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Paleontologia PDF
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PALEONTOLOGIA
Conteudista
Marcelo Soares
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Branco - UCB.
ISBN 978-85-7880-080-2
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com grande satisfao que o(a) recebemos como integrante do corpo discente de nossos cursos de gradu-
ao, na certeza de estarmos contribuindo para sua formao acadmica e, consequentemente, propiciando
oportunidade para melhoria de seu desempenho profissional. Nossos funcionrios e nosso corpo docente es-
peram retribuir a sua escolha, reafirmando o compromisso desta Instituio com a qualidade, por meio de uma
estrutura aberta e criativa, centrada nos princpios de melhoria contnua.
Esperamos que este instrucional seja-lhe de grande ajuda e contribua para ampliar o horizonte do seu conhe-
cimento terico e para o aperfeioamento da sua prtica pedaggica.
Seja bem-vindo(a)!
Paulo Alcantara Gomes
Reitor
Orientaes para o Autoestudo
O presente instrucional est dividido em quatro unidades programticas, cada uma com objetivos definidos e
contedos selecionados criteriosamente pelos Professores Conteudistas para que os referidos objetivos sejam
atingidos com xito.
Os contedos programticos das unidades so apresentados sob a forma de leituras, tarefas e atividades com-
plementares.
Havendo a necessidade de uma avaliao extra (A3 ou A4), esta obrigatoriamente ser composta por todo o
contedo de todas as Unidades Programticas.
A carga horria do material instrucional para o autoestudo que voc est recebendo agora, juntamente com
os horrios destinados aos encontros com o Professor Orientador da disciplina, equivale a 30 horas-aula, que
voc administrar de acordo com a sua disponibilidade, respeitando-se, naturalmente, as datas dos encontros
presenciais programados pelo Professor Orientador e as datas das avaliaes do seu curso.
Bons Estudos!
Dicas para o Autoestudo
1 - Voc ter total autonomia para escolher a melhor hora para estudar. Porm, seja
disciplinado. Procure reservar sempre os mesmos horrios para o estudo.
5 - No pule etapas.
UNIDADE I
DIVISES DA PALEONTOLOGIA............................................................................................................ 13
UNIDADE II
UNIDADE III
TAFONOMIA............................................................................................................................................... 19
UNIDADE IV
MTODOS PALEONTOLGICOS............................................................................................................ 22
Glossrio ...................................................................................................................................................... 26
Gabarito ....................................................................................................................................................... 27
Referncias bibliogrficas . .......................................................................................................................... 29
Quadro-sntese do contedo 9
programtico
II. INTRODUO AO ESTUDO DOS FSSEIS Introduzir e caracterizar o estudo dos fsseis.
A vida neste planeta teve seu incio h alguns bilhes de anos e, desde ento, restos de animais e vegetais ou
evidncias de suas atividades ficaram preservados nas rochas. Estes fragmentos e evidncias so denominados
fsseis e constituem o objeto de estudo da Paleontologia. A Paleontologia (do grego palais, antigo + ntos,
ser + lgos, estudo) a cincia natural que estuda a vida do passado da Terra e o seu desenvolvimento ao longo
do tempo geolgico, bem como os processos de integrao da informao biolgica no registro geolgico, isto
, a formao dos fsseis.
A Paleontologia desempenha um papel importante nos dias de hoje. J no a cincia hermtica, restrita aos
cientistas e universidades. Todos se interessam pela histria da Terra e de seus habitantes durante o passado
geolgico, para melhor conhecerem as suas origens.
O objeto imediato de estudo da Paleontologia so os fsseis, pois so eles que, na atualidade, encerram
a informao sobre a morte do passado do Planeta. Por isso, se diz frequentemente que a Paleontologia ,
simplesmente, a cincia que estuda os fsseis. Contudo, esta uma definio que limita o alcance da Paleon-
tologia, pois os seus objetivos fundamentais no se restringem somente ao estudo dos restos fossilizados dos
organismos do passado. A Paleontologia no somente estuda os fsseis, mas tambm pretende conhecer a vida
do passado geolgico da Terra.
