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LACAN, Jacques. Nomes-do-Pai, 2005.
LACAN, Jacques. Nomes-do-Pai, 2005.
LACAN, Jacques. Nomes-do-Pai, 2005.
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[1. Preâmbulo]
- “[...] que não há apreensão mais completa da realidade humana que a feita pela
experiência freudiana, e que não podemos deixar de retornar às fontes e apreender esses
textos em todos os sentidos da palavra” (p.11)
- “[...] tentarei esta noite, muito simplesmente, dizer algumas palavras sobre o que
significa a confrontação desses três registros bem distintos que são, efetivamente, os
registros essenciais da realidade humana e que se chamam simbólico, imaginário e
real” (p.12)
(1)
- “Em primeiro lugar, uma coisa não poderia nos escapar, a saber, que há na analise toda
uma parte de real em nossos sujeitos que nos escapa. Nem por isso ela escapava a Freud
quando este tinha de lidar com cada um de seus pacientes; porém, naturalmente, estava
igualmente fora de sua apreensão e alcance” (p.13)
- “[...] diremos, como o sr. Raymond Saussure que o sujeito alucina o mundo. As
satisfações ilusórias do sujeito são evidentemente de ordem diversa das satisfações que
encontram seu objeto no real puro e simples. Nunca um sintoma aplacou a fome ou a
sede de forma duradoura, sem a absorção de alimentos que as satisfaçam” (p.16-17)
- “Que um homem possa ejacular à vista de uma pantufa não nos surpreende, tampouco
que se sirva dela para leva o cônjuge a se sentir mais bem disposto, mas certamente
ninguém pode imaginar que uma pantufa possa servir para aplacar a necessidade,
mesmo extrema, de um indivíduo. Do mesmo modo, aquilo que lidamos constantemente
são fantasias. [...] Suponhamos, em outros termos, que a pantufa seja aqui
estranhamente o deslocamento do órgão feminino, já que o fetichismo é muito mais
frequente no macho. Se não houvesse nada capaz de representar uma elaboração com
relação a esse dado primitivo, isso seria inanalisável quanto o é tal fixação perversa”
(p.20-21)
- “Logo, o que isso quer dizer? Por um lado, que não basta que um fenômeno represente
um deslocamento, que se inscreva nos fenômenos imaginários para ser um fenômeno
analisável. Por outro lado, que um fenômeno só é analisável caso represente outra coisa
ele próprio” (p.22)
(2)
- “[...] toda uma parte das funções imaginárias na análise tem tanta relação com a
realidade fantasística por elas manifestadas quanto a sílaba “po” com o vaso de formas
preferencialmetne simples, que designa. Em “polícia” ou “poltrão” a sílaba “po” tem
evidentemente um valor completamente diferente” (p.22)
- “É de fato assim que devemos entender o simbólico de que se trata na troca analítica.
Quer se trata de sintomas reais ou atos falhos, ou o que quer que seja que se inscreva
no que encontramos e reencontramos incessantemente, e que Freud manifestou como
sendo sua realidade essencial, trata-se ainda e sempre de símbolos, e de símbolos
organizados na linguagem, portanto funcionando a partir da articulação do significante e
do significado, que é o equivalente da própria estrutura de linguagem” (p.23)
- “Não é meu esse termo que assinala que o sonho é um rébus, mas de Freud. Quanto
ao sintoma, que também exprime algo estruturado e organizado como uma linguagem,
é suficientemente evidenciado pelo fato, para partir do mais simples deles, do sintoma
histérico, que fornece sempre algo equivalente a uma atividade sexual, mas nunca um
equivalente unívoco. Ao contrário, ele é sempre plurívoco, superposto,
sobredeterminado, e, para resumir, construído exatamente da mesma maneira que as
imagens são construídas nos sonhos. Existe aí uma concorrência, uma superposição de
símbolos, tão complexa quanto o é uma frase poética que vale ao mesmo tempo por seu
tom, sua estrutura, seus trocadilhos, seus ritmos, sua sonoridade. Tudo se passa em
diversos planos, e tudo é da ordem e do registro da linguagem” (p.23-24)