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o Ministerio Do Espirito A J Gordon

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 Aos herdeiro

herdeiross do Espírito
E spírito Santo.
Santo.
 A. J. Gor
Gordon
don

U m c l á s s i c o d a l i t e r at
at U r a c r i s t ã

Introdução de F. B. Meyer 
Prefácio de Ernie Hile
 Título do original em inglês: The Ministry of the Spirit 

Copyright © 1894 American Baptist Publication Society

Copyright © 2011 Editora dos Clássicos

 Tradução: Helio Kirchheim


Reisão: Paulo César de Olieira
Capa: Gerson Lima e Rita Motta
Diagramação: Rita Motta (Editora Tribo da Ilha)
Editor: Gerson Lima

ISBN: 978-85-87832-47-4
978-85-87832-47-4

1ª edição: noembro de 2011 – 2500 exemplares

 Todos os direitos reserados na língua portuguesa pela


Editora dos Clássicos.

www.editoradosclassicos.com.br

Proibida a reprodução total ou parcial deste liro sem a autorização escrita


dos editores.

Os textos das referências bíblicas foram extraídos da ersão Almeida Reista


e Atualizada, 2ª edição (Sociedade Bíblica do Brasil), salo quando houer
outra indicação.

As notas de rodapé com indicação (N. do E.) são do editor e (N. do T.) são do
tradutor da ersão em português e as sem indicação são da edição original
em inglês.
Sumário

Prefácio à Edição em Português ..........................................7

Prefácio Original do Autor ................................................... 9

Introdução – de F. B. Meyer ................................................ 11

Capítulo 1  –  A Missão


M issão Terrena do Espírito ......................17
Capítulo 2  –  A Vin
Vinda
da do
d o Espírito
Esp írito .......................................21
Capítulo 3  –  Os Nomes do Espírito
Espírito ....................................33
Capítulo 4  –  A Encarnação
En carnação Mística
M ística do Espírito
Espí rito................45
Capítulo 5  –  O Revestimento
Revestimento do Espírito
Espír ito ...........................55
Capítulo 6  –  A Comunhão
Co munhão do Espírito
E spírito...............................77
Capítulo 7  –  O Ministéri
M inistérioo do Espírit
E spíritoo ...............................99
Capítulo 8  –  A Inspir
Inspi ração do Espírito ............
..................
............
............
...... 123

Capítulo 9  –  A Convicção


Convicção do Espírito
Es pírito ............
..................
............
............
...... 139

Capítulo 10  –  A Ascensão


As censão do Espírito
E spírito............
..................
............
............
...... 151

Breve biograa de Adoniram Judson Gordon ............


..................
........
.. 157

Garimpando na História – A. J. Gordon entre os gigantes.


gigantes .. 165
Prefácio à Edição em Português

F ui conidado a escreer o prefácio da edição brasileira


deste liro O Ministério do Espírito, de A. J. Gordon. Mi-
nha preocupação é que de alguma maneira eu apresen-
te de forma inadequada o coração do autor ou a mensagem do
seu liro.
Mi -

Descobri este liro há mais de trinta anos e já o li árias


ezes. E tornei a lê-lo antes de escreer este prefácio.
Dentre todos os liros que li sobre o Espírito Santo, con-
sidero este um dos cinco mais importantes e de maior alor
prático.
Este é o único liro do irmão Gordon que li. Impressiona-
me o seu conhecimento bíblico e o seu amor às Escrituras; seu
equilíbrio e apresentação reerente dos três membros da Trin-
dade. Também me impressiona a maneira não polêmica que ele
tem de expor a sua compreensão desse importantíssimo assun-
to da pessoa e obra do Espírito Santo. Por isso, quero encorajá-
lo a ler este liro com coração e mente abertos.
Em cada capítulo ocê encontrará no mínimo uma erda-
de que será de utilidade para sua ida. Cito pelo menos quatro
deles que julgo úteis de forma particular:
Capítulo 1, “A Missão Terrena do Espírito”. O irmão Gordon,
com sabedoria, optou por limitar seu foco ao período que ai do
dia de Pentecostes até a segunda vinda de nosso Senhor Jesus. É
comum sentir-se desnorteado quando se tenta entender o Espí-
rito Santo e a Sua obra na perspectia de toda a Palara de Deus.
Essa limitação pode dar um entendimento mais concentrado e

