Este documento resume o livro "Sobre o Tempo" de Norbert Elias, no qual o autor desenvolve uma abordagem sociológica evolutiva para estudar o tempo. Elias argumenta que o tempo não é um objeto fixo, mas sim uma relação social que varia ao longo da história de acordo com o grau de síntese de cada sociedade. Ele critica visões objetivistas e subjetivistas do tempo e propõe examinar como os conceitos de passado, presente e futuro mudam entre sociedades.
Este documento resume o livro "Sobre o Tempo" de Norbert Elias, no qual o autor desenvolve uma abordagem sociológica evolutiva para estudar o tempo. Elias argumenta que o tempo não é um objeto fixo, mas sim uma relação social que varia ao longo da história de acordo com o grau de síntese de cada sociedade. Ele critica visões objetivistas e subjetivistas do tempo e propõe examinar como os conceitos de passado, presente e futuro mudam entre sociedades.
Este documento resume o livro "Sobre o Tempo" de Norbert Elias, no qual o autor desenvolve uma abordagem sociológica evolutiva para estudar o tempo. Elias argumenta que o tempo não é um objeto fixo, mas sim uma relação social que varia ao longo da história de acordo com o grau de síntese de cada sociedade. Ele critica visões objetivistas e subjetivistas do tempo e propõe examinar como os conceitos de passado, presente e futuro mudam entre sociedades.
Este documento resume o livro "Sobre o Tempo" de Norbert Elias, no qual o autor desenvolve uma abordagem sociológica evolutiva para estudar o tempo. Elias argumenta que o tempo não é um objeto fixo, mas sim uma relação social que varia ao longo da história de acordo com o grau de síntese de cada sociedade. Ele critica visões objetivistas e subjetivistas do tempo e propõe examinar como os conceitos de passado, presente e futuro mudam entre sociedades.
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ELIAS, Norbert. Sobre o Tempo. RJ: Zahar, 1998.
Thales Biguinatti Carias
Seria o tempo passvel de estudo e apreenso cientfica? Ou melhor, seria
o tempo objeto das chamadas cincias sociais? Tal o desafio encarado por Norbert Elias em seu ensaio Sobre o Tempo. Aceit-lo, sem dvida, j no tarefa fcil, entretanto, desenvolver com maestria o problema do tempo de forma a torna-lo muito mais simples do que parece para os poucos que no se furtam a contribuir de maneira significativa para cincia; desenvolvendo teorias capazes de romper com tradies aparentemente incontestes, como no caso de Elias. Quando falamos em tempo algo de familiar e misterioso permeia nosso pensamento. Por um lado, convivemos com o tempo sem sequer cogitarmos a ideia de viver sem ele. Por outro lado, no h como apreendermos o tempo, dado que este no um objeto e, portanto, invisvel, alis, sempre fugidio a qualquer forma de percepo sensorial. Para desenvolver qualquer estudo a respeito de algo como o tempo, portanto, Norbert Elias efetuou um distanciamento em seu escopo de anlise de forma a empreender o que designou como um estudo de sociologia evolutiva. Neste processo, Elias desenvolve uma anlise na qual o contraste entre diferentes formas de percepo e determinao do tempo, ao longo da histria, evidenciam, ao mesmo tempo, idiossincrasias e regularidades que possibilitam identificar um sentido evolutivo das dinmicas e estruturas sociais como um todo e no somente a respeito do tempo. preciso, primeiramente, limpar o terreno e esclarecer que semelhante sentido evolutivo no se confunde com uma pretensa teleologia que levaria a histria da humanidade, inevitavelmente, ao progresso. Cabe a Elias, to somente, empreender um estudo a respeito do desenvolvimento social, entendendo, com isso, que O desenvolvimento, conforme se apresente como progressivo ou regressivo, sempre o processo no decorrer do qual os grupos humanos se aproximam ou se afastam, passo a passo, muitas vezes sem ter conscincia disso, da soluo de um problema (ELIAS, 1998, p. 156).
