O Maravilhoso Medieval Magicus e Miraculosos No Livros Viagens de Jean de Mandeville
O Maravilhoso Medieval Magicus e Miraculosos No Livros Viagens de Jean de Mandeville
O Maravilhoso Medieval Magicus e Miraculosos No Livros Viagens de Jean de Mandeville
Maringá – 2019
Dados Internacionais de Catalogação-na-Publicação (CIP)
(Biblioteca Central - UEM, Maringá – PR., Brasil)
Congresso Internacional de História (9. : 2019 out.
07-09 : Maringá, PR)
C749a Anais do 9º Congresso Internacional de História : “História
da América em debate: fronteiras, ensino e ecologia”/
organizador Luiz Felipe Viel Moreira. –- Maringá, PR: UEM/DHI,
2019.
07 de outubro (segunda-feira)
Manhã: Credenciamento – 10 horas Palestra com o Prof. Dr. Márcio Ronaldo Santos Fernandes
(Unicentro – Secretário Geral ICA 2021): “A América e suas fronteiras: múltiplas vozes, múltiplos
encontros”
Noite: Palestra de abertura. Prof. Dr. Héctor Perez Brignoli (Universidad de Costa Rica – Costa
Rica): “Historia Global de America Latina”
08 de outubro (terça-feira)
Manhã: Mesa Redonda: História Ambiental Americana
-Prof. Dr. Anthony Goebel MacDermott (Universidad de Costa Rica – Costa Rica): “Ecosistemas
forestales y regímenes ambientales. Hacia una historia ambiental de Centroamérica en perspectiva
global: la explotación forestal como estúdio de caso, siglos XVIII al XX”
-Profa. Dra. Lise Sedrez (UFRJ): “Natureza urbana: um prazer e um desafio para os historiadores
ambientais”
-Prof. Dr. Gilmar Arruda (UEL): “Desafios políticos da história ambiental na era da devastação”
-Eng. Agr. João Berdu Garcia Jr.: “O Vale da Seda na Bacia Hidrográfica do Rio Pirapó: crédito de
carbono, sustentabilidade e impacto ambiental”
09 de outubro (quarta-feira)
Manhã: Mesa Redonda: Fronteiras e História na América Latina
-Prof. Dr. Ronald Soto-Quirós (Université de Bordeaux Montaigne – França): “Cerrando fronteras
en América Central: biopolítica y migración (fines del siglo XIX – 1940)”
-Prof. Dr. Micael Alvino Silva (Unila): “As relações internacionais e a tríplice fronteira Brasil –
Argentina – Paraguai)”
-Prof. Dr. Lúcio Tadeu Mota (UEM): “Fronteiras étnicas no Guairá Colonial”
VICE-COORDENAÇÃO
Isabel Cristina Rodrigues
SECRETARIA GERAL
Igor Marconi
COMISSÃO ORGANIZADORA
Solange Ramos de Andrade
Márcia Elisa Teté Ramos
Hudson Siqueira Amaro
Inês Aparecida de Souza
Sônia Regina Luciano
COMISSÃO CIENTÍFICA
José Henrique Rollo Gonçalves
Hector Pérez Brignoli
Lúcio Tadeu Mota
Anthony Goebel MacDermott
Márcio Roberto do Prado
Ronald Soto-Quirós
Leandro Brunelo
Ana Montserrat Barreto Valinotti
ÍNDICE
Resumo: Os estudos sobre a Idade Média têm se firmado no Brasil nas últimas décadas. Desde
1996, com a criação da ABREM –Associação Brasileira de Estudos Medievais, vários congressos
nacionais e internacionais são realizados em diversas regiões do país. Cabe destacar a existência de
laboratórios de pesquisas dedicadas à Idade Média e o grande número de Dissertações de Mestrado
e Teses de Doutorado defendidas nos Programas de Pós-Graduação em História, Letras, Educação e
outros cursos espalhados pelo Brasil. O número de edições cada vez crescente de fontes e
bibliografia, bem como a disponibilidade de obras na internet têm fortalecido os estudos. As
publicações acadêmicas são outro fator que atestam a solidez das pesquisas desenvolvidas.