7
O Ministério do Espírito

claro da obra deste membro da Trindade durante esse período


da histria.
Capítulo 3, “Os Nomes do Espírito”. Muitas ezes o Es-
pírito Santo é desconsiderado e negligenciado por muitos dos
amados lhos de Deus porque não percebem que Ele é uma
Pessoa Diina, é Deus. Para ns é muito mais fácil pensar no
Pai e no Filho como pessoas; mas alguém já disse que o Espírito
Santo é como “uma pessoa sem rosto”. O irmão Gordon, neste
capítulo, nos ajuda a er e a entender esta Marailhosa Pessoa
mais plenamente, ao nos chamar a atenção para o Seu nome.
Capítulo 7, “O Ministério do Espírito”. Compreender e
praticar o que é ensinado neste capítulo a respeito do goerno
do Espírito Santo pode transformar a ida dos cristãos e reita-
lizar as assembleias do poo do Senhor, pois em todo lugar que
olhamos emos a negligência em reconhecer a absoluta sobera-
nia do Espírito Santo.
Capítulo 10, “A Ascensão do Espírito”. Nenhum outro li-
ro que li destaca o ministério do Espírito Santo em relação à
segunda vinda de nosso bendito Senhor Jesus. O grande desejo
do Espírito Santo é aprontar a Noia para o retorno do seu Noio
e Rei. Este capítulo contém muita instrução para nos ajudar a
cooperar melhor com o Espírito Santo. Dessa forma, o Espírito
e a Noia podem dizer em uníssono: “Vem, Senhor JeSuS!”.
Estou certo de que ocê descobrirá que uma leitura e
meditação cuidadosas deste liro farão ocê conhecer o Senhor
mais intimamente, além de tornar o seu andar e o seu trabalho
com Ele mais produtios.
Amém.

Ernie Hile
Patos de Minas, MG, Brasil,
em 25 de outubro de 2011.

8
Prefácio Original do Autor

E stamos certos de que neste pequeno olume não disse-


mos tudo o que se poderia dizer sobre o assunto trata-
do. Pelo contrário, o autor se orientou pela conicção de
que a doutrina do Espírito Santo pode ser mais bem entendida
quando se limita à sua esfera de discussão do que quando se
estende até os mais amplos limites. Para criaturas nitas, pelo
menos, a presença é mais compreensíel do que a onipresença.
Dessa forma, embora o assunto deste liro seja profundamente
misterioso, procuramos simplicá-lo concentrando-nos
concentrando-nos no minis-
minis-
tério terreno do Espírito Santo, sem considerar o Seu ministério
desde a eternidade. Aquilo que o Espírito fez antes de Cristo ter
assumido a forma humana e o que Ele fará depois do segundo
adento de Cristo são assuntos que fogem ao nosso propsito.
Em ez disso, procuramos enfatizar esta grande erdade: o Pa-
ráclito1 está presente agora na Igreja e estamos iendo na dis-
pensação do Espírito, com toda a indizíel bênção para a Igreja
e para o mundo que esse fato signica.
Assim, da mesma forma que falamos do ministério de
Cristo como um trabalho de contornos bem-denidos e limita-limita -
dos, chamamos este liro de “O Ministério do Espírito Santo”,
referindo-nos ao trabalho do Consolador estendendo-se desde o
dia de Pentecostes até o nal da presente dispensação.

1
Ou Paracleto, palavra do grego “parakletos”, que signica consolador, defen -
sor, intercessor, adogado, referindo-se ao Espírito Santo, traduzido no ean-
gelho de João como Consolador. O autor comenta mais sobre isso no capítulo
3: “Os Nomes do Espírito” (N. do E.).