Elias rejeita a linearidade e a pretenso de progresso como marcha
inevitvel da civilizao. Por isso mesmo recorre sociologia evolutiva, o estudo de uma dinmica cega que permite ao cientista apreender determinado processo, neste caso, as diferentes formas e maneiras de lidar com o problema do tempo por meio de mtodo comparativo sem, entretanto, incorrer em juzos de valor e, por conseguinte, determinar melhores ou piores sociedades. Destaca ainda a necessidade de se comparar ao menos trs geraes para que se possa constatar alguma mudana significativa sendo que a comparao , para que se evite justamente juzos de valor, entre determinadas sociedades e suas antecessoras. No obstante, Sobre o Tempo consta de inmeras referncias concernentes ao grau de sntese de determinada sociedade, compreendendo por sntese a capacidade de que dispem os seres humanos em apreender os saberes construdos por suas geraes antecessoras e utiliz-los em seu favor na busca pela soluo de seus prprios problemas em longa cadeia de inevitvel devir. Encarado desta maneira, o problema do tempo, adverte-nos Elias, no possui uma forma absoluta de significao e, por conseguinte, de apreenso. No necessrio que se busque qualquer tipo de origem, tampouco especular a respeito de conceitos que sejam etreos, constituintes de uma suposta natureza humana. Ao empreender sua sociologia evolutiva, Elias critica no somente paradigmas hegemnicos nas cincias, como, tambm, a prpria teoria do conhecimento enquanto fruto de um processo de longa dualizao do mundo. Neste sentido, Elias se contrape s concepes subjetivistas e objetivistas no tocante suposta origem do conhecimento. Ademais, implcita nessas concepes, est a ideia de que o mundo pode ser cindido em duas partes. Os dualismos sujeito e objeto, homem e natureza e tantos outros so problematizados por Elias na medida em que nega as duas concepes de teoria do conhecimento que estipulam uma origem no conhecer, alm de conceberem uma relao unilateral entre sujeito cognoscente e objeto cognoscvel. Para Elias tais concepes so, igualmente, fruto de longo processo no devir humano e, apesar de caracterstico de um elevado nvel de sntese, historicamente determinada e, em decorrncia, mutvel. Ainda com relao
objetivismo e subjetivismo, Elias dialoga, em especial, com Newton, Kant e
Descartes, para refutar a ideia do tempo como dado emprico, existente e constatvel na natureza (Newton), bem como o tempo enquanto dado apriorstico, inato a qualquer ser humano e, portanto, universal (Kant e, em menor intensidade, Descartes). Disso decorre que, para Elias, o tempo em si no existe. Aquilo que designamos como tempo no seno uma relao entre homem e natureza que se constri e se modifica no interior das prprias sociedades, levando em conta sua carga de experincia e maneiras de organizao social. De acordo com Elias, o tempo, portanto, pressupe a relao entre, pelo menos, trs continuuns conjuntos: Sujeitos humanos e dois ou mais processos, sendo que um deles figura como padro social; quadro de referncia estvel cujos acontecimentos so apreendidos em seu degringolar. Elias ainda afirma que a determinao do tempo tendo como referncia a vida do prprio indivduo em relao a acontecimentos de maior amplitude s possvel em sociedades com alto nvel de sntese, dado a preciso com a qual se passou a apreender o tempo ser o principal fator a propiciar semelhante perspectiva. Preciso e impessoalidade nas maneiras de determinar o tempo so caractersticas de sociedades com alto nvel de sntese. Elias, a respeito disso, olha para formas diferentes de determinao do tempo e desenvolve o que chamou de determinao passiva do tempo: Em sociedades de baixo nvel de sntese, Elias afirma que a forma com as quais se determinam o tempo so muito mais dependentes de processos naturais, sempre mediados por relaes empiricamente constatadas do homem consigo e com a natureza: Comemos quando sentimos fome, dormimos quando sentimos sono. Disto decorre, ainda, exemplos de sociedades onde a noite tida pelo nome correspondente a sono. Por outro lado, Elias observa as formas ativas de determinao do tempo que so desenvolvidas conforme a estrutura societria impe determinado regime de disciplina. Afirma que a experincia do tempo possu mltiplas determinaes, mas destacando as necessidades prticas em lidar com os problemas impostos dada sociedade, dependendo do grau de sntese em questo, engendra um ritmo societrio donde as aes individuais encadeiamse em prticas coletivas.
