Historia Contemporanea PDF
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UNIVERSIDADE PARANAENSE
MANTENEDORA
Associação Paranaense de Ensino e Cultura – APEC
REITOR
Carlos Eduardo Garcia
Vice-Reitora Executiva
Neiva Pavan Machado Garcia
Vice-Reitor Chanceler
Candido Garcia
ISBN: ??????????????????
Assessoria pedagógica
Daniele Silva Marques e Marcia Dias
Diagramação e Capa
Andresa Guilhen Zam, Diego Ricardo Pinaffo, Fernando Truculo Evangelista e Renata Sguissardi
* Material de uso exclusivo da Universidade Paranaense – UNIPAR com todos os direitos da edição a ela reservados.
Sumário
HISTÓRIA CONTEMPORÂNEA
As revoluções de 1830...........................................................................................21
UNIDADE II - IMPERIALISMO.............................................................41
O neocolonialismo...................................................................................................42
A revolução russa.....................................................................................................55
UNIDADE III – AS DÉCADAS DE CRISE...........................................65
A crise de 1929.........................................................................................................74
Referências...........................................................................................111
Apresentação
buscando formar profissionais cada vez mais preparados, autônomos, criativos, res-
crática, vem oferecer-lhe o Ensino a Distância, como uma opção dinâmica e acessível
Educação a Distância oferecida por esta universidade, este Guia Didático tem como
objetivo oferecer a você, acadêmico(a), meios para que, através do autoestudo, possa
formação profissional.
atividades propostas pelo professor e pelo tutor mediador, a partir de métodos e práti-
comunicação pessoal entre você e o tutor mediador, que está apto a: esclarecer as
dúvidas que, no decorrer deste estudo, venham a surgir; trocar informações sobre as-
Neste contexto, este Guia Didático foi produzido a partir do esforço coletivo de uma
você se encontra.
O Programa de Educação a Distância adotado pela UNIPAR prioriza a interatividade,
se aproprie do conhecimento.
Recomendo que durante a realização de seu curso, você explore os textos sugeridos
sua aprendizagem.
zar seus estudos, não é em absoluto a íntegra de nossa matéria, e por essa razão não
deve ser usado como única fonte de estudos, mas apenas como um material de apoio
Sua leitura é importante, e tê-lo em mãos durante seus períodos de estudos e de nos-
1848. O início da década de 1870 foi marcado pelas unificações italiana e alemã.
Revolução Industrial. Porém, a disputa por colônias realçou as rivalidades europeias, ge-
lista. A Grande Guerra foi responsável por uma nova organização geopolítica europeia. O
Tratado de Versalhes beneficiava ingleses e franceses, e tornou-se alvo das críticas de
A Segunda Guerra Mundial, a mais mortífera de todos os tempos, pode ser vista
como uma continuidade da primeira, uma vez que os problemas que levaram à
Grande Guerra não foram solucionados em Versalhes – mas sim, em muitos casos,
agravado.
da guerra, um novo período de tensões tinha início: a Guerra Fria, opondo não ape-
Com a queda da URSS, no Natal de 1991, a Guerra Fria chegava ao fim. O mundo di-
vidido entre dois polos de influência deu lugar ao mundo multipolarizado de hoje em
dia.
Bons estudos!
Unidade I - IDEOLOGIAS DO SÉCULO XIX
capaz de:
Para que esses objetivos sejam alcançados, é de extrema importância que você de-
das e os capítulos dos livros didáticos que forem referenciados neste guia.
Bons estudos!
O IMPÉRIO DE NAPOLEÃO BONAPARTE E O CONGRESSO DE VIENA
A Idade Contemporânea, ou Contemporaneidade, iniciou-se com a Revolução Fran-
seria, então, controlado pelo Diretório, composto por cinco membros eleitos pelo Legislativo.
O governo do Diretório se estendeu até 1799, e esse foi um período bastante contur-
sos por retomar o poder – e os jacobinos, que desejavam acelerar e aprofundar a re-
adquirindo prestígio junto à população francesa, tanto nas camadas populares, como
nas elites. Diante do clima de instabilidade, seria necessário alguém de pulso firme, e
prestígio com o povo e com os soldados, além de gozar da confiança das elites. Essas
Assim, no dia 10 de novembro de 1799 (18 Brumário pelo novo calendário1 insti-
tuído pela revolução), Napoleão Bonaparte, com o apoio de influentes políticos e
14 HISTÓRIA CONTEMPORÂNEA
com seu prestígio popular, dissolveu o Diretório e estabeleceu uma nova forma de
governo, o Consulado.
A Era Napoleônica, que durou cerca de uma década e meia, pode ser dividida em
três fases:
• Consulado (1799-1804);
• Império (1804-1814);
• Governo dos Cem Dias (1815).
Instituído em novembro de 1799, o Consulado tinha o poder exercido por três cônsu-
les: Napoleão, Roger Ducos (1747-1816) e o abade - Emmanuel Joseph Seyès (1748-
1836). Todavia, já em dezembro do mesmo ano, foi votada uma nova Constituição,
Teve início, então, uma verdadeira ditadura militar, disfarçada pelas instituições aparen-
temente democráticas criadas pela Constituição (Senado, Tribunal, Corpo Legislativo
e Conselho de Estado). [...] Durante o governo do Consulado, a alta burguesia con-
solidou-se como classe dirigente da França. Os projetos de emancipação das classes
populares foram sufocados, e os ideais de liberdade, igualdade e fraternidade da Re-
volução Francesa foram reprimidos. Por meio de uma severa censura ä imprensa e da
ação violenta dos órgãos policiais, as oposições políticas ao governo foram aniquiladas
(COTRIM, 1999, p.266).
características do período.
HISTÓRIA CONTEMPORÂNEA 15
No âmbito administrativo, ocorreu uma profunda centralização em torno da figura de
A educação também foi reformulada, passando a ter como objetivo a formação de ci-
dadãos capazes de servir ao Estado, além de servir como importante meio de controle
Quanto ao Direito, houve a elaboração de novos códigos penal e civil. O Código Na-
E mesmo a relação entre o Estado francês e a Igreja Católica foi reforçada, com
membros do clero na França era feita por Napoleão, restando ao papa aprovar
As reformas efetivadas por Napoleão obtiveram sucesso, e tal sucesso ampliou ain-
vitalício, tendo ainda o direito de indicar seu sucessor. Na prática, isso representava
16 HISTÓRIA CONTEMPORÂNEA
Em 1804, o governo mobilizou a opinião pública para a implementação efetiva do
regime monárquico, e realizou um plebiscito. Com quase 60% dos votos favoráveis,
cargo de Imperador.
A coroação de Bonaparte como Imperador Napoleão I foi um dos mais marcantes es-
petáculos daquele início de século XIX. Para começar, não foi Napoleão quem se des-
locou até Roma para ser coroado pelo papa, e sim o pontífice quem se viajou à França.
Depois, durante a coroação, Napoleão tomou a coroa das mãos do papa e se coroou,
de costas para o líder católico, e de frente para o público. Tal atitude foi uma clara de-
monstração de poder por parte de Napoleão, e ampliou ainda mais sua popularidade.
No Império, Napoleão formou uma nova Corte, concedendo títulos de nobreza a fa-
miliares e nomeou-os para os mais altos cargos públicos. Obras públicas foram cons-
fundo fortalecimento das forcas armadas francesas, e quando de sua coroação como
pela marinha inglesa, liderada pelo almirante Nelson, na célebre Batalha de Trafalgar.
Se por mar parecia impossível vencer os ingleses e invadir a Inglaterra, por terra as tro-
HISTÓRIA CONTEMPORÂNEA 17
Decidido a derrotar os ingleses, Napoleão decretou o Bloqueio Continental, em
mércio com a Inglaterra. O bloqueio tinha duplo intuito: por um lado, pretendia en-
Nenhum dos dois objetivos, porém, foi totalmente atingido. A economia inglesa, embo-
ra abalada pelo bloqueio, encontrou novos destinos para seus produtos2, e a França
Dois países, em especial, descumpriram o bloqueio e foram invadidos pelas tropas napole-
no final de 1807. A Família Real portuguesa, sob a liderança do Príncipe Regente Dom
João, cedeu à pressão inglesa e transferiu-se para sua principal colônia, o Brasil4. Foi
a primeira – e única – vez que um monarca europeu esteve em sua colônia america-
Após derrotar os russos em 1807, Napoleão obrigou o czar Alexandre I a assinar a Paz
2 O Brasil, por exemplo, consolidou-se como importante parceiro comercial dos ingleses após o
Decreto de Abertura dos Portos às Nações Amigas, assinado por Dom João em 1808.
3 O que estimulou o contrabando de produtos ingleses.
4 Esse acontecimento é comumente apontado como o início do processo que culminaria com a
Independência do Brasil.
18 HISTÓRIA CONTEMPORÂNEA
Em grave crise econômica, os russos abandonaram o bloqueio em dezembro de 1810,
em 1812, quando foi formado o “Exército das Vinte Nações”, uma gigantesca tropa
vitórias e, diante do atraso tecnológico russo, esperava outro grande triunfo. Todavia, a
imensidão do território russo e seu rigoroso clima foram determinantes na defesa russa.
levando consigo tudo o que podiam. O que não podia ser levado, como construções
e plantações, era destruído. Assim, o “general inverno” fazia seu trabalho, trazendo
Napoleão chegou a invadir Moscou e tomou o palácio do Czar, o Kremlin. Todavia, seu re-
torno foi ainda pior, e estima-se que bem menos de 100 mil homens retornaram à França.
1814, um exército composto por ingleses, austríacos, russos e prussianos invadiu Paris. O
trono foi assumido por Luís XVIII, irmão mais novo do decapitado Luís XVI. Napoleão, des-
tronado, recebeu como principado a ilha de Elba, no Mediterrâneo, e para lá partiu em exílio.
Em março de 1815, Napoleão decidiu retornar à França. O impopular Luís XVIII en-
viou tropas para detê-lo, mas elas acabaram unindo-se a ele. O rei fugiu, e Napoleão
retomou o poder, permanecendo até junho, no que ficou conhecido como Governo
dos Cem Dias. Diante de seu retorno, organizou-se a Sétima Coligação, e Napoleão
pelos ingleses, foi exilado na ilha de Santa Helena, no Oceano Atlântico, onde perma-
HISTÓRIA CONTEMPORÂNEA 19
Com a derrota de Napoleão, os representantes dos países europeus reuniram-se na
Áustria, no que ficou conhecido como Congresso de Viena (1814-1815). Seu intuito
Ainda em 1815, para garantir a implementação das determinações de Viena, foi for-
mada a Santa Aliança, encabeçada por austríacos, prussianos e russos. Como o Con-
glaterra, potência comercial, defendia o liberalismo e, por essa razão, foi contrária à
20 HISTÓRIA CONTEMPORÂNEA
As revoluções de 1830
Após mais de duas décadas e meia de Revolução Francesa e Era Napoleônica, novas
Na Itália, uma sociedade secreta chamada Carbonária, trazia ideias liberais, bem
nalistas poloneses.
A Revolução de 1830 repercutiu por toda a Europa. A Bélgica, apoiada pela Inglaterra,
libertou-se da Holanda, à qual estava submetida desde o Congresso de Viena. Na Polô-
nia, os russos tiveram de abafar uma revolta nacionalista. Na Itália, a sociedade secreta
Carbonária promoveu agitações liberais que resultaram numa Constituição imposta ao
rei das Duas Sicílias. Agitações semelhantes ocorreram em Portugal e Espanha. Na
Alemanha houve movimentos liberais constitucionalistas.
A França, porém, foi novamente o epicentro das revoltas na Europa. Desde a restau-
poder passou para seu irmão, o conde de Artois, que assumiu o trono como Carlos X.
HISTÓRIA CONTEMPORÂNEA 21
Mais próximo dos ultrarrealistas, o novo rei apresentava tendências absolutistas, o
dos candidatos oposicionistas. A tendência absolutista do novo rei veio à tona, e Car-
do povo, e que ele governa por meio de seus representantes. Instigadas pela burguesia,
as camadas populares francesas tomaram as ruas nos dias 27, 28 e 29 de julho de 1830,
nos chamados “três dias gloriosos”. Temendo uma nova onda revolucionária do tamanho
da que haviam enfrentado anos antes, Carlos X renuncia ao trono e foge para a Inglaterra.
Contando com o apoio da alta burguesia7, o conde de Orleáns foi proclamado rei dos
franceses, com o nome de Luís Filipe I, e uma nova Constituição foi estabelecida. Ti-
7 Principalmente pela burguesia ligada às finanças, o que lhe rendeu alcunhas como “rei banqueiro”
ou “rei burguês”.
22 HISTÓRIA CONTEMPORÂNEA
Na segunda metade da década de 1840, várias nações europeias entraram em crise,
terra, França e Alemanha. Para piorar, houve péssimas colheitas em 1847 e 1848, o
Novamente, o local onde as revoluções de 1848 mais impacto tiveram foi a Fran-
década de 1830 e início dos anos 1840, convivia desde sempre com uma forte
rou a revolta, quando o ministro Guizot proibiu um banquete em Paris. No dia 23, os
manifestantes enfrentaram as tropas; no dia 24, com a cidade de Paris coberta por
8 Realizadas em 23 de abril, foram as primeiras eleições na Europa com voto direto, secreto, e com
sufrágio universal (masculino).
HISTÓRIA CONTEMPORÂNEA 23
A crise tornava-se mais grave. Para amenizar o problema do desemprego, o governo
Os impostos foram elevados para o governo arcar com os salários. A notícia do fecha-
mil franceses foram mortos ou deportados. Odiado por grande parte da população,
como vimos, foi campo fértil para a expansão de ideais que contestavam os regi-
mes vigentes. Esses ideais, surgidos entre os séculos XVII e XIX eram, por vezes,
24 HISTÓRIA CONTEMPORÂNEA
conflitantes entre si, e suas defesas por parcelas da população europeia e mundial
acabou tendo implicações profundas. Dentre tais ideologias, podemos destacar o libe-
Liberalismo
O liberalismo teve dois espectros principais: o econômico e o político, sendo que am-
XVIII, sob forte influência do iluminismo, e defendia a liberdade econômica. Seus ide-
rência estatal. Era como se houvesse uma “mão invisível” regulando a economia9.
cracia e o Liberalismo.
expoente, acreditavam ser a agricultura a única e real geradora de riquezas, uma vez
9 Mão invisível foi um termo introduzido por Adam Smith em "A Riqueza das nações" para descre-
ver como, numa economia de mercado, apesar da inexistência de uma entidade coordenadora
do interesse comunal, a interação dos indivíduos parece resultar numa determinada ordem, como
se houvesse uma "mão invisível" que orientasse a economia. A "mão invisível" a qual o filósofo
iluminista mencionava fazia menção ao que hoje chamamos de "oferta e procura".
10 E que era caracterizada por uma profunda intervenção estatal.
11 “Deixai fazer, deixai passar”.
HISTÓRIA CONTEMPORÂNEA 25
que a indústria apenas transforma e diversifica a riqueza já produzida pela natureza.
Embora bastante influentes entre os séculos XVIII e XIX, as ideias dos fisiocratas aca-
escocês Adam Smith (1723-1790). Sua obra clássica, “Uma investigação sobre a na-
nadas situações, era tolerante quanto à ação do Estado, como para garantir a equida-
destacar o filósofo inglês John Locke (1632-1704). Em sua obra, destacam-se dois
mano. Foi o principal representante do empirismo britânico, pois acreditava que o co-
Em sua obra “Ensaio acerca do entendimento humano” (1690), exemplifica isso com
sua Teoria da Tábula Rasa, segundo a qual, ao nascermos, somos como uma folha
de papel em branco – ou seja, sem ideias inatas. Uma consequência social e política
desse pensamento é que, se somos todos iguais, ao menos ao nascermos, temos to-
dos, portanto, os mesmos direitos. Segundo Locke, nossos direitos naturais: direito
26 HISTÓRIA CONTEMPORÂNEA
Especificamente em filosofia política, Locke escreveu seus Tratados sobre o gover-
Nacionalismo
O nacionalismo foi uma ideologia surgida, principalmente, após a Revolução France-
sa. Mais que um patriotismo exacerbado, o nacionalismo defende a nação como uma
entidade que precisa ser preservada a qualquer custo. Mais que a simples exaltação
Os nacionalistas defendiam o respeito pela formação nacional dos povos, ligados por
o que estimulava a luta pelas independências nacionais. No século XX, teses nacio-
Socialismo
O avanço da Revolução Industrial levou à formação de uma classe operária. Da ex-
sua miséria.
HISTÓRIA CONTEMPORÂNEA 27
• Trade Unions: associações de trabalhadores. De certa maneira, podem ser
apontadas como os “embriões” dos atuais sindicatos de trabalhadores.
esse nome pois baseou-se na “Carta ao Povo”, de Wiliam Lovett, que exigia,
práticos, e a repressão foi severa12. O cartismo teve seus líderes presos e depor-
tados para a Austrália. Todavia, décadas depois, suas reivindicações foram, paula-
britânico até tenta proibir, por leis, as reuniões de trabalhadores, mas em 1824 foi
capitalista: o socialismo.
indivíduos, que seriam pagos pelas comunidades de acordo com o trabalho que re-
fossem colocadas em prática. Porém, classificados como “utópicos” por Marx13, suas
ideias não se concretizaram efetivamente.
12 Em 1812, 13 operários foram condenados à morte por participarem da destruição de uma fábrica.
13 Diferenciando-se do socialismo utópico, o pensamento marxista é chamado de socialismo científico.
28 HISTÓRIA CONTEMPORÂNEA
postura frontalmente contrária ao capitalismo com o pensamento dos alemães Karl
que seria ocupado pelo proletariado, na chamada “ditadura do proletariado”. Esta se-
ria uma etapa de transição, quando a propriedade privada e as classes sociais seriam
gradativamente abolidas, até que o Estado perderia seu espaço para comunidades
uma vasta bibliografia, da qual merece destaque “O Capital”: para destruir a socieda-
sua época sobre o capitalismo. Muitos dos conceitos explicitados nessa obra se con-
Outro importante conceito cunhado pela dupla foi o de luta de classes: “a força motriz
por trás da História”. Assim como a burguesia havia se livrado das amarras feudais e
tenha diminuído nas últimas décadas. Vários campos do conhecimento, como a His-
HISTÓRIA CONTEMPORÂNEA 29
Baseadas em suas ideias, revoluções foram feitas, e o mundo foi dividido no século
Marx era igualitário: pensava que os direitos humanos deviam ser tratados igualmen-
te. Todavia, no mundo capitalista, quem tinha dinheiro – geralmente oriundo de uma
riqueza herdada – ficava cada vez mais rico. Enquanto isso, aqueles que não tinham
nada – exceto o próprio trabalho para vender – viviam de maneira miserável e eram
explorados. Para Marx, toda a história humana podia ser explicada como uma luta de
classes: a luta entre a classe capitalista rica (a burguesia) e a classe trabalhadora (ou
proletariado). Essa relação impedia que os seres humanos atingissem seu potencial e
transformava o trabalho em algo doloroso, em vez de um tipo de atividade compensa-
dora (WARBURTON, 2012, p.157).
Feita a nova Constituição, foi eleito presidente da República Luís Napoleão. As insurrei-
ções de Paris e sua repressão tinham indisposto grande parte do eleitorado contra as
ideias republicanas e a burguesia temia o avanço do Socialismo. A Assembleia Legis-
lativa era em sua maioria monarquista, a situação parecia propícia à ambição de Luís
Napoleão, que tinha a auréola do nome do Imperador, seu tio, mas a Assembleia recu-
sou-se rever, em seu proveito, a Constituição, e ele, então, dissolveu-a (2 de dezembro
de 1851), os chefes da oposição e milhares de outras pessoas foram deportados. Um
plebiscito deu ao príncipe-presidente o poder por dez anos; e pouco depois, um outro,
aprovando uma proclamação do Senado, aclamava o príncipe imperador dos franceses
com o título de Napoleão III (RUESGAS, 2004, p.303).
Com o golpe desferido por Luís Napoleão14, tinha início o Segundo Império. O absolu-
tismo do Império era contestado politicamente, mas a paz interna e a prosperidade vi-
14 Por aplicar um golpe de Estado, e tornar-se imperador após um plebiscito, como seu tio havia feito
décadas antes, Marx chamou, ironicamente, o golpe de “18 brumário de Luís Bonaparte”.