9
O Ministério do Espírito

Que assunto profundo para estudar! A oração mais apro-


priada para os que se dedicam a ele é pedir humildemente ao
prprio Espírito Santo que nos ensine a respeito de Si mesmo!
Profundamente consciente da imperfeição deste trabalho, eu
agora o entrego para que seja usado e abençoado por essa dii-
na Pessoa, da qual tão imperfeitamente falamos.

A. J. Gordon2
Boston, dezembro de 1894.

2
Você encontrará uma breve biograa de A. J. Gordon no nal deste livro (N.
do E.).

10
Introdução
(De F. B. Meyer)3

É impressionante o número de pessoas que nesses últi-


mos dias foram leadas a considerar o sublime assunto
deste liro. Sem dúida, a mente da Igreja está sendo
instruída e o seu coração está sendo preparado, como nunca
antes na histria, para reconhecer a maior promessa tanto para
ela como para o mundo: a habitação, o ministério e a coopera-
ção do bendito Paráclito.
Cada um dos liros escritos apresenta algum noo as-
pecto da pessoa ou da missão do Espírito Santo, mas não me
lembro de nenhum que fosse tão lúcido, tão sugestio, tão bí-
blico, tão profundamente espiritual como este, escrito por meu
querido amigo Dr. Gordon. Os capítulos sobre a encarnação, o
reestimento e o ministério do Espírito nos são apresentados com
especial frescor e utilidade. Mas a obra toda é boa, merecedora de
estudo com oração. Se essas erdades forem forjadas na mente
e no espírito dos seros de Deus, haerá tão grande aiamento

3
Frederic Brotherton Meyer (1847 – 1929) foi um dos pregadores mais amados
do seu tempo e por mais de 20 anos expositor da Conferência de Keswick. Spur-
geon dizia dele: “Meyer prega como um homem que iu Deus face a face”. Foi in-
uenciado por D. L. Moody quanto ao evangelismo e inamado por Evan Roberts
por aiamento. Foi um homem da Palara e durante a sua ida longa e frutífera
pregou mais de 16.000 sermões. Foi ministro da Igreja de Cristo em Londres,
autor de mais de 40 liros, diersos folhetos e editou árias reistas. Christian
Chen ressalta sua obra The Crist Life for The Self  em sua lista dos 101 clássicos
cristãos, publicada pela Obra Cristã – À Maturidade em 1995 (N. do E.).

11
O Ministério do Espírito

da pura e imaculada religião nas igrejas, e tão marailhosos


resultados por meio deles no mundo, que esta época poderia
encerrar-se com um Pentecostes de alcance mundial. E há á-
rios indícios em outros países de que esse também é o propsito
de Deus. Nada além disso poderia satisfazer as mais profundas
necessidades e os anseios dos nossos dias.
O cristianismo se ê acossado por tendências poderosas,
as quais insidiosamente operam para desiá-lo do seu curso. O
materialismo, que nega ou desconsidera o sobrenatural e con-
centra a atenção em melhorar as condições exteriores da ida
humana; o criticismo, engenhoso na análise e na dissecação,
não consegue entretanto construir um fundamento onde a fa-
culdade religiosa humana possa rmar-se e sobre a qual possa
repousar; e um delicado gosto literário, muito desenolido ul-
timamente, destinado a opinar com palaras fortes ou por meio
de sutil e delicado palarrio.
Para tudo isso temos apenas uma resposta, que não é
um sistema, um credo, uma igreja; nossa resposta é o Cristo
io, que foi morto, mas ie eternamente e possui as chaes
para destrancar toda perplexidade, todos os problemas, todos
os fracassos. Mesmo que fosse possíel reconstruir a sociedade,
e todas as necessidades materiais fossem sempre supridas, o
descontentamento
descontentamento aoraria novamente de alguma outra forma,
a não ser que o coração estiesse satisfeito com o Seu amor.
Somente a erdade que Ele reela à alma, e que se encontra
connada n’Ele, é capaz de aplacar a fome devoradora da mente
por fatos sobre os quais possa fundamentar sua resposta às
questões da ida, do destino e de Deus, que estão sempre à sua
porta em busca de soluções. E os homens, contudo, ainda não
aprenderam que o maior poder não reside em palaras ou metá-
foras ou rasgos de eloquência, mas na habitação e no efeito da
Palara, que é a sabedoria e o poder de Deus, e que opera em re-
giões mais íntimas do que essas onde a mente labora em ão.
 Jesus Cristo,
Cristo, o eterno
eterno Filho
Filho de Deus,
Deus, é a suprema
suprema resposta
resposta
à inquietação e angústia dos nossos dias. Mas Ele não pode e não
irá reelar-Se a Si mesmo. A reelação de cada Pessoa da Santa

