiana está A ética para Hegel: O ético
centrada na noção de dever. Parte para Hegel é tudo o que constitui o
das ideias da vontade e do dever, ethos de um povo. O costume ou a
conclui então pela liberdade do ho- moral normativa de um povo é aqui-
mem, cujo conceito não pode ser lo que o constitui, são seus elemen-

35
INTRODUÇÃO À FILOSOFIA

tos universais, é o opressor da ver- experiências elaboradas por uma


dade do espírito no mundo, a iden- consciência moral.(...) alguns auto-
tidade de sua validade. A verdade do res fazem a distinção: a moral se
ethos é o estado que representa o refere às normas ou regras que re-
coletivo. A verdade do estado é o gem (ou deveriam reger) certos
tribunal da História, que na supras- aspectos da conduta humana; a ética
sunção dialética aparece como fim se aplica à disciplina filosófica que
no absoluto. A ética em Hegel pres- trata de estabelecer os fundamentos
supõe conteúdo e forma. Este con- e a validade das normas morais e dos
teúdo é moral e a forma é ética. Na juízos de valor ou de apreciação
dialética Hegeliana, o todo não é só sobre as ações humanas qualificadas
assoma das partes. As partes são de boas ou más.(...) o homem é um
partes de um todo fundamentado. ser que possui senso ético e uma
A ética Hegeliana pressupõe consciência moral. Isto quer dizer
um homem livre, que haja de acordo que constantemente avalia e julga
com o todo. Apólisé a efetivação do suas ações para saber se são boas ou
indivíduo expressada no ethos de más, certas ou erradas, justas ou
um povo. O homem só se realiza na injustas.
pólis. Portanto, a distinção em He- Ainda para Souza (1995,
gel sobre ética e moral é, em última p.187) a ética ilumina a consciência
instância, suprassumida pelo abso- humana, sustenta e dirige as ações
luto. O absoluto que suprassume a do homem, norteando a conduta
forma (ética) versus o conteúdo individual e social. É um produto
(moral) é a síntese do sujeito incluso histórico cultural e, como tal, define
no predicado, A suprassunção dos o que é virtude, o que é bom ou mau,
momentos e idéticoetético, (KRU- certo ou errado, permitido ou proi-
CHINSKI JUNIOR, 2009, p.4-5). bido, para cada cultura e sociedade.
Para Souza (1995, p.179)a ética Dessa maneira, a ética é universal
se fundamenta em uma teoria dos enquanto estabelece um código de
valores concernentes ao bem e ao condutas morais válido para todos
mal e tem como objeto de reflexão as os membros de uma determinada
experiências morais do ser humano sociedade e, ao mesmo tempo, tal
pautadas pelo conhecimento do que código é relativo ao contexto sócio-
é bom ou mau, certo ou errado, per- político, econômico e cultural onde
mitido ou proibido, justo ou injusto, vivemos sujeitos éticos e onde rea-
honesto ou desonesto, etc., bem lizam suas ações morais.
como os juízos de valor sobre essas

36
INTRODUÇÃO À FILOSOFIA

Mas como colocar a ética e a período de sua existência. As ações


moral nas escolas? Segundo Caba- humanas seriam, assim, avaliadas
nas (1996), a questão central da ética de acordo com os costumes locais;
é a de responder à pergunta: o que algo considerado um dia como cor-
nos obriga a sermos bons? Ou seja, é reto e justo poderia ser, em outra
a ética que nos permite buscar cri- época, considerado errado ou injus-
térios para definirmos o que é ser to. (MENIN, 2002, p.93).
bom, correto ou moralmente certo e
que nos fornece explicações para
nosso senso de dever moral.
(MENIN,2002, p.93).
A essa questão “o que me obri-
ga a ser bom”, podem ser dadas res-
postas diferentes, ancoradas em di-
versas posições filosóficas ou ideo-
lógicas; e é quando a respondemos
que encontramos valores morais.
Segundo Cabanas (1996), para algu-
mas posições filosóficas, valores são Metodologicamente, podem
os critérios últimos de definição de acontecer, também, posturas opôs-
metas. tas sobre como educar em valores.
Ou fins para as ações humanas Há posturas doutrinárias, de acordo
e não necessitam de explicações com as quais acredita - se que um
maiores além deles mesmos para conjunto de valores, considerados
assim existirem. Ou seja, devemos fundamentais, devem ser transmiti-
ser bons porque a bondade é um dos prontos a todos, como verdades
valor, honestos porque a honesti- acabadas; e, por outro lado, há
dade é um valor, e assim por diante posturas mais relativistas, com as
com outros valores como a solidarie- quais a escola exime-se de assumir
dade, a tolerância, a piedade, que tal educação em valores deixando
têm um caráter natural, universal e que isso ocorra de forma assistemá-
obrigatório em nossa existência. Pa- tica, não planejada, nos seus mais
ra outras posições, os valores são de- diversos espaços. (MENIN,2002,
terminados por culturas particu- p.93).
lares e em função de certos momen- Segundo Menin (2002,p.97)
tos históricos, variando, portanto, numa visão piagetiana, a formação
de acordo com cada sociedade e moral de alunos e/ou de professores

37
INTRODUÇÃO À FILOSOFIA

passa, obrigatoriamente, pelo exer- desse refletir sobre as melhores so-


cício da construção de valores, re- luções para todos. Como os PCNs
gras e normas pelos próprios alunos agora buscam dispor, a ética torna-
e/ou professores entre si e nas si- se um tema transversal a ser pensa-
tuações em que sejam possíveis do porto dos os professores e nos
relações de trocas intensas; troca de mais variados espaços da escola; do
necessidades, aspirações, pontos de currículo às relações pessoais dentro
vistas diversos, enfim: quanto maio- da escola e às salas de aula. E a for-
res e mais diversas formas possi- mação, seja de professores ou de
bilidades de trocas entre as pessoas, alunos, tem que acontecer nas pró-
mais amplo poderá ser o exercício da prias prática se vivências dentro da
reciprocidade–pensar no que pode escola e nunca como matéria à parte.
ser válido, ou ter valor, para mim e (MENIN,2002, p.97).
para qualquer outro. A posição
piagetiana não considera os valores
como relativos, pois há uma clara
opção pela autonomia moral como
melhor, racional e moralmente fa-
lando, que a heteronomia. Há, tam-
bém, uma opção pelos métodos ati-
vos de educação moral, que passam
pelas possibilidades de prática de
cooperação, solidariedade, justiça,
respeito mútuo. Para Piaget (1977,
1996), e autores que o tem seguido e
para os atuais Parâmetros Curricu-
lares Nacionais (1998), saber sobre a
moral é sinônimo de um saber fazer,
um saber viver relações cooperativas
e justas; sem isso amoral é puro ver-
balismo.
Onde e como se daria, então,
essa formação prática de professores
para a moralidade? Dar-se-ia em
todos os espaços escolar e sem que
as relações humanas e seus conflitos
pudessem aparecer e onde se pu-

38
39
INTRODUÇÃO À FILOSOFIA

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