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"A Constelação de Benefícios Trazidos Pelos Bodhisattvas Da Terra"

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[10] “A constelação de benefícios trazidos pelos Bodhisattvas da Terra” | Estudo • TC • Ed.

478 • 01/06/2008 • Monica Lima Guimarães (26467)

TC
ESTUDO

[10] “A constelação de benefícios trazidos pelos


Bodhisattvas da Terra”
A prática dos verdadeiros discípulos do Buda de despertar todas as pessoas para o poder da Lei
Mística inerente à própria vida por Daisaku Ikeda
Os objetivos primordiais do Sutra de Lótus são revitalizar o ser humano nas
profundezas da vida e transformar o mundo num verdadeiro reino de paz e
felicidade. Nesse sentido, as pessoas que se dedicam, por toda a existência,
compromissadas em atingir essas metas, são
Bodhisattvas da Terra.

Bodhisattvas da Terra são indivíduos que escolhem viver no mundo saha, na era impura conhecida como
Últimos Dias da Lei, para compartilhar com os que sofrem a luz da esperança. Eles vão ao encontro das
pessoas e, sem jamais perder a convicção, persistem com benevolência e coragem até perceber que na
vida de cada uma delas brota uma poderosa energia vital. Com fé inabalável no potencial para o bem que
existe em todo ser humano, perseveram no caminho do sincero diálogo para fazer com que outros se
conscientizem da natureza de Buda. Por incorporarem o poder da Lei Mística, os Bodhisattvas da Terra
conseguem levar adiante a nobre tarefa em meio ao grande mar da humanidade. Com o brilho de seu
caráter e de sua integridade, despertam os demais para a natureza de Buda. O Sutra de Lótus proclama
que, nos Últimos Dias da Lei, infalivelmente, surgirão incontáveis praticantes autênticos como eles.

Exímios na “arte da vida”, os Bodhisattvas da Terra ajudam as demais pessoas a se transformar no nível
mais profundo e a conquistar a felicidade indestrutível. Sua sabedoria e ações se baseiam na loso a e na
convicção de que tanto eles como os outros possuem o estado de Buda. A loso a e a crença lhes
permitem transcender o egoísmo e o carma negativo, bem como empregar, em abundância, o poder da
benevolência inerente ao Universo, como recurso de sua vida. Essa é a fonte da brilhante e inspiradora
personalidade desses bodhisattvas e também de seus esforços incondicionais para conduzir os demais à
iluminação.

Com que propósito fundamental a herança da suprema Lei da vida e da morte é transmitida? Para
possibilitar a todos os seres humanos atingirem o estado de Buda. Se esse ponto for esquecido, por mais
que leiam o Sutra de Lótus, as pessoas se excluirão da herança para atingir a iluminação. Os Bodhisattvas
da Terra são os protagonistas dessa epopéia para ajudar cada um a manifestar o estado de Buda.
Portanto, se um praticante não possuir a profunda consciência de que é um Bodhisattva da Terra e não se
levantar junto com seu mestre para cumprir essa missão, ele não pode declarar que incorporou, de fato,
os ensinos do Sutra de Lótus.

A herança da suprema Lei da vida e da morte possui um aspecto fundamental: a prática do mestre e a do
discípulo exempli cadas pelos Bodhisattvas da Terra, liderados pelo Bodhisattva Práticas Superiores.
Nesta parte do estudo e na subseqüente, examinaremos as passagens em que Daishonin analisa o
signi cado dessa a rmação.

A prática é a linha vital do budismo


Que admirável o senhor me perguntar sobre a transmissão da suprema Lei da vida e da morte! Jamais
alguém havia feito tal questionamento. Respondi à sua pergunta em detalhes; portanto, por favor, grave-a
profundamente em seu coração. O ponto fundamental é realizar a prática com a convicção de que
somente o Nam-myoho-rengue-kyo é a herança transmitida por Sakyamuni e Muitos Tesouros para o
Bodhisattva Práticas Superiores.