12
Introdução

 Trindade é feita por outra Pessoa da Trindade. O Filho reela o


Pai, mas a Sua prpria reelação depende do testemunho do Es-
pírito Santo, e embora muitas ezes ela seja dada diretamente,
basicamente se dá por meio da Igreja. Aquilo que precisamos,
então, e aquilo que o mundo está esperando é o Filho de Deus,
por meio do testemunho e da radiante beleza do ministério do
Espírito Santo, o qual capacita os santos, que formam o santo e
místico corpo de Cristo, a Igreja.
É necessário ressaltar essa distinção. Em alguns meios pa-
pa-
rece que se supõe que o prprio Espírito Santo seja a solução para
as perplexidades do nosso tempo. Não sabemos o que nos espera
no futuro, mas em nossos dias está claro que Deus, na pessoa
de Cristo, é a única resposta diina. Aqui está o sim e o amém
de Deus, o Alfa e o Ômega, a ista para os cegos, a cura para os
paralíticos, a puricação para os imundos, a vida para os mortos,
o eangelho para os pobres, tristes e desconsolados. Agora ansia-
mos pela graciosa concessão do Espírito, para que Ele nos reele
as coisas mais profundas de Cristo. Quando os discípulos quise-
ram conhecer o Pai, o Senhor disse: “Aquele que me ê a mim ê o
Pai. É a Sua glória que brilha no meu rosto, é a Sua vontade que
modela a minha ida, é o Seu propsito que se cumpre no meu
ministério”. Assim também o bendito Paráclito oltará nosso pen-
samento e atenção de Si mesmo para Cristo, com quem Ele é um
na Santa Trindade e a quem Ele eio reelar.
Atraés dos chamados séculos cristãos a oz do Espírito
Santo deu testemunho do Senhor, diretamente e também atra-
és de intermediários. Diretamente, em cada extenso desperta-
mento da consciência humana, em cada reaiamento religioso,
em cada época de aanço no conhecimento da erdade diina,
em cada alma que foi regenerada, confortada ou ensinada. Atra-
és de intermediários, a sua obra foi desenolida pela Igreja, o
corpo de Cristo formado por aqueles que creem. Mas, lamenta-
elmente, seu testemunho foi enfraquecido e atrapalhado pelo
meio que o originou (a Igreja). Ela não foi capaz de realizar gran-
des obras por causa da incredulidade, que mantee interditadas