A determinao ativa do tempo, portanto, se d somente a partir da
sociedade que, por determinada necessidade, impe-se problemticas coletivistas na sua forma de lidar com os problemas do tempo, sempre ligados ao quando? Quando momento propcio para a colheita? Tal determinao adequa-se funo de coordenao entre o ciclo contnuo das atividades sociais e o ciclo no menos contnuo das transformaes da natureza externa (ELIAS, 1998, p. 44). Elias ainda prope a estruturao de uma sociologia do tempo a partir de uma sociedade montanhs cuja prtica de apreenso do tempo fora por ele narrada. Destaca, a partir deste exemplo, a dupla funo de coordenao e integrao social do tempo donde, num primeiro momento, como no caso do exemplo, eram os sacerdotes quem detinham as chaves de interpretao a respeito do melhor momento para realizao das diversas atividades sociais. Posteriormente, com o desenvolvimento de sociedades-Estado, cujo grau de sntese mais complexo, o poder concentrado no sacerdote sofre um processo de descentralizao e gera, por conseguinte, diversas tenses dantes no existentes. O processo de formao dos Estados modernos, ainda de acordo com Elias, engendrou uma absolutizao e o monoplio do referencial de tempo pelo Estado. Eis o tempo comeando a se delinear, na prpria argumentao de Elias, como constituinte do processo civilizador. Como j vimos, o tempo no seno uma relao e tal relao desenvolve-se de diferentes formas ao longo da prpria histria humana. Assim sendo, Elias destaca que as formas encontradas para lidar com tais problemas no engendram uma determinao fechada e universal do tempo, j que, Para quem estuda a operao de determinao do tempo, as distines marcantes entre natureza, histria, ou civilizao, j no vigoram. Isso deve ser relacionado, certamente, com o carter instrumental dessa operao, mas sugere tambm que a nitidez dessas distines prpria de cada poca e esta sujeita a revises (ELIAS, 1998, p. 61). Por isso mesmo, Elias afirma que no devemos nos ater a concepes peculiares a nossa sociedade, de carter industrial e alto nvel de sntese, como as precises tidas entre as noes de dia, ms e ano, mas aumentar e distanciar o escopo de anlise de forma a identificar as prprias concepes de passado, presente e futuro scio historicamente determinadas e que dizem, justamente,
sobre o sentido evolutivo do qual j mencionamos, destacando o papel da
memria e dos smbolos na compreenso do problema. Para Elias, dia ms e ano representam um recorte, um momento de delimitao no fluxo contnuo das eras, mas os conceitos de passado, presente e futuro possuem uma oscilao e se retroalimentam ao ponto de poderem ser considerados um grande conceito expresso pela noo de presente. Dessa forma, passado, presente e futuro representam 3 dimenses temporais na experincia humana que dependem do nvel de sntese da qual dispe a sociedade em questo. Examinar as especificidades do conceito de presente em determinado grupo , portanto, embrenhar-se no prprio quadro de referncia e trazer tona a prpria concepo de tempo e o nvel de sntese estabelecidos historicamente. Mais afundo na estruturao de uma sociologia do tempo, Elias desenvolve uma diferenciao no macrocosmo dos conceitos temporais: Conceitos estruturais e conceitos de experincia seriam, respectivamente, conceitos que decorrem unicamente da capacidade de sntese da qual dispe o ser humano e os historicamente determinados, construdos de acordo com as experincias e da dinmica social posta, lembrando ainda que, Tanto uns quanto outros so representaes simblicas de ligaes ou de snteses aprendidas, porm representam snteses diferentes (ELIAS, 1998, p. 66). Ainda de acordo com Elias, temos que, por um lado, os conceitos estruturais se referem marcao do tempo em sua lgica interna de causa e efeito. Por outro lado, os conceitos de experincia localizam-se alm dessa relao, pois faz parte e depende da experincia que os prprios sujeitos tm com a noo de tempo; Aqui, uma certa maneira de viver as sequncias de acontecimentos includa na sntese conceitual (ELIAS, 1998, p. 66). Como j afirmamos, o conceito de presente s existe na relao com o passado e o futuro e a maneira como as pessoas experimentam essa relao. Reafirmar isso importante, pois lida diretamente com considerar a prpria realidade humana interferindo no tempo e assim conceber, nos afirma Elias, encarar uma quinta dimenso na prpria constituio do universo, pois como afirma o prprio Elias, Tais conceitos temporais estruturam a experincia do devir em funo de sua relao com o continuum representado pelos grupos humanos que vivem essa experincia. So caractersticos da quinta dimenso do