A função do fogo é queimar e iluminar. A função da água é eliminar as impurezas. O vento varre a poeira e
sopra vida às plantas, aos animais e aos seres humanos. A terra produz a grama e as árvores, e o céu
fornece o orvalho que as nutre. Os cinco caracteres do Myoho-rengue-kyo agem da mesma forma. Eles
constituem a constelação de benefícios trazidos pelos Bodhisattvas da Terra, discípulos do Buda da
verdadeira identidade. O Sutra de Lótus a rma que o Bodhisattva Práticas Superiores aparecerá nesta
época, nos Últimos Dias da Lei, para propagar este ensino. Mas isso já aconteceu? Se esse bodhisattva
apareceu ou não, Nitiren já deu início à propagação deste ensino.

(Os Escritos de Nitiren Daishonin [END], v. 3, p. 178-179.)

Praticar os ensinos, com base na relação de mestre e discípulo, é o ponto vital do budismo.

No Sutra de Lótus são mencionados muitos bodhisattvas. Porém, somente os Bodhisattvas da Terra são os
verdadeiros discípulos de Sakyamuni, conforme retratado no ensino essencial do Sutra de Lótus no qual
ele é revelado como o Buda eterno que atingira a iluminação no in nito passado. Práticas Superiores é o
líder desses Bodhisattvas da Terra. O Sutra de Lótus é o ensino transmitido por Sakyamuni a Práticas
Superiores [como representante de todos os Bodhisattvas da Terra]; ou seja, o ensino transmitido pelo
mestre, que incorpora o estado de Buda eterno, a seus discípulos verdadeiros.

Na passagem que estudaremos nesta oportunidade, Daishonin inicia elogiando o espírito de procura de
Sairen-bo: “Que admirável o senhor me perguntar sobre a transmissão da suprema Lei da vida e da morte!
Jamais alguém havia feito tal questionamento”. (END, v. 3, p. 178.) Em seguida, ele recomenda a prática de
recitação e de propagação do Nam-myoho-rengue-kyo: “O ponto fundamental é realizar a prática com a
convicção de que somente o Nam-myoho-rengue-kyo é a herança transmitida por Sakyamuni e Muitos
Tesouros para o Bodhisattva Práticas Superiores”.

Nesse trecho, especi camente, Daishonin analisa, do ponto de vista da prática, a pergunta feita por
Sairen-bo. Ele esclarece que a chave para herdar a suprema Lei da vida e da morte encontra-se em
propagar o Nam-myoho-rengue-kyo, seguindo o exemplo do Bodhisattva Práticas Superiores, a quem
Sakyamuni e Muitos Tesouros con aram a herança da Lei. Ressalta também a necessidade de os
discípulos praticarem com a mesma postura e de acordo com o ensino do Bodhisattva Práticas
Superiores, que surge nos Últimos Dias da Lei.

Daishonin traça ainda paralelos com as funções dos cinco elementos (terra, água, fogo, vento e espaço)1
para descrever o poder do Nam-myoho-rengue-kyo, que se manifesta quando os discípulos praticam com
a mesma devoção que o Bodhisattva Práticas Superiores. As funções mencionadas representam o poder
da benevolência inerente ao Universo — acreditava-se que este se compunha de cinco elementos.

As funções dos cinco elementos, a rma Daishonin, são as funções do Nam-myoho-rengue-kyo, como
também “constituem a constelação de benefícios trazidos pelos Bodhisattvas da Terra, discípulos do Buda
da verdadeira identidade”. (END, v. 3, p. 178-179.) Em outras palavras, esses bodhisattvas propagam o
Myoho-rengue-kyo e bene ciam as pessoas graças às prodigiosas funções inerentes à própria vida.

De maneira sugestiva, Daishonin declara, que ele próprio é o Bodhisattva Práticas Superiores, o primeiro a
realizar essas práticas e a manifestar o poder do Nam-myoho-rengue-kyo. Ao fazê-lo, aconselha Sairen-
bo a praticar o Nam-myoho-rengue-kyo com a mesma postura que a dele e de acordo com os ensinos do
Buda.