13
O Ministério do Espírito

as aenidas pelas quais o Espírito Santo teria derramado o Seu


alegre testemunho a respeito do invisível e gloricado Senhor.
As diisões da Igreja, as suas rixas a respeito de assuntos
de pouca importância, a superalorização de pontos de dier-
gência, o seu materialismo, o seu amor ao dinheiro, aos lugares
de destaque e ao poder, o fato de ela considerar-se rica e abasta-
da sem precisar de nada, quando era pobre, e miseráel, e cega,
e nua – essas coisas não s roubaram o testemunho dela, mas
também ofenderam e extinguiram o Santo Espírito e anularam
o Seu testemunho.
Ns alegremente saudamos os sinais de que esse perío-
do de apatia e resistência esteja chegando ao m. A Igreja que
está nas igrejas está se fazendo notar, está se leantando do p
e está se estindo com seus lindos trajes. Há um amplo reco-
nhecimento da unidade de todos os que creem, juntamente com
um crescente desejo de magnicar os pontos de concordância e
minimizar os pontos diergentes. As grandes conferências para
o aiamento da ida espiritual em ambos os lados do Atlântico,
nas quais os crentes se encontram, sem reparar em nomes ou
denominações, estão produzindo um incalculáel benefício ao
destruir as antigas linhas de demarcação e gerando erdadeira
unidade espiritual. O ensino sobre consagração e limpeza de co-
ração e ida está remoendo esses obstáculos, que restringiram
e abafaram a suae oz do Espírito. Tem-se recorrido largamen-
te ao método puricador de Deus, com os melhores resultados.
E à medida que os crentes têm se tornado mais consistentes e
deotados, eles têm crescido em sensibilidade ao poder interior
e à eidência do Espírito Santo.
Se esse glorioso moimento alcançar o seu pleno propsi-
to, será glorioso o efeito. A Igreja se tornará tão dcil ao diino
Morador como se tornou o corpo ressuscitado do nosso Senhor
ao impulso da Sua natureza divina. E dessa forma o Senhor Je- Je-
sus se tornará cada ez mais o objeto da esperança humana, o
centro em torno do qual circulará a ida humana.
Este volume foi preparado para que o Senhor Jesus seja
dessa forma magnicado e gloricado pelo ministério do Espírito

14
Introdução

Santo. E com esse m em vista, que o coração e a vida dos crentes


se tornem mais sensíeis e receptios à Sua bendita energia. E eu
adiciono o meu testemunho ao do amado autor, para que a boca
de duas testemunhas estabeleça toda palara. E junto a minha
oração à dele, para que o sim do Espírito à grande oz do eange-
lho possa ser ouido mais clara e constantemente entre ns.

15
Breve biografi
biografiaa de
 Adoniram
 Adoniram Judso
Judsonn Gor
Gordon
don
1836 — 1895
(Compilado e adaptado por Helio Kirchheim) 71

 A maioria dos cristãos brasileiros não conhece ou co-


nhece muito pouco o Dr. Adoniram Judson Gordon,
e O Ministério do Espírito  é seu primeiro liro traduzido
para o português. Boa parte das informações sobre a ida desse
homem de Deus foi coletada da biograa 72 escrita por seu lho.
A. J. Gordon nasceu na minúscula cidade de New Hamp- Hamp -
ton, Estado de New Hampshire (EUA), em 19 de abril de 1836.
Seus pais eram cristãos muito piedosos e deram-lhe esse nome
em homenagem ao missionário homônimo 73 que naqueles dias
gastaa a ida para o Senhor na Birmânia — com isso mos-
trando o quanto o coração deles estaa enolido em missões
e o seu empenho em criar o lho para que também vivesse e
propagasse o eangelho.
Aproximadamente
Aproximadamente aos 15 anos de idade, A. J. Gordon con- con-
erteu-se e foi batizado no riacho que moimentaa o moinho de

71
Em Londrina, 24 de outubro de 2011.
72
Adoniram Judson Gordon: a Biography (Adoniram Judson Gordon: uma Bio-
Bio -
graa), de Ernest B. Gordon, ainda sem tradução para o português.
73
Adoniram Judson viveu de 1788 a 1850 e foi missionário na Birmânia (atual
Myanmar). Com grandes sofrimentos e perseguições, e na prisão, traduziu a
Bíblia para a língua birmanesa.