Uma vez que os fsseis so objetos geolgicos com origem em organismos do passado, a Paleontologia a
disciplina cientfica que estabelece a ligao entre as cincias geolgicas e as cincias biolgicas, assim como
de outras cincias importantes. Conhecimentos, por exemplo, da Geografia so fundamentais para a paleonto-
logia, pois atravs desta pode-se relacionar o posicionamento e distribuio dos dados coletados.
UNIDADE I 13
DIVISES DA PALEONTOLOGIA
Exerccios de Fixao
1. A Paleontologia a cincia que estuda evidncias da vida pr-histrica preservadas nas rochas, os fsseis, e
elucida no apenas seu significado evolutivo e temporal, mas tambm sua aplicao na busca de bens minerais
e energticos. Defina Paleontologia.
2. A paleontologia uma cincia meramente descritiva, posto que ela se preocupa, tambm, com o conheci-
mento total dos organismos que antecederam os atuais. Como se divide a paleontologia?
3. Defina Paleobiologia.
5. O que Biocronologia?
6. Cite e descreva outras subdivises da Paleontologia que estuda qualificao dos fsseis simplesmente pelo
tamanho.
7. Podemos distinguir os microfsseis pelo tamanho milimtrico ou micromtrico. Cite alguns exemplos de
microfsseis.
8. O que Paleopalinologia?
Leitura Complementar
Para voc saber mais a respeito das informaes desta unidade, leia sobre o assunto no livro CARVALHO,
I.S. 2004. Paleontologia, vol. 1. Editora Intercincia. Rio de Janeiro. 861 p.
UNIDADE II 15
Tipos de Fsseis
Existem dois tipos bsicos de fsseis: os somatofs-
seis e os icnofsseis.
Icnofssil: Fssil de vestgios de atividade biol- Consiste no desaparecimento total das partes moles
gica de organismos do passado. Por exemplo, fsseis e duras do ser vivo, ficando nas rochas um molde das
de pegadas, de marcas de mordidas, de ovos (da casca suas partes duras. O molde pode ser:
dos ovos), de excrementos (os coprlitos), de tneis e
de galerias de habitao etc. Molde externo - quando a parte exterior do ser
vivo desaparece deixando a sua forma gravada nas
Os fsseis somatofsseis e icnofsseis podem rochas que o envolveram.
ocorrer sob a forma de diversos produtos dos proces-
sos de fossilizao que ocorrem aps o enterramento Molde interno - os sedimentos entram no interior
dos restos esquelticos ou dos vestgios de atividade da parte dura e quando esta desaparece fica o molde
orgnica. Os mais frequentes so as mineralizaes e da parte interna.
os moldes.
Processos de Fossilizao
Mumificao ou conservao
A mumificao o mais raro processo de fossiliza-
o. Pode ser:
Exerccios de Fixao
1. O que so fsseis?
3. O so subfsseis?
5. No caso dos animais, os restos preservados (fsseis) consistem, em geral, apenas de suas partes duras. Cite
alguns exemplos.
6. O que so impresses ou moldes?
18
7. O que so icnofsseis?
9. O que so pseudofsseis?
Leitura Complementar
Para voc saber mais a respeito da origem, evoluo e biologia dos anfbios, leia sobre o assunto no livro
CARVALHO, I.S. 2004. Paleontologia, vol. 1. Editora Intercincia. Rio de Janeiro. 861 p.
UNIDADE III 19
TAFONOMIA
A Tafonomia do grego tafos (sepultamento) + no- Embora com frequentes excees, a maioria dos fs-
mos (lei) a disciplina paleontolgica que se ocupa seis consiste em restos de partes duras. o caso dos
do estudo dos processos de transferncia dos restos e esqueletos internos dos vertebrados, a possibilidade
dos vestgios biolgicos (ou melhor, da informao da sua preservao depende no s da sua composi-
biolgica) da Biosfera do passado para a Litosfera o qumica, resistncia ou forma, como, tambm, do
do presente. Ou seja, a Tafonomia o ramo da Pa- que ocorre com os cadveres na fase intermediria
leontologia que estuda as condies e processos que entre a morte e o sepultamento. Um dos fatores que
propiciam a preservao de restos de organismos pr- favorecem a preservao o sepultamento rpido, o
histricos ou de vestgios deixados por esses restos. outro a mortalidade em massa.
