Livro Cadeias Musculares Do Tronco PDF Ed Sarvier
Livro Cadeias Musculares Do Tronco PDF Ed Sarvier
Livro Cadeias Musculares Do Tronco PDF Ed Sarvier
Cadeias Musculares do
Tronco
A Evolução Biomecânica das
Principais Cadeias
Janaína Cintas
Escritora e fisioterapeuta graduada pela Universidade da Cidade de São Paulo, foi monitora no terceiro
e quarto ano da professora e doutora da Universidade de São Paulo, Elisabete Alves Gonçalves
Ferreira. Posteriormente se aperfeiçoou em Gerontologia na Pós-graduação da Universidade Federal
do Estado de São Paulo, e subsequente se especializou em Cadeias Fisiológicas do Método Busquet,
Reeducação postural Global (RPG) de Philippe Souchard e Pilates. Trabalhou como fisioterapeuta no
Hospital Albert Einstein e na Clínica de reabilitação do aparelho locomotor do Dr. Joao Luiz Nobrega
(Reumatologista).foi sócia fundadora da clínica JC Pilates por Atualmente ministra cursos e palestras
sobre a Fisioterapia, faz parte do grupo Voll Pilates e tem interesse de Pesquisa nos temas Saúde,
Postura e Ensino.
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Criação da Capa
Beatriz Lobo
Ilustrações
Priscila Castro
Apresentação
Profa. Dra. Elisabeth Alves Ferreira
Referência de Imagens
Kapandji, I.A. Fisiologia Articular: esquemas comentados de mecânica humana. V – 3. 6. ed.
São Paulo: Guanabara Koogan, 2009.
Kapandji, I.A. Fisiologia Articular: esquemas comentados de mecânica humana. V – 3. 6. ed.
São Paulo: Guanabara Koogan, 2009.
Busquet, Léopold. As Cadeias Musculares – Tronco, coluna cervical e membros superiores. V –
1. Belo Horizonte, 2001.
Souchard, P E. O Diafragma. São Paulo: Summus, 1989.
Blandaime, Calais-Germain. Anatomia para o movimento. V – 2. Barueri, SP: Manole, 2010.
Blandaime, Calais-Germain. Anatomia para o movimento. V – 1. Barueri, SP: Manole, 2010.
Busquet, Léopold. As Cadeias Musculares – Membros Inferiores. V – 4. Belo Horizonte, 2001.
Godelieve, Denys-Struyf. Cadeias Musculares e articulares: o método G.D.S. São Paulo:
Summus, 1995
Beziers, Marie – Madeleine. A coordenação motora: aspecto mecânico da organização
psicomotora do homem. 3 ed. São Paulo: Summus, 1992.
UFPR-CESEC. Materiais Elastoplásticos. Estudo de Caso análise elastoplástica de uma viga
contínua.
Pilates, Joseph H., Sua saúde e Retorno a Vida Através da Contrologia. 1945.
3
Referência Bibliográfica
Kapandji, I.A. Fisiologia Articular: esquemas comentados de mecânica humana. V – 3. 6. ed.
São Paulo: Guanabara Koogan, 2009.
Blandaime, Calais-Germain. Anatomia para o movimento: introdução à análise das técnicas
corporais. 4 ed. Barueri, SP: Manole, 2010.
Busquet, Léopold. As Cadeias Musculares – Membros Inferiores. V – 4. Belo Horizonte, 2001.
Busquet, Léopold. As Cadeias Musculares – Tronco, coluna cervical e membros superiores. V –
1. Belo Horizonte, 2001.
Busquet, Léopold. As Cadeias Musculares – Lordoses, cifoses, escolioses e deformações
torácicas. Belo Horizonte, 2001.
Bertherat, Thérèse. O corpo tem suas razões: antiginástica e consciência de si. 21. ed. São Paulo:
Editora WMF Martins Fontes, 2010.
Busquet – Vanderheyden, Michèle. As cadeias fisiológicas: a cadeia visceral: abdômen/ pelve:
descrição e tratamento. V – 1. ed 2. Barueri, SP: Manole, 2009.
Busquet – Vanderheyden, Michèle. As cadeias fisiológicas: a cadeia visceral: tórax, garganta,
boca. V – VII. Barueri, SP: Manole, 2009.
Beziers, Marie – Madeleine. A coordenação motora: aspecto mecânico da organização
psicomotora do homem. 3 ed. São Paulo: Summus, 1992.
Binfait, Marcel. Os desequilíbrios estáticos fisiologia, patologia e tratamento fisioterápico. São
Paulo: Summus, 1995.
Godelieve, Denys-Struyf. Cadeias Musculares e articulares: o método G.D.S. São Paulo:
Summus, 1995.
Souchard, P E. O Diafragma. São Paulo: Summus, 1989.
Princípios da Fisiologia do Exercício no Treino dos Músculos do Pavimento Pélvico. Acta
Urológica 2009, 26; 3; 31 – 38. Margarida Ferreira ¹ Paula Santos ²
Lederman, Eyal. O mito da estabilização do tronco. 2010
4
Agradecimentos
Não temos controle sobre alguns fatos, mas temos dos nossos sonhos, e nesse
momento, gostaria que estivesse aqui meu pai, que junto a minha mãe e meu
irmão, transmitiram todas as questões éticas e morais que me conduzem até
hoje.
Aos meus pacientes que tanto me ensinaram através de seus corpos e palavras
acolhedoras de gratidão.
Apresentação
Dizem que para seguir em frente é essencial ser grato e fiel ao passado. A ordem dos fatos
e seu contexto é essencial para a compreensão de qualquer tema ou situação. Sendo assim,
devo contar que conheço a Janaína desde a sua graduação em fisioterapia, quando foi
minha aluna. Agitada, inquieta e muito inteligente fazia jus ao provérbio popular que “a
curiosidade é a mãe da sabedoria”. Depois de muitos anos, 20 para ser mais exata, fui
surpreendida com o seu convite para escrever o prefácio desse livro. Talvez seja
desnecessário descrever como fiquei feliz com o convite. Obrigada, Janaína!
Conteúdo
1 Introdução .................................................................................................................... 7
2 Anatomia e Biomecânica ............................................................................................. 8
3 Coluna Vertebral ........................................................................................................ 10
4 Sinergia Abdomino-Pélvica ..................................................................................... 277
5 Princípio de Pascal ou Lei de Pascal .......................................................................... 38
6 O Diafragma ............................................................................................................ 400
7 A realidade brasileira perante a fisioterapia ............................................................... 57
8 A fáscia muscular....................................................................................................... 61
9 As Cadeias - O que são as Cadeias Musculares? ........................................................ 63
10 Osteopatia ................................................................................................................ 64
Princípios da Osteopatia. ............................................................................................ 665
11 Madame Mézières (1947 - 1991) ............................................................................. 68
12 Marcel Bienfait ...................................................................................................... 722
13 Madame Thérèse Bertherat ...................................................................................... 75
14 Madame Godelieve Denys-Struyf G.D.S. (1960/1970) ............................................ 77
15 Suzanne Piret e Marie-Madeleine Bézieres .............................................................. 87
16 Phillipe Souchard ..................................................................................................... 94
17 Léopold Busquet ................................................................................................. 1023
18 O futuro das cadeias Musculares ........................................................................... 116
19 Josph Pilates - by Vanessa Romo.............................................................................117
Conclusão
7
1
Introdução
Anatomia e Biomecânica
A Biomecânica é um estudo de forças que atuam pelo corpo humano, e ela pode
ser considerada como uma parte inerente à fisioterapia, pois todo movimento é
um efeito mecânico (físico) e sempre que uma força diretamente ou
indiretamente atua sobre o corpo humano, esses princípios físicos estarão
envolvidos. Logo, este estudo é fundamental para a compreensão de situações
estáticas e dinâmicas do movimento corporal, seja ele patológico ou são.
Lei da Economia: Esse corpo fará tudo para não sofrer, mesmo que esse
esquema adaptativo comprometa a nossa mobilidade, levando a um desgaste
excessivo de energia, e deformações corporais posteriormente.