A prática é a linha vital do budismo. As religiões que carecem de prática são apenas um passatempo
intelectual.

Daishonin revela, em síntese, que quem quiser receber a herança para atingir o estado de Buda, tem de
praticar o Nam-myoho-rengue-kyo — a Lei con ada ao Bodhisattva Práticas Superiores — tal como ele,
Nitiren, ensina. Não há herança além disso. Com base nessa a rmação, é evidente que o clero da Nitiren
Shoshu se desviou do Budismo de Nitiren Daishonin ao ensinar a transmissão secreta da herança e
exigindo obediência cega a esse dogma.

As ações bené cas dos Bodhisattvas da Terra são as funções dos


cinco elementos
O que signi ca praticar o Nam-myoho-rengue-kyo de acordo com os ensinos de Nitiren Daishonin? Para
esclarecer essa pergunta, Daishonin se refere às funções dos cinco elementos. Examinemos, a seguir, cada
uma delas.

“A função do fogo é queimar e iluminar”: o fogo queima a matéria e produz luz. “A função da água é
eliminar as impurezas”: a água limpa e puri ca. “O vento varre a poeira e sopra vida às plantas, aos
animais e aos seres humanos”: o vento dissipa a sujeira. A declaração adicional, que atribui ao vento a
função de infundir vida às plantas, aos animais e aos seres humanos, sem dúvida, foi incluída — porque,
para os antigos, o vento era a força que animava a existência. “A terra produz a grama e as árvores”: na
terra fruti cam as espécies vegetais; isso é uma alusão à função de nutrir a vida. Por m, “o céu fornece o
orvalho que as nutre”: o rmamento é a origem da chuva que umedece o solo e mantém a vida de todas
as criaturas.

“Céu”, citado no nal, corresponde ao quinto elemento, “espaço”. Na frase, Daishonin se refere às funções
inerentes à natureza, representadas por cinco elementos que integram o Universo. Esses cinco elementos
são descritos como funções criadoras de valor, que servem a propósitos bené cos.

Depois de mencionar as funções criadoras de valor inerentes a cada um dos cinco elementos, Daishonin
ressalta: “Os cinco caracteres do Myoho-rengue-kyo agem da mesma forma. Eles constituem a
constelação de benefícios trazidos pelos Bodhisattvas da Terra, discípulos do Buda da verdadeira
identidade”. (END, v. 3, p. 178-179.) Ele nos diz que as funções dos cinco elementos são, em si, as funções
dos cinco caracteres de Myoho-rengue-kyo, que constituem os benefícios — ou funções bené cas — dos
Bodhisattvas da Terra.

Em outras palavras, as funções benevolentes inerentes ao Universo são, em essência, as funções de


Myoho-rengue-kyo. Os Bodhisattvas da Terra bene ciam os seres com essas funções próprias da Lei
Mística. Das palavras de Daishonin, podemos inferir que a maior das funções bené cas desempenhadas
pelos Bodhisattvas da Terra é fazer com que as pessoas manifestem, no caráter e nas ações, a função da
benevolência inerente à vida.

Em Registro dos Ensinos Orais, depois de identi car as funções dos quatro elementos — terra, água, fogo e
vento —,2 Daishonin explica que estes constituem os benefícios dos quatro bodhisattvas que representam
e lideram os Bodhisattvas da Terra.3 Com base nessa passagem do Registro dos Ensinos Orais e também
no comentário de Nitikan Shonin4 e outros escritos, traça-se um paralelo entre as funções dos quatro
bodhisattvas e os quatro elementos (Práticas Superiores corresponde ao fogo; Práticas Puras, à água;
Práticas Ilimitadas, ao vento; e Práticas Firmemente Estabelecidas, à terra). Essas funções dos quatro
bodhisattvas são, em si, as funções de Myoho-rengue-kyo.