Pode-se dividir a histria da preservao de um Nos ambientes continentais, os cadveres que esca-
organismo em duas fases: 1) Bioestratinomia: uma pam ao ataque dos necrfagos e ficam expostos ao
fase relativamente curta que vai da morte desse orga- ar livre ou cobertos por uma delgada lmina de gua
nismo at o seu sepultamento em sedimentos; 2) Dia- esto sujeitos, desde logo, ao microbiana. Tem
gnese dos fsseis (Fossildiagenese) uma fase bem incio, ento, a putrefao. Desta resulta a produo
mais longa que tem incio com o seu sepultamento e e escape de gases como o hidrognio, gs carbnico,
se estende at a data da coleta dos seus restos ou de oxignio, nitrognio, gs sulfdrico etc. Aps a necr-
vestgios deixados pelos mesmos. lise, o material mineralizado do esqueleto, sob ao
dos agentes atmosfricos, transforma-se em p ou
dissolvido e levado pelas guas.
Bioestratinomia
Os esqueletos dos vertebrados raramente se conser-
vam completos e sem distoro. Em geral os cad-
Diviso da Tafonomia que estuda as causas e tipos de veres sofrem o ataque dos animais necrfagos, que
morte dos organismos e com os problemas ligados de- podem desintegr-los. De qualquer maneira, quando
composio (necrlise), transporte e sepultamento. o esqueleto fica completamente descarnado a ao
mecnica das correntes fluviais o desintegra antes de
Os organismos morrem devido, geralmente, idade um eventual sepultamento. Assim, as suas partes se
avanada, doenas, falta de alimentos, predao (ata- separam. S em circunstncias de rpido sepultamen-
que de carnvoros), luta competitiva etc. Mas ocorre to do cadver que o respectivo esqueleto encontra
tambm a chamada morte catastrfica, que consiste a possibilidade de no se dissociar. O sepultamento
em uma mortalidade em massa durante um curto in- mais favorvel preservao o que se d em sedi-
tervalo de tempo. A morte catastrfica propicia farto mento isento da circulao de ar e de gua.
material aos processos de fossilizao. Suas causas
so vrias: inundaes, erupes vulcnicas, tempes- No ambiente marinho, os cadveres dos mamferos
tades de areia ou de neve, aumento brusco da taxa de mortos por causas naturais (baleias, golfinhos) geral-
sedimentao etc. mente flutuam na superfcie do mar at que a decom-
posio propicie a sua desintegrao. As baleias ricas
No caso dos vertebrados terrestres, o local de morte em gordura boiam logo aps a morte; as pobres em
imprevisvel, devido mobilidade desses animais. gordura vo primeiro ao fundo, depois estufam e so-
H, entretanto, locais onde os carnvoros os apanham bem superfcie devido acumulao de gases (pro-
com maior frequncia: so as margens de rios, cacim- duzidos pela putrefao) nas cavidades do corpo. Mas
bas ou fontes, procuradas pelos herbvoros para matar se ao descer carem num ambiente anaerbico, no
a sede. saem mais dali, porque essa modalidade de ambiente
nociva atividade dos organismos que causam a pu-
Tem-se dado muita ateno atividade predatria trefao e assim no se formam os gases necessrios
de diversos organismos como causa de morte. Enten- ascenso.
de-se por predao um tipo de reao entre espcies
distintas de animais em que uma mata a outra para se No caso dos cadveres boiantes, com o prossegui-
alimentar. Nos ambientes marinhos de guas rasas, os mento da decomposio, a cabea separa-se do tron-
predadores mais comuns de conchas so os carangue- co e a coluna vertebral se dissocia, dispersando-se as
jos, peixes, gastrpodes e estrelas-do-mar. vrtebras.