Coluna Vertebral
A coluna vertebral é formada por trinta e três vértebras que se articulam entre
si, sendo sete cervicais, doze torácicas, cinco lombares, cinco sacrais fundidas
e três a quatro coccígeas. A coluna vertebral também se articula com a base do
crânio, das costelas e dos ilíacos. As costelas, por sua vez se articulam com a
escápula posteriormente e com o esterno/ clavícula anteriormente. Já a coluna
lombar se articula com a pelve inferiormente.
Existe uma vértebra padrão, mas elas sofrem pequenas modificações de acordo
com o nível da coluna em que se encontram e as especificidades de todos os
segmentos da coluna vertebral, que são diferentes.
Figura 3 - Evolução
Os corpos vertebrais são maiores nas vértebras lombares, pois suportam o maior
índice de carga axial de toda coluna. Possuem alguns movimentos como a de
flexo-extensão, inclinação e mobilidade de diminuta para as rotação. Assim
como a transição entre TXII e LI também possui essa rotação, devemos ser
cautelosos com esses movimentos de rotação nessas regiões, caso as cadeias
musculares não estejam completamente livres.
20
Uma boa noite de sono contribui muito com a saúde da coluna vertebral, pois é
durante a noite que a ação da gravidade cessa sobre a coluna vertebral,
permitindo assim que a água do núcleo pulposo retorne ao seu centro
(capacidade de hidrofilia). Durante o dia o núcleo vai perdendo a água para
reequilibrar as forças sofridas pelos movimentos e a ação gravitacional, além
do estado de atonia proporcionado pela fase REM do sono, fundamental aos
músculos, proporcionando um estado de não contratilidade para o descanso
necessário.
As rotações geram uma torção sobre o disco que produzem uma tensão (força
de cisalhamento) das fibras com a diminuição de todo espaço articular e tensão
no sistema ligamentar, por esse fato as rotações são mais susceptíveis a lesões
caso o movimento não esteja em boa organização.
Figura 11 – O Diafragma
Hoje sabemos que antes de iniciarmos qualquer movimento, seja ele dos
membros superiores ou dos inferiores, os músculos estabilizadores de tronco se
contraem cinco milissegundos antes para garantir a qualidade e a estabilidade
do movimento que ocorrerá nas extremidades. Então nada mais indiscutível
darmos suma importância ao Powerhouse do Pilates, ao Core do Treinamento
Funcional, ou simplesmente aos músculos responsáveis pela manutenção
postural, pois serão eles os grandes responsáveis pela eficiência de toda nossa
mobilidade, porém temos uma tarefa inglória se seguirmos essa linha de
pensamento, pois dando ênfase ao Powerhouse aumentamos a pressão intra-
abdominal, no caso de negligenciamos esses músculos estaremos sem
estabilidade e proteção suficiente na coluna para as tarefas mais cotidianas.
músculo psoas exerça tração sobre o aspecto anterior das vértebras lombares,
levando assim a uma anteversão pélvica e um aumento da lordose lombar.
Com o passar do tempo, os tecidos podem se adaptar a essa nova postura que
frequentemente está associada a uma série de disfunções, como a
espondilolistese e as degenerações discais e facetarias.
Os músculos pélvicos são compostos por fibras tônicas (tipo I) e fásicas (tipo
II). Com uma maior proporção de tônicas, o tipo de fibra muscular é
determinado pela fibra nervosa responsável por sua inervação. As fibras tipo I,
de oxidação lenta, exercem a atividade muscular sustentada, enquanto as fásicas
e glicolíticas estão envolvidas em atividades de disparo rápido.
Esses são músculos importantes que podem servir como segunda opção para a
proteção da lombar durante os exercícios. A contração dessa musculatura tem
que estar constantemente ativada para que a região lombar fique estabilizada,
porém como é uma musculatura tônica, sua contração tem que ser intermediária
e contínua sem realizar movimentos rápidos e fortes para que ela não fadigue.
Sinergia Abdomino-Pélvica
Diversos estudos discutem a sinergia abdomino-pélvica. Alguns autores
identificaram um aumento da atividade eletromiográfica dos músculos
abdominais durante a contração do assoalho pélvico, sem que fosse observado
qualquer contração da musculatura abdominal. Existe entre eles uma ação de
sincronia, isto é, a contração do músculo abdominal (tosse, espirro), que leva a
uma contração recíproca do músculo pubococcígeo, estabilizando e mantendo
o colo vesical na posição retropúbica, facilitando a igualdade das pressões
transmitidas da cavidade abdominal ao colo vesical e uretra proximal,
mantendo a continência urinária.
Este fato parece sugerir que a ativação dos músculos do períneo não acontecem
em resposta ao aumento da pressão intra-abdominal, sendo antes produzida por
mecanismos nervosos centrais que podem ser eventualmente regulados pela
vontade.
Neste contexto, outra ideia muito divulgada se refere à relação entre condição
física geral e desenvolvimento dos músculos do períneo. De fato está
genericamente aceito que se uma mulher possuir uma boa condição física geral,
isso significa uma musculatura perineal igualmente forte.
No entanto, segundo Nichols & Milley (1978) sabe-se que na ausência de um
trabalho específico para os músculos do pavimento pélvico, a carga repetida
sobre a musculatura perineal, associada a aumentos frequentes da pressão intra-
abdominal, tende a reduzir a eficácia mecânica do ligamento cardinal, já Jozwik
(1993) diz que e/ou produzir alterações na composição de alguns músculos, tal
como a redução no número de fibras do tipo I observada no músculo elevador
do anus. De acordo com estas evidências o exercício intenso pode ser
considerado para algumas mulheres como um fator precipitante da
incontinência urinária de esforço.
Conforme Orvieto et al. (1990) outros fatores foram associados ao caso, dentre
eles o índice de massa corporal, peso do feto, dores lombares anteriores ao
período de gravidez, histórico de hipermobilidade, amenorreia, constipação,
entre outros.
Alguns questionamentos quase nunca são feitos. Por quê esta musculatura está
fraca? Existe um motivo lógico para isso? Essa musculatura está fraca por
desuso ou por excesso de uso? Leopold Busquet e a Osteopatia, talvez sejam as
únicas linhas que se atentam ao aumento da pressão intracavitária.
Um músculo também pode perder sua função, pode estar fraco por excesso de
trabalho (fadigado). Quando se mantém em estado de contração constante,
diminui o seu aporte sanguíneo levando ao aumento do depósito de colágeno, o
que faz com que suas fibras sofram um processo de toxemia e sejam substituídas
por estruturas fibrosas. Dessa maneira, o músculo perde sua capacidade elástica
de contrair e relaxar, modifica seu coeficiente de comprimento-tensão,
comprometendo sua função. Segundo Busquet (2010) este músculo terá sua
ação parasitada, pois está fadigado e será interpretado como “fraco”. Mas, será
que realizar exercícios de fortalecimento, solicitando ainda, mais contração é a
melhor estratégia? Sem dúvidas que não.
O Diafragma
Porção Vertebral
Porção Costal
Porção Esternal
Centro Tendíneo
41
Logo entendemos que a função do Diafragma vai muito além de realizar uma
contração para gerar a entrada de ar nos pulmões por diferença de pressão. Seu
bom funcionamento também permite uma ação de pompage permanente sobre
os órgãos auxiliando seus movimentos peristálticos, e uma boa circulação
venosa e linfática pelo mesmo motivo. Logo, um mau funcionamento do
diafragma, tanto influencia na eficácia torácica, fixando e irando a mobilidade
do esterno, costelas, escápulas e clavícula.
O Psoas
A Porção do Psoas que parte da lombar, desde LI até L IV, até o trocanter menor
do fêmur.
A porção Ilíaca que circunda a fossa ilíaca até o trocanter menor de fêmur.
Figura 18 - Psoas
A Pelve
Na região inferior ao tronco encontramos a Pelve que é formada por dois ilíacos
e o sacro. A mobilidade desses ossos é muito discreta, mas é importante
deixarmos muito claro que elas existem. O que confere a pelve uma
característica de estabilização. Como também é na Pelve que a força do solo e
a força gravitacional se encontram, e para uma boa estática devem se anular.
Coxo-artrose
Quando o ilíaco encontra-se em fechamento nas suas duas pontas, ele formará
uma convexidade, o que empurrará o acetábulo para um maior contato com a
cabeça femoral, aumentando assim o processo de desgaste da articulação coxo-
femoral. Esse mecanismo se dá pela força excessiva do transverso abdominal
que puxa a asa ilíaca para um fechamento superior e pelos músculos do assoalho
pélvico que puxarão a asa ilíaca em sua parte inferior em fechamento também.
