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Revista Capriccho - Simpo2020 PDF
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Del Priore (2010) esclarece que logo, um público de leitoras se formaria no
Brasil e os folhetins romance ganhariam grande destaque, sendo lidas
massivamente por mulheres ao mesmo tempo em que a educação em escolas
e internatos femininos vai ganhando força na segunda metade do século XIX.
Mas o público feminino não se contentaria apenas em ficar na leitura e partiria
também para a escrita. Mary Del Priore (2010, p. 169) defende então:
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acontecimento, assim como para o local em que se deu a publicação [...] Em
síntese, os discursos adquirem significados de muitas formas, inclusive pelos
procedimentos tipográficos e de ilustração que os cercam. A ênfase em certos
temas, a linguagem e a natureza do conteúdo tampouco se dissociam do
público que o jornal ou revista pretende atingir” (LUCA, 2010, p. 40)
Dessa forma, Luca (2010) defende que a utilização da imprensa não deve se
limitar a extrair um ou outro texto isolados, por mais representativos que
sejam, mas procurar elaborar uma análise circunstanciada do seu lugar de
inserção e tecer uma abordagem que faz dos impressos, a um só tempo,
fonte e objeto de pesquisa historiográfica, rigorosamente inseridos em uma
crítica competente.
A Capricho foi a primeira revista feminina da editora Abril, tendo sido lançada
no dia 18 de junho de 1952, iniciando o seu pioneirismo através da publicação
de fotonovelas. Porém com o passar dos anos, o conteúdo da revista foi se
diversificando e a capricho deixou de publicar fotonovelas para debater outras
temáticas ligadas ao universo feminino. De acordo com Silva (2016) a
publicação adquiriu um rosto mais jovem quando em 1982 deixou de lado a
publicação das fotonovelas e assumiu o slogan novo “A revista da gatinha”
para assim alcançar o público feminino mais jovem.
Entre as várias reformulações que vão acontecendo nos anos 80, a Capricho
deixa de ser “a revista da gatinha”, mas continua aumentando o seu alcance
para um público feminino ainda maior, atingindo até mesmo jovens da classe
C. Na década de 90, a Capricho esta consolidada como uma das maiores
revistas para adolescentes no Brasil, levando em suas páginas os mais
diversos temas como sexualidade, beleza, saúde, família, futuro profissional,
etc. De acordo com Silva (2016, p. ):
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É possível apontar então que a Capricho se tornou um verdadeiro “manual de
vida” para a jovem brasileira, oferecendo as orientações necessárias para se
tornar uma garota bem resolvida e “descolada”. Tendo em vista isso, a revista
torna-se uma fonte para o entendimento da pedagogia operante sobre o
gênero feminino. Como defende Louro (2008, p. 18):
Através das manchetes expostas nas capas de revista com a cantora Sandy,
podemos constatar uma mudança feminina, pois na edição de 1999, a cantora
nos seus 16 anos estampa a capa em uma pose mais tímida, com roupas que
cobrem todo o seu corpo e afirmando nunca ter beijado; algo muito bem visto
nos padrões hegemônicos de que a mulher deve ser adorável, meiga e
contida. Entretanto, no ano 2000, Sandy estrela mais uma capa da capricho,
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só que dessa vez sua pose é de uma garota que mostra ser forte e decidida,
com uma blusa mais curta e revelando que não gosta do rótulo de coitadinha
e da visão que muitos tem dela de ser ‘a santa”, em alusão ao seu bom
comportamento e doçura.
Considerações Finais
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Referências: