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A Arte de Louvar | Luiz Carvalho e Hegine Tozadore | Verso Especial ENF 2016
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Sumrio
Introduo ..................................................................................................................................... 3
Quem a Comunidade Recado? ................................................................................................... 4
Captulo 1: Louvai o Senhor! ....................................................................................................... 12
Cap 2: O louvor na fornalha ardente........................................................................................... 33
Cap 3: O louvor de Jesus ............................................................................................................. 40
Cap 4: O sacrifcio de louvor........................................................................................................ 48
Cap 5: O louvor de Nossa Senhora ............................................................................................. 55
Cap 6: O louvor como ato de f .................................................................................................. 63
Cap 7: So Francisco de Assis: o santo do louvor........................................................................ 69
Cap 8: Cantai com a vida! ............................................................................................................ 78
Cap 9 : Os frutos do louvor.......................................................................................................... 81
Cap 10: A gratido e o louvor ...................................................................................................... 88
Cap 11: O louvor no grupo de orao ......................................................................................... 93
Cap 12: O louvor e o Carisma Recado ....................................................................................... 104
Referncias bibliogrficas ......................................................................................................... 108
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Introduo
Eu te louvarei, Senhor, com todo o meu corao; contarei todas as Tuas
maravilhas (cf. Sl 9,1).
Afirma o Catecismo da Igreja Catlica que a orao de louvor a orao que
reconhece o mais imediatamente possvel que Deus Deus e que atravs dela unimos
as demais formas de rezar1.
Desde os primeiros anos da histria do povo de Deus, os profetas convocam-nos
a cantar louvores a Deus. Toda a Palavra de Deus, especialmente o livro dos Salmos,
um convite ao reconhecimento do Senhor e de suas maravilhas manifestadas em cada
momento da histria.
No Antigo Testamento, o louvor manifestava a realeza de Deus, o seu poder
vitorioso sobre todos os inimigos. Sempre que se vencia uma batalha contra os
inimigos, Israel voltava-se em cnticos e danas no louvor a Deus. Agradecer era, para
eles, uma das formas de tambm louvar a Deus.
No Novo Testamento, somos convidados a louvar especialmente por Jesus
Cristo. Devemos acolher o sacrifcio de Cristo na cruz como o maior sacrifcio de
louvor que Ele deu a Deus. E somos convidados a unir os nossos sacrifcios e ofert-los
como algo agradvel a Deus.
Neste livro, procuramos reunir palavras de Santos, dos Livros Sagrados, do
Catecismo da Igreja Catlica e do Papa Francisco para meditarmos e nos aprofundarmos
no conhecimento e na vivncia do louvor, quer seja nos momentos de orao, quer seja
nos acontecimentos do nosso dia a dia.
O louvor um dom imprescindvel para aqueles que almejam um crescimento
nas virtudes humanas e espirituais; bem como na intimidade com Deus atravs da
orao.
Desejamos que atravs da leitura deste livro nossas vidas possam tornar a ser
uma hstia de louvor e uma hstia de amor, que se sacrifica para que em tudo e por
tudo Deus seja mais amado e mais glorificado!
Os autores.
1
CAT 2639
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Nosso Fundador
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significa,
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Essa espiritualidade fundamentada num Deus que tem Corao humano faz da
Comunidade Recado uma Comunidade profundamente humana, simples, familiar,
jovem, alegre e expressiva!
Temos em Maria o amor de uma Me Santssima que sempre nos leva a Jesus,
cremos que todas as graas que nos advm de Deus passam por suas mos. Temos em
Santa Teresinha do Menino Jesus e da Sagrada Face e em So Francisco de Assis
nossos mestres espirituais que nos auxiliam na vivncia desse Carisma.
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A EFAC
A Escola de Formao para Artistas
Catlicos
(EFAC),
organizada
pela
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Louvar a Deus uma das atribuies principais dos anjos, e privilgio do povo
de Deus, tanto crianas (ver Sl 8,2) como adultos. Alm disso, Deus tambm convida
todas as naes a louv-Lo. Isto quer dizer que todo aquele que tem flego est
intimado a louv-Lo. Por isso, diz o salmista: Tudo o que respira, louve o Senhor! (Sl
150, 5c). E no sendo ainda suficiente, Deus tambm chama a natureza inanimada a
louv-Lo como, por exemplo, o sol, a lua e as estrelas. Enfim, toda a histria do povo
de Deus um convite de louvor ao Criador.
E por que louv-Lo? Louvar porque Deus bom, mas especialmente por Ele nos
ter dado Cristo Jesus. Diz o apstolo Paulo na sua carta aos Efsios: Bendito seja
Deus, Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, que do alto do cu nos abenoou com toda a
bno espiritual em Cristo, e nos escolheu nele antes da criao para sermos santos e
irrepreensveis, diante de seus olhos... nele que fomos escolhidos, predestinados
segundo o desgnio daquele que tudo realiza por um ato deliberado de sua vontade,
para servirmos celebrao de sua glria, ns que desde o comeo voltamos nossa
esperana para Cristo. (cf. Ef 1, 3. 11-12). Essa uma bela e profunda orao na qual
Paulo usa o verbo euloghein, que geralmente traduz o termo hebraico barak: que
louvar, glorificar, agradecer a Deus Pai como fonte dos bens da salvao, como Aquele
que do alto do cu nos abenoou com toda a bno espiritual em Cristo.
O apstolo agradece e louva, mas reflete tambm sobre os motivos que
impulsionam o homem a esse louvor, a esse agradecimento, apresentando os elementos
fundamentais do plano divino e suas etapas. Antes de tudo, devemos bendizer a Deus
Pai, porque assim escreve So Paulo Ele nos escolheu nele antes da criao do
mundo para sermos santos e irrepreensveis, diante de seus olhos (cf Ef 1,4).3
O final belssimo: Ns que fomos escolhidos para servirmos a celebrao de
sua glria. Ns, cristos, fomos separados para celebrar a glria de Deus, em Cristo
3
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essencial no louvor que aquele que est louvando tire os olhos de si mesmo,
que se esquea de si. Por isso, diz-se que o louvor tem uma dimenso de gratuidade e
esquecimento. No peo, apenas louvo.
2. A Orao
MADALENA, Gabriel de Santa Maria. Intimidade Divina. So Paulo. Edies Loyola, 1988.
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5Cat
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ataques do inimigo de Deus, bem como nos protegemos e lutamos contra as nossas
concupiscncias, os nossos pecados, as nossas fraquezas.
A orao o grande meio para alcanarmos de Deus a salvao e todas as
graas que desejamos (Santo Afonso de Ligrio). E voltar o nosso pensamento para
Deus uma arma. Todavia, a orao tambm um meio de alcanarmos o auxlio, a
ajuda de Deus e as graas de que precisamos para a nossa santidade e a nossa
perseverana no caminho dEle.
J So Joo Crisstomo tem como definio de orao: ncora para os
flutuantes, tesouro para os pobres, remdio para os doentes e preservativo para os sos.
Para entendermos bem essa definio de So Joo Crisstomo, precisamos saber
a funo de uma ncora. A ncora existe para firmar uma embarcao e no deix-la
merc dos movimentos do mar. Assim a orao, ela nos firma em Deus, numa
espiritualidade mais profunda e slida, na vivncia do Evangelho. So Crisstomo ainda
diz que a orao tesouro para os pobres, ou seja, algo extremamente valioso.
Ressalta tambm que a orao remdio. O que significa? Que cura as nossas
doenas espirituais e at mesmo fsicas. Por fim, a orao preservativo para os sos.
Quem est mal curado pela fora da orao. Quem est bem conservado tambm
pela graa da orao.
importante ainda meditarmos no conceito de orao de Santa Teresinha: A
orao um impulso do corao, um simples olhar lanado ao cu, um grito de
reconhecimento e amor no meio da provao ou no meio da alegria.
O conceito dela abarca muito a riqueza da orao. Orar dirigir o nosso olhar
para o cu. Isso significa que a autntica orao volta todo o nosso ser a Deus, faz com
que tiremos os olhos de ns mesmos, de nossos problemas ou dificuldades e dirijamos
tudo quele que pode mudar e transformar todas as coisas.
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Ento, por si mesmo, normal que na orao peamos alguma coisa, mas no deveria
ser exclusivamente assim.
Existem tambm motivos de agradecimento. Se estivermos pouco atentos,
vemos que recebemos de Deus tantas coisas boas: e Ele to bom para conosco que
convm, necessrio dizer obrigado. E deve ser tambm orao de louvor: se o nosso
corao est aberto, vemos, apesar de todos os problemas, tambm as belezas de sua
criao, a bondade que se revela na sua criao. Portanto, devemos no apenas pedir,
mas tambm louvar e agradecer, somente assim a nossa orao ser completa.
Ento, meu irmo, voc quer conhecer e experimentar de Deus? Louve! Voc
deseja que as suas oraes sejam levadas ao Pai? Louve! Voc quer que a sua orao
seja completa? Louve! Creio ser esse um eficaz caminho para trilharmos uma vida de
orao profunda e agradvel a Deus!4
4. A orao de louvor nos torna fecundos
O Papa Francisco, em uma de suas catequeses, falou acerca da orao de louvor.
Ele afirmou: a orao de louvor nos torna fecundos.
Fecundidade a capacidade de gerar vida. A mulher fecunda a que gera filhos.
A rvore fecunda a que d frutos bons e abundantes.
No Antigo Testamento, o tema infertilidade ou infecundidade era bem marcante.
Uma mulher infrtil era tida como amaldioada por Deus e, at mesmo, inimiga de
Deus. Era muito comum naquela poca comparar o povo infiel a uma rvore estril, em
que ser cortado significava ser rejeitado por Deus. Em Lucas 13,6-9, diante de uma
figueira que no produziu frutos, o agricultor faz uma extrema tentativa, esperar ainda
um ano, mas com o propsito de cort-la, se suas esperanas fossem, de novo,
frustradas. Essa constitui uma denncia contra a incredulidade e, consequentemente,
uma forte ameaa de condenao. Na sequncia, Jesus trata da f capaz de qualquer
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Sl 23, 7
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Essa homilia do Papa Francisco nos traz muitos ensinamentos. O primeiro j foi
dito: a orao de louvor nos torna fecundos, ou seja, o louvor tem a capacidade de
gerar vida. Vida nos que louvam; vida nos que ouvem o louvor, vida em todo o povo de
Deus. Esse tipo de orao tem o poder de quebrar as correntes mais poderosas e nos
livrar dos crceres.
O segundo ensinamento que a orao de louvor para todos os cristos e no
apenas para um grupo de pessoas. No! O louvor uma forma de orao para todos os
filhos de Deus e no importa a classe social, o seguimento religioso, a cultura, ou a
formao que possua. Ns todos temos a capacidade de louvar!
Outra mensagem que o Papa nos deixa quanto ao fervor do nosso louvor.
Fervor que no deve ser medido pela altura da nossa voz ou pelo movimento dos nossos
lbios, mas pela sinceridade do nosso corao.
Uma quarta observao que fao quanto aos nossos julgamentos para com
aqueles que esto louvando. Ser que quando vemos algum expressando o seu louvor a
Deus, quer seja atravs da orao, ou do canto, ou da dana, ou do jbilo, no julgamos
esses irmos? Ser que no achamos que esto querendo se exibir? Ser que no
estamos fazendo como Micol? No pode ser assim! Somente cabe a Deus essa atitude,
pois
Ele
sabe
que
est
no
profundo
dos
coraes!
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Por fim, e no menos importante, o Papa nos fala sobre a formalidade da orao.
Micol preferiu ficar no seu canto, sem se expor ao ridculo daquelas danas de
louvor e experimentou uma profunda solido, a frieza, a tristeza, a formalidade. E a
grande consequncia disso? A infertilidade. Quando no buscou a graa de viver o
louvor, Micol terminou seus dias sem vida, morta, presa nos seus achismos e nas suas
concepes errneas do culto a Deus. Morreu sem gerar vida, infrtil, com desculpas e
justificativas humanas que lhe custaram a falta da autntica experincia de Deus que o
louvor pode gerar.
5. A orao dos Salmos
Outro meio que Deus nos d para crescer na vida de orao, mais
especificamente na orao de louvor, rezarmos e meditarmos com os Salmos. Para
percebermos o valor e a riqueza da orao com eles, vamos aprender um pouco mais
sobre a sua histria, para assim progredirmos na vida de louvor e tomarmos posse dessa
graa que a orao com o Saltrio.
Os Salmos foram escolhidos pela Igreja como expresso comum e universal de
sua orao. O contedo deles o mistrio da salvao.
Em hebraico, o livro dos salmos chama-se Livro dos Louvores. O hebreu no
se esquece de louvar at quando suplica9. As denominaes Salmos e Saltrio provm
do grego psalmoi (melodias) e psalterion (instrumento de corda, lira ou a harpa).
Ento, a palavra Saltrio representa o instrumento de cordas que acompanhava o canto
(melodias) dos Salmos. O Saltrio tambm conhecido como o livro de orao dos
antigos judeus ou popularmente chamado coleo de salmos.
Os Salmos so poesias para serem cantadas na liturgia, so oraes corais que
toda a comunidade crist acompanha, no caminho da histria da salvao. Eles so a
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orao de Israel: ensinam pessoa e comunidade que atitude devem tomar diante de
Deus nas diferentes circunstncias da vida.