48
Subluxação do quadril
Cintura Escapular
Sabemos que até 90 graus os movimentos são executados puramente pela gleno
umeral, mas quando elevamos o úmero além de 90 graus é onde os problemas
começam a aparecer, pois a gleno umeral é uma articulação extremamente
móvel, e sem as outras articulações seria impossível que esses movimentos
acima de 90 graus acontecessem sem uma boa fixação das escápulas, costelas,
externo e clavícula.
Além dessa questão, temos mais uma situação a contornar na articulação costo
vertebral, que é a diferença da força dos músculos responsáveis pela elevação e
depressão do ombro:
Figura 26 – Atleta que mostra claramente, com o seu ombro superior direito, a
tendência de elevação dos ombros
A rotação medial é feita pelos romboides, que por sua distribuição de fibras
oblíquas, roda a escápula, e o levantador da escápula que tem sua inserção na
borda superior interna da escápula a traciona em direção a cervical.
53
Figura 27 – Abaixamento
Figura 28 - Adução
54
Figura 29 – Abdução
Figura 32 – Elevação
56
Na articulação gleno umeral, o peitoral maior, quando seu ponto fixo está no
úmero, as fibras superiores abaixam a clavícula enquanto as fibras inferiores
são inspiratórias.
O grande dorsal, com sua porção fibrosa, é o grande elo de ligação entre as duas
cinturas, e por ser um músculo que contém fibras em várias direções e
poliarticular, devemos estar sempre atentos as suas compensações que podem
ser as mais diversas. Tanto limitantes da flexão dos ombros em sua completa
amplitude de movimento, como para o favorecimento da hiperlordose, ou ainda,
as duas compensações juntas quando em encurtado em forma de arco.
57
Este capítulo não tem como objetivo entrar em nenhuma discussão política ou
filosófica. Simplesmente alertar os profissionais da nossa triste realidade.
O Brasil por ser um país com grande extensão territorial, com mais de 200
milhões de habitantes, onde o governo não arca com um serviço público de
qualidade, ou no mínimo satisfatório, somando-se a esse quadro possui uma
desigualdade social que beira um abismo sem limites. Quero salientar aqui, que
está situação da saúde atravessa vários governos.
No Brasil, por exemplo, a fisioterapia oferecida por esses planos não passam de
um serviço sem uma avaliação visando a totalidade do indivíduo, limitando-se
a tratar uma parte do corpo, como sugerem os convênios, e muito menos, a um
bom atendimento. Os pacientes são atendidos como produtos de uma fábrica
que se produz carros, de uma maneira protocolada, com vários pacientes juntos.
Esse número de atendimento pode chegar, em alguns casos, em vinte ou mais
pacientes por fisioterapeuta, por vez, isso quando o serviço é oferecido pelo
fisioterapeuta, pois em alguns casos são feitos por assistentes de fisioterapia,
profissão não regulamentada pelo Conselho Regional de Fisioterapia e Terapia
Ocupacional (Creffito), que são pessoas contratadas e treinadas a seguirem o
protocolo proposto pelo fisioterapeuta. Diante do exposto, não preciso deixar
minha opinião sobre essa proposta de trabalho, e a da fisioterapia oferecida a
esses conveniados. Não culpo aqui os colegas fisioterapeutas, que por muitas
vezes, sem muita opção, submetem-se a esse sistema.
As classes D e E, tem duas opções, entrar em um fila que pode demorar anos
para serem atendidas por centros de excelência em pesquisa e ensino ou ficarem
a mercê do péssimo serviço público oferecido pelo governo, que também pode
demorar anos, já que a fisioterapia não é eleita como emergência ou urgência,
aqui no Brasil. As filas para reabilitação dos nossos pacientes, estende-se com
todo descaso. Imagine um amputado numa espera longa para começar sua
reabilitação de seu coto, esses casos de maior urgência tem uma única opção,
os centros de pesquisa e estudos, oferecido pelas universidades brasileiras,
quando o caso é assumido por uma entidade de pesquisa os serviços prestados
são de primeira linha também.
Acredito que a solução para essa grave questão está na nossa consciência: do
aluno, do profissional recém formado, do profissional que foi sugado por esse
sistema e olhando adiante, só vejo uma solução: o estudo seguido após sua
formação básica.
59
A situação é mais triste quando se trata de Pilates, talvez por seu criador não
estar mais vivo, e ser um método explorado por dois profissionais do
movimento: o fisioterapeuta e o educador físico, tornando a fiscalização quase
inexistente, O que assistimos em Studios de Pilates, mais parecem aulas sem
embasamentos teóricos, sem nenhum respeito ou sem fidedignas aos princípios
do Pilates.
Falamos tanto nesse livro sobre a unicidade do corpo, logo não caiam também
em formações que caminham na contramão. Como por exemplo: curso que
ensina tratar dor lombar, ou curso que ensina a tratar a condromalácia. O corpo
é um todo e merece ser tratado como tal. Sejamos mais conscientes e tenhamos
um nível crítico antes de nos inscrevermos em qualquer curso que não te levará
60
A fáscia muscular
O colágeno sendo uma proteína de curta duração se renova durante toda a vida,
e é nela que conseguiremos atuar com efetividade, porque o que estimula a
produção de colágeno é o tensionamento do tecido, e de acordo com o estímulo,
ou seja, a forma do tensionamento, o resultado da secreção é uma.
As Cadeias
10
Osteopatia
Este livro traz uma abordagem dos principais autores da fisioterapia desde
1940, mas não posso deixar de citar a Osteopatia que surgiu antes do século
XIX, e merece o respeito suficiente para aqui ser citada.
A Osteopatia é uma técnica realizada somente com as mãos e que atua sobre
desordens e disfunções do nosso corpo. Ela se divide em estrutural, craniana e
visceral. A Osteopatia Estrutural visa trabalhar articulações da coluna vertebral
e articulações periféricas (ombro, cotovelo, punho, mão, joelho, tornozelo e pé).
A Osteopatia Craniana trabalha disfunções do crânio e a Visceral trabalha
disfunções das vísceras (gastrites, intestino preso, problemas no útero), mas
falarei somente da Osteopatia Estrutural.
Para tratar essas micro lesões, Still realizava manipulações, não se sabe
exatamente a origem delas, porem acredita-se que entre os anos 60 e 80 a.C já
eram utilizadas, pois Hipócrates deixou alguns manuscritos descrevendo
combinações de trações para tratamento dos males de coluna.
Durante a guerra civil americana, Still não se conformava com a perda de tantos
pacientes e resolveu estudar profundamente fisiologia e anatomia para entender
melhor o corpo humano. Durante uma epidemia de meningite em 1864, Still
perdeu vários pacientes, dentre eles, três de seus filhos. Notou também que
todos antes da morte queixavam-se de fortes dores dorsais.
Mais tarde, enquanto tratava uma disenteria hemorrágica notou que o abdômen
do paciente estava frio, enquanto que a parte inferior de suas costas quentes.
Neste momento percebeu uma possível ligação entre o intestino e a coluna,
resolvendo então imobilizar a coluna do paciente e no dia seguinte teve a grata
surpresa do seu paciente estar curado.
Princípios da Osteopatia.
Para Still, se a estrutura está em harmonia, não pode haver doença. Toda doença
se origina de um distúrbio na harmonia da estrutura.
2. A unidade do corpo
3. A Autocura
Still afirma que o corpo tem em si mesmo tudo o que é necessário para se curar
e evitar as doenças, porém é necessário que não haja obstruções nos canais
nervosos, linfáticos, vasculares, além da nutrição celular e eliminação de
dejetos.
11
Madame Mézières (1947 - 1991)
Therése Bertherat sua principal discípula dizia que Mezières era uma mulher
com dons de observação fora da curva habitual. Mezières influenciou vários
alunos, que mais tarde acabaram desenvolvendo seus próprios métodos.
Mézières conclui então que a paciente possuía tal rigidez muscular que seus
segmentos perderam sua autonomia individual, e que quando lhe foi solicitado
a correção local de cada segmento, esse tornou-se impossível de realizar sem o
comprometimento de todo o sistema, aumentando as lordoses por
encurtamento.
