1 Mecanica Materiais
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Introdução
Nos séculos passados, como a construção dos objectos era essencialmente artesanal, não havia um
controlo de qualidade regular dos produtos fabricados.
Avaliava-se a qualidade de uma lâmina de aço, a dureza de um prego, a pintura de um objecto
simplesmente pelo próprio uso.
Um desgaste prematuro que conduzisse à rápida quebra da ferramenta era o método racional que qualquer
um aceitava para determinar a qualidade das peças, ou seja, a análise da qualidade era baseada no
comportamento do objecto depois de pronto.
O acesso a novas matérias-primas e o desenvolvimento dos processos de fabricação obrigaram à criação
de métodos padronizados de produção, em todo o mundo. Ao mesmo tempo, desenvolveram-se processos
e métodos de controlo de qualidade dos produtos.
Actualmente, entende-se que o controlo de qualidade precisa começar pela matéria-prima e deve ocorrer
durante todo o processo de produção, incluindo a inspecção e os ensaios finais nos produtos acabados.
Nesse quadro, é fácil perceber a importância dos ensaios de materiais: é por meio deles que se verifica se
os materiais apresentam as propriedades que os tornarão adequados ao seu uso.
Que propriedades são essas, que podem ser verificadas nos ensaios?
É possível que você já tenha analisado algumas delas ao estudar o módulo de Materiais ou mesmo em
outras oportunidades.
Tracção
Torção
Corte ou cisalhamento
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É evidente que os produtos têm de ser fabricados com as características necessárias para suportar esses
esforços. Mas como saber se os materiais apresentam tais características?
Realizando ensaios mecânicos! Os ensaios mecânicos
dos materiais são procedimentos padronizados que
compreendem testes, cálculos, gráficos e consultas a
tabelas, tudo isso em conformidade com normas
técnicas.
Realizar um ensaio consiste em submeter um objecto
já fabricado ou um material que vai ser processado
industrialmente a situações que simulam os esforços
que eles vão sofrer nas condições reais de uso,
chegando a limites extremos de solicitação.
Os ensaios podem ser realizados na própria oficina ou
em ambientes especialmente equipados para essa
finalidade: os laboratórios de ensaios.
Os ensaios fornecem resultados gerais, que são aplicados a diversos casos, e devem poder ser repetidos
em qualquer local que apresente as condições adequadas.
São exemplos de ensaios que podem ser realizados na oficina:
Ensaio por lima - É utilizado para verificar a dureza por meio do corte
do cavaco.
Quanto mais fácil é retirar o cavaco, mais mole o material. Se a
ferramenta desliza e não corta, podemos dizer que o material é duro.
Por meio desses tipos de ensaios não se obtêm valores precisos, apenas
conhecimentos de características específicas dos materiais.
Os ensaios podem ser realizados em protótipos, no próprio produto final ou
em corpos de prova e, para serem confiáveis, devem seguir as normas técnicas estabelecidas.
Imagine que uma empresa resolva produzir um novo tipo de tesoura, com lâmina de aço especial. Antes de
lançar comercialmente o novo produto, o fabricante quer saber, com segurança, como será seu
comportamento na prática.
Para isso, ele ensaia as matérias-primas, controla o processo de fabricação e produz uma pequena
quantidade dessas tesouras, que passam a ser os protótipos.
Cada uma dessas tesouras será submetida a uma série de testes que procurarão reproduzir todas as
situações de uso cotidiano. Por exemplo, o corte da tesoura pode ser testado em materiais diversos, ou
sobre o mesmo material por horas seguidas. Os resultados são analisados e servem como base para o
aperfeiçoamento do produto.
Os ensaios de protótipos são muito importantes, pois permitem avaliar se o produto testado apresenta
características adequadas à sua função. Os resultados obtidos nesses testes não podem ser
generalizados, mas podem servir de base para outros objectos que sejam semelhantes ou diferentes.
Já os ensaios em corpos de provas, realizados de acordo com as normas técnicas estabelecidas, em
condições padronizadas, permitem obter resultados de aplicação mais geral, que podem ser utilizados e
reproduzidos em qualquer lugar.
A estampagem de uma chapa de aço para fabricação de um capô de automóvel, por exemplo, só é
possível em materiais que apresentem plasticidade suficiente. Plasticidade é a capacidade que um material
tem de apresentar deformação permanente apreciável, sem se romper.
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Uma viga de uma ponte rolante deve suportar esforços de flexão
sem se romper. Para tanto, é necessário que ela apresente
resistência mecânica suficiente.