Podemos dizer, seguramente, que somos reconhecidos internacionalmente pelo nível das pesquisas
desenvolvidas no país. Este Simpósio Temático tem por objetivo reunir pesquisadores para debater,
a partir das fontes, a Idade Média, e promover, deste modo, uma maior integração entre
pesquisadores brasileiros e estrangeiros.
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O MARAVILHOSO MEDIEVAL: MAGICUS E MIRACULOSUS NO LIVRO
VIAGENS DE JEAN DE MANDEVILLE.
Resumo:
Esta comunicação tem como objetivo discutir as manifestações maravilhosas no livro
Viagens de Jean de Mandeville, focalizando, sobretudo, no magicus e miraculosus.
Buscamos perceber tais expressões como causadoras de admiração, espanto e
fascínio, mas, sem perder de vista o fato de que, para o homem medieval, tais
manifestações eram percebidas como naturais, ou seja, emolduradas ao
funcionamento normal da realidade, tanto para o leitor quanto ao escritor. Além do
mais, buscamos perceber em quais momentos aparecem tais manifestações, bem
como ao que estavam ligadas. Para tal empreitada usaremos o escrito de Jean de
Mandeville, escrito em meados do século XIV, o qual narra o deslocamento do
fictício cavaleiro, por terras orientais. A edição que utilizamos, traduzida por Susani
Silveira Lemos França, é dividido em duas partes, sendo a primeira, a exposição do
caminho da Inglaterra à Jerusalém, enquanto a segunda apresenta a descrição dos
locais posteriores à Terra Santa até o Extremo Oriente. Concluímos, entre outras
coisas, que na primeira parte abundam as maravilhas ligadas ao cristianismo,
miraculosus. Ao contrário da segunda, onde observamos o maior número
relacionado ao paganismo, nesse caso o magicus. Na discussão utilizaremos os
escritos de Jacques Le Goff (1985), Ana María Morales (2003), Claude Kappler
(1986), entre outros.
Financiamento: CNPq.
INTRODUÇÂO
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contemporâneo, transferindo, desta forma, o medievo ao segundo plano. Isso
ocorreu, segundo Paulo Catarino Lopes, por considerações anteriores que
concluíram à Idade Média, por sua predominância da ruralidade, o quase nulo
deslocamento. Porém, para o autor, estudos contemporâneos estão demonstrando
que na Idade Média, sobretudo após o século XII, sucederam inúmeros
deslocamentos, assim, ―sabemos atualmente que o homem medieval viajou muito
mais do que aquilo que se supunha‖ (LOPES, 2004, p.49).
Entre as motivações das viagens na Idade Média podemos destacar, por
exemplo, diplomacia, peregrinação, evangelização, trocas de mercadorias, busca
por aventuras, fugas por crimes, caçadas. Igual modo às causas para os
deslocamentos, em essência bastante variada, os viajantes constituíam um grupo
heterogêneo formado desde pessoas com grandes riquezas, como reis e nobres, até
camponeses em busca de novas oportunidades de trabalho. Não podemos
negligenciar, entretanto, os movimentos considerados pelos homens
contemporâneos como imaginários, visto que, para a mentalidade daquela época o
entendimento de real e imaginário era diferente.
Assim, partindo de Paul Veyne, não pensamos como suficiente apenas o
apoio na periodização para entender a individualidade do fato histórico, neste caso a
Viagem, pois, creditamos a isso a incapacidade da exposição das reais
singularidades, as quais acabam sendo legadas ao instinto do leitor. Seguindo
Veyne, pensamos que a História impõe a tarefa de ―conceituar, a fim de delimitar a
originalidade das coisas‖ (VEYNE, 1983, p.34-39).
A viagem na Idade Média, portanto, se apresenta de forma ambígua aos
nossos olhos, pois, carrega tanto um significado atemporal, em quanto movimento
existencial até a ordem eterna, como também sentido temporal, seja por objetivos
econômicos, diplomáticos ou religiosos. Diferente da atualidade, o itinerário, no
medievo, não era visto unicamente na forma do deslocamento físico ou espacial,
configurava, além do mais, um quadro simbólico. A busca por salvação, comercio e
conhecimento indica-nos que a percepção de translado abarcava ambos
hibridamente, o físico e o espiritual (CASTRO HERNÁNDEZ, 2013).