Terceira Lei de Mezières: esta musculatura é sempre forte demais, curta demais,
potente demais. Para ela, a cadeia muscular posterior seria dominante,
estruturalmente profunda e multiarticular, funcionalmente estática (tônica) e de
controle neurológico central inconsciente, estruturada para um trabalho de
sustentação antigravitacional.
Quarta Lei de Mezières: um tratamento global dessa cadeia só poderá ser feito,
se contermos todas as compensações.
Quinta Lei de Mezières: cada cadeia deve aceitar a postura excêntrica, para
além da cadeia posterior, existe também um conjunto de cadeias sinérgicas a
posterior.
evitando a rotação interna dos membros. Dois anos mais tarde publicou a
“Revolução na Ginástica Ortopédica”, na França, cuja publicação afirmava que
as lordoses participam da origem de todas as deformações, pois estas estão
presentes devido a compensações musculares causadas pelas lordoses.
Seu trabalho, por vezes gerava violentas reações, que a indicava e a estimulava
por estar indo no caminho certo. Mezières explicou que a base de seu tratamento
agia, principalmente sobre o sistema simpático e parassimpático, sobre os
sistemas de auto defesa do corpo, que confusos pelas informações aferentes
transmitidas a eles através dos músculos, sentia-se obrigado a abandonar velhos
hábitos, e por não mais se reconhecer, assusta-se, por mais desagradável que
seja sua imagem habitual.
Ainda que hoje sua técnica tenha sido melhor explicitada, aprimorada, ou até
mesmo possua algumas contradições biomecânicas, foi Madame Mézières a
grande responsável, através de seu olhar clínico, a primeira capaz de ir contra
uma corrente fisioterápica que na época era ensinada nas escolas de formação,
a primeira fisioterapeuta com coragem para ir contra grandes instituições e
divulgar suas próprias ideias, a observar e desenvolver o conceito das cadeias
musculares.
72
12
Marcel Bienfait
Acreditava que esse conceito por muitos fisioterapeutas vinha sendo utilizado
de forma indiscriminada, como fator preponderante muitas vezes para esconder
suas deficiências anatômicas e fisiológicas.
Sua sessão sempre começa com uma fase de preparação, uma apresentação das
mãos do fisioterapeuta ao corpo do paciente e deve ser realizada de forma sutil
e relaxante, que propicie a esse corpo aceitar com mais facilidade ao trabalho
que se seguirá. Consta de duas manobras: Pompage Global e Pompage
Torácica.
Educação Respiratória
Posturas de Alongamento
Bienfait acreditava que executar a correção dos pés em postura é muito difícil,
logo desenvolveu uma série de Pompages para tal objetivo.
Marcel Bienfait, como grande estudioso, teve todo o seu mérito ao agregar
diversos conhecimentos e contestar, a ideia da negligencia do tratamento local,
que passou a ser subestimado após a divulgação das cadeias de Madame
Mézières. De forma alguma era contra as cadeias, mas acreditava que até chegar
as posturas, as desorganizações locais deveriam ser corrigidas,
progressivamente de forma sutil com as tensões locais sendo minimizadas, os
desajustes articulares serem trabalhados. Só então era a hora certa para posturar
o paciente. Sugeriu as Pompages usadas até hoje com grande eficiência.
75
13
Madame Thérèse Bertherat
Bertherat se mudou para Paris e logo após a morte trágica de seu marido entrou
em contato com a Sra. Ehrenfried, uma médica que refugiada do nazismo se
instalou em Paris e trabalhava com uma certa ginástica, assim denominada por
falta de um nome mais específico.
Sra. Ehrenfied sempre trabalhava um lado do corpo por vez, pois defendia que
quando um lado do corpo vive plenamente, o outro (lado patológico) não
aguenta mais viver em inferioridade e sucumbe, buscando a simetria e torna-se
disponível ao ensino, que parte da metade mais perfeita. Sua ginástica constava
de movimentos suaves e precisos que ajudavam a soltar os músculos, liberando
assim uma energia até então desconhecida. Não tocava em seus alunos, pois
não queria que eles simplesmente a imitassem e nem que seus corpos seguissem
à pressão de suas mãos, acreditava que seus alunos teriam que chegar por si
mesmos à descoberta sensorial do próprio corpo.
Não posso encerrar esse capítulo sem citar algumas das palavras de Bertherat
(2010) com sua sensibilidade sem igual:
14
Madame Godelieve Denys-Struyf G.D.S.
(1960/1970)
Em seu método considera que os problemas posturais podem não ser iniciados
em músculos isolados, e agregou outros fatores negligenciados por muitos
fisioterapeutas, como fatores ligados a totalidade psicomotora e vivência que é
individual.
Abordagens de Godelieve:
Segundo Godelieve, o psiquismo deixa seu sinal num simples gesto, nascendo
daí a forma corporal, e por conseguinte, marcas no corpo. Outro fator de
influência seriam as vivências do indivíduo: trabalho, esporte, cirurgias,
sedentarismo etc.
1- Cadeias Anteromedianas- AM
Figura 34 - AM
2- Cadeias Posteromedianas- PM
Figura 35 – PM
3- Cadeia Principal
A. O grupo dos sentinelas do eixo vertical são PA (músculos profundos
da coluna vertebral posteriores) transversários profundos,
intertransversários, interespinhosos, pequenos músculos occipito-
atlas e axiais.
Anteriores: pré-vertebrais, longo do pescoço, reto abdominal,
pequeno reto abdominal. Eles são responsáveis pela extensão axial.
B. O grupo dos músculos respiradores pressores, são PA-AP.
São os músculos que participam diretamente da dinâmica
respiratória, músculos que agem diretamente sob as diferenças de
pressões entre as cavidades torácicas e abdominais: supracostais,
intercostais externos, diafragma, transverso do abdômen, intercostais
internos (PA AP-AL), intercostais médios (PA AP-AL-AM).
C. São os músculos reguladores do centro gravitacional, são
essencialmente AP: esplênios, quadrado lombar (no plano frontal).
Escalenos médios e posteriores, além do psoas (nos três planos).
Figura 36 – PM PA AP AM
PL:
Inspiração forcada
Estabilizam a escápula: angular, romboide e trapézio médio.
Inspiradores:
Serrátil anterior e pequeno serrátil posterior-superior
AL:
Expiração forcada: serrátil menor póstero-inferior, intercostais
internos juntando-se a cadeia AM através dos intercostais médios.
Figura 37 - AL
5-Cadeias Posterolaterais
Figura 38 – PL
Tratamento:
Madame Godelieve foi mais longe que Bertherat, também dirigiu seus estudos
e toda sua vida clínica para as questões psicossomáticas, porém inovou
completamente as cadeias de Mezières. Foi a primeira a propor que as cadeias
se comportam como espirais e explicou suas ideias com toda interligação
psicológica e psico comportamental, além de incluir em seu método
manipulações sutis de ossos e articulações. Se você leitor gosta dessa
abordagem, é a essa especialização que deve se entregar, pois é o que temos de
mais coerente até hoje. Todos os métodos citam as questões psicológicas, mas
nenhum consegue interferir ou mesmo interligar essas questões ao corpo, com
exceção da Osteopatia, que segue por outra proposta, pois fala de sistemas
(órgãos).
87
15
Suzanne Piret e Marie-Madeleine
Bézieres
Bases da Coordenação:
2- Esfericidade articular
88
5- Unidades de coordenação
O estado de tensão que citamos acima é permitido por unidades de
coordenação, que juntas, tencionam todo o corpo.
Piret e Bézières chamam atenção para a pele, pois ela segue os movimentos
articulares, acompanha nossas formas musculares, sendo que qualquer
movimento é capaz de nutrir uma tensão na pele. Logo a pele cheia de
receptores, forma junto com a sensibilidade profunda nossa noção
corporal.
90
Segundo Piret- Bézières (1992) nesse caso, o essencial para uma reeducação
será dirigido à relação, através da qual se descobrirá o corpo em suas sensações
coordenadas, com as noções que ele traz, o espaço-tempo que o constrói em
uma relação própria e a conquista desse espaço a ser descoberto, que é o outro,
nesse jogo de relação.