30 HISTÓRIA CONTEMPORÂNEA
ao comércio, indústria e agricultura, além da realização de diversas obras (como fer-
se envolveu em novos conflitos (como contra a Crimeia e a Áustria). Mas foi o conflito
por outros países europeus. O início da década de 1870 marcou a unificação desses
Itália
As terras que atualmente compõem a Itália encontravam-se, na segunda metade do
século XIX, divididas em reinos sob comando da Áustria, como a Lombardia e a Vené-
cia, ao Norte. Ao Sul, o Reino das Duas Sicílias, comandado pela dinastia Bourbon. Ao
centro, os chamados Estados Pontifícios, sob a tutela da Igreja Católica. Havia, ainda,
Mais rico e industrializado, Piemonte e Sardenha, com seu rei Vitor Emanuel II, e seu
HISTÓRIA CONTEMPORÂNEA 31
Com apoio dos franceses, expulsou os austríacos e unificou o Norte da Itália. Centro
e Sul foram conquistados por um exército popular liderado por Giuseppe Garibaldi15
Vítor Emanuel II. Todavia, a vontade do rei piemontês prevaleceu. Com a conquista de
Alemanha
O principal fator da unificação alemã foi o desenvolvimento econômico e social dos
Estados Germânicos, sobretudo, da Prússia. Desde 1834, havia uma união aduaneira
celer. Um dos maiores estadistas do século XIX, o “chanceler de ferro” foi uma das figu-
ras fundamentais da Unificação. Para unir o povo alemão, despertar seu nacionalismo,
15 Garibaldi participava da sociedade secreta Jovem Itália, na década de 1830. Exilado no Brasil,
teve participação importante na Revolução Farroupilha (1835-1845). De volta à Itália, participou
da Primavera dos Povos, em 1848.
16 A Unificação Italiana foi rejeitada pelo Papa Pio IX, que se dizia “prisioneiro no Vaticano”. A cha-
mada “Questão Romana” só foi solucionada com a assinatura do Tratado de São João Latrão, em
1929.
32 HISTÓRIA CONTEMPORÂNEA
Três guerras foram promovidas – e vencidas – pelos prussianos, contra a Dinamarca,
Iniciada em meados do século XVIII, teve na Inglaterra sua pioneira. Diferente de re-
possui uma data exata que assinala seu início. As transformações foram gradativamen-
ções, em um período relativamente curto, faz com que ela seja, de fato, uma revolução.
17 Derrotados, os franceses tiveram de pagar uma pesada indenização (5 bilhões de francos), além
de cederem os territórios da Alsácia e do norte da Lorena. A perda dos territórios ampliou a riva-
lidade da França com o novo país que surgia, a Alemanha, e o “revanchismo francês” é uma das
sementes da Primeira Guerra Mundial (1914-1919).
18 O Primeiro Reich foi durante o Sacro Império Romano-Germânico (962-1806). Posteriormente, o
período de governo nazista na Alemanha (1933-1945), foi chamado por Hitler de Terceiro Reich.
19 Embora algumas regiões da França, da Alemanha e dos EUA tenham vivenciado algo parecido
em princípios do século XIX.
HISTÓRIA CONTEMPORÂNEA 33
movimentava as fábricas e revolucionava os transportes. O setor têxtil fora o pri-
meiro a industrializar-se.
estendeu até a Segunda Guerra Mundial, portanto, meados do século XX. E, enquanto
a fase anterior foi marcada pelo pioneirismo inglês, esta se caracterizou pela expansão
para outros países da Europa Ocidental, mas também aos Estados Unidos e Japão.
a próxima Unidade.
europeus.
34 HISTÓRIA CONTEMPORÂNEA
nas ondas revolucionárias de 1830 e 1848, bem como a expansão das ideo-
ou lá tendo estado, desde a publicação do presente decreto, será recebida em porto algum”.
disposição acima, será apresada e o navio e sua carga serão confiscados como se
(Excerto do Bloqueio Continental, Napoleão Bonaparte. Citado por Kátia M. de Queirós Mat-
HISTÓRIA CONTEMPORÂNEA 35
e) Debilitar economicamente a Inglaterra, então em processo de industrialização,
2) (Cesgranrio) A história política da Europa, durante o século XIX, foi marcada por
36 HISTÓRIA CONTEMPORÂNEA
e) Tratam da unificação da Itália e da Alemanha, mas nada sugerem quanto ao caráter
para outros locais que somados aos novos desenvolvimentos tecnológicos carac-
terizaram a chamada Segunda Revolução Industrial. Quais dos países abaixo não
a) Portugal.
b) EUA.
c) Alemanha.
d) França.
e) Japão.
5) (Ufv) A unificação política da Itália, ocorrida na segunda metade do século XIX, foi
HISTÓRIA CONTEMPORÂNEA 37
artiGOs, sites e LINKS
Caro(a) Aluno(a),
Vamos agora disponibilizar para você alguns artigos e links, mediante sites na inter-
net, para que possas acessar e realizar estudos sobre assuntos ligados ao tema da
Artigos
<http:// http://www.ecsbdefesa.com.br/fts/Napole%E3o.pdf>.
<http://www.facsaoroque.br/novo/publicacoes/pdf/v3-n1-2012/Fer1.pdf>.
Sites
<http://www.marxeomarxismo.uff.br/>.
<http://historiadomundo.uol.com.br/idade-contemporanea/eranapoleonica>.
Filmes recOmendadOs
Na unidade I, você estudou sobre a ascensão e a queda de Napoleão Bonaparte.
Um filme interessante que aborda o período em que ele estava exilado na ilha de
talha do Imperador.
38 HISTÓRIA CONTEMPORÂNEA
Título original: Monsieur N.
Lançamento: 2003
Sinopse: Napoleão Bonaparte (Philippe Torreton) perde o poder, mas continua a man-
dar e a desmandar durante o seu exílio. Mesmo preso pelos britânicos, ele continua
mantendo sua pompa real e seu séquito de seguidores, transformando a ilha num
de Hudson Lowe (Richard E. Grant, de Assassinato em Gosford Park) nutre por Napo-
Para melhorar sua compreensão do conteúdo, compartilhe com seus colegas e pro-
participe dos Fóruns de discussão. Listamos abaixo algumas questões para fomentar
as suas discussões.
HISTÓRIA CONTEMPORÂNEA 39
2) Tanto em 1830 como em 1848, ondas revolucionárias atingiram vários países
europeus. Quanto aos ideais defendidos nessas revoluções, que diferenças pode-
mos apontar?
40 HISTÓRIA CONTEMPORÂNEA
UNIDADE II - IMPERIALISMO
capaz de:
HISTÓRIA CONTEMPORÂNEA 41
O NEOCOLONIALISMO
Como visto na Unidade I, a Revolução Industrial, que havia se iniciado no século XVIII,
na Inglaterra, se irradia para outros países europeus – além de Japão e Estados Uni-
dos domínios dos países industrializados, que passam a exercer sua influência sobre
Não era a primeira vez que países europeus dominavam regiões de outros continentes.
interesses econômicos foram, uma vez mais, preponderantes. Porém, fatores sociais,
42 HISTÓRIA CONTEMPORÂNEA
Dentre os principais objetivos das potências imperialistas, podemos destacar:
• Busca por novas áreas para a aplicação do capital disponível, por exemplo,
investimentos em estradas de ferro ou exploração de minas;
des europeias;
• Ter colônias significava ter portos de escala e abastecimento de navios mer-
cantis e militares;
deria ocorrer de maneira direta ou indireta. A dominação direta, como o próprio termo
nos leva a entender, ocorria com a imposição militar e política europeia, com um país
Já a dominação indireta, mais frequente, se dava por meio do controle dos mercados,
e não pelo controle político direto. Os Estados colonizados podiam manter um gover-
empresas ou de capitais, pela utilização dos nativos como mão de obra (abundante e
21 Quando ocorreu a formação de grandes conglomerados econômicos que dominavam certos se-
tores produtivos, caracterizando um monopólio do setor.
HISTÓRIA CONTEMPORÂNEA 43
barata) e pela organização de uma estrutura produtiva que visava atender aos interes-
trialização, seguida pela França, foram esses dois países que se tornaram as principais
homem branco, era explicitada pelo poema homônimo de Rudyard Kypling22, onde os
europeus estariam se sacrificando para prestar um “favor” aos povos africanos e asi-
Em sua Origem das espécies, de 1859, Darwin consolida a ideia de evolução das es-
pécies por meio da seleção natural. O darwinismo social era uma espécie de adaptação
A “corrida” por colônia forçou uma negociação. Entre 1884 e 1885 realizou-se a Con-
rem a “partilha da África”. Mais de 90% das terras do continente foram dominadas. As
44 HISTÓRIA CONTEMPORÂNEA
divisões não levaram em consideração a diversidade cultural e histórica dos povos
africanos, não respeitando as fronteiras tradicionais das nações africanas. Essas vio-
Ópio (China, 1840-42); Guerra dos Cipaios (Índia, 1857); Rebelião dos Boxers (China,
1898-1900); e a Guerra dos Bôeres (África do Sul, 1899-1902). Todos esses conflitos
rica Latina. Sua base ideológica era a Doutrina Monroe, anunciada por James Monroe
América para os americanos”, advertia os países europeus para não interferirem nos
ram Cuba e Porto Rico a se emanciparem da Espanha. Pouco tempo depois, Porto
Rico foi anexado pelos EUA e Cuba foi obrigada a incluir uma emenda à sua Cons-
na do Big Stick (“Grande Porrete”), na primeira década do século XX, sob o governo
verno americano intervir militarmente na América Latina para garantir seus interesses.
24 Como exemplo, os EUA foram o primeiro país a reconhecer a Independência do Brasil, já em 1824.
HISTÓRIA CONTEMPORÂNEA 45
Exemplo disso foi a construção do Canal do Panamá, em 191425. Na década de 1910,
o “grande porrete” foi sendo substituído pela “diplomacia do dólar” para comprar fa-
No caso japonês, o país foi lançado na Revolução Industrial por iniciativa estatal. A
instituída, bem como a permissão para a venda de terras. Já no final do século XIX, as
ta. Como consequência, o Japão venceu a China (1895) e ocupou vastas áreas de
seu território; entre 1904 e 1905, guerreou com os russos, derrotando-os e ocupando
na Europa, vários eram os fatores de seu crescimento. Com sua unificação, um novo
25 O atual Panamá era parte do território colombiano. Os EUA financiaram a luta pela independência
da região para ali construírem o Canal, importante para sua economia por incrementar o comércio
entre suas costas Leste e Oeste.