Eles expressam as reaes da f e da orao do povo de Israel aos grandes gestos
do Senhor. Deus guia a histria do seu povo. Por isso, os Salmos so louvor ao Deus
criador, confiana em sua fidelidade e agradecimento pelas maravilhas que Ele realizou.
possvel afirmar, ento, que os Salmos possuem valor de orao por
excelncia. O mistrio cristo encontra neles sua expresso conatural.
Os Salmos querem nos ensinar a falar, a estabelecer o equilbrio entre splica e
louvor, a colocar sobre os nossos olhos o que o nosso esprito poderia esquecer.
5.1 Os gneros literrios
Uma observao importante que para se conhecer bem os Salmos necessrio
saber quais gneros literrios10 foram usados pelos escritores.
Os Salmos so poesias religiosas que seguem tcnicas rtmicas e meldicas
prprias e usam imagens, smbolos e metforas tiradas da natureza e do cotidiano das
pessoas. Os gneros literrios dos Salmos so, fundamentalmente, dois: o louvor e a
splica.
5.2 Hinos de louvor
Sua finalidade louvar o Senhor pelos grandes feitos dEle na criao e na
histria. Ao rezar o hino de louvor, o fiel admira em um s conjunto a obra de Deus
criador, redentor, misericordioso e prximo. O hino se desenvolve tanto sob a forma de
proclamao (estilo indireto, dirigido assembleia), quanto sob a forma de aclamao
(estilo direto, dirigido ao Senhor).
10
Gneros literrios so caracterizados por uma sequncia de esquemas, modelos e estruturas que se
repetem com frequncia, tais como o lamento, a splica, a alegria, o louvor, a ao de graas.
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A esse gnero esto ligados tambm os Salmos do Senhor Rei, os Cantos de Sio
e os Cantos das Subidas (119-133).
5.3 As splicas
As splicas individuais trata-se do gnero literrio mais representado no
Saltrio em que um membro da comunidade manifesta seu lamento em presena do
Senhor. Na maioria das vezes, o orante objeto de ameaas ou de perseguies por
parte de terceiros. No encontro do miservel, do infeliz, do doente e do perseguido
com o Senhor, seus coraes so transformados e a esperana nasce novamente dentro
deles11.
5.4 Outros Salmos
Existem ainda outras subdivises em relao aos Salmos. H os Salmos de ao
de graas, Salmos de confiana, Salmos de realeza, Salmos didticos.
Os Salmos de ao de graas expressam reconhecimento e admirao, cantam os
benefcios de Deus. O povo no apenas pede, mas agradece ao Senhor pelos bens
recebidos.
Nos Salmos de confiana o povo se dirige a Deus, confiando que vai ser
protegido e abenoado por Ele, tanto nos momentos de necessidade particular, quanto
comunitria.
Nos Salmos de realeza, Israel proclama a soberania do Senhor como Rei. Eles
promovem a esperana do reino escatolgico universal de Deus.
Os Salmos didticos tm como objetivo louvar a Palavra de Deus na Tor. Eles
so divididos em Salmos sapienciais, litrgicos ou profticos.
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Ainda nos diz Santo Agostinho: Cristo foi o cantador dos Salmos por
excelncia..
Imaginemos o adolescente Jesus subindo a Jerusalm em companhia dos seus
pais e cantando com eles os Salmos das subidas (Sl 120-134). Os ltimos instantes da
vida de Jesus foram vividos no cumprimento dos Salmos. As palavras dos Salmos 113118 entoam nos lbios de Jesus: Tomarei o clice da minha salvao invocando o
nome santo do Senhor... Preciosa aos olhos de Yahweh a morte dos seus santos...
Oferecer-te-ei um sacrifcio de louvor... No morrerei, mas viverei... A pedra que os
construtores desprezaram tornou- se a pedra angular (...).
No horto do Getsmani, Jesus manifesta sua angstia mortal inspirando-se nos
Salmos 42-43: Minha alma est triste. Na cruz, no instante de sua morte, gritou o
Salmo 22: Meu Deus, meu Deus, porque me abandonaste?. As ltimas lies que Ele
deu aos seus discpulos so lies de exegese: Era necessrio que se cumprisse tudo o
que est escrito ao meu respeito na Lei de Moiss, nos Profetas e nos Salmos.
O Salmo 22, que Cristo rezou na cruz, se converte na chave de leitura de todo
acontecimento pascal.
O Salmo ocupa um lugar especial na conscincia de Cristo e na pregao
apostlica. No possvel deixar os Salmos carem no esquecimento sem mutilar a
imagem de Cristo.
importante observar que os Salmos se referem pessoa de Cristo. Vejamos
alguns exemplos:
5.5.1 A criao e o criador (Sl 8, 18, 28).
A criao existe para Cristo. NEle, com Ele e por Ele damos graas a Deus pela
grandeza de Sua obra.
5.5.2A lei nos torna livres de ns mesmos (Sl 1, 18, 118).
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A orao dos Salmos nos ensina a rezar como comunidade, como povo de
Deus, pois a Igreja o novo povo de Deus, no qual se cumpre a histria do antigo
Israel12.
Uma grande dificuldade encontrada pelos fiis que muitas vezes a linguagem
dos Salmos fala de sentimentos e atitudes espirituais pouco crists. Diante dessas
dificuldades, as quais preciso ultrapassar, devemos assumir as oraes dos Salmos
como prprias e as reler, procurando aprofundar o sentido cristo.
Eis o que disse o Papa Pio X a respeito do Saltrio: fato que os Salmos, desde
o incio da Igreja, ajudaram maravilhosamente a nutrir a piedade dos fiis. Os cristos,
por meio dos Salmos, ofereciam a Deus continuamente o sacrifcio de louvor, isto , o
fruto dos lbios que rendiam homenagem ao seu nome.
Quanto chorei ao ouvir os hinos e cnticos em Tua honra, vivamente comovido
pelas vozes da Tua Igreja, que cantava docemente! Aquelas vozes vibravam nos meus
ouvidos, e a verdade calava no meu corao, e tudo se transformava em sentimentos de
amor, e encontrava tamanha alegria, a ponto de me desfazer em lgrimas (Santo
Agostinho).
Orao:
A orao de louvor aquela que nos aproxima imediatamente de Deus e faz com
que dirijamos nossa mente e o nosso corao a Ele. Cremos que Deus pode nos curar.
Apresentemos, atravs da orao de louvor, nossa vida, nossa histria, nossa
caminhada. Louvemos pelos sentimentos bons ou no que trazemos em nosso corao.
Vamos louvar a Deus, por Ele, por sua misericrdia e por toda a nossa vida, bendizendo
por cada fato, por cada circunstncia, buscando descobrir o bem que tiramos em todas
as coisas! Louvemos a Deus!
Testemunho
12ibidem,
p. 23
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Posso testemunhar como fundador que para ns todas as graas nos vem pelo
louvor!
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de Abrao, Isaac e Jac, o nico Deus constitudo entre eles, e por tal razo foram
denunciados pelos caldeus, mesma nao do rei.
Ao que parece, Nabucodonosor estava muito certo de que, mediante sua presso
e ameaas, os jovens cederiam e ele poderia, ento, preocupar-se com outras coisas
mais importantes. Contudo, no contava o rei que havia naqueles jovens um esprito de
coragem e sabedoria e uma profunda certeza de que Deus no lhes faltaria em momento
algum, e mesmo que lhes faltasse ainda assim s a Deus eles serviriam e adorariam. A
resposta de Sidrac, Misac e Abdnago uma das mais belas declaraes de amor das
Sagradas Escrituras, vejamos:
No h necessidade alguma de replicar-te neste assunto. Se assim for, o nosso
Deus, a quem servimos, tem o poder de nos livrar da fornalha acesa e nos livrar
tambm, rei, da tua mo. Mas se ele no o fizer, fica sabendo, rei, que no
serviremos o teu deus, nem adoraremos a esttua de ouro que levantaste (Dn3, 1718).
Quantas vezes me vi em situaes em que facilmente cedi a esttuas de ouro e
no me lembrei do meu Senhor? Quantas vezes no tive a mesma coragem desses
jovens, ou pior, quantas vezes me voltei para Deus pedindo-lhe ou intercedendo por
algo que no se processou da forma como desejei e como resposta simplesmente me
voltei contra Deus, como se Ele tivesse por obrigao atender s minhas peties?
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Na verdade, quantas vezes nos voltamos para Deus, esperando que Ele nos
atenda em nossas splicas, quando, na verdade, no h obrigao alguma em se
proceder desta ou daquela forma? To grave quanto isso o fato de nos
decepcionarmos com Deus diante dos reveses da vida. Levei muito tempo para
compreender que nosso voltar-se para o Pai deve ser gratuito, mesmo quando julgamos
que Ele nada fez por ns.
Nos versculos seguintes, podemos perceber que quanto mais eles danavam e
louvavam mais os servos do rei alimentavam as chamas, que de to intensas podiam ser
vistas de fora da fornalha, mas o Senhor no desamparou seus adoradores, pelo
contrrio, fez descer um anjo para junto deles na fornalha e expeliu para fora a chama
de fogo, fazendo soprar no meio da fornalha um vento refrescante, e assim o fogo no
os tocava, sequer lhes causou incmodo(Dn 3,49-50).
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aprisionam 13 ; para que seja afugentada toda tristeza que nos impede uma alegria
encorajadora; para que nos seja curada a cegueira que nos impede de ver a soluo dos
problemas, aparentemente, impossveis de serem resolvidos; enfim, para que Deus,
ouvindo nosso louvor, nos envie, do alto dos cus, seus anjos e arcanjos para junto de
ns enfrentarmos as nossas fornalhas do dia a dia.
13
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Deus, mas tinham uma experincia real com o amor do Pai, uma experincia pessoal
que transfigurava a existncia deles.
Primeiro a perseverana, depois a confiana, por fim, a coragem. Eles foram
corajosos na f. No apenas confrontaram um poderoso rei, mas uma nao inteira. E
quanto mais a chama crescia, mais eles louvavam a Deus! Que testemunho temos aqui!
Alm do que foi dito, podemos ainda experimentar neles a ousadia, a dependncia da
misericrdia de Deus, a f, a esperana, a caridade e tudo isso transbordou num
reconhecimento de quem Deus : o Deus poderoso que se inclina a ns, especialmente
atravs do louvor.
Entre artistas:
Eu acredito que, para ns, artistas, neste tempo que a gente est vivendo hoje, a
histria desses trs jovens nos ensina muito com relao perseverana nas nossas
convices. Hoje o mundo muito apelativo com relao fama, ao sucesso, a ter
resposta rpida, a ter, a ser uma pessoa meditica, a sermos artistas mediticos, que
necessariamente precisam agradar a multides, e muitas vezes j vi artistas sendo
profundamente questionados at mesmo em sua f, em sua convico, porque entraram
numa linha de querer agradar, de estar na moda, de seguir uma tendncia atual, que isso
ou aquilo que faz sucesso, que chega nas pessoas, agora o lance fazer isso, agora a
moda aquilo, que se perderam completamente na sua identidade pessoal, na sua
misso pessoal.
O episdio da fornalha ardente com esses trs jovens perseverantes e fiis s
suas convices nos ilumina, nos questiona a respeito de como est, de como anda a
nossa fidelidade, naquilo que nossa misso especfica, pessoal. Deus, quando cria e d
o dom a um artista de um determinado ministrio, prova que isso tudo faz parte de um
grande projeto, de um grande plano de salvao para um povo que ns no conhecemos,
mas que Ele conhece e ama profundamente. E muito importante que ns tenhamos
muito claramente em ns para que fomos criados, para quem fomos criados, para que
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permaneamos fiis a este nosso chamado pessoal, para que ns no nos deixemos
corromper por propostas ou mesmo por pessoas que tentem forar a barra como
Nabucodonosor tentou forar com relao a esses jovens, pela fora, pelo poder, pelo
autoritarismo, pela ameaa. Quantos artistas podem j ter sido questionados quanto
sua misso pessoal, ao seu projeto pessoal, ao seu plano pessoal, sua misso pessoal
com relao a musica, ou ao teatro, ou dana, sua maneira de se expressar por
pessoas que ameaavam dizendo ningum gosta mais disso, ningum aceita mais isso,
isso no algo que d mais ibope ou dinheiro, ou d fama, voc precisa mudar ou se
reinventar porque seno voc vai ficar de fora. Quantas pessoas podem ter sido
ameaadas em tons desse jeito, ento eu acredito que este captulo vem nos questionar
com relao nossa fidelidade nossa misso pessoal. muito importante voc saber
quem voc, para que Deus te criou, qual a misso pessoal, especfica do teu
ministrio, da tua arte. Qual o teu papel. A beleza da Igreja est exatamente em no
ser uniforme, mas na unidade que uma riqueza harmoniosa no meio de uma imensa
diversidade.
Orao:
Vamos louvar a Deus pelas situaes de perigo que possamos estar enfrentando.
O perigo do desemprego, das incompreenses, das perseguies, das injustias. Diante
das fornalhas ardentes que sofremos, vamos exaltar o Senhor, vamos louvar com
confiana, com f, nos abandonando nas mos de Deus. Vamos, nesse louvor, deixar
que o Senhor cure todo medo de sofrermos, que Ele retire as circunstncias de
perseguio que afligem nossa vida.
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msicas e dana. isso pra mim a msica: ser quem eu sou, e alegria, festa por ser de
Deus.
Ao ouvir essa partilha, imediatamente senti como se Jesus fosse esse msico.
Jesus cantou, louvou, porque aquilo fazia Ele ser quem mais Ele era: o Filho de Deus! O
Salvador! O Redentor! A msica fazia, faz e pode nos fazer ser cada vez mais um
com Deus, apaixonados por Ele, determinados em fazer a Sua santa vontade!