16
Phillipe Souchard
Também aluno de Madame Mézières, talvez seja quem mais fielmente seguiu
seus ensinamentos em princípio. Obviamente através da evolução dos tempos,
seu método também seguiu essas evoluções, de forma morosa, mas seguiu.
Lecionou durante dez anos no Centro de Madame Mézières, localizado no sul
da Franca, com a técnica criada em 1947.
Portanto podemos afirmar que a RPG propõe um alongamento que deve ser
feito a frio, de forma excêntrica e global, mantido por períodos longo de tempo,
e conduzido progressivamente ao avanço da amplitude articular, sem
negligenciar a respiração.
1- Individualidade:
Acredita que cada indivíduo é único, portanto demonstra reações
diferentes ao tratamento.
2- Causalidade:
A verdadeira causa do problema pode estar distante do sintoma
apresentado (causa/consequência).
3- Globalidade:
Deve-se tratar o corpo como um todo, afim de, reconhecermos a
responsabilidade das retrações musculares nas patologias
musculoesqueléticas.
As cadeias da RPG:
1- Cadeia Posterior
2- Cadeia Anterior do Braço
3- Cadeia Antero Interna do Quadril
4- Cadeia Inspiratória.
Fluagem
Gráfico
Neste estudo realizado em um liga de alumínio, em vários testes com carga axial
monotamente crescente e com a velocidade de deformação controlada (E-cte).
O resultado que se observa na inclinação da segunda curva é sempre positiva,
com velocidade controlada (lenta), mas poderia ser negativa quando se impõem
em uma velocidade constante e intermitente. Logo a RPG se refere a velocidade
de progressão das posturas serem feitas de forma lenta, pois segundo o estudo
se a tensão é mantida constante por um tempo prolongado, a deformação do
músculo é maior. Conhecido como fenômeno de Creep, se a deformação for
mantida de forma constante se observa a relaxação ou redução das tensões com
o tempo.
Por isso, Souchard defende que suas posturas devam ser prolongadas, porque
além do que se diz na Lei da Fluagem, as posturas prolongadas levam a fadiga
dos músculos e a diminuição da descarga fusal sobre o mesmo, acreditando que
assim, seu resultado quanto ao alongamento será mais efetivo.
Confesso que não fiz minha formação de RPG com Souchard, pois a minha
turma foi a primeira que se formou logo após seu contratempo com o Creffito,
minha frustação foi tamanha, pois estava na fila de espera para a formação há
dois anos, sim essa era a lista de espera nos anos 90 para a formação em RPG,
e sem uma segunda opção o realizei com outros professores. Durante dez anos
da minha carreira trabalhei muito com o método, e me decepcionei por diversas
vezes, talvez por ter feito a formação paralela, quem sabe?
101
A RPG funciona muito bem em casos de tensão que estão instalados na cadeia
posterior e/ou nos rotadores internos, quando a disfunção é gerada nessa cadeia
que Souchard classifica como a principal. O tratamento segue a lógica da
formação da patologia, e portanto, os resultados são bem eficazes. Mesmo
sendo um método que gere mais tensão para colher os frutos do relaxamento,
como resultado, porém quando a origem do problema não está localizado na
lógica da sua principal cadeia, os resultados obtidos não são os mesmos. Além
disso, o método não é bem tolerado por idosos, pacientes com fibromialgia,
labirintite e crianças.
17
Léopold Busquet
As unidades funcionais:
Busquet descreve que possuímos três unidades funcionais que devem ter o
poder de autogerenciamento individual e são elas:
104
Tórax: protege o pulmão, coração, fígado e rins, que são órgãos com ligação
estrita ao músculo diafragma, tanto discutido por Mézières. A distribuição de
tensão é realizada pelo apêndice xifoide.
Essas duas cadeias retas do tronco, são responsáveis pela flexão e extensão do
tronco. A cadeia de flexão executa o movimento e a cadeia de extensão o
equilibra modulando os movimentos da cadeia de flexão em excentricidade. As
duas cadeias se ligam através do sacro.
107
Foto da cadeia
6- Cadeia Visceral
Através de muito estudo anatômico, Busquet trouxe para as suas
cadeias, a visceral, a qual compreende todo o peritônio, o envoltório
de todas as vísceras e órgãos abdominais e da pelve menor. Além das
pleuras pulmonares.
1- Cadeia de Flexão
2- Cadeia de Extensão
3- Cadeia Cruzada Anterior D
4- Cadeia Cruzada Anterior E
5- Cadeia Cruzada Posterior D
6- Cadeia Cruzada Posterior E
7- Cadeia Estática
115
8- Cadeia Visceral
9- Cadeia Neuromeningea
Leopold Busquet foi muito feliz na criação de seu método, buscando influências
em vários outros autores como: Pirét, Mézières, Bézières, Sutherland, entre
outros. Foi brilhante em buscar suas influências e construir seu método de forma
muito eficaz. Simplificou muito a Osteopatia e com seu método se obtém
excelentes resultados em trabalhos aplicados. Sem dúvida dentre todos os
métodos apresentados anteriormente, o de Busquet é o mais completo e lógico.
Seu método trabalha com o relaxamento das tensões, pois também acredita que
um corpo sem tensões volta a homeostasia, sendo muito bem tolerado pelos
pacientes em geral, tendo como pacientes até em bebês.
Seu método funciona muito bem nas retrações viscerais, porém nas congestões
pouco pode ajudar.
116
18
O futuro das cadeias Musculares
19
Joseph Pilates – By Vanessa Romo
(Professora Doutora da Escuela Internacional de Madrid de
Pilates Aéreo)
Figura 55
Agora que já sabemos um pouco mais sobre o criador e mestre de todos os que
nos dedicamos a esta arte, tentarei trazer ao leitor baseando-me em suas próprias
palavras, o que o método pode chegar a aportar e em que consiste.
- Resistência
- Eficiência de movimento
- Coordenação
119
- Força
- Amplitude total de movimento
- Fluidez
- Rejuvenescimento
- Consciência Corporal
- Melhora Postural
- Estabilidade Física e Mental
As máquinas de Pilates
Joseph Pilates, ademais dos trinta e quatro exercícios básicos de solo ou esteira,
criou algumas máquinas, que são conhecidas pelos nomes: Reformer, Cadillac,
High Chair, Spine Corrector, Barrell e Ped-O-Pul. Tanto no solo como nas
máquinas os exercícios estão separados pelos níveis que antes comentei.
Figura 56 – Reformer
Figura 57 - Cadillac
120
Foto 59 - Barrell
Foto 60 - Ped-O-Pul
O objetivo é treinar o aluno até que possa executar todo o sistema de exercícios
(em alguns casos isso nunca sucederá pela gravidade de suas limitações). Se
necessário, serão feitas modificações. O ideal é que o aluno execute e o
professor transmita verbalmente no tempo estimado. Para conseguir isso,
devemos trabalhar de menos a mais cada um dos exercícios indicados até
conseguir soltura. Às vezes é o professor e não o aluno que está tão entediado
e não segue como sistema de trabalho. Porém, se o professor marca como
objetivo que o grupo faça a tabela inteira, verá que consegue um resultado muito
bom. Uma vez que consegue isso, pode passar ao nível intermediário e não
antes.
• Avançado ou Advanced
Nos encontramos no nível mais exigente de Pilates, aqui já temos
122
Reformer (neste nível os alunos tem que conhecer a quantidade de molas com
as que vão trabalhar cada exercício): 32 exercícios. 25 minutos.
pélvico será essencial para a ativação do transverso. Para mim, a forma mais
simples de ativá-lo é através do elevador do ânus, musculatura que se ativa
quando temos necessidade de defecar, soltar gases etc. Aguentar a vontade de
ir ao banheiro é algo bem conhecido por todos e mais fácil de entender para os
homens o clássico "aguenta a vontade de urinar'. Se trabalharmos em
profundidade o solo pélvico, poderemos sentir a tração dele até a coluna lombar,
como se os "genitais quisessem se unir ao ânus". Um erro muito comum é
acreditar que para ativar o elevador do ânus é necessário contrair os glúteos e
não é assim. O elevador do ânus é uma coisa e os glúteos é outra. Para ativar o
solo pélvico não é necessário contrair os glúteos, ao contrário, pode ter os
glúteos contraídos e o assoalho pélvico inativo. Todo movimento partirá da
ativação do solo pélvico até conectar com o transverso abdominal, da
musculatura mais profunda até a superficial.