157
157
O Ministério do Espírito

seu pai. Um ano depois, numa reunião da igreja, declarou o de-


sejo e a determinação de preparar-se para o ministério cristão.
Aos inte anos (em 1856), entrou na Brown Uniersity
como estudante de lologia clássica. Ali conheceu sua futura
esposa, Maria Hale. Em 1860 entrou na Newton Theological Ins-
titution com o objetio de preparar-se para o ministério. Sua
matéria preferida era exegese do Noo Testamento.
Embora fosse aluno de notas apenas medianas, dedica-
a-se intensamente à leitura. Tinha grande apreciação pelo liro
Synopsis of the Bible , de J. N. Darby, e pelas exposições bíbli-
bíbli -
cas de Kelly, Newton, Tregelles, Soltau, Pridham e Jukes. Mais
tarde, manteve fraternal comunhão com os Irmãos e armava
ter sido grandemente beneciado espiritualmente pelo relacio-
relacio -
namento com eles.
Aprendeu a ler os clássicos eangélicos; deliciaa-se com
autores puritanos como William Gurnall, Stephen Charnock,
 John Owen, Thomas Manton e outros.
outros. A respeito dos puritanos,
A. J. Gordon escreveu: “Parece-me que os ministros puritanos
sustinham ambos os lados da erdade e mantinham um equi-
líbrio fora do comum. Eles expunham muito claramente a obra
objetia de Cristo e também esclareciam a Sua obra subjetia
com uma exatidão e profundeza de compreensão inteiramente
além de qualquer coisa que emos em nossos dias. Eles escre-
iam tão claramente porque tinham apreendido essas coisas
por meio de profunda experiência interior. Os diários escritos e
as meditações que esses homens piedosos nos legaram são tes-
temunhas das alturas que alcançaram na alma deles as inun-
dações do Espírito de Deus! Temos muito que aprender deles a
respeito do cultio da ida interior”.
Os bons livros exerceram profunda inuência sobre os
seus pensamentos, e isso resultou numa ida piedosa e num
destemido e frutífero ministério, el à Palavra de Deus.
Depois de formar-se, em 1863, aceitou o conite para
pastorear a igreja batista de Jamaica Plain, localidade histórica
situada perto da cidade de Boston, no Estado norte-americano

158
Breve biografia
biografia de Adoniram Juds on G ordon

de Massachusetts. Nessa mesma época, casou-se com Maria


Hale, que se tornou sua dedicada companheira de ministério.
Aps trabalhar nessa pequena cidade por seis bem-su-
cedidos anos, aceitou o pastorado da igreja batista de Claren-
don Street, em Boston, onde o seu ministério produziu impac-
to mais amplo. Encontrou a igreja sofrendo de terríel apatia
espiritual, cheia de costumes mundanos. A galeria onde estaa
o coral da igreja era “um ninho de pássaros cantores”. Foram
muito sofridos os primeiros anos de ministério ali, mas ele tee
a alegria de er essa igreja transformar-se numa das mais fer-
orosas e atias da América do Norte, incomparáel em seu
esforço missionário.
O Dr. A. J. Gordon era amigo chegado do conhecido evan-evan -
gelista D. L. Moody, a quem ajudou muitas ezes no trabalho
que este mantinha em Boston. Por sua ez, Moody também fa-
laa na igreja do Dr. Gordon. Em 1877 ele pregou uma série de
mensagens na igreja de Clarendon Street, inuenciando gran- gran -
demente tanto o pastor amigo quanto o rebanho. Foi um mo-
mento crítico da igreja pastoreada pelo Dr. Gordon, encerrando
um período de sete anos de letargia espiritual e começando um
extenso período de saúde espiritual.
Foi também contemporâneo de C. H. Spurgeon, em cujo
tabernáculo pregou, em Londres. Também foi amigo de F. B.
Meyer, conhecido pastor batista inglês, que escreeu o prefácio
do liro que ocê tem em mãos.
O Dr. Gordon escreeu ários liros, além de O Ministério 
do Espírito:  In Christ  (Em Cristo), The Two-Fold Life  (A obra de
Cristo por ns, e a obra de Cristo em ns), How Christ Came to 
Church  (Como Cristo eio à Igreja) e muitos outros. Além disso,
compôs a letra e a melodia de muitos hinos. No capítulo 7 des-
te livro A. J. Gordon discorre sobre a verdadeira adoração, em
espírito e em erdade. Seu discernimento desta importante prá-
tica e sua coragem na exposição bíblica da erdade com certeza
levarão você a reetir sobre as deturpadas práticas dos nossos
dias e o ajudarão a ajustar as suas prprias práticas na erda-
deira adoração a Deus.