46 HISTÓRIA CONTEMPORÂNEA
Militarmente, a Alemanha também evolui. Contando com os recursos de toda a Alema-
vam colônias na África e na Ásia. Colônias essas que, como vimos anteriormente,
Desde sua unificação, a Alemanha não só cuidou do aumento do seu poder militar, organizan-
do o mais forte Exército do mundo, mas ainda do desenvolvimento de sua lavoura, indústria e
comércio. Visando a esse fim, planejara a ligação de Berlim a Bagdá por uma estrada de ferro,
estendo sua influência à Ásia Menor e às vizinhanças do Golfo Pérsico (Oriente Próximo), o
que não convinha aos interesses da Inglaterra, e da Rússia naquelas regiões. Assim, a luta
entre as potências pela conquista de mercados, a intensa rivalidade comercial, e o choque de
interesses, constituíam uma ameaça para a paz do mundo (RUESCAS, 2004, p.356).
Esses conflitos de interesses entre países europeus, causado pela rápida ascensão
alemã. Desde então, a Europa vivia um clima de crescente tensão envolvendo seus
principais países. Entre 1871 e 1914, a Europa esteve em estado de vigilância per-
manente. Vários problemas eram uma ameaça à paz, e as rivalidades entre países
HISTÓRIA CONTEMPORÂNEA 47
• Rivalidades políticas, fortalecidas pela ascensão dos movimentos nacionalistas;
• Rivalidades econômicas, causadas pelas disputas capitalistas e pelo protecio-
nismo alfandegário;
povos de origem eslava na Europa, sob a liderança da Rússia. Como o Império Aus-
1870, os franceses tiveram de ceder duas ricas regiões, a Alsácia e a Lorena, à Ale-
manha. O desejo de retomar tais territórios, além de reparar a humilhação que lhes
A tudo isso, soma-se ainda a insatisfação italiana com a divisão colonial imperialis-
países se formam:
26 A Rússia via, ainda, a questão como uma possibilidade de estender seus domínios até os portos
do mar Mediterrâneo e suas ricas rotas comerciais.
48 HISTÓRIA CONTEMPORÂNEA
• Tríplice Entente: composta por Inglaterra, França e Rússia.
Como a Alemanha situava-se entre os países da Entente – ingleses e franceses a
sideração uma guerra em duas frentes. Nesse sentido, o chefe do Estado-Maior ale-
mão, Alfred von Schlieffen (1833-1913), elabora o plano que leva seu nome.
O Plano Schlieffen preocupava-se com uma possível guerra com a Tríplice Entente.
roso Exército da Rússia levaria semanas para ser mobilizado e deslocado pelo seu
imenso território, segundo Schlieffen. Assim, era primordial derrotar os franceses an-
A guerra quase teve início quando franceses e alemães disputaram a região do Marro-
cos, no Norte da África. Em 1906, uma conferência foi convocada para deliberar sobre
na região, enquanto aos alemães coube uma pequena faixa no sudoeste africano.
seu território no Congo, para evitar uma guerra. Todavia, o problema fundamental que
levou à Grande Guerra foi a questão balcânica. Como vimos, o pan-eslavismo incitava
HISTÓRIA CONTEMPORÂNEA 49
A Primeira Guerra Mundial
A Grande Guerra, como à época ficou conhecida a Primeira Guerra Mundial, foi o
primeiro conflito generalizado, que de uma maneira ou de outra, teve impactos sobre
suas repercussões foram tamanhas, que uma nova ordem mundial se estabeleceu.
Fonte: <https://profjosepsantos.wordpress.com/2012/05/21/consequencias-da-primeira-guerra-mundial/#jp-carou-
sel-348>. Acesso em: 22 mar. 2016
O clima tenso na região da Bósnia, sob domínio austríaco, levou o arquiduque Fran-
50 HISTÓRIA CONTEMPORÂNEA
do trono austro-húngaro, a realizar uma visita oficial à Sarajevo, capital da Bósnia,
em junho de 1914.
Os movimentos nacionalistas da região, apoiados pelo governo sérvio (que, por sua
vez, era ligado à Rússia), aproveitam a ocasião para tramar um atentado. Inicialmen-
te, atacaram a comitiva oficial de Ferdinando, composta por seis carros. Bombas fo-
Após um tenso discurso, Ferdinando cancela sua agenda oficial e decide visitar os fe-
ridos no hospital. Temendo novos atentados, o trajeto foi revisto, evitando o centro da
cidade. Durante o percurso, um jovem estudante, então com 19 anos, de nome Gra-
Bósnia, Princip lamentava-se pelo insucesso do atentado de horas antes (do qual ele
do carro, sacou sua arma e disparou, acertando Francisco Ferdinando e sua esposa
acusou a Sérvia pelo atentado. Como a Sérvia contava com o apoio russo (que, por sua
vez, era aliada de ingleses e franceses) e os austríacos eram aliados da Alemanha, a cri-
Áustria declarou guerra à Sérvia; no dia seguinte, em demonstração de apoio aos sérvios,
a Rússia mobiliza suas tropas; no primeiro dia de agosto, a Alemanha declara guerra à
que se mantivera neutra nos primeiros meses, aderiu à Entente em 1915, em troca de
HISTÓRIA CONTEMPORÂNEA 51
promessas territoriais; o Japão, interessado nas possessões alemãs no Oriente, de-
• Potências Centrais: antiga Tríplice Aliança, era composta por Alemanha, Im-
pério Austro-Húngaro, Império Turco-Otomano e Bulgária.
• Aliados: antiga Tríplice Entente, formada por Inglaterra, França, Rússia (até
1918), Sérvia, Bélgica, Japão, Brasil, Estados Unidos, Romênia, Itália, Portu-
gal e Grécia.
quanto as tropas aliadas recuavam, até que, sob a liderança do General Joseph Joffre
Como nenhum dos dois exércitos conseguia avançar sobre o outro, as tropas cava-
vam abrigos no chão para se protegerem. O Plano Schlieffen fracassara. A ideia de ra-
pidamente conquistar a rendição francesa, para então voltar-se contra o lento Exército
28 O plano havia sido revisado e modificado pelo sucessor de Schlieffen no Estado-Maior alemão,
Helmuth von Moltke (1848-1916).
52 HISTÓRIA CONTEMPORÂNEA
Com a Guerra de Trincheiras (1915-1917), o conflito atinge seu período mais letal. As
milhões de vidas. Milhares morriam para conquistar alguns palmos de terra. A ofen-
siva anglo-francesa no Somme, em 1916, custou mais de 750 mil vidas. Os ataques
Um impasse perdurou durante mais de dois anos, com poucos avanços de ambos os la-
que definiram os destinos dos países envolvidos no conflito: a entrada dos Estados
que diz respeito a treinamento, equipamentos e disciplina. A Rússia não estava prepa-
rada para uma guerra moderna de longa duração. A participação russa no conflito foi
de 6 milhões de combatentes.
HISTÓRIA CONTEMPORÂNEA 53
territórios da Finlândia, Polônia, Ucrânia, Bielorrússia e Países Bálticos (Estônia, Le-
tônia e Lituânia), além de Ardaham e Kars, distritos turcos sob seu domínio. Mais de
30% da população russa viviam nesses territórios, que continham ainda nove entre
Os alemães, que por terra tinham o melhor Exército, ainda tinham uma Marinha infe-
rior à britânica. Restava aos alemães o uso de submarinos. Para cortar as linhas de
tados Unidos. Até 1917, eles permaneceram neutros no conflito. Todavia, os aliados,
Após dois navios norte-americanos serem afundados pela Marinha alemã, o presidente Tho-
mas Woodrow Wilson, anuncia a entrada estadunidense no conflito, ao lado dos aliados29.
A entrada dos Estados Unidos no conflito, com seu gigantesco poderio industrial e
Durante a Primeira Guerra Mundial, a fome foi um dos maiores problemas enfrentados
pelas populações das cidades alemãs. Leite, manteiga, batatas tornaram-se produtos
de luxo. Só eram encontrados no “mercado negro” e comprados apenas pelos ricos.
29 O Brasil também declara guerra à Alemanha após ter um navio afundado pelos alemães, o vapor
Paraná, em 5 de abril de 1917. A declaração de guerra ocorreu seis dias depois.
54 HISTÓRIA CONTEMPORÂNEA
Quando havia alimentos à venda, havia também racionamento. Cada pessoa só podia
comprar um ovo, 2,5 kg de batatas, 20 gramas de manteiga e até 190 gramas por sema-
na. A população pobre era a que mais sofria. Quase 200 mil pessoas entravam diaria-
mente em longas filas para conseguir comer um prato de sopa distribuído pelo Exército.
Como consequência da miséria, o roubo era inevitável. Roubavam-se desde roupas
até cães para matar a fome. Muitas crianças sobreviviam apenas com ralas sopas de
batatas ou com frutas que apanhavam nos quintais das casas. Com tanta fome, as
mortes não ocorriam apenas nos campos de batalha. A desnutrição tornava as pessoas
vulneráveis às doenças. A tuberculose, o tifo, a cólera e as epidemias de gripe também
mataram milhares de pessoas na Alemanha durante a guerra (RICHARD, 1988, p.13).