Quando temos o controle do nosso primeiro Power House, o que pode levar
bastante tempo, é hora de passar ao segundo.
124
Um dos nossos objetivos é saber qual é e como trabalhar nossa coluna neutra.
A coluna neutra ideal estará formada pela cervical lordótica neutra, dorsal
cifótica neutra e lombar lordótica neutra. Se nos deitarmos em supino, devemos
sentir a base do crânio, a coluna dorsal, costelas flutuantes e a base do sacro no
solo. Isso é o ideal, mas não o normal. O que podemos fazer é nos aproximar a
medida do possível a esse ideal, fazendo os exercícios pertinentes que nos leve
a consegui-lo. Assim podemos começar nosso caminho até a coluna neutra
personalizada em cada um de nós. Para isso precisaremos flexibilizar nossa
coluna, flexionando, estendendo e girando.
Coluna Lombar
Por outro lado a coluna lombar também nos oferece a opção de flexionar e
estender entre outros movimentos. Fazer uma retroversão total da pélvis é o que
chamamos de "imprint" no Pilates.
Fazer uma leve retroversão pélvica provoca uma sútil retificação lombar,
enquanto fazer um "imprint" retifica totalmente a coluna lombar e no meu ponto
de vista a submetemos a uma pressão desnecessária. Em trabalho de cadeia
cinética fechada uma leve retroversão pode ser suficiente para não forçar tanto
a lombar. Mas se utilizamos o imprint, centralizaremos o ponto máximo de
apoio a essa região, inutilizando a musculatura para vertebral. Uma pessoa com
alguma patologia lombar, como é o meu caso, pode descrever bem essa
sensação. Quando comecei a praticar Pilates, fazia em imprint e tinha
lombalgias frequentes. Depois comecei a "soltar" a pélvis, segurá-la de outros
pontos e é certo que não aguentava muitas repetições, mas por outro lado
consegui em pouco tempo mais estabilidade lombo pélvica e sem dor.
A base do crânio em contato com o solo é o que nos indica que estamos
próximos a cervical neutra, mas assim como a pélvis, temos que encontrar nossa
neutra ideal, que pode ser um pouco mais acima ou abaixo. Uma vez que
encontramos a posição correta, utilizaremos como ponto de partida para a
flexão e a extensão da mesma. A flexão cervical será um leve movimento em
direção ao tronco e a extensão, outro movimento sutil em sentido contrário, mas
o centro sempre será nosso ponto de partida. Não concordo com os comandos
verbais como, queixo ao peito. Queixo ao peito é igual a hiperflexão, ou
"retifica a cervical, por favor". Podemos dizer alonga o pescoço por trás. Se não
trabalhamos, hiperflexionando a lombar, por que o faremos com a cervical? As
duas são curvaturas lordóticas e necessitam fortalecimento neutro. Também
seria em neutro como deveríamos colocá-la em nosso dia a dia. É importante
que durante os exercícios estejamos conscientes do que está acontecendo na
cervical e nos acostumar para que volte a ser como foi um dia: neutra!
127
Visto assim, considero que fica esclarecido que chegar a um nível avançado é
realmente muito complexo, já que sabemos que fazer o exercício mais básico
de Pilates nos pode custar horas, dias e meses de treinamento.
Foto 66 – Hundred
Na técnica de Pilates, os exercícios têm relação uns com os outros e todos são
preparatórios para os níveis seguintes e/ou posturas cotidianas. Se observarmos
com calma encontraremos muitas semelhanças e curiosidades. São duas flexões
de tronco, duas formas de mobilizar e fortalecer a coluna e o abdômen, mas na
foto 2 há um aumento de dificuldade.
132
Seria uma versão avançada de Rolling like a ball. Muito mais desafiante. As
pernas separadas, alongadas e com as mãos nos tornozelos se acrescenta mais
dificuldade e desequilíbrio. Os estabilizadores terão de permanecer em alerta.
Ideal para pessoas hiperlordóticas que costumam sofrer de encurtamento dos
isquitiobiais. Os exercícios de Pilates que usam esse movimento oscilatório,
138
Este é um exercício básico para poder fazer qualquer tipo de extensão. Exercício
recomendável para hipercifóticos e retificados dorsais.
Há muitas pessoas que tem uma retificação dorsal que se compensa com uma
hiperlodose lombar, neste caso podemos trabalhar com as pernas juntas e
potencializar assim a extensão dorsal e anular a extensão lombar.
Ainda que nesta ocasião temos o apoio dos antebraços no solo que ajuda a
manter a extensão, este exercício é a soma do exercício anterior mais a dupla
pernada para o glúteo.
Mais uma vez é comprovado que para fazer ou ensinar um exercício que resulte
na perfeição do movimento, é necessário praticarmos antes.
142
Com este exercício vamos conseguir fortalecer a cadeia posterior. Para poder
manter a pélvis elevada, os glúteos e os isquiotibiais devem estar ativos. O
mesmo com os quadríceps, que trabalham em isometria para realizar a flexão
do membro inferior e dos flexores pelvianos, para manter a perna em 90 º. Com
essa postura de equilíbrio, é a base, e os estabilizadores em geral estarão ativos.
147
Figura 87 – Teaser
Este exercício tem semelhanças com Cork Screw, só que neste caso o tronco
está erguido. Temos menos base de apoio para desenvolvê-lo e isso o torna mais
exigente a nível físico. Pode ser um exercício ideal para preparar o Teaser.
Muito interessante para hipercifóticos, pois os ombros estão girados no externo
e o peito aberto.
* Para facilitar o exercício pode deixar uma perna apoiada e depois trocar pela
outra.
Neste exercício os glúteos trabalham para manter a pélvis alta junto com os
isquiotibiais, o dorsal maior suporta o tronco junto com os deltoides, peitoral e
abdômen. A coluna dorsal está em leve extensão. E os flexores do quadril e
quadríceps se encarregam de elevar a perna a 90º (é uma variação do exercício).
154
*Para começar a trabalhar com este exercício tem de aperfeiçoar o Slide Kick.
156
Seal seria a progressão de Rolling like a ball. Se torna mais complexo da forma
com que se posicione as mãos, pois ao colocar os braços por dentro das pernas
eliminamos a ajuda que oferece ter as mãos por trás das coxas. Dizemos que
estamos mais limitados. Conseguimos sentir principalmente na volta do
exercício. O abdômen, os flexores do quadril e os glúteos são os mais ativados.
Figura 95 - Crab
Dentre os exercícios de rodar o articular, este seria o mais complexo. Uma vez
que rodamos atrás, as pernas se alongam alargando os isquiotibiais
completamente e ao voltar o exercício termina rodando, mas para frente até
apoiar a cabeça sem perder o controle para não se lesionar ao entrar em contato
com o solo. Ao segurar os pés com as pernas cruzadas, imobiliza totalmente as
extremidades, tanto inferiores como superiores. O abdômen fica obrigado a
fazer o trabalho restante, desta forma também podemos calcular qual é o nosso
esforço real abdominal ou o do nosso aluno.
159
A tabela de exercícios que Joseph Pilates desenhou termina com este. Foi criado
para finalizar a aula em pé. Embora se bem é certo que a ideia é que durante a
execução do exercício o esforço muscular se reparte, a cintura escapular e
extremidades superiores jogam um papel destacado. Além de fortalecer vamos
utilizá-lo para alongar tanto a coluna como os isquiotibiais.
É pouco provável que uma pessoa que tende a sobrecarregar uma parte de seu
corpo o relaxe, por isso acredito que a palavra "relaxar" em uma aula de Pilates
não tem sentido, ou pelo menos não é o que fazemos normalmente. Dizemos
"relaxa" quando na realidade queremos que não se tense uma zona muscular. O
corpo pode relaxar quando não necessita se comprimir, estressar o músculo, e
isso acontecerá quando seja o suficientemente flexível, ágil, forte e preciso para
aguentar seu próprio peso mais as cargas diárias físicas, mentais e emocionais.
O relaxamento será uma consequência do trabalho bem feito. Uma vez que
conseguimos isso será desnecessário dizer ao aluno que se relaxe porque já não
o estará fazendo, quero dizer que poderá estar relaxadamente ativo durante a
aula.