Muitas vezes os cadveres so arrastados para a sepultamento em casos, por exemplo, de morte catas-
20 praia antes de se decomporem. Se um cadver enca- trfica por soterramento rpido sob sedimentos.
lhar, em vez de voltar a boiar por efeito da preamar,
alguns dias aps os gases escapam e ele se transforma
em uma massa flcida. As correntes podem movi- Efeitos da Abraso
ment-lo, deformando a coluna vertebral e deslocan-
do as demais peas do esqueleto das suas posies As partes duras dos organismos esto sujeitas
originais. Mas, na hiptese de ocorrer o soterramento destruio fsica, biolgica e qumica. A destruio
antes do escape dos gases, a coluna vertebral poder biolgica atuante ainda em vida (predao) pode con-
manter-se retilnea e as demais partes do esqueleto tinuar atuante na longa fase de ps-sepultamento. Da
conservarem-se na posio original. A temperatura mesma forma, a destruio qumica (dissoluo) pode
influi na velocidade da decomposio: o frio inibe o ocorrer ainda em vida (ex.: conchas de moluscos).
processo e o calor acelera.
A destruio fsica restringe-se aos ambientes depo-
Os peixes so muito vulnerveis decomposio sicionais, a menos que nela se incluam as deforma-
(mais do que os outros vertebrados). Dificilmente se es que os fsseis podem sofrer nas fases diagenti-
consegue fsseis de peixes com o esqueleto completo ca e ps-diagentica (compactao).
e com todas as escamas. Em geral, as mortalidades
catastrficas so consideradas o fator mais predispo- No ambiente marinho de guas rasas os agentes da
nente preservao. Progride com muita rapidez a destruio fsica so as ondas e as correntes e o
destruio das conexes entre as partes do esqueleto. fator principal da mesma, a abraso. A resistibilidade
Os cadveres dotados de grande cavidade abdominal das partes duras abraso tem sido objeto de pesquisa
boiam graas produo de um volume de gases sufi- experimental de laboratrio e de campo e de observa-
ciente para tal. Mas submergem logo que esses gases o de fsseis.
escapam (devido destruio das paredes do corpo).
Efeitos do Transporte e da Hidrodinmica
No s a temperatura influi na produo dos gases
Deposicionais
e consequente flutuabilidade, mas tambm a salini-
dade (uma hipersalinidade no permite a ascenso).
Normalmente a preservao ocorre em ambientes
Os esqueletos dos cadveres que boiam chegam ao
subaquticos. Os cadveres boiantes, como os das ba-
fundo dissociados e sem algumas das suas partes. As
leias e de peixes referidos anteriormente, podem ser
nadadeiras e respectivos raios, por exemplo, em geral
transportados por considervel distncia pelas cor-
se destacam. Quando a decomposio se processa no
rentes antes de submergirem. Os rios carregam para
fundo, a chance de preservao do esqueleto comple-
os mares e lagos restos de organismos terrestres ou
to maior, desde que no haja ataque de necrfagos
fluviais. Outro fator importante o vento, como agen-
nem ao de correntes.
te de transporte, em especial de plens e esporos.
Exerccios de Fixao
1. Defina Tafonomia.
2. O que Bioestratinomia?
4. Os organismos morrem devido, geralmente, idade avanada, doenas, falta de alimentos, predao (ataque
de carnvoros), luta competitiva etc. Cite outro tipo de morte que propicia um farto material paleotolgico.
5. Embora com frequentes excees, a maioria dos fsseis consiste em restos de partes duras. ocaso dos
esqueletos internos dos vertebrados. Do que depende a possibilidade da sua preservao?
6. Por que os esqueletos dos vertebrados raramente se conservam completos e sem distoro?
7. No s a temperatura influi na produo dos gases e consequente flutuabilidade, mas tambm um outro
fator, cite-o.
9. As partes duras dos organismos esto sujeitas destruio fsica, biolgica e qumica. A destruio bio-
lgica atuante ainda em vida pode continuar atuante na longa fase de ps-sepultamento. Da mesma forma, a
destruio qumica pode ocorrer ainda em vida. Como denominada a destruio qumica?
10. Como so denominados os restos de organismos ou de partes de organismos transportados para ambientes
deposicionais no coincidentes com os seus stios de vida?