159
159
O Ministério do Espírito

Em 1878 ele começou a publicar a despretensiosa mas


consistente reista mensal The Watchword (algo como O Lema ), ),
cujo objetivo era a edicação dos cristãos. Ele dedicava as ma-
ma -
nhãs de segunda-feira, seu dia de folga, na preparação da re-
vista. Segundo as suas palavras, “nanceiramente ela não se
paga, mas ale a pena”. Na produção desse peridico ele de bom
grado empregaa
empregaa tempo, esforço,
esforço, dinheiro
dinheiro e trabalho. O lema
da revista era “Sede vigilantes, permanecei rmes na fé. Todos
os ossos atos sejam feitos com amor” (1 Co 16.13-14).
O Dr. Gordon esforçaa-se no trabalho de lear pesso-
as a Cristo, especialmente os dependentes do álcool. A Palara
que moia seu coração para com eles está em Hebreus 13.3:
“Lembrai-os dos encarcerados, como se presos com eles”. Além
deles, haia os pobres, as iúas e os enfermos. Para reintegrar
à sociedade os que se conertiam e eram libertos da bebida,
criou o Industrial Home , espécie de cooperatia que fornecia tra-
balho para os noos conertidos. Padeceu grandes proações
para manter essa instituição, mas o Senhor o socorreu, proen-
do sustento nas mais críticas horas. Cuidaa do seu rebanho
de conertidos com zelo que imitaa o do Pastor e Bispo das
nossas almas, amparando-os, fortalecendo-os e instruindo-os
no caminho de Deus. Ele não perdia tempo: onde quer que se
encontrasse (em iagem num naio, por exemplo), pregaa ou-
sadamente o evangelho, em obediência à palavra do Senhor Je- Je -
sus: “à medida que seguirdes, pregai” (Mt 10.7).
A. J. Gordon concentrou o coração e a energia na obra de
missões estrangeiras. Ele iajou, pregou, escreeu e trabalhou
com paixão para espalhar o evangelho de Jesus Cristo em âmbi-
âmbi -
to mundial. Uma ida extremamente atarefada era a expressão
do seu amor a Deus e o seu empenho em expressar esse amor
em seriço prático em faor dos seus semelhantes. Assim como
se costumava dizer de John Tauler, podia-se dizer também de
A. J. Gordon: “Ele vive o que prega”.
Muito cuidadoso com as nanças, aprendeu a depender
de Deus em oração e súplica em faor do suprimento das neces-
sidades da obra que Deus lhe conara, tanto em Boston quanto

160
160
Breve biografia
biografia de Adoniram Juds on G ordon

no exterior. Espelhaa-se no exemplo de fé de George Müller,


de Hudson Taylor e de outros que trilharam caminho idêntico
e jamais foram envergonhados por conarem n’Aquele que não
pode mentir.
Ele reparou que a maioria das escolas teolgicas daa
maior importância à instrução acadêmica do que à formação do
caráter dos alunos e se empenhou em criar um lugar onde os
homens e mulheres pudessem preparar-se não apenas intelec-
tualmente, mas sobretudo espiritualmente.
Diante da falta de missionários que se dispusessem a ir
aos lugares mais remotos e difíceis, ele fundou, em 1889, a Bos- 
ton Missionary Training-School  (Escola de Treinamento Missio-
nário de Boston), cujo objetio era treinar homens e mulheres
para irem aos lugares negligenciados da cidade e supri-los com
um slido fundamento bíblico.
Ele escreeu: “O grande pecado do cristianismo é que a
Igreja se atreeu a produzir os missionários por meio da orde-
nação pastoral ou por meio do treinamento intelectual. A prer-
rogatia de proer os ministros da Igreja é exclusiamente de
Cristo. É ofício d’Ele suprir os diferentes tipos de ministros, e
nossa responsabilidade é pedir que Ele os enie e recebê-los e
reconhecê-los quando são eniados”.
Ele não recusaa nenhum candidato ao ministério quan-
do este não tinha formação escolar. Aquilo que buscaa, e que
para ele era decisio nos futuros alunos, era a consagração a
Deus e a disposição de ir aonde o Senhor os mandasse, es-
pecialmente para os lugares “menos nobres”. Na seleção dos
alunos, seu texto era Atos 10.15: “Ao que Deus puricou não
consideres comum”.
A. J. Gordon viveu numa época em que surgiam e ores-
ores -
ciam doutrinas enganosas, enredando não pouca gente. Cora-
 josamente combateu a Ciência
Ciência Cristã74, publicando um paneto