Creio que é interessante saber sempre de onde temos que fazer as coisas, por
exemplo, eleva o braço sentindo a cintura escapular estabilizada, ou seja, eleva
o braço sentindo a escápula alinhada com a coluna dorsal, deste modo evitamos
a retificação e a hipercifose dorsal.
professor que isso se cumpra. Assim como os alunos, o professor também estará
aplicando os princípios básicos durante a aula. O controle dos alunos será
responsabilidade do professor, depende de nós a evolução deles. A
concentração é básica para ter os exercícios claros na mente e poder transmiti-
los com soltura.
Esta é a forma de ensinar que aprendi e a que tento passar nas minhas
formações. Creio que foi uma das coisas que mais chocou minha técnica no
Brasil, já que geralmente a maneira de ensinar é muito diferente.
Creio que tudo o que é novo surge da necessidade de mudança, no meu caso foi
em dois aspectos, tanto físico como emocional, assim começa a minha história.
Desde praticamente o início via que em muitos casos o conteúdo dos livros não
coincidia com o que relatavam os meus alunos e isso me fez repensar muitas
coisas, como por exemplo, que só o teu aluno pode saber o que sente e que
quando não coincide com o que põe em um livro é necessário escutar e viajar
com esse aluno sem medo de onde leve você, sem complexos por não ter uma
resposta para tudo, só com o objetivo de curar e curar da forma que essa pessoa
necessite.
Um dia uma amiga me disse: “- Vane, eu vi algo que me remeteu a você, é como
um Columpio (balanço), não sei, creio que é para Yoga, mas as pessoas se
penduram. - Penduram-se? Eu perguntei, - isso eu tenho que ver”. E assim foi,
165
Eu quis saber mais e entre outras coisas descobri que a ideia de balanço saiu do
mestre de Yoga Iyengar, um aparelho rudimentar que no princípio consistia em
uma vara de bambu e duas cordas, ele ademais utilizava umas mantas como
colchão para proteger o corpo do duro material.
superavam a nível emocional barreiras que acreditavam que eram físicas. Posso
colocar o exemplo de uma aluna que tinha pânico de ficar de cabeça para baixo
e que desde o princípio disse que isso ela não iria fazer, ao mesmo tempo olhava
os outros alunos e percebia a luta mental que estava mantendo consigo mesma.
Há uma frase que adoro que diz que “Amar é respeitar o limite” e eu o fiz.
Quando estava preparada me disse: “- Vanessa, quero tentar". Seu corpo todo
tremia, pedi que confiasse em mim, e sobretudo nela mesma. Marquei o
exercício e lá estava ela de cabeça para baixo se liberando da limitação
emocional que ela mesma havia criado. Quando saiu do exercício, chorou, me
abraçou e me disse que havia entendido muitas coisas em relação aos seus
limites.
Creio que os alunos com limitações emocionais são os mais difíceis de tratar e
em nossa profissão abundam, já que toda patologia que diz respeito aos
músculos do esqueleto leva implícita a falta de autoestima da própria pessoa.
Pilates Aéreo dá como resultados posturas bonitas e faz com que os corpos se
vejam mais esbeltos, alargados e poderosos, mas o que realmente me interessa
é o que está sentindo meu aluno e se a execução do exercício está sendo “limpa”
e efetiva para sua limitação.
167
O estúdio que eu tenho em minha casa foi testemunha das horas, dias, meses de
frustração, estresse, cansaço e as alegrias que tive ao juntar os conhecimentos
de diferentes técnicas e exercícios que havia conhecido para “parir” o meu
manual de Pilates Aéreo por Vanessa Romo. Tudo o que eu entendo como
movimento e as posições que me parecem mais ricas nos aspectos físico e
mental, estão agrupadas no meu curso. A mensagem não era para fazer posições
muito difíceis, a mensagem, era para fazê-las bem, tirar o melhor proveito de
cada uma delas, entendendo o porquê, tal e como Joseph Pilates transmitiu
através de seus livros etc.
Nesses três anos, aconteceram mais coisas do que os dez anteriores e ainda
continuam acontecendo.
Lembro do dia em que o Antônio me disse sobre uma revista, muito conhecida
no Brasil, que estava interessada em fazer uma entrevista comigo. Foi um pouco
168
Embora eu não acredite em certezas e sim em que cada um tem algo com que
contribuir, eu me sentia feliz com o que estava acontecendo.
Não creio que minha técnica é infalível, ou é a melhor, acredito que cada aluno
tem o seu mestre correspondente e os alunos que chegam a mim são os que
necessitam escutar a minha mensagem, assim como eu sigo aqueles que têm
algo a me dizer, algo que inconscientemente me pertence, que reconheço e me
faz vibrar.
Nos meus cursos tento conectar com meus alunos e quando consigo tudo flui
de uma forma inexplicável, eu confesso que às vezes contenho as lágrimas, me
emociono quando vejo as pessoas tendo a vontade de aprender, assim como
quando estou no papel de aluna, como se a minha vida dependesse do que estou
aprendendo.
Eu tive a grande sorte de contar com muitos alunos que abriram suas mentes e
respeitaram a minha visão. Eu entendo que, para muitos deles treinados em
Pilates Clássicos, que lutam para que não se desvirtue a técnica, inicialmente
podia ser difícil, se inscreviam ao meu curso com a suspeita de que poderiam
acabar com muitos anos de trabalho. Quando terminam o curso alguns deixam
a vergonha de lado e comentam muitas vezes que nunca imaginaram que o curso
consiste em outra abordagem, pensam que fariam outras posições sob o nome
de Pilates, ou, agradecem pelo desejo que sentem em continuar dando aulas e
de voltar a amar as suas profissões de forma doce e sútil.
A técnica
enviar a ordem para o cérebro para executar um movimento e meu aparelho não
tem nenhuma piedade neste sentido, é a máquina da verdade.
- Controle
- Concentração
- Centralização
- Precisão
- Fluidez
- Respiração
• Controle
• Concentração
Sem concentração não há ação eficaz. Concentre a sua mente e se funda a seu
corpo, com a maior perda de concentração, a perda de equilíbrio, força e
resistência também serão maiores.
• Centralização
• Precisão
A precisão é fazer o exercício sem que nenhum dos outros cinco pontos falhe.
É preciso quando está concentrado, com a força centralizada, controlando o
movimento, fluindo naturalmente e respirando para ajudar a desenvolvimento
dos músculos.
170
• Fluência
Viva o exercício como se fosse uma dança, como um efeito dominó, é uma
espiral de energia que cada vez tem mais força e não deixe que te pare.
Alguns dos meus exercícios são estáticos, mas ainda assim mantenho a fluidez,
pois o professor de Pilates nunca deixará de dar comandos verbais que moverá
muito o interior do aluno, sem fluidez só há estagnação.
• Respiração
Meu método consiste em uma série de exercícios que variam de acordo com as
necessidades de cada aluno. Os exercícios começam com o aluno deitado,
depois sentado e finalmente em pé, como nos ensinou Joseph Pilates. Isso se
deve ao momento em que acordamos estamos deitados e o que fazemos a seguir
é finalmente nos colocamos de pé. E como nosso trabalho é reeducar a postura
do aluno, temos que fazê-lo desde suas posturas habituais.
Em Pilates Aéreo também trabalho com posturas invertidas, devido aos grandes
benefícios. Com o aluno suspenso, consigo trabalhar, por exemplo, a rotação,
diminuindo significativamente o risco de lesões em casos de patologias
comparado com que o aluno o fizesse sentado, pois o peso da gravidade faz com
que a coluna vertebral se descomprima.
Se o meu aluno tem uma hérnia lombar, que o incomoda em rotação, creio que
a minha responsabilidade é ensiná-lo a girar e não substituir o movimento.
Recordemos a famosa frase de Joseph Pilates “o movimento cura”. Ademais
entendo que essa pessoa na sua vida cotidiana faz rotações e outros tipos de
movimentos contraindicados para seu tipo de lesão, porém inevitáveis no seu
dia a dia, o mais útil que posso fazer é que aprenda a se mover de forma segura
com exercícios pensados e adaptados. Em um caso assim, a posição invertida
baixará os níveis de tensão lombar que a sua lesão possa produzir.