A derrota era iminente, e a população alemã, sacrificada pelos anos de guerra, re-
voltou-se contra Guilherme II. O kaiser exilou-se na Holanda. Era o fim do Segundo
de 14 milhões de pessoas perderam suas vidas por causa da guerra, deixando ainda
A Revolução russa
A Rússia do início do século XX era um gigantesco império. Dominava terras da Euro-
pa até o Pacífico. Seu governo era uma monarquia absolutista, comandada pelo czar
Nicolau II. Não havia Constituição, e o governo controla a Igreja e a imprensa. Apoiado
pela Igreja Católica Ortodoxa e pela nobreza, governava um país atrasado economi-
HISTÓRIA CONTEMPORÂNEA 55
Moscou e São Petersburgo eram as únicas cidades russas que podiam ser conside-
As desigualdades sociais geraram um campo fértil para a difusão das ideias de Karl Marx
e Friedrich Engels. O governo czarista tentou reprimir o avanço do ideário socialista, le-
são de revoltas por todo o país. A derrota russa frente aos japoneses (1904-1905)
56 HISTÓRIA CONTEMPORÂNEA
desestruturou a produção agrícola, levando a uma rebelião generalizada contra o
regime czarista.
apta a fazer a revolução socialista. Porém, a Rússia estava longe de oferecer tais
(gradativamente) por meio de alianças com a burguesia. Seus principais líderes foram
Os bolcheviques, liderados por Vladimir Ilyich Lênin (1870-1924) e Leon Trotsky (1879-
1940) eram mais radicais, defendendo uma transição direta para o socialismo. Eram
tuído por um governo provisório liderado pela Duma. Era a Revolução de Fevereiro.
mudanças: redução da jornada de trabalho (de 12 para 8 horas); anistia aos presos
Retornando do exílio, Lênin proferiu suas célebres Teses de Abril, e sob o lema “Paz,
HISTÓRIA CONTEMPORÂNEA 57
conquistaram o poder na Revolução de Outubro. O governo bolchevique adotou, de
A reação da elite russa às ações bolcheviques não tardou, e a Rússia, que há pouco
saíra da Grande Guerra, mergulhava em uma violenta guerra civil. Lênin adotou uma
suprimindo liberdades e proibindo partidos políticos. O czar e sua família foram mor-
Terminada a guerra, Lênin adotou a Nova Política Econômica (NEP), a fim de recupe-
rar economicamente a Rússia. “Um passo atrás, para dar dois passos à frente”, como
transportes e indústrias de base permaneceriam sob controle estatal. A ideia era im-
então Partido Comunista. Josef Stálin (1878-1953) foi conduzido ao cargo de Secre-
tário-Geral. No mesmo ano, outros países aderiram à Rússia, e foi criada a União das
Em 1923, Lênin adoeceu, falecendo no ano seguinte. Stálin assume o governo, embo-
ra para muitos o sucessor natural de Lênin seria Trotsky. O regime stalinista se esten-
deria por quase 30 anos, tendo papel preponderante nos acontecimentos mundiais.
dos regimes mais brutais e cruéis da história. Mas isso é assunto para a Unidade III.
58 HISTÓRIA CONTEMPORÂNEA
PrÉ-reQuisitOs Para a cOmPreensÃO da unidade
te, nos séculos XIX e XX, do Colonialismo, que teve seu apogeu entre os
Grande Guerra.
Grande Guerra.
• Entender a situação social e econômica russa durante a Primeira Guerra Mun-
após ter destruído a pirataria no Mediterrâneo, cuja existência no século XIX é uma
vergonha para a Europa inteira, agora temos outra missão não menos meritória, de
fazer penetrar a civilização num continente que ficou para trás...” (“Da influência civi-
mativas abaixo:
II. Aquela não era a primeira vez que o continente africano era alvo dos interes-
ses europeus.
HISTÓRIA CONTEMPORÂNEA 59
III. Uma das preocupações dos países, como a França, que participavam da ex-
60 HISTÓRIA CONTEMPORÂNEA
a) A necessidade de controlar regiões produtoras de matérias-primas essenciais
à indústria capitalista.
b) A ideologia da superioridade racial dos povos europeus que levariam aos “po-
própria metrópole.
a) A humilhação sofrida pela China, durante um século e meio, era algo inimagi-
b) A civilização deve ser imposta aos países e raças onde ela não pode nascer
espontaneamente.
c) A invasão de tecidos de algodão do Lancashire desferiu sério golpe no artesa-
nato indiano.
HISTÓRIA CONTEMPORÂNEA 61
5) (PUCCAMP) A Revolução Socialista na Rússia, em 1917, foi um dos acontecimen-
tos mais significativos do século XX, uma vez que colocou em xeque a ordem so-
de abastecimento de alimentos.
d) Foi liderada por Stalin, a partir de outubro, que estabeleceu a tese da necessidade
Vamos agora disponibilizar para você alguns artigos e links, mediante sites na inter-
net, para que possas acessar e realizar estudos sobre assuntos ligados aos temas da
Artigos
62 HISTÓRIA CONTEMPORÂNEA
MARQUES, Elionay Rodrigues. A Primeira Guerra Mundial nas lembranças de
Sites
<http://www.historiapensante.blogspot.com>.
<http://revistaculturacidadania.blogspot.com.br>.
Filmes recOmendadOs
Na unidade II, você estudou sobre a Primeira Guerra Mundial. Um filme interessante
Lançamento: 2001
Duração: 92 min.
nos, poloneses, todos de Nova York, liderados pelo major Charles Whittlessey, um
civil convocado para a guerra. Cercado pelas tropas inimigas, ao batalhão foram
HISTÓRIA CONTEMPORÂNEA 63
escapar de uma situação onde tudo parecia impossível. O Major, sem experiência
de guerra, foi condecorado pelo congresso com a medalha de honra dedicada aos
Para melhorar sua compreensão do conteúdo, compartilhe com seus colegas e pro-
participe dos Fóruns de discussão. Listamos abaixo algumas questões para fomentar
as suas discussões.
dia, podemos falar que, de certa maneira, ele permanece? Se sim, exemplifique.
3. O evento que fez com que eclodisse a Primeira Guerra Mundial foi o atentado
64 HISTÓRIA CONTEMPORÂNEA
UNIDADE III – AS DÉCADAS DE CRISE
capaz de:
Mundial.
HISTÓRIA CONTEMPORÂNEA 65
O FIM DA PRIMEIRA GUERRA E O TRATADO DE VERSALHES
Para os padrões da época (e para os de qualquer outro período), o saldo da Primeira
batentes, dos quais metade morreu ou ficou gravemente ferido. A destruição dos paí-
Há que se lembrar, ainda, o grande trauma provocado pelo conflito entre a população
europeia. A Europa convivia com guerras desde os tempos antigos. Todavia, o número
pós-guerra. Uma proposta de tratado de paz foi apresentada pelo presidente norte
mentais, razão pela qual ficou conhecida como os “14 pontos de Wilson”. Sua ideia
conflito deveriam ser partilhadas entre os países envolvidos. Todavia, ingleses e fran-
rivalidades de ambos com a Alemanha, eles viam seus inimigos derrotados como os
salhes, na França. Assim, em abril de 1919, surgia a Liga (ou Sociedade) das
66 HISTÓRIA CONTEMPORÂNEA
A organização da Sociedade das Nações era assim dividida:
quase toda a culpa pelo conflito sobre os alemães, que, dessa forma, sofreria drásti-
Impôs-se à Alemanha uma paz punitiva, justificada pelo argumento de que o Estado é o
único responsável pela guerra e todas as suas consequências (a cláusula da “culpa de
guerra”), para mantê-la permanentemente enfraquecida. Isso foi conseguido não tanto
por perdas territoriais [...]; essa paz punitiva foi, na realidade, assegurada privando-se
a Alemanha de uma marinha e uma força aérea efetiva; limitando-se seu exército a 100
mil homens; impondo-se “reparações” (pagamentos dos custos da guerra incorridos
pelos vitoriosos) teoricamente infinitas; pela ocupação militar de parte da Alemanha Oci-
dental; e, não menos, privando-se a Alemanha de todas as suas colônias no ultramar
(HOBSBAWM, 2012, p.43).
HISTÓRIA CONTEMPORÂNEA 67
• Os territórios coloniais alemães seriam divididos entre os vencedores;
• Uma pesada indenização deveria ser paga pelos alemães para reparar os
Assim, o Tratado punia a Alemanha, e buscava impedir que ela pudesse, no futuro,
foi redesenhado.
30 Também tinham de aceitar a criação do “corredor polonês”, uma estreita faixa de terra que atra-
vessava o território alemão, dando à Polônia uma saída para o mar pelo porto de Dantzig. Esta
cidade foi considerada “Cidade Livre de Dantzig”, sendo administrada pela Liga das Nações.
68 HISTÓRIA CONTEMPORÂNEA
A Europa após a Grande Guerra
Fonte: <https://profjosepsantos.wordpress.com/2012/05/21/consequencias-da-primeira-guerra-mundial/#jp-carou-
sel-349>. Acesso em: 22 mar. 2016
O término do conflito na Europa representou, por um lado, um alívio, trazendo paz após anos
de conflito; por outro, emergia uma tarefa urgente: reconstruir o que a guerra havia destruído.
HISTÓRIA CONTEMPORÂNEA 69
Ao final da guerra, o Segundo Reich foi derrubado. Com a queda do sistema monár-
Em razão das dificuldades alemãs, muitos criticavam essa forma de governo que,
por grande parte da população, a República de Weimar se estenderia até 1933, sendo
cada de 1920. Porém, essa recuperação seria interrompida pela maior crise pela qual
íses. Enquanto isso, os Estados Unidos tornavam-se a maior potência econômica mun-
dial. Os anos 1920 são chamados nos Estados Unidos de os “Anos Felizes”. Um grande
Unidos dos anos 1920), o fordismo caracterizava-se pela introdução das linhas de
31 Recebeu esse nome pelo fato de a capital ter sido transferida para a cidade de Weimar.
70 HISTÓRIA CONTEMPORÂNEA
montagem, fixando os trabalhadores em seus postos de trabalho, enquanto as pe-
ças necessárias à produção chegavam a eles trazidos por esteiras. A divisão de tra-
Com tanta produção, era necessário elevar o consumo. Assim, crescia nos Estados
a de que, para viver bem, era necessário possuir itens da última moda e novidades
Com o novo papel que os Estados Unidos ocupavam no cenário mundial, esse estilo
de vida foi difundido para outros países. Esse comportamento seria o precursor do
Macedônia Ocidental).
HISTÓRIA CONTEMPORÂNEA 71
• Turquia: o Tratado de Sèvres (1920) determinou a independência da Armênia,
e parte do território turco passaria a ser grego. Os franceses controlariam a
mano, um dos maiores do mundo por séculos, também tinha seu território drastica-
mente reduzido.