Leitura Complementar
Para voc saber mais a respeito da origem e evoluo dos rpteis e diversas outras informaes comple-
mentares e importantes, leia sobre o assunto no livro CARVALHO, I.S. 2004. Paleontologia, vol. 1. Editora
Intercincia. Rio de Janeiro. 861 p.
22 UNIDADE IV
MTODOS PALEONTOLGICOS
O trabalho do paleontlogo inicia-se no campo com encontram-se fosseis tambm em cinzas vulcnicas e
a coleta de fsseis ou de amostras fossilferas. No s at em lavas antigas.
a qualidade, mas tambm a quantidade dos espcimes
influencia nas concluses do paleontlogo, tanto de
ordem sistemtica, quanto de ordem paleoecolgica. Coleta de Campo
So indispensveis as anotaes a respeito da posi- Antes de entrarmos na considerao dos trabalhos
o dos fsseis e da sua situao geogrfica. Devem de coleta propriamente ditos, convm chamar a aten-
ser anotadas tambm as variaes de densidade dos o para os seguintes requisitos fundamentais a serem
fsseis tanto no sentido vertical como no horizontal. observados no campo: 1) o paleontlogo deve cuidar
sempre de anotar para cada espcime ou amostra co-
Depois de embalados, os fsseis ou amostras fossilfe- letados a localidade e o horizonte de procedncia,
ras so cuidadosamente transportados para o laboratrio. jamais confiando apenas na memria; 2) deve esbo-
Com o equipamento adequado, o paleontlogo procede ar a seo estratigrfica completa (com escala), de-
preparao completa dos macrofsseis que idealmen- marcando sobre ela os horizontes de procedncia dos
te, consiste em livr-los de todo resqucio possvel de espcimes.
matriz. Isso feito mecanicamente, com muita pacin-
cia, ou com emprego de mtodos qumicos (dissoluo Em outras palavras, deve estar munido de uma ca-
da matriz com cido, por exemplo). Os microfsseis so derneta de campo, de uma rgua ou trena, para poder
separados por tcnicas especiais. esboar a seo requerida, e de uma bssola, para
orient-la de acordo com os quadrantes cardeais.
Separados os espcimes, tem incio a sua classifica- Nessa caderneta devem constar anotaes sobre a li-
o. a parte mais delicada do trabalho, pois deman- tologia, estruturas sedimentares e tudo mais que pos-
da a consulta de muita bibliografia. A classificao sa ser til para o contexto da palentologia, tafonomia
deve incluir, sempre que possvel, a comparao di- e estratigrafia.
reta do material em estudo com material previamente
estudado. O trabalho de coleta varia, de caso para caso, em
funo de uma srie de fatores, entre os quais as ca-
A descoberta de fsseis , muitas vezes, acidental: ractersticas do aforamento pesquisado (topografia,
abertura de um poo, de uma rodovia ou de uma fer- acessibilidade etc.), a natureza da rocha fossilfera,
rovia etc. Mesmo os leigos percebem a presena de a resistibilidade dos fsseis aos processos mecnicos
fsseis quando estes, seja devido eroso, seja ao de extrao e, em certos casos, at as condies cli-
intemperismo, se expem superfcie das rochas ou mticas regionais. O trabalho de coleta varia tambm
ficam soltos sobre o solo. em funo de seu objetivo, se esta visa fsseis em
geral, macrofsseis ou microfsseis. Analisando os
Mas as pesquisas de campo realizadas pelos gelo- diferentes fatores locais, o paleontlogo estabelece a
gos ou as levadas a efeito por paleontlogos, com o sua estratgia de coleta.
objetivo da busca de fsseis, que tm contribudo,
consistentemente, para a ampliao do acervo pale- Na obteno de macrofsseis em rochas no exces-
ontolgico. Tem sido assim no Brasil e em todas as sivamente duras, os instrumentos geralmente mais
partes do mundo. usados so o martelo de gelogo e a picareta. Os fo-
lhelhos, argilitos e silitos podem ser trabalhados com
Os fsseis se distribuem nas sequncias sedimenta- um martelo de massa mdia e ponta chata.
res com frequentes descontinuidades verticais e hori-
zontais. Sua ausncia explicada por condies ad- As rochas duras requerem tcnicas especiais de des-
versas vida durante um certo intervalo deposicional monte, com aproveitamento das fraturas e dos planos
(regies de deserto, por exemplo) ou por condies de disjuno das camadas; nesse caso, empregam-se
adversas preservao nas fases deposicional (am- talhadeira e martelo, ou at marreta e alavanca, con-
biente fortemente oxidante). forme o caso.