A Lei Mística tem o poder de queimar os desejos mundanos que originam o sofrimento, de iluminar a
escuridão da ignorância que se aninha na vida humana e de dissipar as nuvens do carma. Esse aspecto é
simbolizado pelo Bodhisattva Práticas Superiores. A Lei Mística também faz surgir a condição de vida pura
do estado de Buda, que não é manchado pelas impurezas e pelos males deste mundo. Esse aspecto é
representado pelo Bodhisattva Práticas Puras. Já o Bodhisattva Práticas Ilimitadas simboliza o poder de
varrer todas as ilusões e preocupações e estabelecer um estado brilhante de total liberdade que nada
pode deter. E, por último, o Bodhisattva Práticas Firmemente Estabelecidas representa o poder de eliminar
os sofrimentos causados pelos desejos mundanos, as ilusões do nascimento e da morte e também o
poder de nutrir tudo o que existe no Universo com abundante força vital, imperturbável ante qualquer tipo
de obstáculo.

Portanto, em Registro dos Ensinos Orais, Daishonin cita uma passagem da obra de Tao-hsien,5
Suplemento de “Palavras e Frases do Sutra de Lótus”, com o propósito de traçar uma correlação entre os
quatro bodhisattvas e as quatro virtudes: eternidade, felicidade, verdadeira identidade e pureza.6 Podemos
interpretar essa passagem da seguinte forma: as ações dos quatro bodhisattvas representam as práticas
universais dos Bodhisattvas da Terra, que transcendem os quatro sofrimentos do nascimento, do
envelhecimento, da doença e da morte, e manifestam as quatro virtudes da eternidade, felicidade,
verdadeira identidade e pureza.

Ainda em Registro dos Ensinos Orais, com base numa citação da mesma obra de Tao-hsien, Daishonin
descreve o estado de vida incorporado no nome de cada um dos quatro bodhisattvas. Quando todas
essas características espirituais ou atributos iluminados se combinam, formando um estado de vida
inigualável, em que “os sofrimentos do nascimento e da morte são nirvana” e “os desejos mundanos são
iluminação”.7 Visto que o escrito estudado nesta série trata da herança da suprema Lei da vida, para
referência dos leitores, gostaria de analisar um trecho particular do Suplemento de “Palavras e Frases do
Sutra de Lótus” em que se destaca a relação entre os quatro bodhisattvas e o nascimento e a morte: “Uma
única pessoa pode ter todos esses quatro princípios [as quatro virtudes da eternidade, felicidade,
verdadeira identidade e pureza]. Transcender os dois tipos de morte [o nascimento e a morte nos seis
caminhos e o nascimento e a morte nos mundos superiores] corresponde a Práticas Superiores. Ir além
das duas visões opostas de que a vida se nda após uma existência ou que ela é eternamente a mesma,
corresponde a Práticas Ilimitadas. Quando uma pessoa supera as cinco categorias de ilusão e
impedimento,8 esse estado é chamado Práticas Puras. E porque uma pessoa é perfeita em virtude como
[o Buda que atingiu a iluminação sob] a árvore bodhi, esse estado é chamado Práticas Firmemente
Estabelecidas”.9

“Dois tipos de morte” refere-se, especi camente, à “transmigração com diferenças e limitações”,10 pela
qual os seres, nos seis caminhos, passam; e a “transmigração com mudanças e avanços”,11 que as pessoas
dos dois veículos (ouvintes e os que despertaram para a causa) e os bodhisattvas experimentam.
“Transcender os dois tipos de morte” signi ca ir além dessas duas formas de transmigração para então
repetir o ciclo de nascimento e morte no estado de Buda,12 que já analisamos detalhadamente em
ocasiões anteriores. Em outras palavras, esta é uma condição na qual tanto a vida como a morte são
experimentadas com satisfação e alegria profundas — a pessoa passa pelo ciclo de nascimento e morte
com a consciência da eternidade da vida. Os Bodhisattvas da Terra podem experimentar essa condição
de genuína liberdade, porque vivem de acordo com a Lei Mística eterna.