Na Turquia, uma rebelião liderada por Mustafá Kemal (1881-1938) pôs fim ao Império,
os territórios reconquistados.
queda do regime czarista (como vimos na Unidade II). Era o fim do Império Russo.
guerra civil teve início, com vitória dos partidários de Lênin e Trotsky em 1921.
t-Litovski, fez com que os russos perdessem vastos territórios. Outras regiões des-
membraram-se durante a Guerra Civil. Com a vitória bolchevique, muitos desses Es-
tados foram reincorporados à nova República Socialista Soviética Russa. Dois anos
mais tarde, em 1924, a nova Constituição ratificou a criação da União das Repúblicas
Após a morte do grande líder da revolução, Lênin, uma disputa se abriu pela
sua sucessão. Leon Trotsky e Josef Stalin tinham propostas divergentes sobre a
condução da revolução.
72 HISTÓRIA CONTEMPORÂNEA
Trotsky defendia a “revolução permanente”, ou seja, a internacionalização da revolu-
ção. A seu ver, a única chance de sucesso do Socialismo seria converter-se em uma
revolução global.
na Rússia, o que lhe transformaria em uma potência capaz de se defender sozinha (e,
o poder de um ditador.
Para fortalecer seu poder pessoal, Stalin promoveu inúmeras perseguições a todos
que, a seu ver, eram – ou poderiam vir a ser – ameaças a seu poderio. O “Grande
panheiros de Lenin que, com ele, tomaram o poder em 1917, como Rikov, Zinoviev e
HISTÓRIA CONTEMPORÂNEA 73
Exército Vermelho na Guerra Civil, percorrendo os campos de batalha a bordo de um
trem blindado. Vencido o conflito, Trotsky, um renomado intelectual, foi nomeado Co-
missário do Povo (Ministro) para as Relações Exteriores. Era uma espécie de herói
no. Depois, Trotsky foi exilado, obrigado a abandonar a URSS. Anos mais tarde, em
1940, Leon Trotsky foi assassinado, no México, por um assassino enviado por Stalin.
No âmbito econômico, Stalin substituiu a NEP – Nova Política Econômica – criada por
pulando metas a serem atingidas a cada cinco anos. Em 1939, dois planos quinque-
nais já haviam sido aplicados, ambos com esforços de expansão da indústria pesada.
propriedades que haviam sido autorizadas pela NEP. Foram instaladas as kholkozes,
cooperativas cuja produção (mas não a terra) pertencia aos trabalhadores, e os so-
O regime stalinista foi brutal com seu povo; todavia, levou a URSS a um desenvolvi-
mento industrial gigantesco. Quando assumiu, em 1924, Stalin herdou um país atra-
sado. Quando morreu, em 1953, deixava uma potência nuclear que exercia sua influ-
A Crise de 1929
Como vimos no início dessa Unidade, os anos 1920 foram de reconstrução e re-
74 HISTÓRIA CONTEMPORÂNEA
e sua economia apresenta um crescimento vertiginoso, alçando-os à condição de
acionário. Grande parte da população investia em Wall Street32. Tamanho era o otimis-
O clima quase eufórico da primeira metade daquela década impediu que os sinais
da crise fossem notados. E o governo, pautado por uma ideologia liberal, baseada
HISTÓRIA CONTEMPORÂNEA 75
nas ideias de Adam Smith (como vimos na Unidade I, defendia uma economia com o
mínimo de intervenção estatal) e, portanto, não interferia na economia, que era “con-
Muitas das empresas, que antes publicavam dados – reais – demonstrando sua pros-
Como o crédito era facilitado, tanto para pessoas físicas como para jurídicas, com a
fazendo com que seus valores oscilassem muito. Com essas oscilações, mais e mais
pessoas, temendo uma desvalorização maior, colocavam suas ações à venda. Mui-
desvalorização de suas ações, tentando negociar suas ações a qualquer preço, mas
não havia compradores. Era o crash (quebra) da Bolsa de Valores de Nova Iorque,
para saldar suas dívidas. A crise tornara-se mundial. Era a Grande Depressão.
O apogeu da crise foi o ano de 1932. Os EUA eram então governados pelo republica-
mocrata saiu vitorioso nas eleições daquele ano. O novo presidente eleito se tornaria
76 HISTÓRIA CONTEMPORÂNEA
a pessoa que por mais tempo governou os Estados Unidos (12 anos): Franklin Delano
Roosevelt (1882-1945).
política econômica iniciar uma gradativa recuperação da economia dos Estados Uni-
33 A construção civil foi um dos setores fundamentais que impulsionaram o New Deal. Estima-se que,
entre 1933 e 1941, cerca de 8 milhões de postos de trabalho foram criados pelas obras estatais.
34 Ao todo, Roosevelt cumpriu 4 mandatos consecutivos, até sua morte, em 1945, tendo sido o pri-
meiro e único presidente dos Estados Unidos a exercer o cargo por mais de dois mandatos.
HISTÓRIA CONTEMPORÂNEA 77
O FENÔMENO TOTALITÁRIO: O FASCISMO ITALIANO, O NAZISMO
ALEMÃO, O COMUNISMO RUSSO
Como vimos, a Grande Depressão atingiu fortemente todas as economias capitalistas
tuação. Novas ideias sobre formas de governo sólidas eram elaborados, e o ideário
tário e centralizado, são criados nesses países. Exaltavam a nação e sua unidade. Os
deveria servir à nação, e aqueles considerados uma ameaça à coesão nacional deve-
riam ser perseguidos e eliminados. Sob fortes princípios militaristas, como a unidade,
(1889-1945) na Alemanha.36
35 A Itália, que no início da Primeira Guerra Mundial era aliada da Alemanha, mudou de lado em
1915, passando para o lado da Entente, por receber promessas de concessões territoriais, o
que não se concretizou. Com isso, os italianos chamavam sua participação na Grande Guerra
de “vitória mutilada”.
36 Devemos ainda destacar a ditadura do General Francisco Franco (1892-1975) na Espanha. Após vio-
lenta guerra civil (1936-1939), saíram vitoriosas as tropas franquistas – que contaram com apoio italiano
e alemão -, instituindo um regime de cunho fascista na Espanha que durou até a morte do ditador.
78 HISTÓRIA CONTEMPORÂNEA
Esses regimes políticos que se instalaram nesses países tinham características se-
melhantes. Na Itália, ele chegou ao poder primeiro. Por isso, podemos dizer que o
exigindo o poder. Sem condições de resistir à Marcha Sobre Roma, o rei Vítor Ema-
Aos poucos, Mussolini foi ampliando seu poder e eliminando a oposição, como no caso
O duce (“condutor”, “guia”), como passava a ser chamado, tornava-se ditador na Itália.
de forma tal que os trabalhadores ficaram sob o domínio do Estado. No âmbito econô-
HISTÓRIA CONTEMPORÂNEA 79
atingia grande parte da população. Nesse contexto, Hitler e seus partidários nazistas
o livro onde expunha muitas das ideias colocadas em prática anos depois, o Mein
Após alguns meses na prisão, Hitler é solto, e parece perceber que não seria pela luta
armada que chegaria ao poder. A Grande Depressão agravou muito a situação alemã,
e o Partido Nazista, apoiado pelas elites e pela classe média, que temiam o avanço
às Democracia Liberal, ao Comunismo, aos judeus. Por outro lado, exaltava a “raça
Pode-se imaginar o impacto dessas ideias em uma população miserável e sem es-
do eleitorado alemão entre 1929 e 1932. Assim, nas eleições de 1932, os nazistas
Hitler foi nomeado chanceler alemão. Pouco depois, após um incêndio no Reichstag,
sendo substituída pelo Terceiro Reich Alemão, nas palavras de Hitler, o “Reich de mil
80 HISTÓRIA CONTEMPORÂNEA
O regime fascista instalado por Hitler, como no caso do Fascismo italiano, valia-se dos
liciais políticas (como a SA e a SS) e uma temida polícia secreta (GESTAPO) perseguiam
base racial nazista. Para Hitler, os arianos eram uma “raça superior”, destinada a go-
foram utilizados por Hitler como uma grande peça de propaganda sobre os avanços
ofuscada pelo atleta Jesse Owens (1913-1980), dos Estados Unidos, que conquistou
quatro medalhas de ouro naqueles Jogos. Hitler, que deveria entregar a premiação ao
vencedor dos 100 metros rasos, abandona o Estádio Olímpico ao perceber a vitória
de Owens. O fato de Owens ser negro era ainda mais “humilhante”, segundo Hitler.
Fascismo e Nazismo são regimes totalitários de extrema direita. Seu “arquirrival”, portan-
glaterra e França temiam o avanço desses ideais para o Ocidente da Europa. Assim,
HISTÓRIA CONTEMPORÂNEA 81
os regimes fascistas na Itália e na Alemanha, países centrais na Europa, represen-
viram obrigados a agir, era quase tarde demais. A derrubada desses regimes fascistas
só foi possível com a ocorrência da Segunda Guerra Mundial (1939-1945). Isso, nós
da época.
chamas da guerra […]. Para os que cresceram em 1914 o contraste foi tão impressio-
nante que se recusaram a ver qualquer continuidade com o passado. Paz significava
‘antes de 1914’. […] depois disso veio algo que não merecia esse nome. Era compre-
(HOBSBAWM, Eric. A Era dos extremos: o breve século XX 1914-1991. São Paulo:
82 HISTÓRIA CONTEMPORÂNEA
Do conjunto de mudanças mundiais decorrente do conflito mencionado no texto, des-
taca-se a(o):
nova geopolítica, fruto das deliberações e dos tratados dos países vencedores.
incorreta:
tado, sendo que qualquer outra forma de ordenação das atividades produtivas
diferentes grupos políticos divergentes da orientação oficial. Por isso, tais go-
HISTÓRIA CONTEMPORÂNEA 83
d) Os governos totalitários estabeleceram as forças armadas e policiais como
e a Segunda Guerras Mundiais. Qual dos países indicados abaixo não pode ser con-
a) Alemanha nazista.
b) Itália fascista.
c) URSS stalinista.
d) Inglaterra de Churchill.
e) Espanha de Franco.
84 HISTÓRIA CONTEMPORÂNEA
4) (CESGRANRIO) A política “New Deal” (1933-39), implementada nos Estados Uni-
infraestrutura.
públicas.
HISTÓRIA CONTEMPORÂNEA 85
artiGOs, sites e LINKS
Caro(a) Aluno(a),
Vamos agora disponibilizar para você alguns artigos e links, mediante sites na inter-
net, para que possas acessar e realizar estudos sobre assuntos ligados ao tema da
Artigos
PV4rBR.pdf>.
pesquisa/texto1509.pdf>.