Jesus cantou porque, apesar do sofrimento que ia viver, Ele olhava alm da sua
dor. Jesus cantou a felicidade de estar aderindo livre e perfeitamente ao plano do Pai.
No havia motivos para tristeza, pois o Pai ia ser glorificado.
O outro msico fez a seguinte partilha: Hoje tive a experincia de tocar e ficar
vazio do mundo, dos problemas, das dificuldades. Foi como se o instrumento fosse uma
parte de mim. Sinto que tenho que tocar todos os dias. como um buscar a Deus
diariamente. Se no toco o instrumento que Deus me deu o dom para tocar, como se
eu me afastasse do louvor a Deus.
O instrumento me completa, me liberta e me faz ser eu mesmo, sem restries
entre o que sou e aquilo que o mundo pensa. Quanto toco, me expresso, me liberto
daquilo que talvez nem eu entenda que passa dentro de mim. S sei que a msica me
liberta .
Jesus cantou porque a msica lhe fazia estar mais prximo de Deus! A msica
lhe fazia estar mais vazio de si mesmo e, assim, expressar o seu ser diante da presena
de Deus! Jesus cantou porque era isso que Deus desejava dEle. Jesus cantou porque sua
vida era inteira de Deus! Jesus cantou porque Ele queria ser o prprio canto que
deveria cantar!
No momento de maior dor na sua vida, Jesus, mais uma vez, voltou o seu olhar,
sua mente e o seu corao para Deus. E o instrumento que Ele utilizou foi o canto,
atravs do Saltrio. Que bela lio Jesus nos d! No momento de nossas maiores
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Fao-lhe uma pergunta: com que inteno voc tem composto sua msica? Com
inteno de louvar a Deus, de torn-lo amado e conhecido? Ou com a inteno de
vender cds? Seus acordes so para a glorificao do Senhor ou so meios apenas para
tocar sentimentalmente o corao das pessoas e assim ser bem sucedido, ser conhecido?
A sua msica tem como inspirao o prprio Deus, a sua Santa Palavra ou voc
mesmo? Pense nisso!
Queridos, devemos considerar que Deus a harmonia plena. Nele no h
dissonncia. Ns fazemos parte do grande concerto universal, conduzido pelo Divino
Regente.
Frequentemente, porm, desafinamos, cometendo falhas inerentes nossa imperfeio.
Isso, naturalmente, contradiz o que Deus pede de ns, como imagens suas, cuja histria
deve reprisar a beleza e a harmonia divinas. Ele o acorde cheio, perfeito, do qual os
grandes msicos conseguem haurir a inspirao, traduzindo em suas composies algo
da Perfeio Infinita. A msica sacra tem o dom de nos aproximar mais intimamente de
Deus, pois coloca a inspirao, recebida dEle, em funo do louvor de sua glria. No
cu vamos saborear muita msica: mais sublime, mais extraordinria do que qualquer
uma que conhecemos, divinal... Ser uma das expresses da nossa felicidade plena, na
comunho eterna com Deus.14
essa a vontade de Deus para voc, msico: que sua msica seja o reflexo da
perfeio e do amor divinos! Que os acordes que voc toca sejam para glorificar a
Deus! Que a msica que voc compe seja expresso da felicidade que a comunho
com Deus! Msica no para vender, para o status ou para o sucesso! Msica crist
para revelar ao homem o quanto Ele amado por Deus! Msica para a salvao, no
para o fechamento em si, para a sensualidade, para a banalizao. No! Msica crist,
sacra, religiosa, catlica para gerar experincia com Deus. Quanto chorei ouvindo
vossos hinos, vossos cnticos, os acentos suaves que ecoavam em vossa Igreja! Que
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muitas vezes falta-me a inspirao. Passei longos meses com palavras, frases, ideias
dentro de mim sem conseguir transmiti-las aos outros nem transcrev-las no papel.
Todos ns podemos passar por isso. E o que fiz? Esperei, confiei, me abandonei,
louvei a Deus e aguardei o tempo dEle, que no o meu tempo. Esperei a mo dEle e,
acima de tudo, fiz dEle a minha maior inspirao!
Artista catlico respire Deus para transpirar inspirao. Respire o Amor, a
Eucaristia, a orao para que voc transpire o odor de Cristo, o perfume suave que toca
os coraes! Espere o tempo de Deus! Fique prximo dEle! Confie nEle e certamente
Ele agir!
3. O canto no solitrio
O ltimo aspecto que desejo mencionar o fato de que Jesus no cantou
sozinho, mas em comunidade. Diz o texto: depois do canto dos Salmos, dirigiram- se
eles... ( cf. Mt 26,30). Como Nosso Senhor Magnfico! Porque Jesus cantou
comunitariamente? Porque o canto da salvao no um canto solitrio, mas em vrias
vozes, como num coral. Ao longo de toda a histria do povo de Deus, vemos essa
dimenso comunitria. Depois da passagem do Mar Vermelho, Moiss no cantou
sozinho: Ento, cantou Moiss e os filhos de Israel. (Ex 15.1). De igual modo a juza
Dbora, aps a grande vitria sobre o rei Jabim de Cana: E cantou Dbora e
Baraque... (Jz 5.1). O apstolo Paulo, na priso em Filipos, fez um precioso dueto com
Silas: Perto da meia-noite, Paulo e Silas oravam e cantavam...(At 16.25). Isso mostra
que cantamos melhor quando cantamos como Igreja, como irmos. Sem um querer
passar por cima do outro; quando um d a chance para o outro. A histria da salvao
do povo de Deus no uma histria excludente nem solitria. a histria de um povo
que precisa caminhar junto, unido, para cantar mais forte os louvores a Deus. E o que
a Missa, seno esse canto?
Queridos msicos, Deus lhes deu um ministrio porque no desejo dEle que
voc caminhe sozinho. Quando Jesus enviou os discpulos em misso, era pelo menos
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em dupla que eles andavam, porque o outro canal de Deus para mim! Canal de
santificao, de salvao, de ajuda, de apoio, de socorro, de presena de Deus!
Caminha-se mais rpido quando no se caminha sozinho. Reflita nisso! Jesus no quis
cantar sozinho, porque naquele momento Ele precisava daqueles que Deus havia lhe
dado. Jesus nunca se colocou como o melhor ou o maior, mas se fez um entre outros. O
canto mais eficaz quando no solitrio! Deus se faz presente onde dois ou mais
esto reunidos em Seu nome.
Assim se revela o Jesus que cantou. Cantou porque amou! Cantou mesmo
sabendo o que iria vir, mas no ps os olhos em si mesmo! Cantou talvez sem
inspirao, mas respirou o amor de Deus! No cantou sozinho, louvou com seus irmos,
porque sabia que o canto comunitrio, que as vozes unidas chegam mais fortes e mais
rpido ao Cu!
Entre artistas:
Neste terceiro captulo quero chamar a ateno dos artistas com relao a essa
atitude linda de Jesus antes de momento de enfrentar toda aquela dor e sofrimento, no
momento mais difcil de sua misso pessoal aqui na terra: Ele chamou amigos de sua
comunidade para estarem com Ele, para rezarem com Ele, para estarem fazendo
companhia a Ele. Isso nos mostra a importncia, a riqueza de termos amigos dentro dos
nossos ministrios, a riqueza de termos em nossos ministrios verdadeiras comunidades
de irmos. Como importante, como nos sustenta, como verdadeiramente suporte ou
pode ser suporte para ns nos momentos de dificuldades, de desafios, nos momentos de
deciso, at mesmo nos momentos de queda, de fraqueza. muito importante o
ministrio se preocupar com ensaio, extremamente importante o ministrio se
preocupar com a vida de espiritualidade, de orao, de formao, mas fundamental
para todo ministrio de msica e artes tambm se preocupar com o nvel de amizade, de
fraternidade entre os membros. fundamental para ns ensaiar, fundamental para ns
rezarmos juntos, mas fundamental tambm para ns sairmos juntos para tomar um
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sorvete, para ir ao cinema, para irmos a uma praia, para jogarmos um futebol, porque
nesses momentos cultivam-se amigos, cultivam-se amizades, que so esses momentos
que podem dar abertura, por exemplo, para os irmos se sentirem vontade de partilhar
situaes de dificuldades, de perigo, de risco, de queda, de sofrimento, de fraqueza, at
mesmo de pecados, porque eles s vo viver isso, s vo conseguir fazer esse tipo de
partilha profunda, se tiverem em ns, membros dos ministrios, confiana. E a
confiana, a amizade no se improvisa, ela se faz, ela se conquista. Ela se faz com o
tempo. Nesse captulo eu quero chamar a ateno dos ministrios de msica e artes, para
essa atitude linda de Jesus, Ele Deus, mas Ele no quis passar por esse momento
sozinho. Ele foi humano o suficiente para estender a mo para dizer: eu preciso de
ajuda. E a aquele momento de celebrao como, por exemplo, nas Bodas de Can, foi
fundamental para preparar esse momento antes do Calvrio, porque certamente as
risadas, as gargalhadas em situaes de alegria como nas Bodas de Can deram terreno
propcio para que brotassem amizades verdadeiras e profundas entre as pessoas, e Jesus
foi cem por cento humano. Ento, que voc tenha essa preocupao de olhar para os
seus irmos de ministrios no apenas como companheiros de trabalho. Mas olhar para
os seus irmos de ministrio como amigos e favorecer momentos de fraternidade, de
lazer, de partilhas, para que brotem amizades que possam ser nosso socorro, nosso
sustento; nos momentos de dificuldade e ser alegria, ombro; aplauso nos momentos de
felicidade. Porque somos humanos e a vida para ser vivida assim, juntos, o que
proporciona mais sabor.
Orao:
Hoje queremos louvar ao Pai, por Jesus e em Jesus! Vamos dar a Deus o nosso
melhor e maior canto. O nosso canto de amor, de reconhecimento. Vamos louvar porque
o Senhor nos fez Igreja, porque nesse caminho no estamos sozinhos! Cante, dance,
louve, exalte ao Senhor!
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O que agradou a Deus quando Jesus se deu a ns na cruz no foi a dor de seu
Filho, nem o sofrimento dEle, nem a humilhao que Cristo sofreu, mas foi a sua total
submisso, a sua obedincia perfeita ao Pai at o fim!
So Padre Pio de Pietrelcina nos diz: O sacrifcio mais agradvel a Deus o
sacrifcio da vontade. Foi justamente esse sacrifcio que Jesus fez: Pai, se de teu
agrado, afasta de mim este clice! No se faa, todavia, a minha vontade, mas sim a tua
(cf Lc 22,42). Por isso, podemos afirmar, com toda convico, de que a obedincia
torna-se, ou melhor, um grande sacrifcio de louvor ao Pai. Obedincia a Deus, mas
tambm aos nossos pais, aos nossos superiores, aos nossos esposos e, assim, em todas
as ocasies nas quais Deus queira que sacrifiquemos a nossa vontade. No sacrificar
por sacrificar! Os nossos sacrifcios devem sempre ter como metas o bem do outro a
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Vimos a imensido do amor de Nosso Senhor Jesus Cristo pelo Pai. Esse amor
por Deus fez com que Jesus desse sua vida para que o plano salvfico de Deus se fizesse
real. O sacrifcio de louvor de Jesus aconteceu na cruz e acontece a cada missa da qual
participamos; nela fazemos memria desse sacrifcio.
Mas tambm cada um de ns convidado a oferecer-se em sacrifcio santo e
agradvel a Deus.
Tive uma experincia disso quando eu estava escrevendo este captulo. Aconteceu
que minha irm foi roubada por uma pessoa muito prxima que trabalhava com ela.
Quando eu soube do fato fiquei muito indignada, com desejo no s de justia, mas
penetrou em meu corao desejos ruins. Como crist eu sabia que no podia alimentar
aquilo dentro de mim. Ressoava em meus ouvidos o Evangelho: orai pelos vossos
inimigos... no amaldioeis, no pagueis o mal com o mal..., e, naquele momento,
ofertei o meu sacrifcio de louvor a Deus. Rezei, intercedi por aquela pessoa que havia
feito mal para minha irm. Pedi a Deus por ela, lancei palavras de bnos e de
proteo. Busquei vencer o mal com o bem. Foi difcil, porque minha humanidade
desejava outra coisa, mas procurei fazer a vontade de Deus e o que era agradvel a Ele.
Podemos fazer isso todos os dias, a cada momento, encontrando nos
contratempos, nos imprevistos, nas injustias, nos desentendimentos, nas perseguies
oportunidades preciosas para fazermos as nossas ofertas de agradvel odor a Deus. Isso
amor, isso tambm louvor!
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Entre artistas:
Ns vimos aqui, neste captulo, meu irmo, que a cruz, o sofrimento passou a ter
um novo sentido a partir da cruz de Cristo e aqui fica um questionamento muito
interessante, quando o captulo diz o que voc tem feito nos momentos de provao e
sofrimento que voc passa diariamente? Qual o valor e o significado que voc tem dado
para os momentos de angstia que voc sente? Qual a sua cruz? O que voc tem feito
com ela? Eu quero fazer um convite a voc, que artista, que msico, que cantor,
compositor, ou dana, ou faz teatro (falando mais especificadamente sobre msica que
a parte com a qual mais trabalho): quantas msicas lindas que foram fruto de um
sofrimento no rejeitado, mas abraado com f? Quantas canes, por exemplo, que a
gente v, quantas canes que talvez voc cante que so profundamente ungidas, que
tem um poder profundo de nos levar a Deus, de nos dar fora para superar as situaes e
que foram fruto de compositores que passaram grandes momentos de sofrimento, de
dor, e transformaram esse sofrimento, essa dor em servio aos irmos. Ns somos
artistas, ns temos a capacidade de ver o mundo, de olhar o mundo com outros olhos,
com outro olhar, isso que a carta de Joo Paulo II aos artistas nos diz. Ns temos o
dever, a chance de fazer com que outras pessoas olhem o mundo dessa forma que a
gente consegue olhar naturalmente. Eu fao um convite a voc a usar dos seus
momentos de dor, de sofrimento e transformar em fruto para a Igreja, em servio para o
seu ministrio. Est passando por uma dor, por uma dificuldade? Ento v em frente,
abrace, no fuja dele, no reclame, no murmure, abrace junto com Nosso Senhor.