Normalmente as rochas calcrias, os argilitos, os si- A coleta de ossadas de grandes vertebrados concen-
litos e os arenitos so as mais fossilferas, entretanto, tradas em horizontes da base de um afloramento pode
impor o desmonte de volumes considerveis de ma- revestida aps o trmino da sondagem. Misturam-
terial no fossilfero que forma a cobertura do jazigo se, desse modo, microfsseis de diferentes nveis 23
(estril). Nesse desmonte empregam-se desde ps estratigrficos. Em vista dessas contaminaes o
e picaretas at explosivos ou mquinas escavadoras. palentlogo s leva em considerao as novidades
Exposto o horizonte fossilfero, o paleontlogo deve sucessivamente evidenciadas e no as repeties. Os
fotografar e mapear a ossada na sua caderneta, an- testemunhos de sondagem so amostras de rocha de
tes de remov-la. O uso de uma escala nas fotografias forma cilndrica com um ou vrios metros de com-
indispensvel. primentos. Destes se recuperam, no laboratrio, tanto
microfsseis como macrofsseis sem o risco de con-
A coleta de ossos friveis (frgeis) demanda cuida- taminao.
dos especiais. Procura-se, inicialmente, trat-los com
substncias endurecedoras ou adesivas (cimento, Acrescente-se que os moldes tambm devem ser co-
goma-laca etc.) introduzidas nos poros ou fendas do letados independentemente da eventual abundncia
fssil. de partes duras ou de outras sortes de restos que os
produzam. Eles oferecem, informaes morfolgicas
No caso de um grande fmur de mamfero pleistoc- de grande importncia sistemtica.
nico, por exemplo, procede-se, aps esse tratamento,
remoo da matriz ao seu redor, com muito cuidado. O paleontlogo precisa ter em mente que, se a tafo-
Isso feito, protege-se a parte exposta com uma banda- nomia j reduz significativamente a informao so-
gem de tiras de aniagem ou gaze embebidas em gesso bre antigas associaes biticas, uma coleta mal feita
calcinado. Entre o osso e a bandagem coloca-se papel pode contribuir para agravar ainda mais tal situao.
(leno de papel ou papel higinico) para evitar a ade-
rncia. Seca a bandagem, passa-se a remover a matriz
situada sob o osso at que ele fique solto. Ento, vira- Preparao de Fsseis no Laboratrio
se o osso ao contrrio, retira-se o resto da matriz re-
manescente at o ponto em que no se ponha em risco Na maioria dos casos, os fsseis coletados pelos pa-
a integridade da pea e completa-se a bandagem. Esta leontlogos destinam-se a investigaes cientficas.
ser retirada no laboratrio. Mas h os que so procurados para figurar em exposi-
es de museus ou para uso no ensino.
O acondicionamento de fsseis deve sempre mere-
cer cuidado especial para evitar danificaes durante Muitos fsseis chegam ao laboratrio parcialmente
o transporte. So muitos os meios de acondiciona- ou quase totalmente envolvidos pela matriz. Sua se-
mento, mas, em geral, embrulham-se os macrofs- parao da matriz feita por mtodos mecnicos ou
seis, j etiquetados, em leno de papel ou papel hi- qumicos, ou pela combinao dos dois mtodos.