Resistência mecânica é a capacidade que um material tem de
suportar esforços externos (tracção, compressão, flexão etc.) sem
se romper.
Exercício 1
Complete as frases com a alternativa que as torna correctas:
a) A propriedade física ............................. mudança na composição química do material.
· acarreta
· não acarreta
b) Resistência mecânica é uma propriedade .............................
· física
· química
c) Resistência à corrosão é uma propriedade .............................
· química
· mecânica
d) À forma como os materiais reagem aos esforços externos chamamos de propriedade .............................
· química
· mecânica
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Exercício 2
Marque com um X a resposta correcta.
Cessando o esforço, o material volta à sua forma original. Dizemos que esta propriedade mecânica se
chama:
( ) resistência mecânica;
( ) elasticidade;
( ) plasticidade.
Exercício 3
Você estudou que os ensaios podem ser: destrutivos e não destrutivos.
Relacione correctamente os exemplos com os ensaios: 1- Ensaio destrutivo 2- Ensaio não destrutivo
Ensaio por ultra-som
Ensaio visual
Ensaio de tracção
Ensaio por lima
Ensaio de dureza
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momento se rompem.
A aplicação de uma força axial de tracção num corpo preso produz uma
deformação no corpo, isto é, um aumento no seu comprimento com
diminuição da área da secção transversal.
Este aumento de comprimento recebe o nome de alongamento. Veja o efeito
do alongamento num corpo submetido a um ensaio de tracção.
Suponha que você quer saber qual o alongamento sofrido por um corpo de 12 mm que, submetido a uma
força axial de tracção, ficou com 13,2 mm de comprimento.
Aplicando a fórmula anterior, você fica sabendo que:
A unidade mm/mm indica que ocorre uma deformação de 0,1 mm por 1 mm de dimensão do material.
Pode-se também indicar a deformação de maneira percentual. Para obter a deformação expressa em
percentagem, basta multiplicar o resultado anterior por 100.
No nosso exemplo: A = 0,1 mm/mm ´ 100 = 10%.
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Tensão de tracção: o que é e como é medida
A força de tracção actua sobre a área da secção transversal do material. Tem-se assim uma relação entre
essa força aplicada e a área do material que está sendo exigida, denominada tensão. Neste módulo, a
tensão será representada pela letra T.
Em outras palavras:
Tensão (T) é a relação entre uma força (F) e uma unidade de área (S):
T = F/S
Dica
Para efeito de cálculo da tensão suportada por um material, considera-se como área útil da secção deste
material a soma das áreas de suas partes maciças. Por exemplo: um cabo metálico para elevação de
pesos, cuja área da secção é de 132,73 mm2, composto por 42 espiras de 1,2 mm2, tem como área útil
50,4 mm2.
A unidade de medida de força adoptada pelo Sistema Internacional de Unidades (SI) é o newton (N).
A unidade quilograma-força (kgf) ainda é usada, porque a maioria das máquinas disponíveis possui escalas
nesta unidade. Porém, após a realização dos ensaios, os valores de força devem ser convertidos para
newton (N).
A unidade de medida de área é o metro quadrado (m2). No caso da medida de tensão, é mais
frequentemente usado seu submúltiplo, o milímetro quadrado (mm2).
Assim, a tensão é expressa matematicamente como:
Durante muito tempo, a tensão foi medida em kgf/mm2 ou em psi (pound square inch, que quer dizer: libra
por polegada quadrada).
Com adopção do Sistema Internacional de Unidades (SI) essas unidades foram substituídas pelo pascal
(Pa). Um múltiplo dessa unidade, o megapascal (MPa), vem sendo utilizado por um número crescente de
países.
Veja no quadro de conversões a seguir a correspondência entre essas unidades de medida.
Exercicio
Sabendo que a tensão sofrida por um corpo é de 20 N/mm2, como você expressa esta mesma medida em
MPa?
Para dar sua resposta, consulte o quadro de conversões, se achar necessário.
Resposta: ....................
T = N/mm2
Se você interpretou correctamente o quadro de conversões, sua resposta deve ter sido 20 MPa.
Veja a conversão desta mesma medida para:
kgf/mm2 se 1 MPa = 0,102 kgf/mm2, então: 20 MPa = 2,04 kgf/mm2
e para:
psi se 1 kgf/mm2 = 1422,27 psi, então 2,04 kgf/mm2 = 2901,4308 psi
Calculando a tensão
Um amigo, que está a montar uma oficina de manutenção mecânica, pediu a sua ajuda para calcular a
tensão que deve ser suportada por um tirante de aço de 4 mm2 de secção, sabendo que o material estará
exposto a uma força de 40 N.