74
Fundada por Mary Baker Eddy (1821-1910). Em 1866 a Sra. Eddy tee a
experiência de cura que deu início ao que ela chamou de Ciência Cristã. Em
1875 ela publicou seu liro mais importante: Ciência e saúde com a chave das 
Escrituras.

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O Ministério do Espírito

chamado “A Ciência Cristã aaliada pelas Escrituras”, no qual


demonstra que essa seita, embora arme ter a Bíblia como fun-fun -
damento, não passa no teste da simples comparação do que
está escrito na Palara de Deus. Demonstrou com clareza irre-
futáel que a Ciência Cristã nada mais é do que agnosticismo,
panteísmo e budismo mascarados.
O Dr. Gordon também combateu o transcendentalismo
propagado por Ralph Waldo Emerson75. A. J. Gordon repudiava
o ensino de que este mundo está se tornando cada ez melhor
e que é preciso descobrir o bem que existe no interior de cada
ser humano, conforme apregoaa esse noo agnosticismo. Ele
escreeu: “Não é fácil er Deus oculto em toda essa confusão
satânica e crer n’Ele apesar de toda essa crueldade titânica dos
elementos... Não nos iludamos pensando que estamos agora rei-
nando com Cristo na Terra ou que o reino de Deus já tenha sido
estabelecido no mundo. A carreira terrena da Igreja durante a
presente era, à semelhança da carreira do seu Senhor, é mais
uma carreira de exílio do que de exaltação, de rejeição em ez de
goerno, de lear a cruz em ez de usar o cetro”.
O Dr. Gordon sustentaa o ensino bíblico de que a situ-
ação natural do homem é desesperadora de tal maneira, que
somente a soberana interenção de Deus é que pode ressuscitá-
lo da sua morte espiritual. Ele pensaa exatamente como disse
um dos seus autores faoritos, Amiel 76: “A melhor maneira de
saber a profundidade de qualquer doutrina religiosa é conhecer
o seu conceito sobre o pecado e sobre a cura do pecado”. Daí o
seu repúdio dessa enganosa doutrina transcendentalista.

75
Ralph Waldo Emerson (1803-1882), pensador, poeta e lósofo norte-ame -
ricano. Fundou o transcendentalismo, doutrina mística e losóca panteísta.
A principal característica dessa doutrina era negar a corrupção do coração
humano, com isso negando a necessidade do arrependimento para com Deus
e de um Redentor, transformando Cristo (ao lado de Scrates e Buda) em mero
exemplo para seguir.
76
Henri Frédéric Amiel (1821-1881), lósofo e crítico suíço-francês. A citação
foi extraída do seu Journal Intime  (Diário Pessoal), publicado postumamente.

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Breve biografia
biografia de Adoniram Juds on G ordon

À semelhança de Paulo, sua pregação era “arrependimento


para com Deus e a fé em nosso Senhor Jesus Cristo” (At 20.21).
Sofreu represálias por sua ousadia e coragem, mas não
se omitiu quando o zelo pastoral exigia que empunhasse o caja-
do para defender o rebanho de Deus.
O Dr. Gordon exerceu o pastorado na igreja de Clarendon
Street por mais de um quarto de século. Seu ministério perdu-
rou até a sua morte, proocada por gripe e bronquite, na manhã
de 2 de feereiro de 1895.
A última palara que se ouiu dos seus lábios foi vITóRIA.

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