ginico, colocando-se depois os embrulhos dentro de
saquinhos de pano ou plstico. Fsseis muitssimo Os instrumentos tradicionalmente usados na elimi-
delicados podem ser protegidos com algodo. nao mecnica da matriz so os martelos de tipos
diferentes dos de gelogo e as talhadeiras. Confor-
Se a eliminao da matriz puser em risco a integri- me as caractersticas da rocha matriz e o tamanho do
dade fsica de um macrofssil prefervel deixar esse fssil, recorre-se a um tipo distinto de martelo mais
trabalho para ser feito no laboratrio. leve, ou mais pesado, e a uma talhadeira de tamanho
adequado. O fragmento de rocha contendo um ma-
Os folhelhos fossilferos no devem ser longamente crofssil colocado sobre um pequeno saco de lona
expostos ao sol antes do acondicionamento, pois a ro- cheio de areia, tendo ento incio o paciente trabalho
cha, perdendo rapidamente a umidade, fratura-se. de eliminao da matriz. Em geral, o palentlogo dis-
pe no s de talhadeiras como de uma variedade de
As amostras destinadas pesquisa de microfsseis instrumentos pontiagudos que prestam grande auxlio
so guardadas em saquinhos plsticos para tratamen- nesta tarefa. No caso de rochas moles, ele os utiliza
to no laboratrio. sem o recurso do martelo. O trabalho, quando neces-
srio, faz-se sob uma lupa. Pincis de vrios tama-
No caso de coletas efetuadas por meio de sondagens, nhos so usados para eliminar os detritos produzidos
os microfsseis so recuperados ou das chamadas na preparao.
amostras de calha ou de testemunhos. As amostras
de calha correspondem ao material detrtico isolado Hoje em dia, a preparao mecnica de macrofsseis,
da lama que traz superfcie o produto da triturao no caso de rochas duras, feito principalmente com
da broca rotativa que aprofunda o poo. No seu per- aparelhos eltricos providos de brocas rotativas ou de
curso, esse material contaminado, frequentemen- pontas de ao percussoras. Os primeiros removem a ma-
te, por outros microfsseis da parede do poo, que s triz por desgaste, os segundos atravs de choques me-
cnicos. Empregam-se, ainda, com a mesma finalidade, ultrassnico na sua eliminao. Este aparelho opera
24 aparelhos que produzem jatos de areia. na base da cativao, que consiste na formao e im-
ploso de bolhas microscpicas.
Se a matriz envolvente for porosa, e portanto pe-
netrvel por lquidos, pode-se empregar um aparelho
Exerccios de Fixao
1. O trabalho do paleontlogo inicia-se no campo com a coleta de fsseis ou de amostras fossilferas. No s
a qualidade, mas tambm a quantidade dos espcimes influencia nas concluses do paleontlogo. Quais so os
instrumentos indispensveis no trabalho do paleontlogo?
3. O trabalho de coleta do paleontlogo varia, de caso para caso, em funo de uma srie de fatores, cite-os.
7. Muitos fsseis chegam ao laboratrio parcialmente ou quase totalmente envolvidos pela matriz. Sua sepa-
rao da matriz feita por mtodos mecnicos ou qumicos, ou pela combinao dos dois mtodos. Quais so
os instrumentos tradicionalmente usados na eliminao mecnica da matriz?
Leitura Complementar
Para voc saber mais a respeito da origem, evoluo e biologia das aves e diversas outras informaes impor-
tantes, leia sobre o assunto no livro CARVALHO, I.S. 2004. Paleontologia, vol. 1. Editora Intercincia. Rio
de Janeiro. 861 p.
25
Se voc:
1) concluiu o estudo deste guia;
2) participou dos encontros;
3) fez contato com seu tutor;
4) realizou as atividades previstas;
Ento, voc est preparado para as
avaliaes.
Parabns!
Glossrio
26
mbar resina de plantas leguminosas.
Diatomceas algas microscpicas.
Fosfato elemento qumico formado por fsforo e oxignio.
Glaciao perodos de frio intenso, dentro de uma era do gelo.
Hermtica firmemente fechada.
Quitinozorios protozorios com carapaa quitinosa.
Gabarito
27
Unidade I
1. A Paleontologia a cincia que se dedica ao estudo de restos e vestgios de animais ou vegetais pr-hist-
ricos (fsseis) com o objetivo de conhecer a vida do passado geolgico sob vrios aspectos.