171
São muitos os benefícios que descobri ao longo desses anos com o Columpio,
mas se eu tivesse que destacar um, seria o assoalho pélvico, tão importante,
especialmente para mulheres com problemas urinários. O assoalho pélvico de
qualquer um de nós suporta o peso visceral, mas o assoalho pélvico feminino é
um pouco mais complexo e tem outros elementos extras. O assoalho pélvico
feminino possui a abertura vaginal que o torna mais frágil do que o dos homens
e além disso durante a gravidez sofre uma carga extra elevadíssima que depois
do parto recomendo ser reestruturada. Eu pessoalmente nestes últimos meses
vivi alguns desajustes no assoalho pélvico devido à minha segunda gravidez, e
embora no começo foi difícil, foi muito útil para eu entender ainda mais àquelas
mulheres que sofrem durante anos. Na minha gravidez anterior, eu tentei um
parto normal mas não foi possível e minha filha Sofia veio ao mundo por
cesariana, me recuperei normalmente. Agora com o Arturo, meu segundo filho,
consegui ter um parto normal. Foram muitas horas de dilatação e o meu
assoalho pélvico desta vez sofreu bastante.
Ao ficar em pé pela primeira vez, todas as alunas com que eu tinha trabalhado
por perda de urina vieram à minha mente. Era impossível controlar minha
bexiga, não tinha nenhuma sensação muscular. Não sentia quando a bexiga
estava cheia e tampouco podia esvaziá-la completamente porque ele não tinha
nenhuma força muscular. Foi muito frustrante. Passavam os dias e parecia que
não melhorava, comecei a pensar no que ensinava não servia para nada e talvez
minhas alunas tinham se sentido como eu naquele momento, uma enorme
impotência. Eu entendi perfeitamente o quanto pode te condicionar algo assim,
deixar de ter sua vida normal, sempre com medo de não poder controlar, é um
verdadeiro horror!
Eu tinha certeza de que isso tinha que melhorar e portanto não deixei de
trabalhar o assoalho pélvico e me pendurar no balanço. Quando eu ficava de
cabeça para baixo no balanço parecia que algo se encaixava de novo dentro de
mim e podia perceber o pouquíssimo tônus muscular no períneo. Confesso que
às vezes perdia a esperança. Mas pouco a pouco fui melhorando, cada vez mais
podia controlar melhor a urina, até que me recuperei completamente. Meu filho
nasceu há quatro meses, e embora eu esteja ainda em fase de pós-parto, em
geral, posso dizer que faço uma vida completamente normal. Agora eu sei por
experiência própria que é possível se recuperar, só temos que nos dar a
oportunidade.
Como em qualquer outro caso de sobrecarga o que nos alivia é diminui-la e com
a minha técnica o fazemos de duas maneiras; fortalecimento dos músculos
172
Sempre temos que ter em conta que é responsabilidade do aluno saber o próprio
estado de saúde com exames médicos e informar ao professor e da mesma forma
o professor deverá fazer as perguntas pertinentes antes de começar uma aula de
Pilates Aéreo, independentemente de que o aluno faça posições invertidas ou
não.
Também faremos uma análise visual do nosso aluno. Eu gosto de ver como eles
se movem, porque eu acho que é diferente a maneira que eles podem se ver da
visão que pode ter um profissional. Eu preciso ver como o aluno se senta, como
articula, como ativa ou não ativa seus músculos e isso eu tenho que ver em
movimento e se é um novo movimento para ele, muito melhor. Uma vez
coletada toda a informação sobre o estado de saúde de nosso aluno, avaliaremos
quais serão os exercícios que melhor convenham e nunca praticam os exercícios
invertidos e o médico contraindica.
Saúde e emoção
Temos que ver o que nos impede e o que é que nos impõe a doença e segundo
a resposta fazer algo a respeito. Tomemos como exemplo uma lesão no
tornozelo, que nos impede andar e nos obriga a parar. Poderíamos nos perguntar
para onde estou andando, e por que não queremos seguir fazendo.
As contraturas são por causa dos movimentos contrários a que não queremos
fazer. Pode ser como uma pessoa que tem que pegar uma bolsa do chão, mas na
realidade ela não quer fazer. Ou abrir uma porta por onde não quer sair. Estar
em uma postura no seu trabalho que não gosta, mas o que não gosta de fazer?
Convido a vocês que pare um momento para se sentir e descobrirá coisas
incríveis. Passamos a vida projetando tudo fora para não sentir. Alguém alguma
vez nos disse que ter sentimentos não é bom porque dói. Alguém alguma vez
quando éramos pequenos nos contou que não deveríamos chorar porque
perdemos nosso brinquedo preferido, e teríamos que ser valentes. E é isso que
continuamos fazendo, bloqueamos a emoção com a razão e deixamos de sentir.
Para evitar o que consideramos sofrimento, racionalizamos tudo e buscamos
solução, mas fazemos com a mente e não com o coração.
Quando somos adultos, nos responsabilizamos pelo que sentimos se torna muito
duro e preferimos que a culpa seja de outro e na realidade não existe culpa, e
sim experiências de vida.
Vendo deste ponto de vista, o corpo físico seria uma maneira de projetar para
fora de nós e isso e outra coisa que me preenche no Pilates Aéreo e Tradicional.
E um exercício que trata de buscar desde dentro, do profundo da musculatura
que nunca sentimos. Nos faz ser conscientes de que respiramos e que temos
agilidades naturais.
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Notas finais
É curioso para mim olhar para trás e ver como meu curso foi tomando a forma
como o Brasil quis. É verdade que não tinha nada bem planejado porque não
sabia com que iria me deparar. Comecei a escutar nas primeiras formações o
que os alunos tinham necessidade de aprender e foi uma surpresa. Chegavam
com a esperança de se pendurarem no balanço e saiam querendo saber mais
sobre os princípios básicos do Pilates. Falavam entre eles e descobriam que a
cada um deles havia sido ensinado os princípios básicos de forma diferentes. O
mesmo acontecia com os comandos verbais ou como estruturar uma aula. Por
isso nas minhas formações começo do zero com um repasso dos princípios
básicos par que todos estejam em igualdade de condições.
Como vocês podem ver, há muitas formas de entender as coisas. Com estas
páginas, eu quis aproximá-los da minha. Pode ser que não concordem. Hoje há
muitas formações diferentes e a cada dia as coisas evoluam mais, demonstradas
através de mais estudos. Mas creio que também há algo muito importante que
devemos nos basear, que são as nossas experiências. Como evoluem nossos
alunos, no caso se nos dedicamos a isso. Ou como evoluímos nós mesmos.
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Como comentei anteriormente, não somos de cartilhas. O que digo pode não
funcionar com você, pode ser que não seja a sua linha de trabalho. Embora se
este livro chegou a suas mãos, é porque tem algo novo para aprender ou
reafirmar o que já sabia.
Não quero terminar sem agradecer a todos meus alunos do Brasil pelo carinho
e respeito com que sempre me recebem. Gostaria também de mencionar
especialmente a Janaina Cintas. Nada é por acaso e Janaina esteve por muito
tempo, um ano para ser exato, em quase todos os meus cursos lá estava seu
nome como participante, mas por circunstâncias da vida nunca aparecia. Seu
nome era mencionado e não podia imaginar que essa aluna fantasma se
converteria em uma companheira de escrituras. E a todas as pessoas que
confiaram e confiam em mim porque graças a vocês os meus sonhos continuam.
Especialmente aos meus filhos Sofia e Arturo, como meu amor Antônio.
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Conclusão
Em vista dos argumentos apresentados, pudemos olhar o corpo sob uma nova
ótica, primeiro discutimos a anatomia tentando simplifica-la para elucidar as
propostas que discutiríamos adiante, e observarmos novos estudos
biomecânicos que nos trouxeram muitas mudanças de paradigmas para, só
então elucidarmos a evolução das Cadeias Musculares. Na descrição das
cadeias somos levados a acreditar que se precisássemos categorizar os métodos
apresentados, podemos dizer que todos possuem suas indicações, e que nenhum
é absoluto, melhor que o outro. Equiparam-se dentro de sua verdade, e se bem
aplicados podemos atingir bons resultados se estiverem linkados as indicações
precisas de uma boa avaliação. É imprescindível que todos se conscientizem de
que nem todas as respostas foram encontradas pela ciência, e da suma
importância da continuidade de nossos estudos, em busca da verdade corporal.