Sites
<http://www.historianet.com.br>.
<http://www.hisroriadetudo.com>.
86 HISTÓRIA CONTEMPORÂNEA
Filmes recOmendadOs
Na unidade III, você estudou sobre a ascensão de Josef Stálin ao comando da União
Soviética, onde permaneceria por quase três décadas. Após o colapso da U.R.S.S. a
rede de TV HBO produziu um filme sobre Stálin, baseado nas memórias de sua filha,
Lançamento: 1992
até sua morte, em 1953, explicitando os bastidores do terror político soviético naquele
tuição histórica, com cenas filmadas no próprio Kremlin. Narrado pela própria filha de
Stálin, Svetlana Alliluyeva, que escreveu um livro chamado “Vinte Cartas a um Amigo”,
HISTÓRIA CONTEMPORÂNEA 87
PrOPOsta Para discussÃO ON-LINE
Caro(a) Acadêmico(a),
Para melhorar sua compreensão do conteúdo, compartilhe com seus colegas e pro-
participe dos Fóruns de discussão. Listamos abaixo algumas questões para fomentar
as suas discussões.
salhes. Ele colocava quase toda a culpa pelo conflito sobre a Alemanha, sub-
consequências à Alemanha.
2. Os regimes totalitários ascenderam ao poder na Europa entre as décadas de
gresso econômico, em curto prazo, a seus países. Em sua opinião, “os fins
3. A Crise de 1929 foi causada por vários fatores, como vimos. A Grande Depres-
são que se seguiu atingiu grande parte do mundo, e levou quase uma década
para ser superada. Em 2008, uma nova crise econômica explodiu nos Estados
Unidos, inicialmente em seu setor imobiliário, mas que logo se expandiu para
88 HISTÓRIA CONTEMPORÂNEA
UNIDADE IV – A SEGUNDA GUERRA
MUNDIAL
capaz de:
HISTÓRIA CONTEMPORÂNEA 89
CAMINHANDO PARA A DESTRUIÇÃO TOTAL: ANTECEDENTES DA
SEGUNDA GUERRA MUNDIAL
Na Unidade III, vimos que, após a Primeira Grande Guerra, houve enfraquecimen-
Nesse contexto, a fraca Liga das Nações parecia incapaz de manter a paz.
A Itália sentia-se injustiçada pelo Tratado de Versalhes, pois não obteve as regiões na
África e nos Bálcãs que lhe haviam sido prometidas. Consideravam sua participação
na Grande Guerra uma “vitória mutilada”. Por isso, em 1935, invadiram a região da
conquistou a Albânia.
No mesmo ano, a Alemanha assinou com o Japão o Pacto Anti-Comintern, para bar-
Portanto, estava formado o Eixo (Alemanha, Itália e Japão), que seria derrotado nove
O Japão também objetivava uma expansão territorial, a fim de estender seus domínios
90 HISTÓRIA CONTEMPORÂNEA
que era apoiada pelos chineses. Depois, em 1935, invadiram a própria China. A Liga
tado de Versalhes. O Exército alemão que, de acordo com Versalhes deveria ficar
limitado a 100 mil homens, contava com cerca de 4 milhões de soldados em 1939. A
milhares de aviões.
Novas estratégias e táticas militares foram desenvolvidas, com destaque para a Blit-
ções, Hitler anexou a Áustria (Anschluss) em 1938. Ainda em 1938, exigiu a incorpo-
ração dos Sudetos, território da Tchecoslováquia, que tinha grande população alemã.
Diante da recusa do governo tcheco em ceder, Hitler ameaçou declarar guerra. In-
obrigada a ceder os Sudetos à Alemanha em troca da paz. Hitler prometera que aque-
la seria sua última exigência territorial. Seis meses depois, entretanto, quebrou sua
Hitler reivindicou a cidade livre de Dantzig e a faixa de terra conhecida como “Corredor
HISTÓRIA CONTEMPORÂNEA 91
Polonês”, perdidas pela Alemanha ao final da Primeira Guerra Mundial (como visto na
Unidade III). Ingleses e franceses ameaçaram os alemães, afirmando que não tolera-
Todavia, a questão que emerge em nossos estudos é: por que as potências ocidentais nada
mais óbvia era a tentativa de evitar um novo conflito. Porém, a situação era mais complexa.
O avanço das ideologias socialista na Europa foi bastante significativo nas décadas
de 1920 e 1930, impulsionada pela consolidação do regime soviético. Tais ideias ater-
avanço do ideário comunista à Europa Ocidental. Quanto mais fortes esses regimes,
menor a possibilidade de difusão das ideias comunistas. Isso ficou conhecido como
Política do Apaziguamento.
pacto determinava a divisão da Polônia entre as duas potências. Hitler e Stalin que-
riam evitar um conflito imediato entre os dois países, embora o pacto não significasse
russos, Hitler decidiu invadir a Polônia, após forjar um ataque polonês a suas tropas.
Assim, no primeiro dia de setembro de 1939, a blitzkrieg nazista era lançada sobre o
lado ocidental da Polônia. Dias depois, a URSS tomou o lado oriental. Em três sema-
92 HISTÓRIA CONTEMPORÂNEA
Ingleses e franceses declaram guerra aos alemães. Ficaram conhecidos como Alia-
dos, pois estavam unidos contra o Eixo. Tinha início o mais mortífero conflito de todos
Os primeiros anos do conflito foram marcados pelo rápido avanço alemão. A devas-
10 de maio, Hitler lançou afinal sua ofensiva contra os Exércitos francês e inglês na
frente ocidental. Até então, os dois países pouco tinham feito de efetivo no conflito.
A fulminante vitória das forças armadas alemãs, nessa campanha (da França), que
durou realmente de 10 de maio a 16 de junho, foi atribuída, na época, à superioridade
quantitativa e qualitativa do armamento alemão (RUESCAS, 2004, p.402).
O avanço alemão sobre território francês forçava o recuo das Forças Aliadas. Nesse
350 mil soldados conseguiram chegar à costa inglesa. A conquista da França foi tão
rápida que os alemães conseguiram se apossar de quase todo o material bélico que
Com Paris ocupada, a França foi dividida: parte do território ficou sob domínio direto
nazista. Na outra parte, com capital na cidade de Vichy, formou-se um governo fascis-
ta, comandado pelo marechal Henri Philippe Pétain (1856-1951). Em oposição ao go-
francesa. Por meio da rádio BBC de Londres, de Gaulle exaltava os franceses a luta-
39 A Linha Maginot foi uma linha de fortificações e de defesa construída pela França ao longo de suas fron-
teiras com a Alemanha e a Itália, após a Primeira Guerra Mundial, mais precisamente entre 1930 e 1936.
HISTÓRIA CONTEMPORÂNEA 93
Somente após a derrota francesa a Itália entrou de maneira efetiva no conflito. Em
setembro de 1940, foi assinado o Pacto Tripartite, por meio do qual formalizava-se a
a Royal Air Force (RAF), a Força Aérea Real, da Inglaterra, conseguiu rechaçar os
gênio militar. Assim, Hitler, mesmo desaconselhado por seus generais, decide atacar
dois anos antes. Hitler decidiu, contrariando seus principais generais, realizar a in-
vasão dividindo as tropas em três frentes: a do Norte, que pretendia tomar Leningra-
do; a do centro, que rumava para Moscou; e a do Sul, cujo objetivo eram as férteis
40 O desenvolvimento de novas tecnologias, como o radar, foi fundamental para a RAF con-
seguir rechaçar a Luftwaffe. Por mar, a Marinha da Inglaterra também repelia os alemães,
impedindo uma invasão.
94 HISTÓRIA CONTEMPORÂNEA
As mais sangrentas batalhas da Segunda Guerra foram travadas na frente oriental, en-
tre Alemanha nazista e União Soviética. Na luta contra os soviéticos, Hitler concentrou
a maior parte de seus exércitos (cerca de 65%), seus melhores equipamentos militares
e tropas de elite nazistas. Em defesa da União Soviética morreram mais de 20 milhões
de pessoas, das quais quase metade eram civis (COTRIM, 1999, p.403).
As forças do Eixo em território soviético contavam com mais de 4,5 milhões de solda-
dos. Com uma força tão descomunal, Hitler acreditava em uma vitória rápida. Porém,
a vastidão territorial e o clima da URSS tornavam a vitória bem mais difícil que seu
Enquanto isso, no Extremo Oriente, os interesses japoneses sobre o Pacífico logo en-
ses atacaram a base militar de Pearl Harbor, colocando os Estados Unidos no conflito.
A entrada dos dois gigantes no conflito – Estados Unidos e União Soviética – iria desequi-
librar o conflito, pesando a favor dos Aliados. Cerca de três anos depois, o Eixo capitularia.
HISTÓRIA CONTEMPORÂNEA 95
conseguiu sair vitorioso. As tropas nazistas, esperando uma campanha rápida, não
estavam preparadas para o rigoroso inverno russo. Temperaturas de até 40 graus ne-
gogrado), iniciando aquela que seria a mais sangrenta de todas as batalhas da guer-
ra, com cerca de duas milhões de baixas (mortos, feridos e desaparecidos). A vitória
soviética representaria uma guinada no conflito. Era a primeira vez que um general
Mussolini foi preso, mas tropas nazistas retomaram Roma e libertaram-no. Pouco
depois, Mussolini foi novamente preso por tropas italianas da resistência antifascista,
41 Na prática, tornavam-se áreas de domínio – direto ou indireto – soviético durante a Guerra Fria.
96 HISTÓRIA CONTEMPORÂNEA
No início de 1945, a Alemanha encontrava-se cercada, e a derrota era iminente. Po-
rém, a rendição não parecia ser uma opção para Hitler, que teria se suicidado a 30 de
No Pacífico, a guerra ainda se estenderia até setembro, quando os EUA deram uma
clara demonstração de seu poderio militar ao mundo, lançando duas bombas atô-
criar um organismo multilateral que pudesse evitar uma nova guerra. Em 24 de ou-
tubro de 1945, foi criada a Organização das Nações Unidas (ONU), substituindo a
Uma nova ordem mundial emergia, caracterizada pelo equilíbrio de forças entre os pa-
entre esses dois sistemas. A disputa pela hegemonia mundial entre os sistemas ca-
diais, EUA e URSS. A Segunda Guerra tinha terminado, e iniciava-se a Guerra Fria42.
divisão era tão nítida que parecia uma “cortina de ferro” separando os dois lados.