Passado esse sofrimento ensine as pessoas como voc venceu, como voc superou,
quais os frutos dessa vivncia, faa isso atravs de uma cano, ou atravs de um texto
para uma pea, ou atravs de uma dana; voc vai no somente ser beneficiado com
isso, mas vai cumprir um papel que seu, e poder beneficiar tantas e tantas pessoas
com o fruto de uma vivncia sua.
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54
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1.0 - A anunciao
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55
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segundo a tua palavra. E o anjo afastou-se dela. Naqueles dias, Maria se levantou e
foi s pressas s montanhas, a uma cidade de Jud. Entrou em casa de Zacarias e
saudou Isabel. Ora, apenas Isabel ouviu a saudao de Maria, a criana estremeceu no
seu seio; e Isabel ficou cheia do Esprito Santo. E exclamou em alta voz: Bendita s tu
entre as mulheres e bendito o fruto do teu ventre. Donde me vem esta honra de vir a
mim a me de meu Senhor? Pois assim que a voz de tua saudao chegou aos meus
ouvidos, a criana estremeceu de alegria no meu seio. Bem-aventurada s tu que creste,
pois se ho de cumprir as coisas que da parte do Senhor te foram ditas!. E Maria
disse: Minha alma glorifica ao Senhor, meu esprito exulta de alegria em Deus, meu
Salvador, porque olhou para sua pobre serva. Por isto, desde agora, me proclamaro
bem-aventurada todas as geraes, porque realizou em mim maravilhas aquele que
poderoso e cujo nome Santo. Sua misericrdia se estende, de gerao em gerao,
sobre os que o temem. Manifestou o poder do seu brao, desconcertou os coraes dos
soberbos. Derrubou do trono os poderosos e exaltou os humildes. Saciou de bens os
indigentes e despediu de mos vazias os ricos. Acolheu a Israel, seu servo, lembrado da
sua misericrdia, conforme prometera a nossos pais, em favor de Abrao e sua
posteridade, para sempre.
1.1 - Ave cheia de Graa
Ao iniciar sua saudao a Maria, disse o anjo Gabriel: Ave, cheia de graa, o
Senhor contigo!.
O Anjo, ao cumprimentar Maria, no a chama pelo nome, mas chama-a
simplesmente cheia de graa ou cumulada de graa. justamente na graa que
encontramos toda a identidade de Maria.
Nossa Senhora a declarao viva, real de que a graa uma realidade essencial
no relacionamento com Deus. A graa o lugar onde a criatura pode encontrar-se
com o seu Criador.
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Nossa Senhora no olha para si, mas d a sua resposta sincera e generosa ao
projeto do Pai e diz o seu sim acolhendo a certeza no seu corao de que nada
impossvel para Deus. E justamente desse acolhimento da grandeza, da generosidade
e da misericrdia de Deus que Maria entoa o seu canto de louvor!
2.0 O Magnificat
Um dos mais belos hinos que manifesta o poder e a misericrdia de Deus o
canto do Magnificat. Ele uma exploso jubilosa de Maria no mago das montanhas
da Judeia, em resposta sua prima que a saudava, parabenizando-a.15
O clima donde brota esse magnfico hino de louvor a intimidade familiar, a
discrio de um encontro entre duas mulheres grvidas. Essa mais uma grande lio
que Deus nos d: a nossa vida de louvor deve acontecer no nosso cotidiano e o poder, a
graa de Deus agem, muitas vezes, nos acontecimentos que consideramos
insignificantes. nessa famlia, nessa realidade costumeira, discreta, que culmina essa
experincia de reconhecimento de quem Deus .
Na expresso magnificat, verso latina de uma palavra grega que tinha o
mesmo significado, celebrada a grandeza de Deus, que, com o anncio do anjo, revela
sua onipotncia, superando as expectativas e as esperanas do povo da aliana e
inclusive os mais nobres desejos da alma humana.16
O Magnificat o hino cuja nica riqueza Deus. Nele, Maria no O exulta pela
riqueza ou poder, mas, pelo contrrio, por ser pequena, insignificante e humilde. Em
suas bem-aventuranas, Jesus retoma o ensinamento do hino do Magnificat e apresenta
15
Cf
16
publicao
cessada
em
15
de
maro
de
2014,
no
endereo
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que o homem novo um homem dependente de Deus, que se alegra e pe toda a sua
confiana somente nEle.
Maria, inspirando-se na tradio do Antigo Testamento, celebra com o cntico
do Magnificat as maravilhas que Deus realizou nela. Segundo S. Joo Paulo II: Esse
cntico a resposta da Virgem ao mistrio da Anunciao: o anjo convidou-a a alegrarse; agora, Maria expressa o jbilo de seu esprito em Deus, seu salvador. Sua alegria
nasce de ter experimentado pessoalmente o olhar benvolo que Deus dirigiu a ela,
criatura pobre e sem influncia na histria.17
No Magnificat, Nossa Senhora fala na primeira pessoa com uma real conscincia
de ter sido agraciada por Deus. Mas, logo menciona o que Deus fez, para que se desvie
o nosso olhar para a fonte de onde brota a verdadeira felicidade e o nico digno do
nosso louvor.
2.1 Minha alma glorifica o Senhor...
Maria inicia sua manifestao de louvor a Deus engrandecendo ao Senhor. Isso
acontece porque Ele, antes, a ela engrandeceu. E justamente assim que acontece o
louvor em nossas vidas: se bendizemos a Deus, se O glorificamos, se O exaltamos,
porque antes Ele nos abenoou, nos agraciou ou nos gratificou.
Maria louva a Deus porque sua vida se tornou eco da sua palavra e do seu
amor. Porque sabe que sua vida chamada a difundir, num mundo em que reina a
injustia e que parece descambar para a morte, o bom odor de Cristo, odor que d vida
e leva a vida(2 Cor 2, 16)18.
Nossa Senhora bendiz o Senhor porque Ele ps os olhos na humildade de sua
serva. O louvor de Maria reconhece o olhar de Deus sobre sua vida e ela deixa-se olhar
17
ibidem
JUANES, Benigno. As formas e os frutos do louvor. So Paulo: Loyola, 2000.
18
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por Deus. Maria bendiz o olhar de Deus, porque algo grande sucede quando Deus
olha.19
Maria, por ter acreditado, viu a si mesma com os olhos de Deus e, por se ter
visto absolutamente devedora Dele, glorifica-O e assume sua pequenez. Ela reconheceu
que o valor de sua vida no estava no corpo, nos bens materiais, nas conquistas
humanas, mas no olhar amoroso de Deus. Ela O exalta por esse olhar de Deus que viu a
pequenez de sua serva, por esse olhar que acolhe no somente a pobreza dela, mas a
nossa pobreza, nossas misrias, nosso nada. isso mesmo, Maria louva por sua
pequenez, por sua pobreza, por seu nada, porque ela era insignificante. Isso revela a
grande experincia que Nossa Senhora tinha com Deus e de Deus. Quanto mais ntimos
somos de Deus, mas reconhecemos quem Ele e quem ns somos, na verdade de nosso
ser.
Maria revela a importncia do olhar, porque nos momentos de grandes emoes
o olhar supera as palavras. Foi assim tambm nos Evangelhos: Jesus olhou o jovem rico
e o amou (Mc 10, 21); olhou Zaqueu e o converteu (Lc 19,5); olhou Pedro e o levou ao
arrependimento (Lc 22, 61); olhou a multido, viu-a como rebanho sem pastor e a
alimentou (Mc 6, 34). O importante aqui reconhecer esse olhar misericordioso de
Deus, mas tambm deixar-se ser olhado por Ele.
E o que aconteceu quando Maria fez isso? Reconheceu-se a si mesma sob a tica
do olhar de Deus, sob a tica de um amor que acolhe o ser humano na sua mais pura
verdade. Isso no causou perturbaes na alma de Maria, porque ela possua uma
virtude: a humildade.
Porque Maria era toda humilde, ela se permitiu ser olhada por Deus. Ela olha
para Deus e reconhece que nada ela . Mas isso causava na alma de Nossa Senhora uma
profunda paz, pois ela no precisava ser nada, ela apenas precisava deixar Deus ser
Tudo e, porque ela viveu isso, Deus a escolheu para ser a me do Salvador! Maria no
19
Ibidem p.23
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glorifica a Deus porque escolheu os fortes, mas porque Ele escolheu os fracos, os
humildes, os insignificantes, e ela assume isso na verdade de sua vida, louvando por sua
pequenez. E mesmo quando diz que todos a proclamaro bem-aventurada, Nossa
Senhora no perde sua humildade. Isso porque sua vida insignificante seria apenas uma
repetio da glria, da bondade e da misericrdia de Deus. Ela sabia que seria bemaventurada no por mrito, e sim por graa, porque sua vida era eco, eco do grande
amor de Deus pela humanidade.
A me de Jesus louva a Deus por sua pequenez, mas tambm porque Deus era
poderoso, santo e sua misericrdia se estenderia de gerao em gerao. Proclamar que
Deus santo comporta mltipla adorao e o louvor que s Ele merece como Deus
nico, cuja grandeza e ao salvfica despertam uma profunda reao de assombro e
confiana. Deus totalmente outro, o Deus oculto cujos caminhos no so os nossos
caminhos, cujas obras visam confundir a sabedoria dos poderosos e os pobres clculos
da prudncia humana.20
Deus santo e poderoso e o poder de Deus revela-se na sua misericrdia. Deus
todo-poderoso porque capaz de amar at o fim! Maria entoa um canto feito boa
notcia, porque a misericrdia de Deus no tem limites, porque o poder de Deus e o seu
amor so ilimitados, porque a manifestao de Deus diferente e superior s nossas
concepes humanas. Maria glorifica a Deus porque o poder dEle consiste no desejo
pela felicidade do homem.
Maria enaltece ainda porque Deus agiu com a fora de seu brao e dispersou o
corao dos orgulhosos. O brao, na Bblia, simboliza o poder de Deus. Podemos ver
muito bem isso em textos do Antigo Testamento: Lembra-te que foste escravo no Egito
e que te arrancou dali o Senhor teu Deus, com mo poderosa e brao estendido. (Dt 5,
15). Nos Salmos vemos: Ergue-te, Senhor, levanta a mo, no te esqueas dos
20
Rezar com jbilo e louvor- Magnificat- Benedictus. So Paulo: Edies Loyola, 2001.
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humildes (Sl 10, 12). Jesus concretiza o poder de Deus em seus prprios braos
quando, com eles, abertos na cruz, acolhe a humanidade inteira.
Nossa Senhora bendiz a Deus pela fora do brao dEle, mas tambm porque Ele
dispersa os soberbos. Em Deus, tudo harmonia, unio, amor. Todavia, Deus dispersa
os que tm o corao orgulhoso, os maus, os soberbos.
O orgulho, o poder e a riqueza so grandezas humanas, trs suficincias que
entram em conflito com Deus. Os amigos de Deus so os pobres. Deus inverte as
situaes do mundo, ele abate os altivos e eleva os humildes. Deus acolhe a Israel, seu
povo eleito, por causa de sua misericrdia.
No Magnificat, celebramos Deus que no se esquece dos pequenos, dos
marginalizados, dos esperanosos. Ter f julgar e viver os valores do mundo luz da
f. Nossa Senhora acreditou no amor desse Deus que, para salvar os seus, operava a
cada dia os seus milagres de amor.
O canto do Magnificat celebra o dom da fraternidade, da igualdade, da
solidariedade. Ele exprime aqui os sentimentos dos pobres, vividos pelos primeiros
cristos. Ele celebra ainda a memria e a fidelidade de Deus! Israel no esquece as
promessas feitas aos Pais e recorda a aliana com os Patriarcas.
Nossa Senhora, com esse canto de louvor, nos ensina que, aqueles que colocam
sua confiana em Deus, no so desapontados. Em Cristo, encontramos o sim a todas as
promessas de Deus.
Rezar, ler, cantar, louvar com o Magnificat bendizer a um Deus que no nos
abandona. reconhecer e fazer memria dos seus imensos benefcios. mergulhar na
essncia mais profunda de Deus e provar que o Seu amor sem fim!
Orao:
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Hoje vamos louvar por nossa pequenez. Bendigamos a Deus porque somos
fracos! Vamos ler, recitar a orao do Magnificat e com Nossa Senhora exaltemos a
bondade e a misericrdia do nosso Deus! Vamos nos colocar sob o olhar de Deus, olhar
esse que v o melhor em ns. Olhar de amor, de bondade, de misericrdia. Olhar que
tudo perdoa e tudo cr!