Entre as características das viagens medievais destaca-se a irrelevante
distinção entre o factual e a ficção. Isso porque, esses escritos sobre deslocamento,
transmitiam um elevado grau de ficcionalidade, a qual era reforçada tanto pela
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origem subjetiva da experiência do relator, quanto com o submetimento a ideias
preconcebidas sobre o espaço e o tempo (CONDE SILVESTRE, 2011, p.232-233).
Dentre as principais ideias preconcebidas sobre as terras localizadas no
Oriente enfatizamos as ―maravilhas‖, as quais, mesmo tendo origem na Antiguidade
perduraram por toda a Idade Média. Para Jacques Le Goff a mirabilia no medievo,
no âmbito do sobrenatural, é dividida em três partes: mirabilia, maravilhoso pré-
cristão; magicus, sobrenatural maléfico, satânico e; miraculosus, a maravilha cristã,
ou seja, o milagre (LE GOFF, 1985, p.24).
Partindo da separação proposta por LE GOFF (1985) esta comunicação
pretende compreender as mirabilia presentes no livro Viagens de Jean de
Mandeville (2017), traduzido e organizado por Susani Silveira Lemos França,
enfatizando, sobretudo, o magicus e miraculosus.
OBJETIVOS
RESULTADOS
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tese da qual não foi Jean de Mandeville que escreveu a obra, assim como, seu
verdadeiro autor escreveu sem sair de casa.
O fato de ser uma viagem imaginária não impossibilitou a ampla propagação
da obra em seu contexto histórico, visto que, foi um dos livros mais disseminados em
fins da Idade Média e início da Modernidade. Tal fato sucede, em partes, pelo seu
conteúdo conseguir satisfazer o anseio do publico europeu a respeito das coisas
diferentes e estranhas que se encontravam em terras longínquas.
O estranho, também chamado de ―maravilhoso‖, aparece nas duas partes do
livro, ou seja, tanto na descrição das terras da Europa até Jerusalém, quanto nas
localidades além da Terra Santa ao domínio do Preste João.
Atualmente essas manifestações maravilhosas podem ser estudadas como
uma categoria de ideias ou expressões literárias e artísticas. Entretanto, durante a
Idade Média, a mirabilia esteve longe de envolver unicamente as abstrações do
pensamento ou de ser apenas uma categorização das coisas estranhas, ao
contrário, formava um universo real, coexistente com o cotidiano, mesmo que, em
muitos casos, consistisse em seres, lugares e objetos que são extraordinários,
admiráveis, ou, sobrenaturais (ALTAMIRANO MEZA, 2008, p.12).
Pablo Castro Hernández substancialmente define o ―maravilhoso‖ tanto como
um espanto provocado pelo sobrenatural, quanto na admiração da natureza
excepcional dos objetos e fenômenos vislumbrastes. É algo, na opinião do autor,
que rompe com o cotidiano, causando admiração, surpresa e gosto pelo novo e
diferente (CASTRO HERNÁNDEZ, 2005, p.18).
Selma Calasans Rodrigues, buscando melhor demonstrar a ligação entre a
palavra maravilha e a admiração, liga o referido termo a sua raiz etimológica, miror,
a qual, em latim, carregava o significado de fascínio, espanto, para com o ato,
pessoa ou coisa apreciada. A autora afirma, além do mais, que na teoria literária
atual o vocábulo ―maravilha‖ é ―historicizado‖, pois, é usado para designar a
interferência de deuses, quando ligado ao paganismo, ou dos seres sobrenaturais,
como, por exemplo, fadas e anjos, ou, aos milagres, caso ligado ao cristianismo
(RODRIGUES, 1988, p.54-55).
De certa forma categorizando a perspectiva de RODRIGUES (1988), o
pesquisador Jacques LE GOFF em seu livro O maravilhoso e o quotidiano no
Ocidente Medieval (1985), afirma que o maravilhoso no âmbito do sobrenatural é
dividido, após o século XII-XIII, em três domínios: mirabilis, a maravilha com origem
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pré-cristã; magicus, inicialmente usado de forma neutra designando tanto uma
magia ligada á Deus, quanto ao diabo, mas que, em fins do medievo, transportava o
significado do maléfico e satânico; miraculosus, o maravilhoso propriamente cristão,
ou seja, o milagre (LE GOFF, 1985, p.24).