Sabendo qual a força aplicada (F = 40 N) e qual a área da secção do tirante (S = 4 mm2), basta aplicar a
fórmula:
Portanto, a tensão que o cabo deverá suportar é de 10 N/mm2. Mas, se o seu Amigo quiser saber a
resposta em megapascal, o resultado será 10 MPa.
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Exercício 1
Assinale com um X a(s) resposta(s) que completa(m) a frase correctamente:
O ensaio de tracção tem por finalidade(s) determinar:
a) ( ) o limite de resistência à tracção;
b) ( ) a impressão causada por um penetrador;
c) ( ) o diâmetro do material ensaiado;
d) ( ) o alongamento do corpo ensaiado.
Exercício 2
Quando se realiza ensaio de tracção, podem ocorrer duas deformações.
Assinale com um X quais são elas, na sequência em que os fenómenos ocorrem no material.
a) ( ) plástica e elástica;
b) ( ) plástica e normal;
c) ( ) plástica e regular;
d) ( ) elástica e plástica.
Exercício 3
Calcule a deformação sofrida por um corpo de 15 cm, que após um ensaio de tracção passou a apresentar
16 cm de comprimento. Expresse a resposta de forma percentual.
Exercício 4
Sabendo que a tensão de um corpo é igual a 12 N/mm2, a quanto corresponde essa tensão em kgf/mm2?
Exercício 5
Qual a tensão, em MPa, sofrida por um corpo com 35 mm2 que está sob efeito de uma força de 200 kgf?
Diagrama tensão-deformação
Quando um corpo de prova é submetido a um ensaio de tracção, a máquina de ensaio fornece um gráfico
que mostra as relações entre a força aplicada e as deformações ocorridas durante o ensaio.
Mas o que nos interessa para a determinação das propriedades do material ensaiado é a relação entre
tensão e deformação.
Você já sabe que a tensão (T) corresponde à força (F) dividida pela área da secção (S) sobre a qual a força
é aplicada. No ensaio de tracção convencionou-se que a área da secção utilizada para os cálculos é a da
secção inicial (So).
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Assim, aplicando a fórmula T = F,/So podemos obter os valores de tensão para montar um gráfico que
mostre as relações entre tensão e deformação.
Este gráfico é conhecido por diagrama tensão-deformação.
Os valores de deformação, representados pela letra grega minúscula e (epsílon), são indicados no eixo das
abcissas (x) e os valores de tensão são indicados no eixo das ordenadas
(y).
A curva resultante apresenta certas características que são comuns a
diversos tipos de materiais usados na área da Mecânica.
Em 1678, sir Robert Hooke descobriu que uma mola tem sempre a deformação (e) proporcional à tensão
aplicada (T), desenvolvendo assim a constante da mola (K), ou lei de Hooke, onde K = T/e.
Módulo de elasticidade
Na fase elástica, se dividirmos a tensão pela deformação, em qualquer ponto, obteremos sempre um valor
constante.
Este valor constante é chamado módulo de elasticidade.
A expressão matemática dessa relação é:
, onde E é a constante que representa o módulo de elasticidade.
O módulo de elasticidade é a medida da rigidez do material. Quanto maior for o módulo, menor
será a deformação elástica resultante da aplicação de uma tensão e mais rígido será o material.
Esta propriedade é muito importante na selecção de materiais para fabricação de molas.
Coeficiente de Poisson
A relação entre a contracção transversal e o alongamento é dita coeficiente de Poisson µ:
µ = εt / ε
Limite de proporcionalidade
Porém, a lei de Hooke só vale até um determinado valor de tensão, denominado
limite de proporcionalidade, que é o ponto representado no gráfico a seguir por
A., a partir do qual a deformação deixa de ser proporcional à carga aplicada.
Na prática, considera-se que o limite de proporcionalidade e o limite de
elasticidade são coincidentes.
Escoamento
Terminada a fase elástica, tem início a fase plástica, na qual ocorre uma deformação
permanente no material, mesmo que se retire a força de tracção.
No início da fase plástica ocorre um fenómeno chamado escoamento. O
escoamento caracteriza-se por uma deformação permanente do material sem que
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haja aumento de carga, mas com aumento da velocidade de deformação. Durante o escoamento a carga
oscila entre valores muito próximos uns dos outros.