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O louvor tambm uma forma que Deus nos d para testemunhar, aprofundar e
ainda aumentar a nossa f. O que o louvor seno a afirmao do reconhecimento
daquilo em que cremos? O mais fundamental de todos os dons louvar a Deus e a sua
vontade por amor de Deus, e faz-lo publicamente e em voz alta por amor ao prximo,
de modo que nossa orao se Deus assim o deseja sirva aos outros como testemunho
e robustecimento da f.21
No existe louvor sem um encontro pessoal com o Deus vivo. O louvor , ento,
uma resposta livre e pessoal, e tambm um dom que Deus coloca no corao do homem
e que no pode existir se no houver antes outro dom essencial: a f.
E o que a f?
O Catecismo nos traz vrias definies acerca do dom da f. A f um dom de
Deus, uma virtude sobrenatural infundida por Ele. Para que se preste esta f, exigem-se
a graa prvia e adjuvante de Deus e os auxlios internos do Esprito Santo, que move o
corao e o converte a Deus, abre os olhos da mente e d a todos suavidade no consentir
e crer na verdade.22
Ainda diz o Catecismo: A f a virtude teologal pela qual cremos em Deus e
em tudo o que nos disse e revelou, e que a Santa Igreja nos prope para crer, porque Ele
a prpria verdade. Pela f, o homem livremente se entrega todo a Deus. Por isso, o
fiel procura conhecer e fazer a vontade de Deus. O justo viver da f (Rm 1,17). A f
viva age pela caridade (Gl 5,6).23
Em outro trecho riqussimo, diz o Catecismo: A orao de f no consiste
apenas em dizer Senhor, Senhor, mas em levar o corao a fazer a vontade do Pai.
Jesus convida os discpulos a terem, na orao, a preocupao de cooperarem com o
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plano divino.24 justamente tudo isso que o louvor faz em nossa alma: primeiro, pelo
louvor, eu afirmo e reafirmo a minha f, pois o louvor a orao que mais
imediatamente reconhece quem Deus. Ento, quando abro o meu corao e os meus
lbios para essa experincia de louvor, eu afirmo quem Deus para mim e, assim, vou
afirmando e solidificando a minha f. Quando louvo, eu digo: creio!
Um trecho bblico que retrata bem a dimenso do louvor, como ato de f,
encontra-se em Romanos 8, 28: Alis, sabemos que todas as coisas concorrem para o
bem daqueles que amam a Deus, daqueles que so os eleitos, segundo os seus
desgnios. Atravs da f, eu tomo posse dessas palavras e quando louvo reitero isso.
Tudo concorre para o bem dos que amam a Deus! At as dores, os sofrimentos, as
tribulaes! Ento, especialmente nos momentos de sofrimento eu devo louvar, exaltar,
enaltecer o nome de Deus, que de um mal tira um bem maior, infinitamente maior! o
dom da f que me faz ter essa certeza e por ele que vivo isso, especialmente atravs do
louvor!
A raiz indo-germnica da palavra crer (glauben) significa considerar bom e
agradvel, enxergar algo como bom. A f reinterpreta a vida humana como um todo. E
Deus quem faz isso por ns. Ele interpreta para ns as situaes mais difceis e nos
apresenta isso na Bblia. Atravs dela, Ele nos apresenta uma nova maneira, pela f, de
ver os acontecimentos. Em Cristo, passamos a dar sentido a tudo, especialmente dor.
Um exemplo disso foi o que experimentaram Paulo e Silas quando foram presos.
Um trecho do Livro dos Atos dos Apstolos, assim relata o episdio: Certo dia,
quando amos orao, eis que nos veio ao encontro uma moa escrava que tinha o
esprito de Pito, a qual com as suas adivinhaes dava muito lucro a seus senhores.
Pondo-se a seguir a Paulo e a ns, gritava: Estes homens so servos do Deus
Altssimo, que vos anunciam o caminho da salvao. Repetiu isto por muitos dias. Por
fim, Paulo enfadou-se. Voltou-se para ela e disse ao esprito: Ordeno-te, em nome de
24
Cat 2611
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Jesus Cristo, que saias dela. E na mesma hora ele saiu. Vendo seus amos que se lhes
esvaecera a esperana do lucro, pegaram Paulo e Silas e levaram-nos ao foro,
presena das autoridades. Em seguida, apresentaram-nos aos magistrados, acusando:
Estes homens so judeus; amotinam a nossa cidade. E pregam um modo de vida que
ns, romanos, no podemos admitir nem seguir. O povo insurgiu-se contra eles. Os
magistrados mandaram arrancar-lhes as vestes para aoit-los com varas. Depois de
lhes terem feito muitas chagas, meteram-nos na priso, mandando ao carcereiro que os
guardasse com segurana. Este, conforme a ordem recebida, meteu-os na priso
inferior e prendeu-lhes os ps ao cepo. Pela meia-noite, Paulo e Silas rezavam e
cantavam um hino a Deus, e os prisioneiros os escutavam. Subitamente, sentiu-se um
terremoto to grande que se abalaram at os fundamentos do crcere. Abriram-se logo
todas as portas e soltaram-se as algemas de todos. Acordou o carcereiro e, vendo
abertas as portas do crcere, sups que os presos haviam fugido. Tirou da espada e
queria matar-se. Mas Paulo bradou em alta voz: No te faas nenhum mal, pois
estamos todos aqui.. Ento o carcereiro pediu luz, entrou e lanou-se trmulo aos ps
de Paulo e Silas. Depois os conduziu para fora e perguntou-lhes: Senhores, que devo
fazer para me salvar?. Disseram-lhe: Cr no Senhor Jesus e sers salvo, tu e tua
famlia. Anunciaram-lhe a palavra de Deus, a ele e a todos os que estavam em sua
casa. Ento, naquela mesma hora da noite, ele cuidou deles e lavou-lhes as chagas.
Imediatamente foi batizado, ele e toda a sua famlia. Em seguida, ele os fez subir para
sua casa, ps-lhes a mesa e alegrou-se com toda a sua casa por haver crido em
Deus.25
Esse relato dos Atos dos Apstolos riqussimo de significados. Paulo e Silas
eram recm-convertidos. Paulo se transforma de perseguidor do cristianismo a fiel
perseguido. Foram presos por fazerem o bem. Tudo comea quando Paulo expulsa um
demnio que atormentava uma jovem. As pessoas que eram beneficiadas
financeiramente pela ao do demnio mandaram prender Paulo.
25
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Cat 2473
Cat 148
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Cat 149
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Orao:
Vamos louvar a Deus por todas as cadeias e prises que afligem o nosso
corao. Nessa orao de louvor entreguemos tudo o que mal e que habita dentro de
ns. Louvemos a Deus pelos sofrimentos que passamos, pelas perseguies, pelas
prises interiores que prendem a nossa alma. Louvemos pelas feridas de nossa alma.
Ergamos um hino ao Deus Altssimo porque Ele o nico digno de todo o nosso
louvor! Exaltemos ao Senhor! E permitamos que, pelo louvor, Deus cure o nosso
corao!
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flutuantes. Na verdade, era muito rico, mas no avarento antes prdigo; no vido de
dinheiro, mas gastador; negociante esperto, mas esbanjador insensato. Mas era
tambm um homem que agia com humanidade, muito jeitoso e afvel, embora para seu
prprio mal. Principalmente por isso muitos o seguiam, gente que fazia o mal e incitava
para o crime. Cercado por bandos de maus adiantava-se altaneiro e magnnimo,
caminhando pelas praas de Babilnia at que Deus o olhou do cu. Por causa de seu
nome, afastou para longe dele o seu furor e ps-lhe um freio boca com o seu louvor,
para que no perecesse de vez. Desde ento esteve sobre ele a mo do Senhor e a
destra do Altssimo o transformou para que, por seu intermdio, fosse concedida aos
pecadores a confiana na obteno da graa e desse modo se tornasse um exemplo de
converso para Deus diante de todos.29
Nesse trecho acima vemos muitas qualidades de Francisco enquanto homem: seu
jeito de contagiar as pessoas e de atrair muitos. Porm, vivia segundo suas frivolidades
e anseios, usava destas qualidades para prprio proveito at o dia em que Deus, para
form-lo, ps-lhe um freio boca com o seu louvor, para que no perecesse de vez.
O louvor foi para Francisco grande instrumento de abertura de seu ser a unio
com Deus. Mas a converso dele no foi da noite para o dia. Francisco foi formado,
educado e curado por Deus. E o instrumento que Deus se utilizou para isso? A orao, a
vida de louvor.
O louvor na vida de Francisco comeava na orao e transbordava em suas
atitudes: A primeira atitude de Francisco nos seus momentos de orao era a atitude
de louvor e ao de graas. Louvar era a forma de orao preferida dele. Isso
aconteceu to fortemente na vida de So Francisco, porque sua vida era tomada de
contnua contemplao e adorao do mistrio divino to grande e mesmo assim
manifestado sua pequenez; todo o mistrio de Deus se torna motivo de louvor: a
bondade e a providncia do Pai; a humildade de Deus, que o Filho nascido e dado a
29
ASSIS, So Francisco. Escritos e biografias de So Francisco de Assis.9 ed. Petroplis: Vozes, 2000
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4 E te damos graas porque o teu prprio Filho vir na glria de sua majestade
para colocar no fogo eterno os malditos que no fizeram penitncia e no te
conheceram, e dizer a todos que te conheceram e adoraram e te serviram na
penitncia: Vinde, benditos de meu Pai, recebei o reino, que est preparado para vs
desde a origem do mundo (cfr. Mt 25,34).
5 E porque todos ns, miserveis e pecadores, no somos dignos de te nomear,
imploramos suplicantes que nosso Senhor Jesus Cristo, teu Filho dileto, em quem bem
te comprazeste(cfr. Mt 17,5), junto com o Esprito Santo Parclito te d graas, como
agrada a ti e a ele, por todos, ele que sempre te basta para tudo, por quem tantas coisas
nos fizeste. Aleluia.
6 E a gloriosa me beatssima Maria sempre Virgem, o bem-aventurado Miguel,
Gabriel e Rafael e todos os coros dos bem-aventurados serafins, querubins, tronos,
dominaes, principados, potestades, virtudes, anjos, arcanjos, o bem-aventurado Joo
Batista, Joo Evangelista, Pedro, Paulo e os bem-aventurados patriarcas, profetas,
inocentes, apstolos, evangelistas, discpulos, mrtires, confessores, virgens, bemaventurados Elias e Enoque, e todos os santos, que foram e sero e so, por teu amor
humildemente pedimos, que, como te agrada, por essas coisas te deem graas, sumo
Deus verdadeiro, eterno e vivo, com teu Filho carssimo nosso Senhor Jesus Cristo e o
Esprito Santo Parclito nos sculos dos sculos (Ap 19,3). Amm. Aleluia (Ap 19,4).
7 E a todos os que querem servir ao Senhor Deus dentro da santa Igreja catlica
e apostlica, e a todas as ordens seguintes: sacerdotes, diconos, subdiconos,
aclitos, exorcistas, leitores, ostirios e a todos os clrigos; e a todos os religiosos e
religiosas; a todos os conversos e postulantes, pobres e necessitados, reis e prncipes,
trabalhadores e agricultores, servos e senhores; todas as virgens e continentes, e
casadas; leigos, homens e mulheres, todas as crianas, adolescentes, jovens e velhos,
sos e enfermos, todos os pequenos e grandes, e todos os povos, gentes, tribos e lnguas
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(cfr. Ap 7,9), todas as naes e todos os homens de qualquer lugar da terra, que so e
sero, pedimos humildemente e suplicamos, ns, todos os frades menores, servos inteis
(Lc 17,10), que todos perseveremos na verdadeira f e penitncia, porque de outra
maneira ningum pode salvar-se.
8 Amemos todos com todo corao, com toda alma, com toda mente, com toda
fora (cfr. Mc 12,30) e fortaleza (cfr. Mc 12, 33), com todo entendimento, com todas as
foras (cfr. Lc 10,27), todo esforo, todo afeto, todas as entranhas, todos os desejos e
vontades o Senhor Deus (Mc 12,30 par.), que nos deu e nos d a ns todos todo o
corpo, toda a alma e toda a vida, que nos criou, remiu e s por sua misericrdia vai
salvar (cfr. Tb 13,5), que a ns miserveis e mseros, ptridos e ftidos, ingratos e
maus, fez e faz todo bem.31
Os louvores ao Deus Altssimo exprimiam tambm a vibrao de um corao
impregnado de reconhecimento. A maior parte dos atributos que brotam do corao de
Francisco refere-se bondade de Deus para com o homem: 1Vs sois santo, Senhor
Deus nico, que fazeis maravilhas (Sl 74,15). 2Vs sois forte, vs sois grande (cf. Sl 85,
l0), vs sois altssimo, vs sois rei onipotente, vs Pai Santo (Jo 17, 11), rei do cu e da
terra (cf. Mt 11, 25). 3Vs sois trino e uno, Senhor Deus dos deuses (cf. Sl 135, 2), vs
sois o bem, todo bem, o sumo bem, Senhor Deus vivo e verdadeiro (cf. 1Ts 1, 9). 4Vs
sois amor, caridade; vs sois sabedoria, vs sois humildade, vs sois pacincia (Sl 70,
5), vs sois beleza, vs sois mansido, vs sois segurana, vs sois descanso, vs sois
gozo, vs sois nossa esperana e alegria, vs sois justia, vs sois temperana, vs sois
toda nossa riqueza e satisfao. 5Vs sois beleza, vs sois mansido, vs sois protetor
(Sl 30, 5), vs sois guarda e defensor nosso; vs sois fortaleza (cfr. Sl 42, 2), vs sois
refrigrio. 6Vs sois nossa esperana, vs sois nossa f, vs sois nossa caridade, vs
31
ASSIS, So Francisco. Escritos e biografias de So Francisco de Assis.9 ed. Petrpolis: Vozes, 2000
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sois
toda
doura
nossa,
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Fato interessante este que nos relata Toms de Celano: Vestido com uma roupa
curta, ele que em outros tempos andara de escarlate, e cantando em francs atravs de
um bosque, foi assaltado por ladres. Perguntaram-lhe ferozmente quem era, e ele
respondeu forte e confiante: Sou um arauto do grande Rei! Que que vocs tm com
isso? Bateram-lhe e o jogaram numa fossa cheia de neve, dizendo: Fica a, pobre
arauto de Deus. Quando se afastaram, revirou-se na fossa e conseguiu sair, sacudindo
a neve. Com alegria redobrada, comeou a cantar em voz alta pelos bosques os
louvores do Criador de tudo!35
Francisco descobriu, mesmo em meio aos desafios e dor, que: Somente um
corao que experimenta constantemente a visita de Deus pode voltar-se para esse Deus
em cnticos e palavras de ao de graas.36
Com Francisco aprendemos que Deus no se deixa vencer por nossos pecados,
nem por nossas fraquezas e lentido. Por isso, quando o pecado assumido na
humildade e simplicidade, torna-se caminho de encontro com Deus, experincia com
Sua Misericrdia Divina e de gratido.