Sobre a relação entre a maravilha e o milagre Axel Rüth, de forma
pragmática, afirma que, nos anos seguintes ao século XII ocorre o início do processo
de uma distinção entre o mirabilia e o miracula1. Para o autor,
Ana Borja López parte da raiz etimológica dos termos ―maravilha‖ e ―milagre‖
para demonstrar suas conexões. Assim, a autora afirma que,
1
Importante ressaltar que, para Alex Rüth, ―The distinction between mirabilia and miracula is not only
one between phenomena, but also between textual genres. Although both terms have the same
origin, they belong to different textual traditions, characterized by different conceptions of admiratio,
due to two different attitudes towards nature: admiration in face of the non-understandable in the
mirabilia produces astonishment—not because the order of nature is disturbed but because the
reasons for a phenomenon are unclear, whereas miracula exceptionally abolish the order of nature.
As to the history of knowledge, the wondering of the mirabilia, however ―fabulous‖ these stories and
descriptions might be, belongs to the sphere of curiositas: it is a philosophical wondering.18 The
wondering of the miracula is different: it shall create admiratio of the saint‘s virtue‖ (RÜTH, 2011,
p.94).
2
―(…) both have in common is the evocation of wonder and astonishment, the mirabilia towards
things we do not understand, the miracula towards actions of God beyond or contrary to nature (
ísica/contra naturam). The marvellous can have many different reasons whereas the miraculous can
only have one. A marvel is generally something extraordinary, but not contrary to nature, whereas a
miracle designates an intervention by God‖ (RÜTH, 2011, p.93).
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língua religiosa, ‗ prodígio‘ ou ‗milagre‘, com sentido ‗laudatório‖
(BORJA LÓPEZ, 2016, p.68)3.
3
―El núcleo lexical mir -, que indicaba ‗mirada‘, ‗visualización‘, ‗asombro‘, procede del latín mirári,
derivado del adjetivo mirus, que significaba ‗maravillarse‘, ‗mirar con maravilla, admiración‘, Mirári,
además, es el origen del término milagro,por lo que es posible relacionar maravilla y milagro desde
un punto de vista etimilógico. Así, la voz latina mirus (‗sorprendente‘, ‗extraño‘, ‗maravilloso‘) agrupa
en su acepciones ambos vocablos, si bien el empleo como epíteto es poco común y estáreservado a
mirabilis, que en latín imperial reemplaza a mirus. Como derivados se documentan, asimismo,
miraris, ‗sorprenderse‘, ‗mirar con sorpresa o admiración‘, y miraculum, ‗cosa sorprendente‘ y, en la
lengua religiosa, ‗prodigio‘ o ‗milagro‘, con sentido laudatorio ( BARJA LOPÉZ, 2016, p.68) .
4
A respeito disso destacamos Mercedes Brea, a qual afirma que, ―es posible (aunque puede que
también discutible) que no todas las maravillas sean milagros, pero sí parece seguro que, en mayor
o menor medida, todos los milagros son maravillas, al menos desde el punto de vista etimológico‖ (
BREA, 1993, p.49)
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O aspecto religioso dos milagres não é unicamente associado ao cristianismo,
isso porque, em dois momentos diferentes o encontramos aludido a outras crenças.
Na primeira situação, Jean de Mandeville descreve a entrada de Maomé em uma
ermida, de portas pequenas, mas que, cresce, como um Palácio, após o ingresso do
profeta – ―este foi o primeiro milagre que, segundo os sarracenos, fez Maomé em
sua juventude‖ (MANDEVILLE, 2017, p.139). Na segunda circunstância, o suposto
cavaleiro ao expor as festas realizadas nas terras do Grande Cã, se refere a uma
praticada em comemoração a circunstância que o ―Ídolo começou a falar ou a fazer
milagres‖ (MANDEVILLE, 2017, p.203).