Limite de resistência
Após o escoamento ocorre o encruamento, que é um endurecimento causado pela quebra dos grãos que
compõem o material quando deformados a frio. O material resiste cada vez mais à
tracção externa, exigindo uma tensão cada vez maior para se deformar.
Nessa fase, a tensão recomeça a subir, até atingir um valor máximo num ponto
chamado de limite de resistência (B).
Para calcular o valor do limite de resistência (LR), basta aplicar a fórmula:
Limite de ruptura
Continuando a tracção, chega-se à ruptura do material, que ocorre num ponto chamado limite de ruptura
(C).
Note que a tensão no limite de ruptura é
menor que no limite de resistência, devido à
diminuição da área que ocorre no corpo de
prova depois que se atinge a carga
máxima.
Agora você já tem condições de analisar
todos esses elementos representados num
mesmo diagrama de tensão-deformação,
como na figura a seguir.
Estricção
É a redução percentual da área da secção transversal do corpo de prova na região onde vai se localizar a
ruptura.
A estricção determina a ductilidade do material. Quanto maior for a percentagem de estricção, mais dúctil
será o material.
Exercício 1
Analise o diagrama de tensão-deformação de um corpo de prova de aço e indique:
a) o ponto A, que representa o limite de elasticidade___
b) o ponto B, que representa o limite de resistência___
Marque com um X a resposta correcta.
Exercício 2
Compare as regiões das fracturas dos corpos de prova A e B, apresentados a seguir.
Depois responda: qual corpo de prova representa material dúctil (elástico)?
Exercício 3
Analise o diagrama tensão-deformação abaixo e assinale
qual a letra que representa a região de escoamento.
A()
B()
C()
D()
Exercício 4
A fórmula ao lado permite calcular:
a) (__) o limite de escoamento; b) ( __) a estricção;
c) (__ ) o limite de resistência; d) ( __) o limite de ruptura.
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Exercício 5
Dois materiais (A e B) foram submetidos a um ensaio de tracção e apresentaram
as seguintes curvas de tensão-deformação:
Qual dos materiais apresenta maior deformação permanente? A ( __) B ( __)
Normas técnicas
Quando se trata de realizar ensaios mecânicos, as normas mais utilizadas são as referentes à
especificação de materiais e ao método de ensaio.
Um método descreve o correcto procedimento para se efectuar um determinado ensaio mecânico.
Desse modo, seguindo-se sempre o mesmo método, os resultados obtidos para um mesmo material são
semelhantes e reprodutíveis onde quer que o ensaio seja executado.
As normas técnicas mais utilizadas pelos laboratórios de ensaios provêm das seguintes instituições:
ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas
AFNOR - Association Française de Normalisation
ASME - American Society of Mechanical Engineer
ASTM - American Society for Testing and Materials
BSI - British Standards Institution
COPANT - Comissão Panamericana de Normas Técnicas
DIN - Deutsches Institut für Normung
ISO - International Organization for Standardization
JIS - Japanese Industrial Standards
SAE - Society of Automotive Engineers
A máquina de ensaio possui um registrador gráfico que vai traçando o diagrama de força e deformação, em
papel milimétrico, à medida em que o ensaio é realizado.
Corpos de prova
O ensaio de tracção é feito em corpos de prova com
características especificadas de acordo com normas
técnicas. Suas dimensões devem ser adequadas à
capacidade da máquina de ensaio.
Normalmente utilizam-se corpos de prova de secção
circular ou de secção rectangular, dependendo da
forma e tamanho do produto acabado do qual foram
retirados, como mostram as ilustrações a seguir.
As cabeças são as regiões extremas, que servem para fixar o corpo de prova à máquina de modo que a
força de tracção actuante seja axial. Devem ter secção maior do que a parte útil para que a ruptura do
corpo de prova não ocorra nelas.
Suas dimensões e formas dependem do tipo de fixação à máquina. Os tipos de fixação mais comuns são:
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Entre as cabeças e a parte útil há um raio de concordância para evitar que a ruptura ocorra fora da parte
útil do corpo de prova (Lo).
Segundo a ABNT, o comprimento da parte útil dos corpos de prova utilizados nos ensaios de tracção deve
corresponder a 5 vezes o diâmetro da secção da parte útil.