Orao:
Glorioso So Francisco, tu que foste um homem tocado e curado por Deus,
intercede por mim. Intercede por minha famlia, meus amigos, meu trabalho e, acima de
tudo, meu corao. Pede a Deus que cure as feridas que o pecado causa em mim.
Feridas do corpo e da alma. Intercede para que eu seja uma pessoa que confie em Deus,
que me abandone Nele. Pede a Deus que me faa uma pessoa de louvor, que em tudo eu
possa enxergar a misericrdia de Deus como tu enxergaste. Cura a minha cegueira
espiritual, arranca as palavras de murmurao de meus lbios e torna- me uma pessoa de
louvor. So Francisco de Assis, rogai por mim!
35
ASSIS, So Francisco. Escritos e biografias de So Francisco de Assis.9 ed. Petroplis: Vozes, 2000
RVR 107
36
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O por Si prprio, glorifica-O, no tanto pelo que Ele faz, mas, sobretudo porque ELE
.37
O louvor nos faz reconhecer quem Deus e, reconhecendo-O, conhecemos
mais a ns mesmos. Foi isso que So Francisco to bem viveu quando passava horas
rezando: Meu Senhor e meu Deus e ainda: Tu s e eu no sou. A orao sincera,
verdadeira, causa esse autoconhecimento e nos conduz busca de uma virtude muito
importante e necessria vida de santidade: a humildade. Ela , pois, o segundo fruto do
louvor.
A humildade a virtude que consiste em conhecer as suas prprias limitaes e
fraquezas, e em consequncia agir de acordo com essa conscincia. A vida de orao
permeada no louvor faz justamente isso: quando louvo a Deus, reconheo que Ele
todo Santo, o Altssimo, o Poderoso, o Misericordioso, o Perfeito. Ento, vou me
encontrando com minhas fraquezas e debilidades e vou tendo a experincia do quo
distante da Perfeio de Deus eu estou, do quanto Ele e eu no. Isso vai gerando
humildade, pequenez, verdade.
Mais um fruto da vida de louvor e no menos real ou importante a
antecipao do cu. Quando vivenciamos o louvor e, ainda mais, quando vivenciamos a
vida de louvor, j experimentamos aqui na terra o que provaremos no cu. Diz Santo
Agostinho: Ali descansaremos e veremos; veremos e amaremos; amaremos e
louvaremos.
Se o louvor antecipa o cu, tambm atrai a presena de Deus. Deus habita no
louvor, especialmente no louvor comunitrio. Como Ele mesmo disse: Onde dois ou
trs estiverem reunidos em meu nome, l estarei (Mt 18, 20). Louvar em comunidade
certeza da presena de Deus em nosso meio.
Outra grande graa do louvor a libertao das cadeias e prises, e no apenas
as prises fsicas, mas tambm as espirituais. possvel citar o exemplo concreto desse
louvor que liberta, tomando a leitura de Atos 16, 25-26: E, perto da meia-noite, Paulo
e Silas oravam e cantavam hinos a Deus, e os outros presos os escutavam. E de repente
sobreveio um to grande terremoto, que os alicerces do crcere se moveram, e logo se
abriram todas as portas e foram soltas as prises de todos. Paulo e Silas foram presos
para que no anunciassem a Palavra de Deus. Ao invs de ficarem tristes,
murmurentos, cabisbaixos, louvaram a Deus, cantaram hinos e esse louvor atingiu o
37
CAT 2639
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cu, o Corao de Deus, que os libertou de suas cadeias. O louvor nos liberta das
tristezas, das opresses, das prises.
Assim, vamos, automaticamente, para mais um fruto do louvor, que a cura. O
louvor transforma, alivia a alma e isso j uma obra de cura. E podemos afirmar que ele
cura tanto exterior como interiormente. O louvor pode curar os males do corpo e da
alma.
Alm do autoconhecimento, da humildade, da antecipao do cu, da
libertao, da cura, o louvor tambm gera uma liberdade interior profunda. Disse o Papa
Francisco: O louvor a Deus acontece quando sai de si mesmo gratuitamente, como
gratuita a graa que Ele nos d. Louvar a Deus algo maior do que um simples
agradecimento e a eternidade consistir precisamente no louvar a Ele. E isso no ser
chato, ser maravilhoso! A alegria do louvor nos faz livres! ,acrescentou o Papa
Francisco.
Mais um fruto do louvor que quero citar a gratido. O louvor gera coraes
agradecidos a Deus. Gratido por quem Deus e por tudo o que Ele faz. Quem louva de
verdade, no s com os lbios, mas com o corao, com a vida, experimenta uma
profunda gratido pelos benefcios de Deus e pela misericrdia capaz de perdoar todos
os pecados. Gratido especialmente pela misericrdia que nos alcanou atravs da morte
e ressurreio de Nosso Senhor Jesus Cristo. Misericrdia que nos alcana todos os dias
atravs dos cuidados de Deus, de sua providncia, de seu amor. Gratido porque a
misericrdia se d sempre atravs do Sacramento da Reconciliao.
Para vivermos a virtude da gratido sempre importante recordarmos os feitos
de Deus, por isso diz-se que a gratido a memria do corao. tambm o que
chamamos de fazer memria.
Existem vrios tipos de fazer memria, entretanto, quero citar apenas a
memria bblica.
Memria bblica a memria do crente que l em sua histria as intervenes
de Deus, o qual outrora amou, protegeu, perdoou, ligou a si, seduziu, salvou. Essa
memria a memria de Israel, que recordava crendo e acreditava recordando. Esse
tipo de memria implica no apenas conservar na mente os acontecimentos vividos, mas
tambm perscrutar em profundidade o seu sentido, s vezes, alm da aparncia, e ver a
sua ligao com os outros fatos contemporneos e sucessivos que revelam seu
significado coerente com a f e com a vida. Muitas vezes, s descobrimos a presena de
Deus em nossa vida depois, quando olhamos para trs.
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CAT 1827
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viver pela f (Rm 1, 17). A f viva atua pela caridade (Gl 5, 6). A f a resposta do
homem a Deus que se revela e a Ele se doa, trazendo, ao mesmo tempo, uma luz
superabundante ao homem em busca do sentido ltimo de sua vida. Certamente, essa
graa nasce e parte do louvor. Ele nos revela o nosso fim e para que fomos criados: para
o louvor da glria de Deus. O louvor nos faz experimentar a Deus, acreditar nEle: isto
f.
1.0 O louvor tambm gera alegria
O apstolo Paulo, na carta aos Filipenses, diz: alegrai- vos sempre no Senhor.
Eu repito, alegrai-vos! (cf. Filip 4, 4). Na ocasio em que escreveu essa carta, Paulo
estava preso em Roma. Ele teria todos os motivos humanos para estar triste, cabisbaixo,
atemorizado, mas, no! Paulo pe os seus olhos em Deus e, na certeza de que o Senhor
no o abandonaria, convida seus irmos cristos a se alegrarem no Senhor.
Falando sobre a orao de louvor que gera alegria nos diz o Papa Francisco:
fcil rezar para pedir graas, mas mais difcil a orao de louvor39.
O Papa Francisco diz isso porque somos levamos na orao a somente pedir.
comum e, muitas vezes, at automtico, pedirmos na hora que estamos rezando:
pedirmos bens materiais, pedirmos sade para ns e para nossa famlia, pedirmos uma
graa e assim seguimos nossa orao; mas somente louvar j mais difcil.
Falando ainda sobre o louvor disse o Papa que ns no fazemos to
habitualmente,
mas
que,
na
verdade,
pura
gratuidade:
ns sabemos rezar muito bem quando pedimos coisas, ou mesmo quando agradecemos
a Ele, mas a orao de louvor um pouco mais difcil para ns: no to comum
louvar o Senhor. E isso ns podemos sentir melhor quando fazemos memria das coisas
que o Senhor fez na nossa vida: Nele - em Cristo nos escolheu antes da criao do
mundo. Bendito s tu, Senhor, porque me escolheste! a alegria de uma proximidade
paterna e terna.
39
Cf
publicao
acessada
em
20
outubro
de
2014
14:00h,
no
endereo: http://pt.radiovaticana.va/news/2014/10/16/francisco:_a_ora%C3%A7%C3%A3o_de
_louvor_%C3%A9_dif%C3%ADcil,_mas_doa_alegria_/bra-831256
do site da Rdio Vaticano
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mistrio da sua vontade. E esta uma terceira atitude: entrar no Mistrio. Quando
ns celebramos a Eucaristia, entramos neste Mistrio, que no se pode entender
totalmente: o Senhor est vivo, est conosco, aqui, na sua glria, na sua plenitude e
doa mais uma vez a Sua vida por ns. Esta atitude de entrar no Mistrio, ns devemos
aprender a cada dia. O cristo uma mulher, um homem, que se esfora para entrar
no Mistrio. O mistrio no se pode controlar: o Mistrio! Eu entro.
Sim! Ser escolhido por Deus um grande mistrio. Mistrio de amor, de
compaixo, de misericrdia. Deus podia ter escolhido outros, mas Ele preferiu escolher
a mim. No porque sou boa, mas porque Ele bom!
A orao de louvor - concluiu o Papa , portanto, antes de tudo orao da
alegria, depois, orao de memria: mas o que o Senhor fez por mim! Com quanta
ternura me acompanhou, como se abaixou; curvou-se como o pai se curva para a
criana, para faz-la caminhar. E, enfim, a orao ao Esprito Santo que nos conceda a
graa de entrar no Mistrio, especialmente quando celebramos a Eucaristia.
Sendo assim, meus irmos, vamos louvar mais a Deus e deixar que o prprio
Esprito Santo encha o nosso corao de uma profunda e verdadeira alegria. Alegria esta
que parte da certeza de ser amado e escolhido por Deus! Essa era a grande alegria de
Israel. Essa deve ser a nossa maior alegria.
Orao:
Vossos ouvidos, Senhor, no esto voltados para os lbios, mas para o
corao; no abertos para a lngua, e sim para a vida de quem vos louva.
Canto com os lbios para despertar minha piedade; com o corao para vos
agradar. No vos louve, portanto, s minha voz, mas vos louvem tambm minhas obras.
Fazei que eu no deixe de viver bem, para vos poder louvar sem interrupo...
Se, alguma vez, tiver de minha lngua calar, grite minha vida, e vossos ouvidos estaro
voltados para meu corao! Como esto atentos os ouvidos dos homens minha voz,
assim vossos ouvidos ao meu corao... No quero, pois, me firmar s na voz, quero
louvar-vos com todo o meu ser: cantem os lbios, cante a vida, cantem as obras. E se
neste mundo tiver eu ainda de gemer, sofrer, ser tentado, espero que tudo isso passe, e
o dia chegar em que meu louvor no ter fim.
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Melhor para mim esgotar as foras no vosso louvor do que querer conservlas para me louvar. Mas no possvel esgotar as foras em vosso louvor, pois louvarvos como alimentar-me: quanto mais vos louvo, mais me revigoro, porque tanto mais
vossa doura me comunicais, vs - nico objeto de meus louvores. ( Santo Agostinho)
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lhe ao encontro dez leprosos, que pararam ao longe e elevaram a voz clamando:
Jesus, Mestre, tem compaixo de ns! Jesus viu-os e disse-lhes: Ide e mostrai-vos ao
sacerdote. E quando eles iam andando, ficaram curados. Um deles, vendo-se curado,
voltou, glorificando a Deus em alta voz. Prostrou-se aos ps de Jesus e lhe agradecia.
E era um samaritano. Jesus lhe disse: No ficaram curados todos os dez? Onde esto
os outros nove? No se achou seno estrangeiro que voltasse para agradecer a Deus?
E acrescentou: Levanta- te e vai, tua f te salvou.
Vamos mergulhar na riqueza dos significados que nos traz essa parbola.
Primeiramente, vamos procurar compreender sobre os personagens desse
Evangelho: Jesus e os leprosos. Jesus, o Messias, o profeta Filho de Deus. Os leprosos
eram nove judeus e um samaritano, que tinham uma doena incurvel que os deixava
impuros. Na poca de Jesus, o leproso no podia caminhar entre as demais pessoas, pois
a lepra era considerada uma doena que deixava a pessoa impura, e por esse motivo o
enfermo era apartado de todo convvio social e religioso. Os judeus eram inimigos dos
samaritanos e foi justamente a enfermidade, nesse caso, que os fez irmos.