3. A Paleobiologia a disciplina paleontolgica que estuda a vida, a Biologia, do passado geolgico da Terra.
4. A Tafonomia estuda a integrao da informao biolgica no registo geolgico, ou seja, a formao dos
fsseis e das jazidas fossilferas e do registo paleontolgico.
6. A Macropaleontologia, que estuda os fsseis visveis a olho nu, e a Micropaleontologia, que estuda os fs-
seis de organismos que necessitem de microscpio para serem visualizados.
7. Distinguem-se os microfsseis pelo tamanho milimtrico ou micromtrico, citam-se, entre eles, os forami-
nferos e os ostracdeos.
8. A Paleopalinologia pesquisa toda sorte de microfsseis obtidos pelo mesmo tratamento utilizado na sepa-
rao de plens e esporos fsseis, ou seja, todo material orgnico de pequenas dimenses resistente ao ataque
de um certo tipo de cido.
Unidade II
1. Fsseis so restos ou vestgios preservados de animais, plantas ou outros seres vivos em rochas, sedimen-
tos, gelo ou mbar. Preservam-se como moldes do corpo ou partes deste rastros e pegadas.
3. Para que os restos de um qualquer organismo fossilizem, fundamental que estes sejam rapidamente co-
bertos por sedimentos e enterrados.
7. So fsseis de vestgios de atividade biolgica de organismos do passado. Por exemplo, fsseis de pegadas,
de marcas de mordidas, de ovos (da casca dos ovos), de excrementos (os coprlitos), de tneis e de galerias de
habitao etc.
8. Pista um sulco contnuo produzido por um animal que, ao se deslocar sobre um fundo mole, manteve
parte do corpo em contato com o substrato. Pegada a marca originria da presso do p de um animal sobre
um substrato inconsolidado (areia mida ou lama). Perfuraes so causadas por ataques mecnico ou qumico
dos organismos a substratos duros.
9. So designados "pseudofsseis" ("falsos fsseis") apenas por serem objetos geolgicos que fazem lembrar
estruturas orgnicas fossilizadas.
10. Os peixes da espcie atual Latimeria chalumnae, o tuatara (Rhyncocephalus) um rptil primitivo, o caran-
28 guejo-ferradura Limulus polyphemus e os organismos do gnero Nautilus.
Unidade III
1. a disciplina paleontolgica que se ocupa do estudo dos processos de transferncia dos restos e dos vest-
gios biolgicos (ou melhor, da informao biolgica) da Biosfera do passado para a Litosfera do presente.
2. Diviso da Tafonomia que estuda as causas e tipos de morte dos organismos e com os problemas ligados
decomposio (necrlise), transporte e sepultamento.
3. Fase mais longa da preservao do organismo que tem incio com o seu sepultamento e se estende at a data
da coleta dos seus restos ou de vestgios deixados pelos mesmos.
6. Porque em geral os cadveres sofrem o ataque dos animais necrfagos, que podem desintegr-los. Quando
o esqueleto fica completamente descarnado a ao mecnica das correntes fluviais o desintegra antes de um
eventual sepultamento.
8. A diagnese pode ocorrer durante o sepultamento e at antes dele, e a necrlise pode acontecer aps o se-
pultamento em casos, por exemplo, de morte catastrfica por soterramento rpido sob sedimentos.
9. Dissoluo.
10. Alctones.
Unidade IV
1. Caderneta de campo, uma rgua ou trena, uma bssola, martelo de gelogo e a picareta.
2. Primeiramente o paleontlogo deve cuidar sempre de anotar para cada espcime ou amostra coletados a lo-
calidade e o horizonte de procedncia, jamais confiando apenas na memria. Ele tambm deve esboar a seo
estratigrfica completa (com escala), demarcando sobre ela os horizontes de procedncia dos espcimes.
5. As amostras de calha correspondem ao material detrtico isolado da lama que traz superfcie o produto da
triturao da broca rotativa que aprofunda o poo.
6. feito principalmente com aparelhos eltricos providos de brocas rotativas ou de pontas de ao percusso-
ras. Os primeiros removem a matriz por desgaste, os segundos, atravs de choques mecnicos. Empregam-se,
ainda, com a mesma finalidade, aparelhos que produzem jatos de areia.