O fato de o Ídolo fazer milagres, por conseguinte, não resulta em sua
automática associação a Deus, ainda que, por meio dele, se expressem os anjos.
Isso ocorre porque existem dois tipos de anjos, os bons e os maus e, ―não é o anjo
bom, mas o mau que está dentro [desses] Ídolos para [enganar os idólatras] e fazer
com que permaneçam em seu engano‖ (MANDEVILLE, 2017, p. 254).
De forma análoga aos anjos maus, Jean de Mandeville descreve os feiticeiros
e encantadores, os quais, por meio de suas ―magias‖, realizam proezas com o
objetivo de enganar. Propósito aproximado, no entanto, não significa associação
integral, visto que, em fins da Idade Média, o milagre (miraculosos) era a antítese
das variadas expressões da magia (magicus) (NEPOMUCENO, 2017, p.8). Tal
oposição é determinada pelo fato de que o magicus, ao necessitar da ajuda
demoníaca para ocorrer exclui a possibilidade de ser entendido como operação
divina ou manifestação normal da natureza (CASTRO HERNÁNDEZ, 2016, p.68-
70).
Deuses, feiticeiros ou encantadores, na obra de Jean de Mandeville, são os
principais parceiros do diabo em suas ações. Existem, no entanto, formas de
proteção contra as empreitadas desses seres, como, por exemplo, o diamante, o
qual, além de proteger os que o carregam, faz voltar os ―malefícios ou
encantamentos‖ contra o atacante (MANDEVILLE, 2017, p.156).
Importante destacar que, mesmo o magicus sendo oposto ao milagre,
resultado de ações demoníacas, ele não é excluído das coisas que causam
admiração e, o suposto cavaleiro, deixa isso claro em dois momentos. Na primeira
situação o autor afirma que os encantadores e pelotiqueiros, que residem na corte
do Grande Cã, fazem muitas ―maravilhas‖, pois podem fazer o sol ou a lua prestar
homenagem ao Imperador (MANDEVILLE, 2017, p.206). Na segunda ocasião, o
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suposto cavaleiro, descreve uma arvoreta a qual cresce até o meio dia, mas depois
somem (MANDEVILLE, 2017, p.231).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
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É no capítulo 15 da obra que encontramos a palavra ―milagre‖ designando os feitos de Maomé,
porém, influi significativa a forma que o suposto cavaleiro descreve a religião dos sarracenos,
sobretudo, ao colocar que os sarracenos ―afirmam que Abraão era amigo de Deus, que Moisés era o
porta-voz de Deus, que Jesus era a palavra e o espírito de Deus e que Maomé era o verdadeiro
mensageiro de Deus. E dizem que dos quatro, Jesus Cristo era o mais digno, o mais magnífico e o
maior. Contudo, apesar de partilharem muitos artigos de nossa fé, sua religião e suas crenças não
são perfeitas como as dos cristãos, mas é fácil que possam converter-se, especialmente os que
tomam conhecimento das escrituras e das profecias, pois têm os Evangelhos, as profecias e a Bíblia
traduzidos em sua língua e reconhecem muito da Sagrada Escritura. O problema é que entendem ao
pé da letra, do mesmo modo que os judeus, pois eles não conseguem compreender a letra
espiritualmente, apenas corporalmente, e por isso, recriminam os verdadeiros sábios que a
interpretam espiritualmente‖ (MANDEVILLE, 2017, p. 138). Desta forma, talvez, em um estudo mais
detalhado da relação de Jean de Mandeville com os sarracenos e sua analise por meio do
entendimento filosófico do milagre em fins da Idade Média pudesse concluir que miraculosus estava
correlacionado com o sobrenatural divino, mas não necessariamente com a vontade de Deus.
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BORJA LÓPEZ, Ana. La maravilla en Il Milione: milagros y elementos diabólicos.
Ámbitos: revista de estudios de ciencias sociales y humanidades, núm. 36 (2016),
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BREA, Mercedes. Milagros prodigiosos y hechos maravillosos en las Cantigas de
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RODRIGUES, Selma Calasans. O fantástico. São Paulo, SP: Ática, 1998.
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VEYNE, Paul. O inventário das diferenças: história e sociologia. SP: São Paulo,
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