Por acordo internacional, sempre que possível um corpo de prova deve ter 10 mm de diâmetro e 50 mm de
comprimento inicial. Não sendo possível a retirada de um corpo de prova deste tipo, deve-se adoptar um
corpo com dimensões proporcionais a essas.
Corpos de prova com secção rectangular são geralmente retirados de placas, chapas ou lâminas. Suas
dimensões e tolerâncias de fabrico são normalizadas pela ISO/R377 enquanto não existir norma brasileira
correspondente.
Em materiais soldados, podem ser retirados corpos de prova com a solda no meio ou no sentido
longitudinal da solda, como você pode observar nas figuras a seguir.
Os ensaios dos corpos de prova soldados normalmente determinam apenas o limite de resistência à
tracção. Isso porque, ao efectuar o ensaio de tracção de um corpo de prova com solda, tensiona-se
simultaneamente dois materiais de propriedades diferentes (metal de base e metal de solda). Os valores
obtidos no ensaio não representam as propriedades nem de um nem de outro material, pois umas são
afectadas pelas outras. O limite de resistência à tracção também é afectado por esta interacção, mas é
determinado mesmo assim para finalidades práticas.
Exercício
Assinale com um X a única frase falsa sobre ensaios de corpos de prova com solda.
a) (__ ) É possível retirar corpos de prova de materiais soldados para ensaios de tracção;
b) (__ ) Nos ensaios de corpos de prova de materiais soldados são tensionados,
ao mesmo tempo, dois materiais com propriedades diferentes;
c) ( __) Os valores obtidos nos ensaios de tracção de materiais soldados são válidos apenas para o metal
de base;
d) ( __) O limite de resistência à tracção, nos ensaios de tracção de materiais soldados, é afectado pela
interacção do metal de base e do metal de solda.
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Ensaio de compressão
Podemos observar o esforço de compressão na construção mecânica, principalmente em estruturas e em
equipamentos como suportes, bases de máquinas, barramentos etc.
Às vezes, a grande exigência requerida para um projecto é a resistência à compressão. Nesses casos, o
projectista deve especificar um material que possua boa resistência à compressão, que não se deforme
facilmente e que assegure boa precisão dimensional quando solicitado por esforços de compressão.
O ensaio de compressão é o mais indicado para avaliar essas características, principalmente quando se
trata de materiais frágeis, como ferro fundido, madeira, pedra e concreto. É também recomendado para
produtos acabados, como molas e tubos.
Porém, não se costuma utilizar ensaios de compressão para os metais.
Estudando os assuntos desta aula, você ficará sabendo quais as razões que explicam o pouco uso dos
ensaios de compressão na área da mecânica, analisará as semelhanças entre o esforço de compressão e
o esforço de tracção, já estudado nas aulas anteriores, e ficará a par dos procedimentos para a realização
do ensaio de compressão.
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precisamos do comprimento inicial (60 mm) e do comprimento final, que ainda não conhecemos.
Mas sabemos que o módulo de elasticidade deste aço é de 210.000 MPa.
Então podemos calcular a deformação isolando esta variável na fórmula do módulo de elasticidade:
Para obter a deformação em valor percentual, basta multiplicar o resultado anterior por 100, ou seja:
0,0015165 * 100 = 0,15165%.
Isso significa que o corpo sofrerá uma deformação de 0,15165% em seu comprimento, ou seja, de 0,09099
mm. Como se trata de um ensaio de compressão, esta variação será no sentido do encurtamento.
Portanto, o comprimento final do corpo de prova será de 59,909 mm.
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A resistência de um material ao cisalhamento, dentro de uma determinada situação de uso, pode ser
determinada por meio do ensaio de cisalhamento.
Tensão de cisalhamento
A tensão de cisalhamento será aqui identificada por TC. Para calcular a tensão de corte, usamos a fórmula:
Isolando o n, que é o factor que nos interessa descobrir, chegamos à fórmula para o cálculo
do número de rebites:
Exemplo em que a realização de sucessivos ensaios mostrou que existe uma relação constante entre a
tensão de cisalhamento e a tensão de tracção. Na prática, considera-se a tensão de cisalhamento (TC)
equivalente a 75% da tensão de tracção (T).
:as chapas suportarão uma força cortante (F) de 20.000 N
· o diâmetro (D) de cada rebite é de 4 mm
· a tensão de tracção (T) suportada por cada rebite é 650 MPa
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Apesar de não termos o valor da tensão de corte dos rebites, mas sabemos que ela equivale a 75% da
tensão de tracção, que é conhecida. Então, podemos calcular:
TC = 0,75 T Þ TC = 0,75 * 650 Þ TC = 487,5 MPa
Exercício 1
No cisalhamento, as partes a serem cortadas se movimentam paralelamente por ......................... uma
sobre a outra.
Exercício 2
A força que faz com que ocorra o cisalhamento é chamada de força .........................
Exercício 3
Os dispositivos utilizados no ensaio de corte, normalmente são adaptados na máquina de ..................
Exercício 4
Um rebite é usado para unir duas chapas de aço. O diâmetro do rebite é de 6 mm e o esforço cortante é de
10.000 N. Qual a tensão de corte no rebite?
Exercício 5
Duas chapas de aço deverão ser unidas por meio de rebites. Sabendo que essas chapas deverão resistir a
uma força cortante de 30.000 N e que o número máximo de rebites que podemos colocar na junção é 3,
qual deverá ser o diâmetro de cada rebite? (A tensão de tracção do material do rebite é de 650 MPa).
Tenacidade é a capacidade do material de absorver energia devido à deformação até a ruptura. É uma
propriedade desejável para casos de peças sujeitas a choques e impactos, como engrenagens, correntes,
etc.
Outra propriedade bastante usada no estudo de materiais é a ductilidade. É também em geral uma
característica não definida numericamente. Quanto mais dúctil um material, maior a deformação de ruptura
(εr). Isto significa que um material dúctil pode ser, por exemplo, trefilado com mais facilidade. Alguns
autores consideram dúctil o material com deformação de ruptura acima de 0,05. O contrário da ductilidade
é a fragilidade.
Ensaio de fadiga
Fadiga é uma falha que pode ocorrer sob solicitações bastante inferiores ao limite de resistência do metal,
isto é, na região elástica. É consequência de esforços alternados, que produzem fendas, em geral na
superfície, devido à concentração de tensões.
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A fractura por fadiga é facilmente identificável. A área de ruptura C
tem um aspecto distinto da restante, que se forma gradualmente.
A fadiga é um processo progressivo mas a ruptura é brusca e,
assim, não é difícil imaginar o perigo que pode representar, uma
vez que cargas variáveis ocorrem em inúmeros casos.
Um ensaio de fadiga por flexão pode ser feito com um arranjo
conforme Figura
Um motor gira um corpo de prova C. Os rolamentos externos são
fixos em apoios e os internos recebem uma carga P, produzindo
um esforço de flexão alternado, devido à rotação do corpo de
prova.
Portanto, um ciclo completo de flexão alternada é aplicado a cada volta do eixo e o número de voltas é
registrado pelo contador A.
Quando o corpo se parte por fadiga, o contador deixa de ser
accionado e sua indicação é o número de ciclos que o corpo
suportou com a carga P.
Dadas as dimensões do corpo de prova, é possível calcular
a tensão de flexão em função de P. Assim, repetindo o
ensaio para diversos valores de P, é possível elaborar um
gráfico relacionando o número de ciclos até a ruptura com a
tensão de flexão
A curva de cima é típica de um aço-carbono 0,5% C
endurecido; a curva do meio, de uma liga de alumínio e a baixo, de um ferro fundido.
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Microestruturas estáveis, isto é, que não sofrem alterações espontâneas ao longo do tempo, apresentam
maior resistência à fadiga.
De tudo que foi dito sobre fadiga nesta aula, você deve ter concluído que, no uso normal dos produtos, nós
os submetemos permanentemente a ensaios de fadiga, que só terminam quando o produto falha.
Porém, a indústria tem que se preocupar com a fadiga antes de lançar o produto no mercado, pois este
ensaio fornece informações que afectam directamente a segurança do consumidor.
Ensaio de impacto
A tenacidade de um material, avaliada a
partir do ensaio de tracção, pode dar uma
ideia da sua resistência ao impacto, mas a
relação pode não ser conclusiva. Este fato
se tornou relevante durante a segunda
guerra mundial, quando navios passaram a
usar chapas soldadas no lugar da
tradicional construção rebitada.
O entalhe comum é tipo "V", mas há também padrão em forma de "U" ou fenda terminada em furo
(dimensões para V: comprimento 55 mm, secção 10 x 10 mm, entalhe a 45º profundidade 2 mm). Há
padrões especiais (sem entalhe) para materiais como ferro fundido.
No padrão Izod, o corpo é engastado em um lado e recebe o impacto na outra extremidade conforme
Figura b.
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