Prosseguindo, a frase “Ir além das duas visões opostas” indica um estado interior livre do apego à vida ou
do medo da morte, que transcende a visão errônea da existência, exempli cada pelas idéias da
aniquilação e da permanência.13 “Superar as cinco categorias de ilusão e impedimento” signi ca libertar-
se dos cinco tipos de desejos mundanos que fazem com que os seres humanos dos três mundos se
apeguem à vida. Por m, “ser uma pessoa perfeita em virtude como [o Buda que atingiu a iluminação sob]
a árvore bodhi” signi ca basear-se no estado de vida iluminado do Buda, completo e perfeito.

Em síntese, essas características expressam as funções transformadoras que operam na própria vida do
ser humano e que fundamentam os princípios “desejos mundanos são iluminação” e “os sofrimentos do
nascimento e da morte são nirvana”. De fato, a palavra “práticas”, que aparece no nome dos quatro
bodhisattvas, alude aos esforços que estes empreendem para a transformação interior.

O estado de vida dos “bodhisattvas-budas”


Em “A herança da suprema Lei da vida”, Daishonin utiliza as funções dos cinco elementos para esclarecer
os benefícios de Myoho-rengue-kyo, o ensino exposto e propagado pelos Bodhisattvas da Terra. A isso,
Daishonin chama “constelação de benefícios trazidos pelos Bodhisattvas da Terra, discípulos do Buda da
verdadeira identidade”. (END, v. 3, p. 178-179.)

“Discípulos do Buda da verdadeira identidade” signi ca discípulos que receberam instrução de Sakyamuni,
como o Buda iluminado no remoto passado, conforme descrito no 16º capítulo do Sutra de Lótus,
“Revelação da Vida Eterna do Buda”. Por possuírem como iluminação interior a Lei Mística eterna, os
Bodhisattvas da Terra podem se levantar sozinhos e propagar a Lei mesmo na era repleta de maldade
posterior à morte de Sakyamuni.

O Sutra de Lótus revela que os Bodhisatvas da Terra são bodhisattvas que surgiram do mundo da
verdade localizado na região mais profunda sob a terra.14 Esse mundo da verdade, a rma o Grande
Mestre Tient’ai, signi ca “as profundezas da natureza do Darma, a região mais profunda na qual se
encontra a fonte de tudo”,15 indicando que os Bodhisattvas da Terra são iluminados para a verdade
suprema. Não obstante, eles persistem em realizar a prática de bodhisattva; escolhem sempre nascer
numa época repleta de maldade para transformar a própria vida e a de seus semelhantes, com o
propósito de concretizar o Kossen-rufu. Mas, em termos de iluminação interior, eles já possuem o estado
de Buda, de pessoas conscientes da Lei Mística. Nesse sentido, são “bodhisattvas-budas”. Daishonin
revelou e propagou o Nam-myoho-rengue-kyo para que todas as pessoas pudessem atingir esse estado
de vida. Qualquer pessoa, se acreditar totalmente no Nam-myoho-rengue-kyo e praticar tal como
Daishonin ensina, pode atingir o estado de vida de um “bodhisattva-buda”.

Daishonin declara: “Portanto, podemos dizer que os bodhisattvas emergidos da terra são aqueles do
ensino essencial. A palavra ‘essencial’ (ou ‘original’) representa os méritos (benefícios) transmitidos desde
o passado; há kalpas tão inumeráveis quanto partículas de pó de sistemas de grandes mundos. Esses
méritos são sem início e sem m.

“Esses bodhisattvas são possuidores da Lei essencial (ou original). A Lei original é o Nam-myoho-rengue-
kyo”.16

Nesse trecho, Daishonin utiliza a expressão “possuidores da Lei essencial (ou original)”. Os Bodhisattvas da
Terra que praticam o Nam-myoho-rengue-kyo já possuem a Lei Mística. Dessa forma, podem propagar a
Lei por meio da interação de vida a vida com as pessoas, procurando fazer com que manifestem a
natureza de Buda mediante o próprio estado de Buda.

Seja qual for o carma contra o qual as pessoas estejam lutando, somente é possível guiá-las à iluminação
se as zer compreender que o poder de mudar esse carma já existe dentro da própria vida. Apenas os
Bodhisattvas da Terra, possuidores da Lei essencial (ou original), são capazes de promover essa
consciência.