universo. Isso porque, com o surgimento da realidade humana, uma quinta
dimenso (...) vem somar-se s quatro dimenses do espao e do tempo. Tudo o que se produz ao alcance do homem, tornando-se acessvel experincia e simbolizao humanas, j no se deixa determinar com a ajuda de quatro coordenadas, porm de cinco (ELIAS, 1998, p. 66-67). Disso decorre, e j respondendo pergunta com a qual introduzimos o texto, que, de acordo com Elias, a impossibilidade de desvincularmos cincias humanas das naturais se quisermos melhor compreender o tempo, admitindo, inclusive, a interdependncia entre natureza e sociedade e, por conseguinte, a no distino entre tempo fsico e tempo social. Assim que Elias avana seu estudo de forma a efetuar no uma anlise do tempo, mas da funo e dos usos do tempo. Dessa forma, discorre acerca de dois momentos distintos nas formas de determinao do tempo. O primeiro de carter sociocntrico, donde se compara aes em sociedades que so irreversveis e mutveis, como no caso de discursos polticos em Athenas, com padres fsicos e repetveis, como o fluxo de uma ampulheta. Os discursos teriam, assim, um referencial fsico capaz de padronizar aes distintas em conformidade com a pretenso social que se quer disto. O tempo em si, como j afirmamos a exausto, no existe seno na conscincia humana. Ao tomarmos a enorme variedade de referncias que se pode obter nessa dinmica como sendo o tempo, estamos dando vida a uma mero instrumento. o que Elias chamou de fetichismo do tempo. Por isso mesmo que Elias busca, a todo momento em seu ensaio, realar o carter instrumental do tempo. Sua estruturao de uma sociologia do tempo e a distino entre dados universais e dados socialmente determinados figuram to somente como instrumental de anlise e, por conseguinte, na inutilidade em se buscar um sistema de conceitos que sejam universais, inatos ao ser humano. Para Elias, apenas o que figura neste patamar a capacidade que temos de elaborar snteses por meio do que aprendemos decorrente de experincias passadas. Para Elias, importante que observemos os contrastes nos habitus sociais capazes de revelar toda uma estrutura de personalidade e suas correlaes com o viver e o conceber o tempo de determinadas sociedades no continuum evolutivo, j que, O que requer explicao, antes de mais nada, no
a conduta ou a experincia individual em si, mas o cdigo social que imprime
sua marca no comportamento e na sensibilidade dos indivduos ou seja, a estrutura social de personalidade a partir da qual se constri uma personalidade individual mais ou menos distinta e diferenciada (ELIAS, 1998, p. 127). Seria preciso mais um longo espao para discorrer acerca de mais por menores deste ensaio, mas acredito que a discusso at aqui levantada seja capaz de dar uma ideia geral da concepo de Elias de tempo e da prpria histria. Elias relega histria enquanto cincia uma outra funo, mas enquanto historiador, particularmente, acredito que no devamos abrir mo do sentido evolutivo com qual Elias evoca de forma a compreendermos, recorrendo ao estudo do prprio tempo, formas mais significativas de escrita da histria. Do contrrio, estaramos abandonando a prpria ideia de processo histrico e, como o prprio Elias critica neste ensaio, buscando cada vez mais detalhes para recuperar um passado deslocado de nosso presente, algo j h muito criticado, como vimos, por Marc Bloch.
Schelling - Introdução Ao Projeto de Um Sistema Da Filosofia Da Natureza Ou Sobre o Conceito Da Física Especulativa e A Organização Interna de Um Sistema Desta Ciência 1799