42 Formalmente, a Guerra Fria tem início em 12 de março de 1947, quando o presidente dos EUA
Harry Truman fez um discurso afirmando que o Ocidente faria todo o possível para conter o avan-
ço do comunismo (Doutrina Truman).
HISTÓRIA CONTEMPORÂNEA 97
Fonte: <http://www.prof2000.pt/users/afp/ides8.htm>. Acesso em: 22 mar. 2016
era uma divisão entre três países capitalistas e um socialista, em 1949 a Alemanha foi
dividida em duas:
Berlim também seria dividida, e em 1961, o maior símbolo da Guerra Fria foi cons-
truído, o Muro de Berlim que, até 1989, dividiu a cidade em duas. A reunificação da
plano de ajuda financeira aos países europeus conhecido como Plano Marshall. Era
98 HISTÓRIA CONTEMPORÂNEA
Duas poderosas organizações militares surgiram na Guerra Fria: a Organização do
Tratado do Atlântico Norte (OTAN), liderada pelos Estados Unidos; e o Pacto de Var-
também merece destaque: inicialmente, a ideia era levar um homem ao espaço, feito
Yuri Gagarin (1934-1968) em órbita. O objetivo passava a ser, então, pousar na Lua,
continuam sem um Estado independente até hoje. A inserção dos judeus em uma re-
A China, invadida pelos japoneses na Segunda Guerra Mundial, foi desocupada com a
derrota nipônica. O poder foi devolvido pelos aliados a Chiang Kai-shek (1887-1975). A
luta entre Nacionalistas e Comunistas, existente desde a década de 1910 na China, foi re-
43 Movimento que, desde seu primeiro congresso, em 1897, defendia a criação de um Estado inde-
pendente para os judeus na Palestina, a “Terra Prometida”.
HISTÓRIA CONTEMPORÂNEA 99
No primeiro dia do ano de 1959, em Cuba, uma revolução tirava o ditador Fulgên-
cio Batista (1901-1973) do poder, assumindo em seu lugar Fidel Castro. As ideias
via, os irmãos Castro ainda governam Cuba, e o embargo prevalece até hoje, embora
aproximações recentes entre os dois países leva a crer em uma abertura do regime
E foi justamente em Cuba que a Guerra Fria teve seu momento de maior tensão, com
nuclear caso os mísseis fossem instalados em território cubano. A situação foi contor-
Todavia, se a Guerra Fria foi caracterizada pelos confrontos entra americanos e so-
viéticos, eles nunca se tornaram conflitos militares diretos entre os dois países. Indi-
sua derrota na Segunda Guerra Mundial, forças dos Estados Unidos e da União Sovi-
ao Sul. Acordos para a realização de eleições não foram firmados, e cada lado acabou
fronteira entre as duas coreias. Em 25 de junho de 1950, tropas da Coreia do Norte in-
vadiram seu vizinho do Sul, iniciando o conflito, que se estenderia até 1953 e deixaria
Já no Vietnã, antiga colônia francesa, o conflito foi antecedido pela Guerra da Indochina
em Norte (de sistema socialista) e Sul (capitalista), tendo o paralelo 17 como fronteira.
Em 1955, estourou uma guerra entre os dois novos países. Os EUA, inicialmente, par-
1960, a participação americana aumentou, chegando a contar com 543 mil soldados
Nos anos 1970, pressionado pela opinião pública norte-americana, o governo dos
derrotado em 1975.
Já no âmbito econômico, entre fins dos anos 1970 e início dos 1980, capitaneada por
Estados Unidos e Inglaterra, organizava-se uma retomada das ideias de Adam Smith.
ras Negras colocavam a luta armada no centro das questões raciais norte-americanas.
Na França, em maio de 1968, uma grande greve eclodiu. Iniciada como uma greve
outros franceses aderiram, criando uma greve geral e exigindo a convocação de no-
No final da década, nova alta nos preços, agora intencionalmente causada pela Orga-
nização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP), que diminuiu a produção para
valorizar seu produto. Na década de 1990, mais especificamente em 1991, nova crise
tário soviético, Mikhail Gorbatchev, lançava seus planos para reestruturar a economia
Ambos, entretanto, fracassaram. A União Soviética não tinha mais forças para manter
suas áreas de influência – o caso mais emblemático foi a queda do Muro de Berlim,
Porém, os países que compunham o bloco soviético começaram a declarar sua in-
mesmo ano, renuncia. Com ele, se encerrava a União Soviética, que dividira com os
EUA o mundo nas décadas anteriores. Chegava ao fim o “breve século XX44”.
44 Como o renomado historiador britânico Eric J. Hobsbawm (1917-2012) chamava o período entre o
início da Primeira Guerra Mundial (1914) e o fim da União Soviética (1991). É título de seu mais fa-
moso livro, “A Era dos Extremos: o Breve Século XX (1914-1991), que consta em nossas referências.
leça a correspondência:
a) Blitzkrieg
b) Kamikaze
c) A Grande Aliança
d) As nações do Eixo
e) Nagasaki
( ) Guerra relâmpago.
a) 2, 3, 5, 4 e 1.
b) 1, 2, 5, 4 e 3.
c) 1, 5, 2, 4 e 3.
d) 1, 5, 2, 3 e 4.
e) 4, 5, 2, 3 e 1.
3) (Enem) Os 45 anos que vão do lançamento das bombas atômicas até o fim da
União Soviética não foram um período homogêneo único na história do mundo. [...]
70. Apesar disso, a história deste período foi reunida sob um padrão único pela situ-
ação internacional peculiar que o dominou até a queda da União Soviética (HOBS-
BAWM, Eric J. A era dos extremos. São Paulo: Companhia das Letras, 1996).
O período citado no texto e conhecido por Guerra Fria pode ser definido como aquele
b) Domínio dos países socialistas do Sul do globo pelos países capitalistas do Norte.
te os anos 1930.
d) Disputa pela supremacia da economia mundial entre o Ocidente e as potências
Guerra Mundial.
pode comprovar pelo seguinte trecho, retirado de texto sobre propostas prelimi-
nares para uma revolução cultural: “É preciso discutir em todos os lugares e com
não é privilégio de uma minoria de iniciados. Não devemos nos surpreender com
o caos das ideias, pois essa é a condição para a emergência de novas ideias. Os
pais do regime devem compreender que autonomia não é uma palavra vã; ela su-
põe a partilha do poder, ou seja, a mudança de sua natureza. Que ninguém tente
rotular o movimento atual; ele não tem etiquetas e não precisa delas” (Journal de
de anos para sua criação. A maioria dos poços encontra-se no Oriente Médio, na
do século XIX, quando era usado na indústria e hoje é um dos grandes fatores de
a) A primeira foi em 1973, quando os EUA tentaram invadir Israel para dominar
os poços de petróleo desse país; a segunda foi em 1979, quando foi criado o
b) A primeira foi em 1973, quando houve uma crise de produção no Oriente Mé-
segunda foi em 1979, quando o Kuwait se recusou a vender petróleo aos EUA;
a terceira foi em 1991, quando começou a guerra dos EUA com o Afeganistão.
c) A primeira foi em 1973, devido ao conflito árabe-israelense; a segunda em
Vamos agora disponibilizar para você alguns artigos e links, por meio de sites na in-
ternet, para que possas acessar e realizar estudos sobre assuntos ligados ao tema da
Artigos
revistas2.uepg.br/index.php/rhr/article/view/2119/1600>.
<http://www.historia.uff.br/tempo/resenhas/res1-2.pdf>.
wp-content/uploads/2013/01/Fernando-Rieger-Yves-Teixeira.pdf>.
Sites
<http://www.pt.worldwar-two.net>.
<http://www.portalbrasil.net/historiageral>.
sistemático dos judeus pelo regime nazista. O Holocausto, bem como a Segunda
Guerra Mundial e a Guerra Fria, são objetos de uma extensa filmografia. A nossa
Gênero: História/Guerra/Drama/Biografia
Lançamento: 1993
ta, sedutor, “armador”, simpático, comerciante no mercado negro, mas, acima de tudo,
um homem que se relacionava muito bem com o regime nazista, tanto que era mem-
bro do próprio Partido Nazista (o que não o impediu de ser preso algumas vezes, mas
dos seus defeitos, ele amava o ser humano e assim fez o impossível, a ponto de perder
a sua fortuna mas conseguir salvar mais de mil judeus dos campos de concentração.
Para melhorar sua compreensão do conteúdo, compartilhe com seus colegas e pro-
participe dos Fóruns de discussão. Listamos abaixo algumas questões para fomentar
as suas discussões.
1. A Segunda Guerra Mundial foi o maior conflito já desencadeado até hoje. Seus
impactos foram tão profundos, que até hoje sentimos, sob certos aspectos,
uma “Terceira Guerra Mundial”? Se a resposta for positiva, quais países seriam
COGGIOLA, Osvaldo (org.). Ontem & hoje: Manifesto Comunista. São Paulo: Xamã,
1999.
DOSSE, François. A História em migalhas. São Paulo: Ensaio; Campinas: Ed. Uni-
camp, 1992.
ENGELS, Friedrich & MARX, Karl. O Capital: ed. condensada. Coleção Folha: livros
que mudaram o mundo – vol. 13. São Paulo: Folha de São Paulo, 2010.
HOBSBAWM, Eric. A Era das Revoluções, 1789-1848. São Paulo: Paz e Terra, 2012.
______. A Era dos Impérios, 1875-1914. São Paulo: Paz e Terra, 2011.
______. Era dos Extremos: o breve século XX, 1914-1991. São Paulo: Companhia
das Letras, 2012.
RUESCAS, Jesus (org.). História Geral. São Paulo: Sivadi Editorial, 2004.
SMITH, Adam. Riqueza das Nações: ed. condensada. Coleção Folha: livros que mu-
daram o mundo – vol. 4. São Paulo: Folha de São Paulo, 2010.
TOCQUEVILLE, Alexis de. A Democracia na América. Coleção Folha: livros que mu-
daram o mundo – vol. 16. São Paulo: Folha de São Paulo, 2010.
WARBURTON, Nigel. Uma breve história da filosofia. Porto Alegre: L&PM, 2012.
WELLS, H. G. História Universal – vol. 3. São Paulo: Cia Editora Nacional, 1977.