Afastados assim do convvio social, sem possibilidade de ir ao templo, os
leprosos ouviram falar que Jesus estava por ali. Clamaram a Ele que os curasse. Jesus
pediu que eles caminhassem, voltassem e se apresentassem ao sacerdote. Era a lei que
Jesus cumpria: quando algum que estava doente de lepra fosse curado, deveria se
apresentar ao sacerdote para que fosse diagnosticada a cura e assim o doente fosse
restabelecido ao convvio do povo.
A princpio, Jesus pede que eles caminhem, saiam de seus lugares e vivam uma
f ativa que lhes impulsione a agir. Caminhem para se apresentarem ao sacerdote.
Primeiro vem a f, depois a obedincia, por fim, o sinal. Era necessrio, para obter a
cura, cumprir a primeira etapa da f: a submisso a Deus. Ir, sair, caminhar...(No seria:
sair, caminhar, ir?).
O Evangelho diz que caminhando ficaram curados. Um deles, percebendo que
havia sido curado, voltou glorificando a Deus. Voltou para agradecer. E o texto
completa: e era um samaritano. Justamente voltou para agradecer o leproso de quem
menos se esperaria tal ato, visto que ele era tido por idlatra, e seu povo na
antiguidade havia se entregado ao politesmo.
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O samaritano representa todos os que, alcanados por Jesus, pelas curas de Deus,
buscam o Senhor por aquilo que Ele ; querem estabelecer um trato de amizade, um
relacionamento com o Mestre.
Quando agradecemos, somos presenteados ricamente: pelo objeto alcanado, pela
alegria compartilhada, pelo testemunho da f, pela salvao recebida. Os que somente
so curados recebem uma beno. Os que agradecem recebem incontveis graas, sendo
a maior delas a vida eterna. isso e muito mais o que a gratido faz conosco.
1. Santa Teresinha: a santinha da gratido
Nosso Senhor quer que me deixe guiar inteiramente pelo Esprito Santo. Minha vida
deve ser louvor contnuo de amor.
Santa Teresinha do Menino Jesus nasceu em Alenon, na Frana, em 02 de
janeiro de 1873. Foi batizada com o nome de Maria Francisca Teresa Martin e desde
ento destinada ao servio religioso, assim como suas quatro irms. Os pais, quando
jovens, sonhavam em servir a Deus.
Caula, viu duas de suas irms mais velhas se consagrarem a Deus at chegar
sua vez. E a vontade de segui-las era tanta que no quis nem esperar a idade correta.
Aos quinze anos, conseguiu permisso para entrar no Carmelo, em Lisieux, permisso
concedida pessoalmente pelo papa Leo XIII.
Ela prpria escreveu que, para servir a Jesus, desejava ser cavaleiro das
cruzadas, padre, apstolo, evangelista, mrtir... Todavia, ao perceber que o amor
supremo era a fonte de todas essas misses, depositou nele sua vida. Sua obra no
frutificou pela ao evangelizadora ou atividade caritativa, mas sim pela orao,
sacrifcios, provaes, penitncias e imolaes, santificando o seu cotidiano enquanto
carmelita.
Teresinha era portadora de uma grande sensibilidade e justamente isso a fez
perceber a ao de Deus em tudo em sua vida. Uma das maiores virtudes cultivadas por
essa santinha foi a da gratido, que uma forma de louvar a Deus. Se reconheo o amor
de Deus, louvo-O e sou grata por isso.
Entretanto, importante observar que no necessariamente Santa Teresinha usa
a palavra gratido, mas fala de reconhecimento para expressar as ddivas recebidas de
Deus.
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A primeira ocasio que Santa Teresinha utilizava para louvar a Deus era seus
momentos de orao. Ela cultivou isso em todo o seu caminho espiritual. Para ela, a
orao era um impulso do corao, um simples olhar que se lana ao cu; um grito de
gratido e de amor, tanto no meio da provao como no meio da alegria; enfim, algo
de grande, de sobrenatural, que me expande a alma e me aconchega a Jesus. Rezar
era expandir sua alma para que Deus a penetrasse. Era olhar para Deus, para o cu, mas
tambm para a terra, recebendo todos os favores do Senhor e reconhecendo tudo como
ddiva dEle. Orar era deixar o corao ser tomado pela presena de Deus e, assim,
exaltar a bondade do Pai.
Orao para Santa Teresinha era um grito de gratido, tanto no meio da
provao quanto no meio da alegria. Mesmo nos momentos de dor, Teresa enche-se de
gratido para com Deus. Disse ela: Ao rememorar no meu esprito os anos dolorosos
que acabam de decorrer, minha alma transborda de gratido. 40 E afirma: Venho
cantar
a
inexprimvel
graa
41
de ter sofrido e carregado a cruz.
Em outra ocasio, ela exprime Frequentemente, apenas o silncio consegue
exprimir a minha orao, mas o hspede divino do sacrrio compreende tudo; at o
silncio de uma alma de criana cheia de reconhecimento...42
Teresinha revela ainda: Muitas vezes, quando estou aos ps do Nosso Senhor,
sinto minha alma transbordar de reconhecimento ao pensar na graa que Ele me
fez...43
Nada apagava do corao dela esse sentimento de gratulao. Nada! Nem a dor!
Nem a morte! Nem as tribulaes! Comprovamos bem isso em uma de suas cartas:
Agora, mesmo que juntais o sofrimento exterior s provaes da minha alma, no
posso dizer: As angstias da morte me cercaram, mas exclamo na minha gratido:
Desci ao vale da sombra da morte, todavia, no temerei mal algum, porque estais
comigo, Senhor!44
bem certo que foi justamente sua vida de orao que a fez ser uma mulher
impregnada de louvor e de gratido! Contudo, no foi somente na orao, no caminho
espiritual, ou nos momentos de sofrimento que o corao de Teresinha voltava-se em
40
Cartas 138
Poesias 16
42
Cartas 138
43
Cartas 139
44
Cartas 262
41
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louvor a Deus, mas tambm na vivncia da vida fraterna, atravs da contemplao dos
dons e das virtudes das outras carmelitas. Santa Teresinha esforava-se para no olhar
os defeitos das irms, e sim suas virtudes. Vejamos: Ah! Compreendo, agora, que a
caridade perfeita consiste em suportar os defeitos dos outros, em no se admirar de
suas fraquezas, em edificar-se com os mnimos atos de virtude que se lhes veja
praticar. Disse ainda ela: Sinto, sim, quando sou caridosa, s Jesus que atua em
mim. Quanto mais unida a Ele tanto mais tambm amo minhas irms. Quando quero
aumentar em mim esse amor, principalmente quando o demnio tenta colocar ante os
olhos da minha alma os defeitos desta ou daquela irm, que me seja menos simptica,
apresso-me em procurar suas virtudes, seus bons desejos.
Retirar o melhor do outro era o grande exerccio de louvor a Deus que Santa
Teresinha fazia. Pois, ao contemplar a santidade de suas irms, as virtudes, o esforo,
Teresinha conseguia contemplar a face de Deus! Conseguia mergulhar no seu amor
infinito e assim experimentar a misericrdia do Pai. Isso afazia cada vez mais
agradecida a Deus, agora por causa de suas irms carmelitas.
Outro momento em que Teresinha voltava-se em agradecimento a Deus era
quando ela mergulhava na sua histria de vida, na sua infncia e em tudo o que viveu,
reconhecendo, ento, os cuidados de Deus. Oh, Madre querida, com que gratido
canto as misericrdias do Senhor!45. E ainda: Vendo o caminho que Ele me fizera
percorrer, minha gratido grande... 46
Quando lemos a histria dela visvel esse sentimento de reconhecimento de
quem era Deus e, especialmente, o reconhecimento das inmeras graas dEle na vida
dela. Porm, alm da graa da orao, o que fez Santa Teresinha viver to bem a virtude
da gratido? A resposta est na sua extrema confiana na providncia de Deus.
Teresinha no desconfiava de Deus, no era incrdula, nem temerosa. Sabia que nada
passava despercebido aos olhos do Amor, que Deus. No se deve desconfiar dEle,
seria falta de delicadeza. No, nunca imprecaes contra a Providncia, mas sempre
a gratido 47.
Enfim, o louvor gera muitos frutos na vida de quem o pratica, a gratido
certamente um deles! Voc quer ter um corao cheio de gratido? Louve ao Senhor.
45
MA 40 r
MA 46 r
47
Conselhos e lembranas, p. 68
46
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Venho trazer, nesse captulo, dicas de como conduzir o louvor, principalmente no que
diz respeito s atitudes que no se deve ter. Reforando o que j foi dito: o que fazer, s
Deus sabe e comunica a ns!
O ministro de louvor aquele que tem uma graa, uma uno, uma capacitao
dada pelo Esprito Santo, e o papel dele levar as pessoas de uma determinada
assembleia a deixarem de olhar para si mesmas para se encontrarem com Deus.
Acontece que cada assembleia completamente diferente uma da outra, cada
lugar um lugar peculiar, cada dia um dia especfico! At mesmo em um determinado
grupo que se rene sempre, no mesmo horrio e local, com as mesmas pessoas, h
diferenas na maneira de se conduzir o louvor, porque, mesmo com o grupo idntico, as
pessoas que o compe jamais estaro do mesmo jeito de um dia para outro mudam o
humor, a disposio, o comportamento, os sentimentos e as sensaes. E s Deus
conhece o corao de todos, um a um. S Ele tem a capacidade de entrar em cada
corao e atra-los para Si.
O Documento 62 da CNBB nos diz: Ministrio , antes de tudo, um carisma,
ou seja, um dom do Alto, do Pai, pelo Filho, no Esprito, que torna seu portador apto a
desempenhar determinadas atividades, servios e ministrios em ordem salvao. 48
Nosso ministrio um carisma e vem do cu, vem de Deus! Tratando-se como
tal, preciso clamar a Deus por ele, pois algo sobrenatural, ou seja, eu no possuo por
mim mesmo. Deus nos d esse carisma por Seu Filho Jesus Cristo, no poder do Esprito
Santo ordenando tudo salvao.
Ns, ministros de louvor, temos essa capacidade, porque o louvor a chave que
abre os coraes; que leva as pessoas a dobrar- se, curvar-se diante de Deus; que faz as
pessoas se abrirem para Deus ter a possibilidade de entrar.
48
Doc. 62 CNBB
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Deus quis precisar de ministros para realizar Suas obras e para levar as pessoas
abertura e conscincia de que foram criadas para a salvao e no para a perdio, e
para ensin-las a assumir isso. O dom de realizar cada um desses elementos chamado
carisma. Quem recebe o dom para exercer esse ministrio deve colocar-se na presena
de Deus sempre que for chamado a servir, e pedir, humilde e verdadeiramente, que
Deus lhe d a graa de ser Seu canal.
No podemos cair na tentao de fazer s da maneira que j sabemos.
Faremos as pessoas se alegrarem, pularem, se animarem, podero achar lindo,
entretanto, esse ministrar em ordem da salvao no acontecer, pois somente se d
quando o carisma de ministrar o louvor utilizado. Por isso, em muitas situaes, as
pessoas entram e saem de um momento de louvor, mas no mudam, no so
transformadas, porque a conduo do momento foi meramente humana. O humano
capaz de at ministrar com beleza, demonstrar que tudo foi bem ensaiado, bem
estruturado. No entanto, ser ministro em ordem de salvao s acontecer pela graa
de Deus e essa a primeira e maior necessidade do ministro de louvor. Alguns
requisitos tcnicos so importantes, mas, sem o auxlio da graa, nada acontece, no h
frutos. Por isso, preciso clamar a Deus por essa graa.
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2. Acolher, com alegria, atravs de cantos, palavras, gestos cativantes as pessoas que
esto em reunio, fazendo-as vencer a timidez, ajudando-as a sair de si mesmas, de sua
vergonha, cansao, problemas e a voltarem-se para Deus;
3. E, como j foi citado, ser dcil s novidades do Esprito Santo para aquela assembleia
e situao.
Ns, ministros de louvor, estamos frente de um povo e, queiramos ou no,
todas as pessoas estaro de olho em ns, portanto, preciso cuidar de nossa aparncia
zelo e dar testemunho de que somos de Deus, de que pertencemos a Ele. Devemos
saber o que vestir e o que no vestir, pois seremos exemplo para aqueles que nos veem.
As pessoas que esto reunidas precisam ser acolhidas. Muitas delas precisam
estar ali, mas podem no estar desejosas por aquele momento, ento ns precisamos ser
as pessoas mais simpticas e acolhedoras da face da terra para acolh-las da melhor
maneira. Ento, no cabem semblantes fechados nem exortaes, broncas ou palavras
que criem uma barreira, ao invs disso, precisamos ser pontes, porque a nossa inteno
atrair, acolher e testemunhar com o nosso ser; pois, naquele momento, os presentes
podero ter um encontro inesquecvel com Deus.
No adianta querer levar as pessoas a uma experincia com Deus se voc no
viveu isso anteriormente. No h uma tcnica infalvel seno a nossa experincia
pessoal.
Nem todo ministro de louvor msico, mas precisa ter o mnimo de
conhecimento musical para no atrapalhar o andamento da msica. A msica possui
uma mtrica e, no momento da ministrao, ela precisa ser respeitada. Por isso, uma
boa dica no ficar trocando muitas vezes de msica em um nico momento da
conduo, mas procurar unir msicas com a mesma tonalidade, a fim de proporcionar
um aprofundamento no louvor e na orao, e no ficar quebrando o clima de orao ao
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trocar uma msica por outra. preciso conhecer bem a letra. Caso no conhea ou no
tenha segurana, tenha-a em mos.