Nos Últimos Dias da Lei, não existe nenhuma possibilidade de que a “libertação” venha “de cima”. Ou seja,
é impossível ser salvo por obra e graça de um buda transcendental que desça dos céus. As pessoas
somente podem se conscientizar do poder in nito que existe em seu próprio ser, relacionando-se com os
Bodhisattvas da Terra que surgiram “de baixo”; ou seja, da região inferior, que corresponde ao mundo da
verdade.

Uma assembléia mundial dos Bodhisattvas da Terra


A Soka Gakkai revive essa prática de bodhisattva na era moderna com a prática do Budismo de Nitiren
Daishonin.

Tsunessaburo Makiguti, fundador e primeiro presidente da Soka Gakkai, observou: “Devemos distinguir
claramente entre crentes e praticantes. Embora não se questione que qualquer um que acredite [na Lei
Mística] e ore pode obter benefícios, isso, por si só, não constitui a prática de bodhisattva. Não existe Buda
egocêntrico, unicamente preocupado em acumular benefícios pessoais e que não se dedica ao bem-estar
dos demais. Não podemos atingir o estado de Buda sem realizarmos a prática de bodhisattva”.17

A prática de bodhisattva é a essência do Budismo de Nitiren Daishonin, assim entendia o Sr. Makiguti. Ele a
incorporou em ações. Essa prática inexiste no clero da Nitiren Shoshu. O Sr. Makiguti compreendia que o
poder do budismo somente podia ser demonstrado com a prova real da fé obtida por seus praticantes na
vida diária. Ele também foi sagaz em perceber que a “libertação” budista não era feita por um buda que
salva as pessoas por meio de sua aparição esplêndida,18 mas por pessoas que evidenciam o próprio
potencial interior por meio do desa o na prática de bodhisattva, inspirando outros a fazer o mesmo.

Discípulo de Makiguti, Jossei Toda o acompanhou na prisão e ali passou por uma experiência sublime: o
despertar para a identidade original de Bodhisattva da Terra. Depois de libertado, Toda convocou os 750
mil corajosos Bodhisattvas da Terra, aqueles que construiriam as bases da Soka Gakkai.

Na realidade, os membros da Soka Gakkai foram os únicos que perseveraram na prática da recitação e
propagação do Nam-myoho-rengue-kyo, com a profunda consciência da missão como Bodhisattvas da
Terra. Conforme escreve Daishonin: “Se não fossem Bodhisattvas da Terra, não seriam capazes de recitar
o Daimoku”. (END, v. 5, p. 252.)

Hoje, em 190 países e territórios,19 emergem incontáveis destemidos bodhisattvas da “grande terra da
natureza do Darma”20 para concretizar o Kossen-rufu. O surgimento dos Bodhisattvas da Terra, exposto
no Sutra de Lótus, é atualmente observado na Soka Gakkai e na SGI, em nenhum outro lugar.

Distinções ou diferenças de nacionalidade, cultura ou raça não são capazes de deter os Bodhisattvas da
Terra. Nossa rede global de Bodhisattvas da Terra está estreitando laços de solidariedade e compreensão
que transcendem diferenças ideológicas e religiosas. Todas as pessoas são iguais; todas são merecedoras
de respeito. Quando nos conscientizamos do incrível poder que existe em nós, podemos mudar o mundo.

A solidariedade entre pessoas conscientes pode ajudar os demais a reconhecer o próprio potencial; dessa
maneira, é possível fazer deste mundo um lugar melhor. Iniciamos uma era na qual a assembléia de
Bodhisattvas da Terra atrairá cada vez mais elogios do mundo inteiro. Chegou a época em que os povos
de todas as partes do planeta buscam sinceramente o “budismo do povo” de Nitiren Daishonin, bem como
sua loso a igualitária e humanista.
Assim, alicerçados no espírito de unicidade de mestre e discípulo Soka, mostremos ao mundo o verdadeiro
“poder do povo”, que distingue e caracteriza os Bodhisattvas da Terra.

(Daibyakurengue, edição de maio de 2007.)

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