Ns temos a facilidade de nos acostumar com as coisas, inclusive com a
ministrao, e com o tempo, passamos a confiar tanto em ns que deixamos de ouvir o
Esprito Santo e passamos a fazer tudo conforme j estamos acostumados. Isso inibe a
ao do Esprito, e a assembleia, por sua vez, no transformada, porque a graa foi
barrada nas nossas seguranas, na nossa carne.
Precisamos ser diferentes! As pessoas, s vezes, reclamam que os grupos de
orao esto se esvaziando. Isso acontece porque os frequentadores mais assduos j
podem saber exatamente o que encontraro l. Se tudo for de acordo com a nossa
humanidade, ao invs de movido pela ao do Esprito, seremos imobilizados pela
ausncia da boa notcia de Deus. A novidade, o movimento do Esprito s vem quando
nos colocamos disposio, quando perguntamos como o Esprito quer agir. Deus tem
capacidade o bastante para fazer-se ouvir por ns!
Muitas pessoas no sabem ministrar o louvor e tentam colocar suas habilidades
pessoais na tentativa de um bom resultado; temos como exemplo, a utilizao de uma
veia humorstica que a pessoa tenha como dom natural. Isso pode at entreter bem as
pessoas, mas no consegue lev-las orao, ao louvor e ainda corre-se o risco de
coloc-las em situaes constrangedoras ou transformar o louvor em apenas, e nada
mais que, uma brincadeira, o que um resultado muito pior que qualquer outro.
H casos em que Deus deseja que as pessoas se soltem e fiquem livres, e para
isso podemos at usar de brincadeiras. Deus pode utilizar-se disso para quebrar os
coraes mais fechados, porque s vezes h coraes to fechados que nada acontece.
Nesse caso, de forma organizada e muito alegre, deve-se conduzir o povo a brincar, se
entrosar, viver a fraternidade e a percepo de ser comunidade, ser Igreja! Isso, quando
movido pelo Esprito, abre os coraes orao e ao louvor sincero e profundo.
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Julgo necessrio falar ainda sobre o ditar a letra das msicas. Isso pode ter dois
objetivos: fazer com que as pessoas aprendam a letra ou dar nfase a uma parte chave da
msica. As dicas para que no fique cansativo para a assembleia so: sempre mudar a
entonao da voz durante o andamento da msica, ora dizer, ora cantarolar; ora a frase
toda, ora somente a primeira palavra, ou at mesmo um simples gesto que indica o que
se pretende cantar.
Em muitas realidades e grupos so utilizadas expresses e formas de conduo
provenientes de igrejas evanglicas. Esse um assunto bem srio, pois Deus nos deu
uma identidade: somos Catlicos Apostlicos Romanos. Outras comunidades eclesiais
crists49 possuem outra identidade. Elas possuem uma forma de rezar que no o nosso
jeito de rezar. preciso evitar os modismos nessa rea, a todo custo. No mundo afora
existe a mania de copiar tudo aquilo que est dando certo e isso tem se infiltrado
tambm em nosso meio. No devemos e no podemos cair nos enganos de que isso
conquista algum pblico, porque no conquista. Pode at mesmo esvaziar nossos grupos
e comunidades, porque as pessoas que esto ali so catlicas e no iro se identificar
com a maneira de rezar de outras denominaes. Isso sem levar em conta que toda cpia
extremamente inconveniente! Quando ouvimos pessoas se queixarem ao entrar em
grupos por no se sentirem bem com a forma da pregao e da conduo, com gritarias
e sensacionalismo, geralmente trata-se de um choque entre costumes de nossa Igreja e
de outras igrejas.
Situao ainda mais grave ocorre quando uma pessoa, sem muita formao
doutrinria, sem uma experincia com o ser catlico, percebe qualquer semelhana entre
nossos grupos e Missas e aos cultos evanglicos, e acaba caindo em um perigoso
relativismo, achando que tudo igual. Mas, sabemos que no . O uso de msicas
evanglicas induz ao mesmo fim. Cpia no ecumenismo! muito diferente. Cpia
a perda da identidade!
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Expresso usada para designar outras igrejas crists que no so a Igreja Catlica Apostlica Romana.
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Quero falar tambm sobre uma pergunta que sempre me fazem: o ministro de
msica pode rezar com o povo no microfone? Sem dvidas, sim! bom, e se torna at
mesmo um apoio para a fluidez da orao. No entanto, deve-se evitar encobrir a voz do
grupo de pessoas. Somos uma s assembleia e o ministro precisa ser um com todos.
preciso lembrar que se voc est com um microfone e com caixas que amplificam o
volume da sua voz, necessrio rezar utilizando menos volume vocal, para no
sobressair s pessoas. Com a orao ou canto em lnguas deve acontecer da mesma
forma: afastamo-nos um pouco do microfone para no nos sobrepormos voz do povo,
mas sermos apenas sustento.
s vezes, acontece do cantor querer ministrar junto com a pessoa que est
ministrando o louvor. Isso acontece devido ao costume de sempre estar frente e, na
hora, no se conter. Passar frente ou atropelar o ministro de louvor incorreto. Quem
est frente o ministro de louvor, quem est no vocal somente canta! Caso tenha
alguma moo, deve comunicar-se discretamente com o ministro de louvor,
preferencialmente enquanto este no estiver ao microfone.
muito bom quando o ministrio de msica est tambm aberto s palavras de
profecia e cincia, e s moes do Esprito Santo, levando tudo isso quele que est
ministrando a orao ou o louvor! Isso comunho, intimidade dentro do ministrio e
causa um clima gostoso de harmonia, pois somos um s corpo.
1.1 - Expondo algumas dicas de como se conduzir um louvor
Dadas algumas dicas no item anterior, vejamos mais algumas que certamente
nos ajudaro a conduzir o louvor no grupo de orao em um momento de orao em
comum.
A assembleia ser o espelho do ministro de louvor. Por exemplo: se ele est
ministrando uma msica alegre e quer que o povo se alegre, ele assim precisa estar.
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Tudo o que voc quiser que as pessoas faam, voc dever fazer exageradamente, ou
seja, de modo visvel, perceptvel, externado e no s dentro de seu corao.
Na ministrao, o nosso corpo inteiro precisa falar. Se eu quero conduzir o povo
alegria, todo meu corpo precisa transmitir essa mensagem de alegria, logo, no posso
ficar esttico, com a cara fechada e achar que vou levar o povo ao entusiasmo
simplesmente pela fora do meu grito. preciso sorrir e deixar que todo o seu ser
transmita esse contentamento, porque o corpo inteiro precisa falar a linguagem da
alegria. O olhar, o semblante, a entonao da voz, o corpo, a respirao, a transpirao
tm que manifestar aquilo que o ministro quer expressar, caso contrrio, a assembleia
no o acompanhar.
Os bons jornalistas, principalmente ncoras os apresentadores so uma
escola para o ministro de louvor, pois, em poucos minutos, precisam dar notcias que
contm diferentes teores sentimentais: ora trgicas, ora alegres e, para tanto, usam no
somente a voz, mas sua entonao, fisionomia, olhar, corpo e, assim, convencem os
telespectadores.
Um pequeno gesto, feito na hora certa, de forma exata, pode levantar uma
assembleia para o louvor, pode calar toda a euforia, pode batizar as pessoas no Esprito
Santo. Isso carisma! Foge de toda lgica humana.
Ns, ministros de louvor, precisamos estar abertos a essas inspiraes do
Esprito Santo, a essas intervenes divinas, porque so elas que faro a diferena em
nosso ministrio e total diferena na vida das pessoas que est nos acompanhando.
Podemos identificar alguns erros que acontecem nas ministraes de louvor.
Dentre eles, um erro muito atual, consequente do contexto em que vivemos do fcil e
intenso acesso a todas as mdias TV, rdio, internet: muito comum encontrarmos
pessoas copiando e imitando outras pessoas no seu dom de ministrar a msica. No
raramente se ouve: Nossa! Ele faz igualzinho a Fulano!. Uma coisa voc admirar o
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dom de um ministro de louvor, outra voc copi-lo! Principalmente para ns, que
temos um ministrio movido pelo Esprito Santo, precisamos compreender que Ele no
precisa de dicas ou de ideias, e ns no podemos atrapalh-Lo! Temos que ser dceis,
abertos, obedientes e solcitos a Ele, para que faa o que quiser, como e quando desejar.
Outro ponto muito importante a preparao antecipada. Prepare-se, escolha
cantos com antecedncia, ensaie-os, mas no se deixe engessar.
correto nos prepararmos com ensaios em orao, com a escolha antecipada de
msicas para os encontros e grupos de orao. Porm, isso passa a ser errado quando
nos tornamos escravos da lista de msicas. Ns nos preparamos conforme os temas
que esto programados, mas o Esprito Santo quem vai nos dar a msica certa para
cada ocasio, assembleia, pregao ou momento de orao.
Mais um aspecto que quero salientar a necessidade de se dar ateno a todos.
Em uma ministrao, corremos o risco de sempre dar maior ateno s pessoas que
ocupam as primeiras fileiras; geralmente essas pessoas j esto ali justamente porque
querem participar, esto abertas, cantam, correspondem facilmente s motivaes, e
acabamos por no dar a devida ateno aos que esto atrs, que geralmente so aqueles
que, s vezes, nem gostariam de estar ali, ou no esto to dispostos a participar e se
entregar naquele exato momento. Contudo, essas pessoas so justamente as ovelhas que
Deus quer que o ministro de louvor traga para perto dEle. E nessa oportunidade que
Deus vai usar o seu ministro ungido para arrebanhar, para abrir, dilatar os coraes. So
essas as ovelhas s quais devo me dedicar ainda mais.
Creio que essas dicas importantes devem contribuir para uma conduo eficaz
nos momentos de louvor e oraes comunitrias em nossos grupos de orao, reunies e
eventos.
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nutrientes atravs do sangue, mandar esses nutrientes para o corpo e manter a vida.
medida que o corao bate, vai bombeando sangue pelos vasos sanguneos para todo o
corpo. Sem corao no h circulao de sangue, sem sangue no h vida.51
pelo louvor que os membros da Comunidade Recado recebem os nutrientes,
as graas para permanecerem fiis ao seu chamado.
2. O louvor e a msica
Deus to maravilhoso e o sopro do Esprito to forte, que suscitam os novos
carismas para santificar, para evangelizar, para atrair os que possuem aquele mesmo
Carisma e assim form-los o mais perfeitamente possvel para que sejam aquilo que
Deus quer e assumam seu papel na Igreja e no mundo.
No Carisma da Comunidade Recado, o papel do louvor inquestionvel. Dizem
as Regras de Vida dessa Comunidade que a vida de seus membros deve ser baseada e
fundamentada no louvor. Porm, podemos nos perguntar: O que tem a ver a msica
com o louvor? E respondemos: TUDO!
A Comunidade Recado empenha-se na profissionalizao dos artistas, de modo
especial dos msicos. Para qu? Para que os seus msicos cantem e toquem o mais
perfeitamente possvel os louvores a Deus, para que cantem o canto novo de que fala
Santo Agostinho. E no somente eles, mas todo o povo de Deus que os escuta. A vida
dos artistas da Comunidade Recado deve refletir esse novo canto e deve levar outros a
terem essa mesma vivncia.
O objetivo da profissionalizao dos artistas catlicos, vivida pela Comunidade
Recado, lev-los a uma intimidade com o louvor e, a partir da, recuperar na msica o
espao que pertence a Deus e que o mundo quer constantemente roubar. Assim, o
sentido da profissionalizao fazer com que os artistas e tambm os demais membros
da comunidade sejam conduzidos atravs de uma msica cantada com uno e com
qualidade a uma habilidade no louvor, a uma experincia de Deus.
Outro objetivo da profissionalizao recuperar os filhos de Deus que foram
aprisionados pelos encantos do mundo. A vivncia da arte com uno, com qualidade,
no Carisma Recado, para salvar os que esto perdidos. Todas as expresses artsticas
dentro da Comunidade existem para aproximar de Deus aqueles que esto distantes
51
Reticncias
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dEle, que se encontram sem vida, sem nimo. Tambm existem para serem convite a
uma vida de louvor, atravs do encontro com o Senhor, e fazer com que esses filhos e
filhas se voltem abertos a Deus e ao Seu plano de amor52.
A msica e todas as artes plsticas, cnicas, circenses, literrias e visuais, no
Carisma Recado, existem para o louvor a Deus. Assim, como no existe msica sem
notas musicais, no existe Comunidade Recado sem o louvor.
Tudo na Vocao Recado existe para louvar e glorificar o nome de Deus! um
Carisma muito prprio, santificador, que salva, que cura e que liberta.
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cura, que salva, que liberta, que redime! Que o meu louvor possa consolar o Teu
Corao!
Referncias bibliogrficas
1. CANTALAMESSA, Raniero. Maria um espelho para a Igreja. Aparecida, SP:
Editora Santurio, 1992.
2. MARIA, Gabriel de Santa. Intimidade Divina. So Paulo: Loyola, 1988.
3. CATECISMO DA IGREJA CATLICA. Edio tpica Vaticana, 1997. So
Paulo: Loyola, 2000.
4. JUANES, Benigno. As formas e os frutos do louvor. So Paulo: Loyola, 2000.
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